Semana de Aniversário 2025: EM/UFRJ celebra 177 anos com a série “Caminhos Modernos II”

Fundada em 1848, a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro consolidou-se, ao longo de quase dois séculos, como referência nacional e internacional no ensino, na pesquisa e na produção artística. Sua trajetória acompanha e influencia a história da música no Brasil, preservando tradições e, ao mesmo tempo, abrindo espaço para novas linguagens e formas de expressão. É nesse espírito que, em 2025, a Escola celebra seus 177 anos com a segunda edição da série Caminhos Modernos, reafirmando seu compromisso com a reflexão crítica, a inovação estética e a formação artística de excelência.

Entre os dias 11 e 15 de agosto de 2025, a Escola realiza sua tradicional Semana de Aniversário, com concertos diários às 19h no Salão Leopoldo Miguez, sempre com entrada franca.

A primeira edição de Caminhos Modernos, realizada em 2011, dedicou-se à criação musical posterior a 1950, contemplando a vanguarda do pós-guerra e as diversas correntes estéticas que marcaram a segunda metade do século XX. Inspirada no contexto histórico do polêmico artigo “Morreu Schoenberg”, de Pierre Boulez, a série buscou proporcionar ao público a experiência de ouvir, cotejar e refletir sobre obras esteticamente diversas, sem se restringir a debates teóricos.

Em Caminhos Modernos II, a proposta se expande com um distanciamento histórico de setenta e cinco anos em relação ao recorte original e incorpora as transformações ocorridas no mundo nas últimas décadas. A programação presta homenagem a dois compositores centenários — Pierre Boulez (1925-2016) e Luciano Berio (1925-2003) —, resgata nomes ausentes na primeira edição e celebra os 90 anos de Arvo Pärt e Terry Riley, além dos 80 anos de John Rutter e da compositora brasileira Vânia Dantas Leite (1945-2018).

O evento reunirá grupos artísticos da própria Escola — Orquestra Sinfônica da UFRJ, Coral Brasil Ensemble, Grupo de Percussão da UFRJ, Grupo ContempoMúsica — além do Laboratório de Música e Tecnologia (LaMuT) para apresentar obras que transitam do neoclassicismo ao minimalismo, da música tonal às experimentações eletroacústicas, explorando interseções entre tradição e inovação. Entre os compositores representados, figuram Sofia Gubaidulina, Astor Piazzolla, Olivier Messiaen, Karlheinz Stockhausen, György Ligeti, Henryk Górecki, entre outros.

Mais do que uma celebração institucional, a Semana de Aniversário da EM/UFRJ reafirma o papel da Escola como espaço de produção artística, pesquisa, preservação e difusão do repertório musical contemporâneo. A iniciativa mantém viva a vocação da instituição para a formação de intérpretes, compositores e pesquisadores, promovendo o diálogo entre o legado histórico e as novas possibilidades criativas do nosso tempo.

Confira a seguir, a programação:

11 de agosto (segunda-feira)
O primeiro dia do evento marca também a abertura da exposição “Orquestra Sinfônica da UFRJ, 100 anos: Uma Trajetória de Música e Educação”. A mostra apresenta um panorama histórico da OSUFRJ, o mais antigo conjunto sinfônico em atividade no Rio de Janeiro, cuja trajetória se entrelaça com a história da música no Brasil e da própria Escola de Música.

O público poderá conhecer imagens raras, painéis informativos e trechos do livro Orquestra Sinfônica da UFRJ – 100 anos, de autoria do maestro André Cardoso. QR Codes distribuídos pelo percurso permitirão ouvir obras de compositores ligados à Escola de Música. A exposição conta ainda com um espaço instagramável e totens que homenageiam personalidades marcantes na história da instituição.

A abertura, às 18h30, será seguida por um concerto do grupo de cordas da OSUFRJ, que apresenta um programa que atravessa linguagens e épocas, do neoclassicismo às texturas tintinnabuli de Arvo Pärt, passando pela releitura de tradições históricas de Henryk Górecki e pela atmosfera poética de Voyage, de John Corigliano, com o solista Eduardo Monteiro (professor de flauta da EM/UFRJ). O programa ainda conta com o Concerto para clarone da irlandesa Geraldine Green, com Thiago Tavares (clarone) como solista, e Pelimannit, de Einojuhani Rautavaara, que homenageia o folclore e os músicos populares finlandeses.

12 de agosto (terça-feira)
O segundo dia da programação traz um mergulho nas múltiplas vertentes da criação musical pós-1950, explorando desde a expressividade tonal até a pesquisa rítmica e a religiosidade na música de concerto. O concerto abre com a dramaticidade da Chaconne para piano, de Sofia Gubaidulina, interpretada por Thalyson Rodrigues. Na sequência, o pianista se une a Luciano Magalhães em Inverno Porteño, de Astor Piazzolla, obra marcada por ritmos e cores portenhas. O percussionista Tiago Calderano apresenta a vigorosa Psappha, de Iannis Xenakis, e o organista Benedito Rosa interpreta Offrande et Alleluia do Livre du Saint Sacrément, de Olivier Messiaen, de caráter contemplativo.

A segunda parte da noite é dedicada à música coral, com o Coral Brasil Ensemble sob regência de Maria José Chevitarese, interpretando o jubiloso Jubilate Deo, de Benjamin Britten, e o moteto O clap your hands, de John Rutter. O encerramento apresenta os Chichester Psalms, de Leonard Bernstein, na versão para coro, órgão, harpa e percussão, com Mariana Honorato El-Hader (soprano), Eduardo Biato (órgão), Giovana Sanches (harpa) e Pedro Moita (percussão). A combinação de linguagens, tradições e formações instrumentais faz desta noite um encontro marcante entre espiritualidade, teatralidade e inovação musical.

13 de agosto (quarta-feira)
A terceira noite apresenta um percurso pela música de câmara da segunda metade do século XX, onde tradição, nacionalismo e vanguarda se entrelaçam. A abertura traz Ritmata, de Edino Krieger, interpretada por Fábio Adour (violão), seguida da Sonatina para fagote e piano, de José Siqueira, com Aloysio Fagerlande (fagote) e Ana Paula da Matta (piano). A pianista retorna para executar Tema e variações para piano, de Marlos Nobre, antes da entrada do Grupo de Percussão da UFRJ — sob direção de Pedro Sá e com Wesley Lucas (marimba solo), Pedro Henrique, João Vítor Godoy e Matheus Barros — na intensa Marimba Spiritual, de Minoru Miki.

A noite prossegue com peças para clarineta solo, a Fantasia op. 87, de Malcolm Arnold, e o Prelude, de Krzysztof Penderecki, interpretadas por Carlos Leandro Nascimento da Silva (clarineta). O programa se aproxima do desfecho com Treffpunkt, de Karlheinz Stockhausen, e encerra-se com o marco minimalista In C, de Terry Riley, apresentado pelo Grupo ContempoMúsica sob regência de Alexandre Schubert.

14 de agosto (quinta-feira)
No quarto dia do evento, a Orquestra Sinfônica da UFRJ retorna ao palco destacando a versatilidade da música de câmara, com obras que transitam entre lirismo, pesquisa tímbrica e citações históricas. O concerto inicia com o Trio para flauta, violino e piano, de Nino Rota, interpretado respectivamente por Eduardo Monteiro, Fernando Pereira e Flávio Augusto. Em seguida, o clarinete assume o protagonismo com a Fantasia Sulamérica, de Cláudio Santoro, com Márcio Costa (clarineta), e a Sonata para clarineta solo, de Edison Denisov, com Gabriel Peter (clarineta).

O programa inclui ainda Steep Steps, de Elliott Carter, interpretada por Thiago Tavares (clarone), e Alma Redemptoris Mater, de Peter Maxwell Davies, com Helder Teixeira (flauta), Juliana Bravim (oboé), Márcio Costa e Gabriel Peter (clarinetas), Gilieder Veríssimo (trompa) e Paulo Andrade (fagote). As Rheinische Kirmertänze, de Bernd Alois Zimmermann, e a suíte da ópera The Good Soldier Schweik, de Robert Kurka, encerram a noite com o conjunto de sopros e percussão da Orquestra Sinfônica da UFRJ, sob regência de Marcelo Jardim.

15 de agosto (sexta-feira)
O concerto de encerramento reúne nomes históricos da música eletroacústica internacional em comemoração aos 30 anos do Laboratório de Música e Tecnologia (LaMuT), que reafirma sua vocação para a pesquisa e a experimentação sonora.

A primeira obra, Piano Memory (1982), de Vânia Dantas Leite, explora a improvisação. A parte eletrônica da obra foi composta com base em desenhos-partitura do artista plástico Paulo Garcez. A partir da gravação desta improvisação, a compositora propõe uma obra mista onde um pianista deve improvisar junto aos sons pré-gravados seguindo a mesma partitura-desenho. A interpretação é de Maria José Di Cavalcanti (piano) e Rodrigo Cicchelli Velloso (difusão)

Na sequência, um dos pioneiros da música eletroacústica no Brasil, Reginaldo Carvalho dialoga com a poesia concreta em sua obra Caleidoscópio IV (1968), uma trilha sonora para um curta-metragem em três movimentos. Semáforos, foi pensado para a abertura do filme, onde a música sincronizava com diversos sinais luminosos em uma estrada de ferro. O segundo movimento, Cleta, usa um poema de Ivan Setta, onde a própria voz do poeta é editada de forma a explorar o ritmo das palavras bicicleta, cleta e concreta. Por último, Pontuações Luminosas tem um caráter pontilhístico inspirado no ritmo de confetes sobrevoando as ruas em época de carnaval. A difusão é de Cláudio Bezz.

Em Sirens (1958), a mezzo-soprano Cathy Berberian faz uma leitura interpretativa de um trecho do capítulo onze (Sereias) da obra Ulisses, de James Joyce. Esta mesma gravação foi utilizada como matéria-prima para Thema (Omaggio a Joyce) (1961), de Luciano Berio. O compositor joga com as implicações rítmicas e semânticas do material, colocando em primeiro plano as características musicais da língua falada. A difusão é de Orlando Scarpa Netto.

Artikulation (1958), de György Ligeti, busca criar uma linguagem artificial a partir de sons eletrônicos que recriam as articulações de perguntas e respostas, entonações graves e agudas, interrupções, mudanças de humor, explosões e sussurros.

Deux Études (1952), a primeira obra eletroacústica do compositor Pierre Boulez, explora a técnica de organização serial em sons gravados. Os timbres, durações e intensidades dos sons são organizados de forma serial, criando uma ponte interessante entre a música eletrônica alemã e a música concreta francesa.

Symphonie Magnétophonique (1958) apresenta uma sinfonia de sons cotidianos capturados em fita magnética. Else Marie Pade buscou representar a paisagem sonora de um dia completo na cidade de Copenhague, Dinamarca, com sons matinais de ronco, chaleira e despertadores seguidos por sons de um dia de trabalho e, por fim, noturnos.

Semana de Aniversário da Escola de Música da UFRJ 2025
📅 11 a 15 de agosto | 19h
🏛 Salão Leopoldo Miguez – Escola de Música da UFRJ
📍 Rua do Passeio, 98 – Centro, Rio de Janeiro/RJ
🎟 Entrada franca

Orquestra Sinfônica da UFRJ se apresenta na Semana de Aniversário da EM/UFRJ

Em 14 de agosto, a Orquestra Sinfônica da UFRJ se apresenta no Salão Leopoldo Miguez, reunindo obras de compositores que exploraram novas possibilidades expressivas na música de concerto do século XX. Com regência do maestro Marcelo Jardim, o programa destaca formações camerísticas e solos instrumentais, revelando a riqueza tímbrica do repertório.

A abertura do concerto será com o Trio para flauta, violino e piano de Nino Rota — conhecido por suas trilhas para os filmes de Fellini — em interpretação de Eduardo Monteiro (flauta), Fernando Pereira (violino) e Flávio Augusto (piano). A peça equilibra lirismo e clareza formal, marca registrada do compositor italiano.

O clarinete ganha protagonismo nas peças seguintes. Fantasia Sulamérica, de Cláudio Santoro, será interpretada por Márcio Costa, enquanto a Sonata para clarineta solo, de Edison Denisov, terá execução de Gabriel Peter. Ambas exploram os recursos expressivos e tímbricos do instrumento. Em seguida, Thiago Tavares apresenta Steep Steps, de Elliott Carter, composta para clarone solo, em um exercício de densidade harmônica e articulação rítmica refinada.

O repertório segue com obras para conjuntos de sopros. A Alma Redemptoris Mater, do britânico Peter Maxwell Davies, é uma paráfrase de um moteto renascentista de John Dunstable, com atmosfera contemplativa e texturas modernas. A peça será interpretada por Helder Teixeira (flauta), Juliana Bravim (oboé), Márcio Costa e Gabriel Peter (clarinetas), Tiago Carneiro (trompa) e Paulo Andrade (fagote).

A programação se encerra com duas obras em que os sopros dialogam com a percussão. A primeira é Rheinische Kirmestänze, de Bernd Alois Zimmermann, inspirada em danças renanas. A segunda, a suíte da ópera The Good Soldier Schweik, do americano Robert Kurka, combina ironia e drama em uma linguagem próxima à de Kurt Weill, com uma variedade que se estende do popular até o macabro.


Concerto da Orquestra Sinfônica da UFRJ
📅 14 de agosto (quinta-feira) | 19h
🏛 Salão Leopoldo Miguez – Escola de Música da UFRJ
📍 Rua do Passeio, 98 – Centro, Rio de Janeiro/RJ
🎟 Entrada franca

Cordas da Orquestra Sinfônica da UFRJ realiza concerto na abertura da exposição dedicada ao centenário do grupo

A abertura da exposição Orquestra Sinfônica da UFRJ, 100 anos: Uma Trajetória de Música e Educação contará com concerto das cordas da Orquestra Sinfônica da UFRJ, sob regência do maestro André Cardoso. O programa reúne obras de compositores ativos entre o século XX e XXI, passando pelo neoclassicismo, pela música modal e pelo estilo tintinnabuli.

O concerto se inicia com Fratres (1977/1991), de Arvo Pärt, escrita logo após o período em que o compositor desenvolveu sua técnica tintinnabuli, caracterizada por harmonia modal e textura nota contra nota inspirada em estudos da música gótica e renascentista franco-flamenga.

Na sequência, o flautista Eduardo Monteiro interpreta Voyage (1983), de John Corigliano, versão para flauta e cordas da obra coral composta em 1971 sobre a tradução inglesa do poema L’invitation au voyage, de Charles Baudelaire. A música transita entre tonalidade e atonalidade, refletindo a atmosfera sensorial do texto.

As Três peças em estilo antigo (1963), de Henryk Górecki, marcam a mudança do compositor polonês de uma escrita vanguardista para um idioma modal, com sonoridades arcaicas inspiradas na música medieval, renascentista e no folclore de seu país.

O clarone assume o protagonismo no Concerto para clarone (1992), da compositora irlandesa Geraldine Green, com o solista Thiago Tavares. A obra, de caráter neoclássico, é descrita pela autora como “geralmente jovial, com melodias deliciosas e um caráter brincalhão e travesso”, alternando com um movimento central mais austero.

Encerrando o programa, Pelimannit (1972), do finlandês Einojuhani Rautavaara, reúne cinco movimentos baseados em melodias de Samuel Rinda-Nikkola, músico popular do início do século XIX, combinando elementos folclóricos a fragmentos de Bach, harmonias modais, cromatismo e clusters dissonantes.

Concerto da Orquestra Sinfônica da UFRJ
📅 11 de agosto de 2025 (segunda-feira) | 19h
🏛️ Escola de Música da UFRJ
📍 Rua do Passeio, 98 – Centro, Rio de Janeiro/RJ
🎟 Entrada franca

Transmissão via YouTube:

Orquestra Sinfônica da UFRJ apresenta obras de Mozart, Price, Pedrollo e Guerra-Peixe no encerramento do II Orquestras em Pauta

A Orquestra Sinfônica da UFRJ realiza mais uma apresentação de sua 101ª temporada no próximo domingo, dia 27 de julho, às 17h, no auditório da Fundação Getulio Vargas. O concerto, que marca o encerramento do II Orquestras em Pauta, será conduzido pelo maestro Felipe Prazeres e traz um programa que transita por diferentes períodos e linguagens musicais.

A abertura do programa é dedicada à obra La Betulia Liberata K118, composta por W. A. Mozart em 1771, aos 15 anos. Escrita para o oratório encomendado por Don Giuseppe Ximenes, príncipe de Aragão, a peça se destaca por sua dramaticidade e forte expressividade, características associadas ao movimento Sturm und Drang, prenúncio do romantismo musical. Estruturada em forma tripartite, a abertura inclui um Andante central e um Presto com reminiscências do tema inicial.

Na sequência, a orquestra interpreta o Andante moderato para cordas, de Florence Price, compositora norte-americana cuja obra escrita em 1929 foi originalmente o segundo movimento de seu primeiro quarteto de cordas, composto durante seus estudos no Chicago Musical College. A peça apresenta vínculos com a tradição europeia, ao mesmo tempo em que revela os primeiros traços da busca por um idioma musical americano, que se intensificaria em suas obras posteriores.

A solista Juliana Bravim (oboé), integrante da Orquestra Sinfônica da UFRJ, será o destaque na execução do Concertino para oboé do compositor italiano Arrigo Pedrollo, escrito em 1960. A obra, dividida em três movimentos — Moderato, Canzone medioevale: Adagio e Allegro vivo — apresenta uma escrita direta e lírica, alternando temas contrastantes e exigindo domínio técnico do intérprete, especialmente no virtuosismo final.

Encerrando o concerto, será apresentada a vibrante obra Mourão, escrita em parceria por César Guerra-Peixe e Clóvis Pereira, recentemente falecido. Representativo do Movimento Armorial, idealizado por Ariano Suassuna, Mourão busca integrar elementos da música de concerto à riqueza rítmica e melódica da cultura popular nordestina, tornando-se uma das peças mais emblemáticas do repertório brasileiro para cordas.


Concerto da Orquestra Sinfônica da UFRJ
📅 27 de julho (domingo) | 17h
🏛️ Auditório da Fundação Getulio Vargas
📍 Praia de Botafogo, 190 – Botafogo, Rio de Janeiro/RJ
🎟 Entrada franca

Orquestra Sinfônica da UFRJ interpreta obras de Mozart, Pedrollo e Beethoven

A Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) sobe ao palco do Salão Leopoldo Miguéz na próxima sexta-feira, 25 de julho, às 19h, para mais um concerto da temporada 2025. A apresentação tem entrada gratuita, classificação livre e conta com a regência do maestro Felipe Prazeres.

O programa destaca obras de três importantes compositores europeus, em uma seleção que atravessa estilos e períodos da música ocidental. A abertura de La Betulia Liberata, composta por Wolfgang Amadeus Mozart aos 15 anos, abre a noite com sua intensidade dramática e elementos que antecipam o romantismo. Em seguida, a orquestra interpreta o Concertino para oboé, do italiano Arrigo Pedrollo, com solo da oboísta Juliana Bravim, integrante da OSUFRJ. Encerrando o programa, a Sinfonia nº 2 de Ludwig van Beethoven revela os primeiros sinais da fase heróica do compositor, marcada por vigor rítmico e contrastes expressivos.

A direção artística da OSUFRJ é de André Cardoso, com Roberto Duarte e Ernani Aguiar como maestros eméritos. A apresentação integra a programação pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro, promovendo o acesso à cultura e reafirmando a missão formadora da instituição.


Concerto da Orquestra Sinfônica da UFRJ
📅 25 de julho (sexta-feira) | 19h
🏛️ Salão Leopoldo Miguéz – EM/UFRJ
📍 Rua do Passeio, 98 – Centro, Rio de Janeiro/RJ
🎟 Entrada franca

Orquestra Sinfônica da UFRJ se apresenta na Sala Cecília Meireles sob regência de Roberto Duarte

A Orquestra Sinfônica da UFRJ volta ao palco da Sala Cecília Meireles em 18 de julho para mais um concerto da série Brasilianas 2025, promovida pela Academia Brasileira de Música em comemoração aos seus 80 anos. Sob a batuta do maestro e acadêmico Roberto Duarte, o programa valoriza a criação orquestral brasileira em diálogo com diferentes gerações de compositores.

A noite abre com Who cares if she cries (2003), de Jocy de Oliveira, para soprano e violoncelo, interpretada por Gabriela Geluda (soprano) e Ricardo Santoro (violoncelo). Em seguida, a orquestra apresenta a estreia de Quatro Momentos de Rilke (1959), obra para cordas da compositora Eunice Katunda, estruturada em quatro partes contrastantes.

O primeiro segmento do concerto se encerra com o Concerto para viola e cordas (1996), de Edmundo Villani‑Côrtes, que terá como solista o violista Jessé Máximo.

Após o intervalo será realizada a cerimônia de entrega da Medalha Villa‑Lobos 2025, distinção anual da Academia Brasileira de Música. Os homenageados são o compositor Eli‑Eri Moura, o Quinteto Villa‑Lobos (categoria Intérprete) e a musicóloga e educadora Ermelinda A. Paz.

A segunda parte inicia com o Prelúdio nº 22 de J. S. Bach, na transcrição para orquestra de violoncelos realizada por Heitor Villa‑Lobos. Na sequência, ocorre a estreia do Concerto Miudinho para flauta e cordas (2025), de Paulo Costa Lima, com solo do flautista Lucas Robatto.

Encerrando o programa, o público ouvirá Abaporu, concertante para piano e cordas que João Guilherme Ripper compôs em 2022, por encomenda do Ministério das Relações Exteriores, para as celebrações do bicentenário da Independência do Brasil e do centenário da Semana de Arte Moderna. O pianista Pablo Rossi será o solista.


Serviço
📅 18 de julho (sexta‑feira)
19h
📍 Sala Cecília Meireles – Largo da Lapa, 47 – Centro, Rio de Janeiro
🎫 Ingressos à venda na bilheteria ou no site da Funarj

Mozart com sotaque brasileiro: Ópera na UFRJ leva “As Bodas de Fígaro” ao palco com protagonismo estudantil

A ópera As Bodas de Fígaro, de Wolfgang Amadeus Mozart, ganha uma nova leitura nas mãos de estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Com récitas nos dias 26, 27, 28 e 29 de junho e 03 de julho, no Salão Leopoldo Miguez, e no dia 05 de julho, em Teresópolis, a montagem faz parte do Projeto Ópera na UFRJ, em parceria com a Orquestra Sinfônica da universidade.

Sob regência do maestro André Cardoso e direção cênica de José Henrique Moreira, o espetáculo destaca-se pelo envolvimento direto de alunos em todas as frentes — do palco à costura, da música ao cenário, da iluminação à captação de vídeo. “A ópera é um gênero grandioso e complexo: tem teatro, figurino, cenário, luz, orquestra, coro, gravação, transmissão ao vivo… Fazer isso numa universidade pública, com todos os seus limites estruturais e financeiros, é um desafio. Mas temos uma riqueza humana infinita”, afirma Lenine Santos, diretor geral da montagem.

Segundo ele, participar de uma produção dessa dimensão representa um marco na formação de estudantes de canto. “É um divisor de águas, mesmo para quem canta um papel menor ou está no coro. Amplia os horizontes culturais. Vários alunos que passaram pelo projeto estão hoje em teatros importantes, como o Municipal do Rio, ou seguiram carreira internacional em companhias e óperas-estúdio”, afirma.

Além da Escola de Música, o projeto envolve alunos da Escola de Belas Artes e outras unidades da UFRJ. Os figurinos e cenários são concebidos pelos próprios estudantes, sob orientação das professoras Andréa Renk e Desirée Bastos. “Todo o espetáculo é criado pelos alunos. Eles cortam tecido, costuram, fazem provas, desenham croquis, constroem elementos de cena. Muitos saem do projeto já com convites profissionais”, relata Lenine.

Escolhida por sua força dramática e versatilidade estética, As Bodas de Fígaro é uma das óperas mais encenadas no mundo. A montagem da UFRJ aposta numa abordagem com referências visuais brasileiras. “O público vai se reconhecer nela. O diretor José Henrique Moreira conseguiu dar uma brasilidade que o figurino e o cenário abraçaram com muita beleza. A música continua universal — e maravilhosa — mas ganha um novo sotaque”, conclui Lenine.

A entrevista completa com o professor Lenine Santos sobre a montagem de As Bodas de Fígaro está disponível no episódio de 20/06/25 do podcast Som do Passeio:

SERVIÇO

Ópera “As Bodas de Fígaro”, de W.A. Mozart
📍 Escola de Música da UFRJ
Salão Leopoldo Miguez — Rua do Passeio, 98 – Centro, Rio de Janeiro
🗓️ 26 e 27 de junho | 18h
🗓️ 28 e 29 de junho | 16h
🗓️ 03 julho | 18h (sessão extra)
✅ Entrada franca
🎟 Senhas distribuídas 30 minutos antes, na portaria da Escola de Música

📍 Teatro Feso Pro Arte – Teresópolis
🗓️ 5 de julho | 16h
✅ Entrada gratuita

Centenário da Orquestra Sinfônica da UFRJ lota Sala Cecília Meireles em concerto histórico

Em 25/09, a Sala Cecília Meireles foi palco de um concerto histórico: o centenário da Orquestra Sinfônica da UFRJ. Exatos 100 anos antes, em 25/09/1924, deu-se no Salão Leopoldo Miguez a primeira apresentação da então Orquestra do Instituto Nacional de Música (primeira encarnação da atual OSUFRJ).

“A ocasião era uma solenidade de entrega de prêmios a alunos laureados, na qual esteve presente, inclusive, o então presidente da República Arthur Bernardes. Dirigida pelo professor Ernesto Ronchini, a orquestra contou com 33 alunos, vários dos quais viriam depois a se destacar no cenário musical brasileiro, como o violoncelista Iberê Gomes Grosso, o violinista Oscar Borgerth, a violinista Mariuccia Iacovino e Yolanda Peixoto, a primeira spalla da Orquestra. Foram executados dois números de uma suíte do compositor Leopoldo Miguez, Cenas Pitorescas, e duas pequenas danças de autoria do próprio maestro Ronchini”, comenta o maestro André Cardoso, diretor artístico da OSUFRJ. Foi um concerto breve, mas fundamental.

Cem anos depois, ali perto, ocorreria aquele que pode ser descrito como um dos mais importantes concertos da história da Orquestra, sob a regência de três gerações de maestros que estiveram à sua frente: André Cardoso, Roberto Duarte (titular entre 1978 e 1995) e Ernani Aguiar (titular entre 1995 e 2023), todos merecidamente homenageados ao longo da noite, vale salientar.

A Sala Cecília Meireles lotada pode acompanhar uma impactante apresentação que incluiu o Episódio Sinfônico de Francisco Braga, o “principal regente da Orchestra do Instituto Nacional de Música”. A obra foi composta em 1898 e se tornou uma das mais executadas pela orquestra ao longo de suas cem temporadas.

Em seguida foi apresentado o Scherzo Sinfônico, de Raphael Baptista, um dos maestros responsáveis pela reformulação da orquestra em 1969 e nomeado seu regente titular em 1977. Outro destaque foi a emocionante ária Era un Tramonto d’oro, impecavelmente interpretada pelo barítono Inácio de Nonno, e que suscitou gritos de “bravo” entre os presentes. A peça relembra a gravação da ópera Colombo, de Carlos Gomes, que conquistou prêmios importantes no final dos anos 1990.

O público também pode apreciar Sugestões de Coral e Dança, de César Guerra-Peixe, e a estreia mundial do poema sinfônico O Pássaro Mágico, de Pedro Lutterbach, vencedor de um concurso de composição em homenagem ao centenário da UFRJ. A obra, inspirada em uma lenda indígena, narra a história de um tincoã que se transforma em homem e enfrenta desafios amorosos e tribais.

Os quinze minutos de pausa foram providenciais para que todos pudessem se recompor de tão belo e emocionante espetáculo, que chegava apenas em sua metade ainda.

Na segunda parte, a música se tornou mais popular, com Saudades de Pirapora, peça original de Everson Moraes, trombonista da Orquestra, que presenteou o público com uma deliciosa “história de pescador” acerca de um oficleide (raríssimo precursor do saxofone), encontrado por seu Nilton, o agora “pescador de oficleide”, nas margens do Rio São Francisco, em Pirapora (MG).

A história é tão insólita que vale o parêntese. Após décadas submerso, o instrumento chegou às mãos do músico da Orquestra, que descobriu que ele já havia passado pelo Rio de Janeiro há mais de 100 anos. O oficleide, muito utilizado por bandas e orquestras no passado, estava em péssimas condições, levando o luthier Marcelo Castro a realizar reparos por oito meses. Reza a lenda que ele inclusive decidiu se aposentar depois deste trabalho. Durante a restauração, foram encontradas marcas que indicavam sua origem no Rio, como a assinatura de um fabricante francês e um endereço de uma loja carioca. Everson escolheu tocar a famosa Carinhoso, de Pixinguinha, ao reintroduzir o instrumento após sua incrível jornada.

A festa seguiu com o tango Aí, Morcego, de Irineu de Almeida, peça que contou com participação especial de todos os presentes na plateia. Após um breve “ensaio”, ao sinal do maestro André Cardoso, toda a casa soltava a voz e repetia “Aí, Morcego!”, rendendo uma homenagem ao boêmio Norberto Amaral, o Amaral dos Correios, que, sob a alcunha de “Morcego”, ganhou fama de “o maior carnavalesco de todos os tempos” e acabou imortalizado naquela que pode ser considerada a principal obra de Irineu de Almeida.

Dois choros de Pixinguinha também foram apresentados. Ingênuo trouxe como solistas os professores Cristiano Alves (clarineta) e Júlio Merlino (saxofone). Na sequência, Um a Zero, que remete à vitória da seleção brasileira sobre o Uruguai no campeonato sul-americano de futebol de 1919, com gol do craque Friedenreich. Esta, segundo consta, teria sido a primeira obra da música nacional a abordar a temática futebolística.

O concerto também destacou a importância da música popular no contexto sinfônico, com a inclusão de um arranjo de A Voz do Morro, de Zé Ketti, para a abertura do filme “Rio, 40 Graus”. Este arranjo, recriado por Leonardo Bruno, é uma homenagem ao cineasta Nelson Pereira dos Santos. E, como nem tudo acaba em samba, para encerrar a apresentação, o público foi brindado com a Dança de Chico Rei e da Rainha N’Ginga, do balé “Maracatu de Chico Rei”, de Francisco Mignone, uma verdadeira obra-prima da música sinfônica brasileira.

Sob o som dos efusivos aplausos, ainda pode-se ouvir um merecido “Parabéns pra você” ao som da agora centenária Orquestra, encerrando com alegria uma noite de festa que certamente ficará marcada na memória de todos os presentes. Afinal, não é todo dia que se faz cem anos!

Em 02/09, Orquestra Sinfônica da UFRJ faz concerto de sua 100ª temporada com obras brasileiras e estreia de Ernani Aguiar

Em 02 de setembro, às 19 horas, a Orquestra Sinfônica da UFRJ retorna ao palco do Salão Leopoldo Miguez, da Escola de Música da UFRJ, para mais um concerto da sua centésima temporada. Desta vez, a apresentação contará exclusivamente com obras de compositores brasileiros. A regência será do vice-diretor da EM/UFRJ, o maestro Marcelo Jardim.

O “Batuque” da Suíte Reisado do Pastoreio, de Lorenzo Fernandez, abre o programa com especial significado por representar as mais de 200 obras executadas pela orquestra em estreia mundial ao longo de sua trajetória artística. A obra teve sua estreia exatamente no palco do Salão Leopoldo Miguez em 29 de agosto de 1930. Mais relevante se torna a execução por ter o “Batuque” se consagrado como uma das obras orquestrais mais conhecidas e executadas de compositor brasileiro, tanto no país quanto no exterior.

A estreia da noite é a Sinfonia “Serrana”, de Ernani Aguiar, obra com textos de poetas nascidos em Petrópolis e que traz para o concerto a participação do Coro Sinfônico da UFRJ, grupo formado pela junção de todas as turmas de Canto Coral da Escola de Música, sob a responsabilidade das professoras Maria José Chevitarese (Brasil Ensemble), Valéria Matos (Sacra Vox), Juliana Melleiro Rheinboldt e do professor André Protásio (classes de Canto Coral), abrilhantados pela participação especial do professor e barítono Marcelo Coutinho como solista.

O programa finaliza com uma obra emblemática de Villa-Lobos, um ex-aluno da Escola de Música que se consagrou internacionalmente como um dos grandes compositores do século XX. O Choros no10 apresenta uma espécie de quadro sonoro da natureza e da cultura brasileira, amalgamando, de certa forma, os ambientes rurais e urbanos. Na primeira parte se ouve uma “variedade de pássaros que existem em todo o Brasil, sobretudo os que vivem nos bosques e florestas e os que cantam à madrugada e ao entardecer nos infinitos sertões do Nordeste”. Na segunda parte, melodias “à maneira dos cânticos de rede que os índios Parecis entoam” se juntam aos vocalizes do coro “sem nenhum sentido literário”, mas “apenas servindo de efeitos onomatopaicos, para formar ambiente fonético característico da linguagem dos aborígenes”. O elemento urbano é a melodia da schottish “Yara”, de Anacleto de Medeiros, outro ex-aluno da Escola de Música, reconhecido como um dos mais importantes nomes na consolidação do choro como forma musical instrumental típica do Rio de Janeiro no início do século XX. Um elemento a mais é a letra incorporada pelo poeta seresteiro Catulo da Paixão Cearense, cuja passagem pelo Instituto Nacional de Música, a convite de Alberto Nepomuceno, o fez merecedor de uma placa em sua homenagem.

A entrada é gratuita e a apresentação está marcada para as 19h, no Salão Leopoldo Miguez, da Escola de Música da UFRJ, que fica na Rua do Passeio, 98, próximo à estação Cinelândia do metrô.

 

PROGRAMA

1. Oscar LORENZO FERNANDEZ (1897-1948) – Batuque da Suíte Reisado do Pastoreio (1930) 4’

2. Ernani AGUIAR (1950) – Sinfonia “Serrana” (2024) 20’ estreia

I- “Ária do Forte” (Allegro) – Texto de Reynaldo Chaves
II- “Antúrios” (Lento) – Texto de Wolney Aguiar
III- “Noturno” (Andante calmo) – Texto de Raul de Leoni
IV- “Aquela Serra” (Allegro molto) – Texto de Hélio Chaves

3. Heitor VILLA-LOBOS (1887-1959) – Choros no10 “Rasga Coração” (1926) 13’
Texto de Catulo da Paixão Cearense

Marcelo Coutinho (barítono)
Coro Sinfônico da UFRJ
(Classes dos professores Maria José Chevitarese, Valéria Matos, Juliana Melleiro Rheinboldt e André Protásio)
Orquestra Sinfônica da UFRJ
Regência de Marcelo Jardim