Orquestra Sinfônica da UFRJ apresenta Weber, Borne e Mendelssohn em concerto no Salão Leopoldo Miguez

A Orquestra Sinfônica da UFRJ dá continuidade à sua 101ª temporada com um concerto no dia 13 de novembro de 2025 (quinta-feira), às 19h, no Salão Leopoldo Miguez, sob a regência do maestro André Cardoso. A apresentação contará com a participação do flautista Jean Gabriel Benício Silva como solista convidado.

O programa se inicia com a Abertura Der Freischütz, Op. 77, de Carl Maria von Weber (1786–1826), marco da ópera e do romantismo musical alemão. Escrita em 1821, a obra reflete o universo fantástico e sobrenatural da ópera homônima, inspirada em lendas populares e histórias de fantasmas. Com melodias retiradas da própria ópera, a abertura destaca-se pelo vigor dramático e pela engenhosa orquestração que consagrou Weber como um dos precursores da ópera nacional alemã.

Na sequência, o público ouvirá a Fantasia brilhante sobre Carmen, de François Borne (1840–1920), em orquestração de Alexandre Travassos. Baseada em temas da célebre ópera de Bizet, a peça é conhecida por exigir do intérprete grande virtuosismo técnico e expressividade. Escrita por volta de 1880, tornou-se uma das obras mais executadas do repertório para flauta. Nesta apresentação, o solista será o jovem flautista Jean Gabriel Benício Silva, aluno da Escola de Música da UFRJ e vencedor do Concurso Jovens Solistas da OSUFRJ 2024.

Encerrando o concerto, a orquestra interpreta a Sinfonia nº 5, Op. 107, “Reforma”, de Felix Mendelssohn (1809–1847). Composta para as comemorações do tricentenário da Confissão de Augsburgo, documento fundamental do luteranismo, a obra reflete musicalmente os conflitos religiosos da época da Reforma Protestante. Em seus quatro movimentos, Mendelssohn incorpora temas da liturgia católica e melodias associadas a Martinho Lutero, como Ein feste Burg ist unser Gott (“Castelo forte é nosso Deus”), conduzindo a sinfonia a um desfecho triunfante.


Concerto da 101ª temporada da Orquestra Sinfônica da UFRJ
📅 13/11 (quinta-feira) | 19h
🏛️ Salão Leopoldo Miguez – EM/UFRJ
📍 Rua do Passeio, 98 – Lapa, Rio de Janeiro/RJ
🎟️ Entrada gratuita

Transmissão via YouTube:

Orquestra Sinfônica da UFRJ apresenta recital de formatura de Glauco Fernandes

Em 01/10, às 19h, a Escola de Música da UFRJ recebe no Salão Leopoldo Miguez o recital de formatura em Regência Orquestral de Glauco Fernandes, como parte da 101ª temporada da Orquestra Sinfônica da UFRJ. O evento tem entrada franca e apresenta um programa cuidadosamente elaborado, que percorre obras de diferentes períodos e estilos da música de concerto.

O recital se inicia com o Adagio para cordas, de Samuel Barber (1910-1981), composto em 1936 como parte de seu Quarteto de Cordas op. 11. A obra ganhou notoriedade em sua versão para orquestra de cordas após ser regida por Arturo Toscanini em 1939, tornando-se célebre por seu caráter emotivo e pela recorrente utilização em trilhas sonoras de filmes e programas de TV, entre eles o clássico Platoon (1986), de Oliver Stone.

Na sequência, será apresentado o Ponteio para cordas (1953), de Claudio Santoro (1919-1989). A peça marca um momento importante na trajetória do compositor, quando este abandona a linguagem dodecafônica e passa a se aproximar do nacionalismo musical ligado ao realismo socialista. O resultado é uma obra de grande expressividade, que se consolidou como referência no repertório brasileiro para cordas.

O programa prossegue com a Abertura da ópera Uma noite no castelo (1870), de Henrique Alves de Mesquita (1830-1906). O compositor, pioneiro no desenvolvimento do choro carioca, uniu a formação acadêmica adquirida no Conservatório de Música com as práticas musicais populares da época. A abertura apresentada foi composta durante seus estudos em Paris, viabilizados por uma bolsa concedida pelo governo brasileiro.

Outro destaque da noite será o Prélude à l’après-midi d’un faune (1892), de Claude Debussy (1862-1918). Inspirada no poema de Stéphane Mallarmé, a obra é considerada um marco do Impressionismo musical. Debussy, no entanto, a define não como uma tradução literal do texto, mas como uma “ilustração muito livre”, marcada por atmosferas sonoras sutis e delicadas.

O concerto se encerra com um dos ícones absolutos da música sinfônica: o primeiro movimento da Sinfonia nº 5 em dó menor, op. 67 (1808), de Ludwig van Beethoven (1770-1827). Seus quatro compassos iniciais se tornaram uma assinatura sonora universal, símbolo da força criativa do compositor e da própria história da música ocidental.

A apresentação conta com a Orquestra Sinfônica da UFRJ, sob direção artística de André Cardoso, reunindo músicos de todas as famílias instrumentais em uma celebração da tradição e da inovação no repertório sinfônico.

Recital de formatura em Regência Orquestral de Glauco Fernandes

📅 1º de outubro (quarta-feira) | 19h
🏛️ Salão Leopoldo Miguez – EM/UFRJ
📍 Rua do Passeio, 98 – Centro, Rio de Janeiro
🎟️ Entrada franca

Orquestra Sinfônica da UFRJ encerra comemorações do centenário com duas estreias mundiais e Villa-Lobos

A Orquestra Sinfônica da UFRJ apresenta, em 25 de setembro, às 19h, no Salão Leopoldo Miguez, o concerto de encerramento das celebrações de seu centenário, iniciadas em 2024. Sob regência de André Cardoso, a apresentação reafirma duas marcas históricas do conjunto: a dedicação ao repertório brasileiro e o compromisso com a música contemporânea. A entrada é franca.

O programa será aberto com a estreia mundial de O Pássaro de areia, obra do compositor cearense Caio Facó (1992), escrita em 2023 por encomenda do Sistema Nacional de Orquestras Sociais, projeto desenvolvido em parceria pela Funarte e a UFRJ. Atualmente residente no Bahrein, onde leciona na Bahrain Polytechnic, Facó descreve a peça como uma metáfora da transitoriedade: “As melodias se desfazem no tempo contínuo, como castelos de areia, que também dialogam com as camadas mais profundas do som – harmônicos, ressonâncias e silêncios”.

Na sequência, será apresentada a segunda estreia da noite: Um Concertino para Emmanuel Rio, do compositor Gilson Santos (1977). A obra homenageia Emmanuel Rio (c.1810–1852), brasileiro negro que, levado a Viena pela imperatriz Leopoldina, tornou-se trompista de destaque no Conservatório de Praga. O solista será o trompista da própria orquestra, Tiago Carneiro, a quem a peça é dedicada.

Ainda menino, Emmanuel Rio foi levado a Viena pela Imperatriz Leopoldina (1797-1826) para servir como jardineiro no palácio de seu pai, o Imperador Francisco I (1768-1835). Na capital austríaca, onde chegou por volta de 1820, Emmanuel foi matriculado em escola para estudos de francês, italiano, desenho e música, destacando-se como tocador de trompa, instrumento que lhe foi presenteado pelo próprio imperador. Após a morte de Francisco I, foi enviado para se aperfeiçoar no Conservatório de Praga. Ao retornar reassumiu as funções de jardineiro, atuando também em bandas de música. São escassas as informações biográficas sobre Emmanuel Rio, mas provavelmente faleceu no ano de 1852. Sua imagem, no entanto, foi imortalizada em quadro pintado em 1836 por Albert Schindler (1805-1861), no qual foi retratado com sua trompa admirando a imagem de Francisco I pendurada na parede e os jardins do Palácio de Schönbrunn ao fundo.

Emmanuel Rio retratado por Albert Schindler

O concerto se encerra com uma das obras-primas de Heitor Villa-Lobos (1887–1959): a Bachianas Brasileiras nº 7 (1942). Nela, o compositor carioca pretendeu amalgamar as características da música de Johann Sebastian Bach (1685-1750), que tanto admirava, com as das práticas musicais do Brasil.

Conforme explica o maestro André Cardoso, cada movimento recebeu como título uma das partes da suíte barroca e ao mesmo tempo o de um gênero de cantoria ou dança folclórica do Brasil. “Assim, o Prelúdio inicial é um Ponteio, que remete ao ato de pontear dos violeiros, representado na obra pelos pizzicatos alternados entre os violinos, que apoiam as melodias expressas pelos instrumentos de sopro. No segundo movimento uma Giga, dança que normalmente finaliza a suíte barroca, é também uma movimentada Quadrilha caipira. A Tocata se transforma em um Desafio, a conhecida disputa poética improvisada entre dois cantadores. O último movimento, que finaliza a obra de forma grandiosa, é uma Fuga, forma que se caracteriza pela melodia que se alterna entre as diferentes vozes, que Villa-Lobos chamou de Conversa.”

Concerto de encerramento do centenário da Orquestra Sinfônica da UFRJ
📅 25 de setembro (quinta-feira) | 19h
🏛 Salão Leopoldo Miguez – EM/UFRJ
📍 Rua do Passeio, 98 – Centro, Rio de Janeiro
🎟 Entrada franca

Exposição celebra os 100 anos da Orquestra Sinfônica da UFRJ

A Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro inaugura, em 11 de agosto, a exposição Orquestra Sinfônica da UFRJ, 100 anos: Uma Trajetória de Música e Educação, em continuidade às comemorações do centenário da OSUFRJ — o mais antigo conjunto sinfônico em atividade na cidade do Rio de Janeiro e um dos mais longevos do Brasil. A mostra segue na EM/UFRJ até 25/09.

As comemorações do centenário começaram em 2024 e incluíram vários concertos históricos. Entre eles, um na data exata de fundação da orquestra, 25 de setembro, na Sala Cecília Meireles, com repertório que percorreu a história da OSUFRJ. Outro evento marcante foi o lançamento do livro Orquestra Sinfônica da UFRJ – 100 anos, publicado pela Editora UFRJ. “Através do livro, as pessoas conhecem não só a história da orquestra, como uma parte da história da música no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro”, destacou o maestro André Cardoso, diretor da OSUFRJ e autor da obra, em entrevista ao podcast Som do Passeio.

As celebrações seguem agora com uma mostra que apresenta ao público um panorama histórico da orquestra, cuja origem remonta à fundação do Instituto Nacional de Música, em 1924. A exposição propõe um mergulho em sua trajetória centenária, que se entrelaça com a própria história da música no país e da Escola de Música da UFRJ, por meio de imagens raras, painéis informativos e trechos do citado livro.

Segundo André Cardoso, a iniciativa replica, em outro formato, o conteúdo da publicação, apresentando painéis cronológicos com fotos, programas e textos explicativos. Os visitantes poderão também ouvir gravações produzidas pela OSUFRJ por meio de QR Codes. Paralelamente, ao longo de agosto e setembro, haverá uma série de concertos didáticos voltados para alunos da rede pública, que visitarão a exposição e seguirão para apresentações no Salão Leopoldo Miguez. A programação conta com músicos da orquestra, docentes, discentes, egressos, técnicos-administrativos e convidados.

Além da exposição, a programação contempla uma série de concertos didáticos de música de câmara, apresentados por músicos da OSUFRJ, docentes, discentes, egressos e servidores técnico-administrativos da Escola de Música, além de músicos convidados. Voltados especialmente para estudantes da rede pública de ensino e centros de artes de diversos municípios fluminenses, os concertos buscam integrar memória, formação e fruição artística em um só evento.

Concerto de abertura

A abertura da exposição Orquestra Sinfônica da UFRJ, 100 anos: Uma Trajetória de Música e Educação será celebrada com um concerto do grupo de Cordas da Orquestra Sinfônica da UFRJ, sob regência de André Cardoso, às 19h do dia 11 de agosto, no Salão Leopoldo Miguez. O maestro lembra que este concerto também marca o início da Semana de Aniversário da Escola de Música da UFRJ, que completa 177 anos em 2025. “O programa aborda o repertório da música de concerto da segunda metade do século XX e do século XXI, com obras recentes e já consagradas, passando pelo minimalismo, neoclassicismo, neorromantismo e outras tendências”, explica.

O programa traz Fratres, de Arvo Pärt; Voyage, de John Corigliano, com Eduardo Monteiro (flauta); Três peças em estilo antigo, de Henryk Górecki; Concerto para clarone, de Geraldine Green, com Thiago Tavares (clarone); e Pelimannit, de Einojuhani Rautavaara.

Mais detalhes sobre o concerto de abertura podem ser conferidos nesta matéria. Já a conversa completa com o maestro André Cardoso no podcast Som do Passeio pode ser conferida abaixo.

A exposição é uma realização da Escola de Música da UFRJ, da Reitoria e do Centro de Letras e Artes, com apoio da Superintendência-Geral de Comunicação Social (SGCOM) e do Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ (SiBI).

Exposição Orquestra Sinfônica da UFRJ, 100 anos: Uma Trajetória de Música e Educação
📅 11 de agosto a 25 de setembro de 2025
🏛️ Escola de Música da UFRJ
📍 Rua do Passeio, 98 – Centro, Rio de Janeiro/RJ
🎟 Entrada franca

Concerto da Orquestra Sinfônica da UFRJ celebra Festival de Trombonistas e os 30 anos da série Música na Candelária

No dia 21 de agosto, às 18h, a Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) realiza um concerto especial na Igreja da Candelária, com entrada franca. A apresentação integra a programação do XXXI Festival Brasileiro de Trombonistas e marca também as comemorações dos 30 anos da série Música na Candelária, um dos mais importantes ciclos de concertos gratuitos da cidade do Rio de Janeiro.

O programa reúne obras que destacam tanto a tradição orquestral quanto a versatilidade do trombone como instrumento solista. Entre os convidados estão dois artistas de renome internacional:

  • Brian Hecht (Orquestra Sinfônica de Dallas), que interpreta Ballade de Eric Ewazen e Adoration de Florence Price.
  • Hillary Simms (American Brass Quintet), solista na Romanza op.85 de Max Bruch.

Para a celebração da série Música na Candelária, a OSUFRJ executa ainda o Te Deum em Dó maior, Hob. XXIII c:2, de Joseph Haydn, obra enérgica e festiva, escrita em 1800 a pedido da imperatriz Maria Teresa da Áustria. A peça será apresentada em conjunto com o Coro Brasil Ensemble, sob a direção de Maria José Chevitarese, e a Classe de Canto Coral da Escola de Música da UFRJ, dirigida pela professora Juliana Melleiro Rheinboldt.

A regência do concerto será de Marcelo Jardim, diretor artístico e vice-diretor da Escola de Música da UFRJ, que mantém sólida carreira como maestro, professor e consultor artístico em projetos de formação musical no Brasil e no exterior.

Programa da noite

  1. Eric Ewazen – Ballade para trombone baixo, harpa e cordas (1986/96)
    Solista: Brian Hecht
  2. Florence Price – Adoration para trombone e cordas (1951)
    Solista: Brian Hecht
  3. Max Bruch – Romanza op.85 para trombone (1911)
    Solista: Hillary Simms
  4. Joseph Haydn – Te Deum em Dó maior Hob. XXIII c:2 (1800)
    Coro Brasil Ensemble e Classe de Canto Coral da EM-UFRJ

Direção Artística da OSUFRJ: André Cardoso
Maestros Eméritos: Roberto Duarte e Ernani Aguiar

Concerto da Orquestra Sinfônica da UFRJ
📅 21 de agosto de 2025 (segunda-feira) | 18h
🏛️ Igreja da Candelária
📍 Praça Pio X, s/n – Centro, Rio de Janeiro
🎟 Entrada franca

Cordas da Orquestra Sinfônica da UFRJ realiza concerto na abertura da exposição dedicada ao centenário do grupo

A abertura da exposição Orquestra Sinfônica da UFRJ, 100 anos: Uma Trajetória de Música e Educação contará com concerto das cordas da Orquestra Sinfônica da UFRJ, sob regência do maestro André Cardoso. O programa reúne obras de compositores ativos entre o século XX e XXI, passando pelo neoclassicismo, pela música modal e pelo estilo tintinnabuli.

O concerto se inicia com Fratres (1977/1991), de Arvo Pärt, escrita logo após o período em que o compositor desenvolveu sua técnica tintinnabuli, caracterizada por harmonia modal e textura nota contra nota inspirada em estudos da música gótica e renascentista franco-flamenga.

Na sequência, o flautista Eduardo Monteiro interpreta Voyage (1983), de John Corigliano, versão para flauta e cordas da obra coral composta em 1971 sobre a tradução inglesa do poema L’invitation au voyage, de Charles Baudelaire. A música transita entre tonalidade e atonalidade, refletindo a atmosfera sensorial do texto.

As Três peças em estilo antigo (1963), de Henryk Górecki, marcam a mudança do compositor polonês de uma escrita vanguardista para um idioma modal, com sonoridades arcaicas inspiradas na música medieval, renascentista e no folclore de seu país.

O clarone assume o protagonismo no Concerto para clarone (1992), da compositora irlandesa Geraldine Green, com o solista Thiago Tavares. A obra, de caráter neoclássico, é descrita pela autora como “geralmente jovial, com melodias deliciosas e um caráter brincalhão e travesso”, alternando com um movimento central mais austero.

Encerrando o programa, Pelimannit (1972), do finlandês Einojuhani Rautavaara, reúne cinco movimentos baseados em melodias de Samuel Rinda-Nikkola, músico popular do início do século XIX, combinando elementos folclóricos a fragmentos de Bach, harmonias modais, cromatismo e clusters dissonantes.

Concerto da Orquestra Sinfônica da UFRJ
📅 11 de agosto de 2025 (segunda-feira) | 19h
🏛️ Escola de Música da UFRJ
📍 Rua do Passeio, 98 – Centro, Rio de Janeiro/RJ
🎟 Entrada franca

Transmissão via YouTube:

Orquestra Sinfônica da UFRJ interpreta obras de Mozart, Pedrollo e Beethoven

A Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) sobe ao palco do Salão Leopoldo Miguéz na próxima sexta-feira, 25 de julho, às 19h, para mais um concerto da temporada 2025. A apresentação tem entrada gratuita, classificação livre e conta com a regência do maestro Felipe Prazeres.

O programa destaca obras de três importantes compositores europeus, em uma seleção que atravessa estilos e períodos da música ocidental. A abertura de La Betulia Liberata, composta por Wolfgang Amadeus Mozart aos 15 anos, abre a noite com sua intensidade dramática e elementos que antecipam o romantismo. Em seguida, a orquestra interpreta o Concertino para oboé, do italiano Arrigo Pedrollo, com solo da oboísta Juliana Bravim, integrante da OSUFRJ. Encerrando o programa, a Sinfonia nº 2 de Ludwig van Beethoven revela os primeiros sinais da fase heróica do compositor, marcada por vigor rítmico e contrastes expressivos.

A direção artística da OSUFRJ é de André Cardoso, com Roberto Duarte e Ernani Aguiar como maestros eméritos. A apresentação integra a programação pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro, promovendo o acesso à cultura e reafirmando a missão formadora da instituição.


Concerto da Orquestra Sinfônica da UFRJ
📅 25 de julho (sexta-feira) | 19h
🏛️ Salão Leopoldo Miguéz – EM/UFRJ
📍 Rua do Passeio, 98 – Centro, Rio de Janeiro/RJ
🎟 Entrada franca

Centenário da Orquestra Sinfônica da UFRJ lota Sala Cecília Meireles em concerto histórico

Em 25/09, a Sala Cecília Meireles foi palco de um concerto histórico: o centenário da Orquestra Sinfônica da UFRJ. Exatos 100 anos antes, em 25/09/1924, deu-se no Salão Leopoldo Miguez a primeira apresentação da então Orquestra do Instituto Nacional de Música (primeira encarnação da atual OSUFRJ).

“A ocasião era uma solenidade de entrega de prêmios a alunos laureados, na qual esteve presente, inclusive, o então presidente da República Arthur Bernardes. Dirigida pelo professor Ernesto Ronchini, a orquestra contou com 33 alunos, vários dos quais viriam depois a se destacar no cenário musical brasileiro, como o violoncelista Iberê Gomes Grosso, o violinista Oscar Borgerth, a violinista Mariuccia Iacovino e Yolanda Peixoto, a primeira spalla da Orquestra. Foram executados dois números de uma suíte do compositor Leopoldo Miguez, Cenas Pitorescas, e duas pequenas danças de autoria do próprio maestro Ronchini”, comenta o maestro André Cardoso, diretor artístico da OSUFRJ. Foi um concerto breve, mas fundamental.

Cem anos depois, ali perto, ocorreria aquele que pode ser descrito como um dos mais importantes concertos da história da Orquestra, sob a regência de três gerações de maestros que estiveram à sua frente: André Cardoso, Roberto Duarte (titular entre 1978 e 1995) e Ernani Aguiar (titular entre 1995 e 2023), todos merecidamente homenageados ao longo da noite, vale salientar.

A Sala Cecília Meireles lotada pode acompanhar uma impactante apresentação que incluiu o Episódio Sinfônico de Francisco Braga, o “principal regente da Orchestra do Instituto Nacional de Música”. A obra foi composta em 1898 e se tornou uma das mais executadas pela orquestra ao longo de suas cem temporadas.

Em seguida foi apresentado o Scherzo Sinfônico, de Raphael Baptista, um dos maestros responsáveis pela reformulação da orquestra em 1969 e nomeado seu regente titular em 1977. Outro destaque foi a emocionante ária Era un Tramonto d’oro, impecavelmente interpretada pelo barítono Inácio de Nonno, e que suscitou gritos de “bravo” entre os presentes. A peça relembra a gravação da ópera Colombo, de Carlos Gomes, que conquistou prêmios importantes no final dos anos 1990.

O público também pode apreciar Sugestões de Coral e Dança, de César Guerra-Peixe, e a estreia mundial do poema sinfônico O Pássaro Mágico, de Pedro Lutterbach, vencedor de um concurso de composição em homenagem ao centenário da UFRJ. A obra, inspirada em uma lenda indígena, narra a história de um tincoã que se transforma em homem e enfrenta desafios amorosos e tribais.

Os quinze minutos de pausa foram providenciais para que todos pudessem se recompor de tão belo e emocionante espetáculo, que chegava apenas em sua metade ainda.

Na segunda parte, a música se tornou mais popular, com Saudades de Pirapora, peça original de Everson Moraes, trombonista da Orquestra, que presenteou o público com uma deliciosa “história de pescador” acerca de um oficleide (raríssimo precursor do saxofone), encontrado por seu Nilton, o agora “pescador de oficleide”, nas margens do Rio São Francisco, em Pirapora (MG).

A história é tão insólita que vale o parêntese. Após décadas submerso, o instrumento chegou às mãos do músico da Orquestra, que descobriu que ele já havia passado pelo Rio de Janeiro há mais de 100 anos. O oficleide, muito utilizado por bandas e orquestras no passado, estava em péssimas condições, levando o luthier Marcelo Castro a realizar reparos por oito meses. Reza a lenda que ele inclusive decidiu se aposentar depois deste trabalho. Durante a restauração, foram encontradas marcas que indicavam sua origem no Rio, como a assinatura de um fabricante francês e um endereço de uma loja carioca. Everson escolheu tocar a famosa Carinhoso, de Pixinguinha, ao reintroduzir o instrumento após sua incrível jornada.

A festa seguiu com o tango Aí, Morcego, de Irineu de Almeida, peça que contou com participação especial de todos os presentes na plateia. Após um breve “ensaio”, ao sinal do maestro André Cardoso, toda a casa soltava a voz e repetia “Aí, Morcego!”, rendendo uma homenagem ao boêmio Norberto Amaral, o Amaral dos Correios, que, sob a alcunha de “Morcego”, ganhou fama de “o maior carnavalesco de todos os tempos” e acabou imortalizado naquela que pode ser considerada a principal obra de Irineu de Almeida.

Dois choros de Pixinguinha também foram apresentados. Ingênuo trouxe como solistas os professores Cristiano Alves (clarineta) e Júlio Merlino (saxofone). Na sequência, Um a Zero, que remete à vitória da seleção brasileira sobre o Uruguai no campeonato sul-americano de futebol de 1919, com gol do craque Friedenreich. Esta, segundo consta, teria sido a primeira obra da música nacional a abordar a temática futebolística.

O concerto também destacou a importância da música popular no contexto sinfônico, com a inclusão de um arranjo de A Voz do Morro, de Zé Ketti, para a abertura do filme “Rio, 40 Graus”. Este arranjo, recriado por Leonardo Bruno, é uma homenagem ao cineasta Nelson Pereira dos Santos. E, como nem tudo acaba em samba, para encerrar a apresentação, o público foi brindado com a Dança de Chico Rei e da Rainha N’Ginga, do balé “Maracatu de Chico Rei”, de Francisco Mignone, uma verdadeira obra-prima da música sinfônica brasileira.

Sob o som dos efusivos aplausos, ainda pode-se ouvir um merecido “Parabéns pra você” ao som da agora centenária Orquestra, encerrando com alegria uma noite de festa que certamente ficará marcada na memória de todos os presentes. Afinal, não é todo dia que se faz cem anos!