Órgão Tamburini

O instrumento foi construído pela Fabbrica D’Organi Comm. Giovani Tamburini da cidade de Crema (Itália), fundada pelo organeiro Giovanni Tamburini (1857-1942) em 1893. Foi encomendado pela diretora da Escola Nacional de Música, Joanídia Sodré, para substituir o antigo órgão Sauer de fabricação alemã, comprado por Leopoldo Miguez para o Instituto Nacional de Música. A disposição dos registros foi projetada pelo grande organista italiano Fernando Germani (1906-1998). O instrumento da Escola de Música possui 4.620 tubos, quatro manuais, pedaleira e 52 registros reais e foi inaugurado em 13 de agosto de 1954. (O esquema de sua {source}
<a href=”https://musica.dev.coordcom.ufrj.br/wp-content/uploads/images/stories/institucional/RegistracaoTamburini.png” rel=”shadowbox” title=”Registração do Órgão Tamburini da EM/UFRJ”>registração</a>
{/source}pode ser baixado aqui).

Desde 1954 inúmeros recitais foram realizados por grandes organistas internacionais, como Fernando Germani, Karl Richter (1926-1981) e Pierre Cocherreau (1924-1984), e nacionais, como Antônio Silva (1908-1960), Gertrud Mersiovsky, Dorotéa Kerr e José Luis Aquino, entre outros.

Dois discos foram gravados no instrumento: “Franz Liszt” com a organista Gertrud Mersiovsky, em 1988, e o álbum duplo intitulado “O órgão da Escola de Música” na série “Futuros Mestres em Música” do programa de pós-graduação, reunindo os organistas Marco Aurélio Lischt, Alexandre Rachid, Ary Aguiar e José Luis Aquino. O instrumento serviu também para o desenvolvimento de várias dissertações de mestrado versando sobre o repertório internacional, especialmente sobre obras de César Franck (José Luis Aquino, 1990), Max Reger (Ary Aguiar, 1992 e Marco Aurélio Lischt, 1995), Olivier Messiaen (Alexandre Rachid, 1992), Arnold Schoenberg (Eduardo Biato, 1995), Mozart (Regina Lacerda, 1995), Charles Marie Widor (Benedito José Rosa, 1996), Francisco Arauxo (Bailinda Heckert, 1997) e Jeanne Demessieux (Domitila Ballesteros, 2002).

  

 

  

Em dezembro de 2008 foi realizado o “Concerto para a Reforma do Órgão Tamburi” com a participação dos organistas Alexandre Rachid, Eduardo Biato, Benedito José Rosa e Domitila Ballesteros, marcando o início da reforma do instrumento patrocinada pela Petrobras. Durante dois anos o instrumento não poderá ser ouvido, pois será completamente desmontado e restaurado, ganhando um moderno sistema digital.

Órgão Sauer

Em 1892 o compositor Leopoldo Miguez (1850-1902) decidiu comprar para o Instituto Nacional de Música um grande órgão de tubos da fábrica alemã de Wilhelm Sauer (1831-1916). O instrumento foi adquirido com o prêmio de 20 contos de réis que ganhou em um concurso de composição para a escolha de um novo hino nacional nos primeiros anos da República e foi instalado no recém-construído salão de concertos da antiga sede do INM, localizada na então denominada Rua da Lampadosa, atual Rua Luiz de Camões, na Praça Tiradentes.

Com a mudança da sede do Instituto para o prédio da Rua do Passeio o grande órgão Sauer de concerto foi desmontado e reinstalado no salão de concertos da nova sede.

Em 1954 foi substituído pelo atual Órgão Tamburini. Não é conhecido hoje o seu paradeiro.

Em 1896 Miguez adquiriu da mesma casa alemã um outro instrumento, um modelo menor para estudo com tração mecânica, 345 tubos, dois manuais, pedaleira e sete registros, com número de opus 665. É o instrumento que se encontra hoje na Sala Henrique Oswald.

Foto: Renan Salotto
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O modelo de estudo foi instalado no prédio de aulas para servir ao curso de órgão. Por várias décadas o instrumento não mereceu atenção e no final do século XX encontrava-se em péssimo estado de conservação e praticamente sem uso.

Por ocasião do centenário de morte do compositor Joseph Rheinberger (1839-1901), durante a gestão do professor João Guilherme Ripper, foi elaborado um projeto para a restauração do instrumento. O maestro Albert Frommelt, regente da Orquestra Sinfônica do Liechtenstein, país natal de Rheinberger, foi convidado para dirigir um concerto com a Orquestra Sinfônica da UFRJ apenas com obras do compositor. A Fundação Feger, do principado do Liechtenstein, doou os recursos para a realização do concerto e para a reforma do órgão Sauer. Em 2002 o instrumento foi completamente desmontado, restaurado e remontado na Sala Henrique Oswald, viabilizando sua utilização em concertos.

Hoje o instrumento continua sendo utilizado para estudo e aulas mas serve também para uma série anual de concertos coordenada pela professor Eduardo Biato.

Sala Henrique Oswald

Fica no último andar do prédio da Rua do Passeio e foi o local onde primeiramente se instalou a biblioteca da Escola de Música. Seu nome é uma homenagem ao grande pianista, compositor e professor que foi diretor do Instituto Nacional de Música entre 1903 e 1906. Possui capacidade para aproximadamente 120 espectadores. Sobre o palco estão dois pianos Steinway e ao fundo o . As cadeiras são móveis possibilitando a formatação da platéia para concertos no palco como para concertos de órgão. A sala é usada também para ensaios de coro, orquestra e música de câmara.

Sala da Congregação

pastarchivesEstá localizada no quarto andar do prédio da Rua do Passeio. É um espaço refrigerado e de grande versatilidade que permite os mais variados usos. Local onde se reúne a Congregação, colegiado superior da Escola de Música, é utilizada também para recitais de música de câmara, aulas, ensaios, palestras, defesas de tese e outros atos solenes. Seu foyer, denominado Sala Joanídia Sodré, é também ponto de acesso ao segundo balcão do Salão Leopoldo Miguez, e onde se encontram as placas comemorativas a alguns dos grandes mestres que passaram pela EM, como Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez e Barroso Neto.

 

Possui capacidade para aproximadamente 120 pessoas com poltronas móveis que permitem diferentes formatações para a platéia. No palco encontra-se um piano Steinway modelo D. Decorando seu interior está um grande quadro de autoria do pintor Augusto Bracet (1881-1960) que retrata a harpista Acácia Brazil de Mello (1921-2008).

Salão Leopoldo Miguez

salo_leopoldo_miguzFoi construído para proporcionar ao então Instituto Nacional de Música um local para concertos e outras solenidades. O projeto arquitetônico é de autoria do arquiteto Cipriano Lemos e inspirado na Sala Gaveau de Paris. No belo e amplo foyer, que dá acesso à platéia, destacam-se os painéis do pintor Antônio Parreiras (1860-1937) intitulados {source}
<a href=”https://musica.dev.coordcom.ufrj.br/wp-content/uploads/images/noticias/quadros/ossons.jpg” rel=”shadowbox[quadros]” title=”<em>Os sons</em>, Antônio Parreiras (1860-1937)”>”Os sons”</a>
{/source}, {source}
<a href=”https://musica.dev.coordcom.ufrj.br/wp-content/uploads/images/noticias/quadros/eolo.jpg” rel=”shadowbox[quadros]” title=”<em>Éolo</em>, Antônio Parreiras (1860-1937)”>”Eolo”</a>
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<a href=”https://musica.dev.coordcom.ufrj.br/wp-content/uploads/images/noticias/quadros/orpheo.jpg” rel=”shadowbox[quadros]” title=”<em>Orpheo</em>, Antônio Parreiras (1860-1937)”>”Orpheo”</a>
{/source} e {source}
<a href=”https://musica.dev.coordcom.ufrj.br/wp-content/uploads/images/noticias/quadros/osiris.jpg” rel=”shadowbox[quadros]” title=”<em>Osíris</em>, Antônio Parreiras (1860-1937)”>”Osíris”</a>
{/source}. Acima do foyer um mezanino dá acesso ao primeiro balcão. O acesso ao segundo balcão se dá através do foyer da Sala da Congregação, um andar acima.

 

O interior do Salão Leopoldo Miguez possui paredes decoradas e ornamentos. No palco destaca-se um afresco do pintor Carlos Oswald (1882-1971) e o grande instalado em 1954. Sobre o palco estão também dois pianos de cauda inteira da marca Steinway modelo D.

 

Sua acústica é considerada uma das melhores do país, sendo usado constantemente por diversos artistas, conjuntos e orquestras para gravações. Em seu interior são realizados diversos eventos entre concertos de câmara, sinfônicos e óperas, além de uma série de outras atividades como aulas, ensaios, palestras e formaturas.

Coro Sinfônico da UFRJ

corodinfonicoCoro Sinfônico da UFRJ é composto por alunos dos cursos de bacharelado e licenciatura em música inscritos nas diversas turmas da disciplina Canto Coral. O grupo se dedica ao repertório das grandes obras corais sinfônicas de todos os tempos, desde aquelas do período colonial brasileiro até a música contemporânea.

Nos últimos anos o Coro Sinfônico apresentou a Missa da Coroação de Mozart, a 9a Sinfonia de Beethoven (2005), o Salmo 42 “Wie der Hirsch schreit nach frischem Wasser” e a Cantata “Vom Himmel hoch” de Mendelssohn (2006), o Magnificat-Aleluia (2004) de Villa-Lobos, o Requiem e o Te Deum das Matinas de São Pedro de José Maurício Nunes Garcia (2007) e o Requiem Alemão de Brahms. Este último foi executado em 2008 durante o concerto de encerramento do Festival Internacional de Música Brasil/Alemanha em 2008, sob a regência do maestro Martin Schmidt, da Escola Superior de Música de Karlsruhe (Alemanha). 

Também em 2008 o grupo participou do concerto de abertura do Festival Villa-Lobos executando sob a regência do maestro Roberto Duarte o Oratório “Vidapura”, naquela que foi a segunda audição da obra com orquestra desde de sua composição por Villa-Lobos em 1919 (Sobre o concerto ver: http://www.villalobos.ca/calendar-works/Vidapura).

Os concertos com a a Orquestra Sinfônica da UFRJ, têm sido realizados nos principais espaços culturais da cidade, como o Salão Leopoldo Miguez, Theatro Municipal e a Sala Cecília Meireles. O coro é dirigido pelos regentes Maria José Chevitarese, Sérgio Pires e Valéria Matos.

 

Coral Infantil da UFRJ

Criado em 1989 pela maestrina Maria José Chevitarese o Coral Infantil da Universidade Federal do Rio de Janeiro é hoje um grupo consolidado, já tendo se apresentado junto às principais orquestras brasileiras. O grupo que possui mais de 500 apresentações em seu curriculum já foi regido por maestros brasileiros e estrangeiros, dentre eles Isaac Isaac Karabtchevsky, Roberto Minczuk, Jamil Maluf, Roberto Duarte, Henrique Morelenbaum, entre outros.

O grupo vem participando de todas as montagens do Theatro Municipal do Rio de Janeiro que tem a participação de coro infantil desde 1994. Faz parte de seu currículo as óperas Tourandot, La Bohème e Tosca de Puccini, Carmem de Bizet, Hansel und Gretel de Engelbert Humperdinck, Mefistófoles de Arrigo Boito, Flauta Mágica de Mozart, Macbeth de Verdi, Billy Budd de Benjamin Britten (estréia no Brasil), Mefistófoles de Arigó Boito e O menino Maluquinho de Ernani Aguiar, além das obras sinfônicas Mandu Çarará e Magnificat Alleluia de Villa-Lobos, cantata O Menino Maluquinho de Ernani Aguiar, Carmina Burana de Carl Orff, 3ª Sinfonia de Mahler, Te Deum de Berlioz e On the Transfigurations of Souls de John Adams, Magdalena de Villa-Lobos, War Requiem de Britten e O Pequeno Príncipe, com música e regência de Glauco Fernandes, obras realizadas dentro da programação oficial do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em 2010 atuou nas comemorações do Bi-centenário da Independência da Argentina, realizando concertos em Buenos Aires.

Participou da estreia mundial da ópera Juca, Joca e o pé de jaca de Rafael Bezerra, e do musical Godó, o bobo alegre, de Francisco Mignone com texto de Pedro Bloch (estreia mundial), do Limpador de Chaminés de Britten e de O Menino Maluquinho de Calimério Soares, óperas realizadas dentro do projeto A escola vai à ópera, ina Escola de Música da UFRJ.

Brasil Ensemble – UFRJ

Criado em setembro de 1999 por Maria José Chevitarese o coral Brasil Ensemble-UFRJ recebeu em 2000 o Diploma de Prata na categoria de coros de câmara, vozes mistas, na Choir Olympics 2000, em Linz, Áustria.

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O grupo já realizou mais de 300 concertos em importantes salas de concerto no Rio de Janeiro como Sala Cecília Meireles e no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Centro Cultural Justiça Federal, Centro Cultural do Poder Judiciário, Igreja da Candelária, Igreja Nossa Senhora do Carmo – Antiga Sé (Rio de Janeiro, RJ.), Teatro Municipal de Petrópolis (Petrópolis, RJ), Teatro Municipal do Espírito Santo (Vitória, ES.), Conservatório de Tatui (Tatui, São Paulo), Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora (Juiz de Fora, MG.), Teatro Municipal de Ouro Preto (Ouro Preto, MG.), Igreja Nossa Senhora do Carmo (São João Del Rei, MG.), entre outros.  

Participou das óperas Amahl e os visitantes da noite de Menotti, no Centro Cultural do Banco do Brasil, Maroquinhas Fru-Fru com texto de Maria Clara Machado e música de Ernst Mahle, Joca, Juca e o pé de jaca de Rafael Bezerra (primeira audição mundial), O Cavalinho Azul, com texto de Maria Clara Machado e música de Tim Rescala, Godó o bobo alegre, com texto de Pedro Bloch e música de Francisco Mignone (estreia Mundial) e Os irmãos repentistas e os pandeiros encantados de Rafael Bezerra (primeira audição mundial), O limpador de Chaminés de Benjamin Britten, Hansen und Gretel de Engelbert Humperdinck e O menino Maluquinho de Ziraldo e Calimério Soares, óperas encenadas pelo projeto A escola vai ópera, na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Atuou junto a Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica da UFRJ, Orquestra Sinfônica Nacional, Camerata Sesi e Orquestra Filarmônica do Espírito Santo.  Faz parte de seu repertório o Réquiem de Verdi, Nona Sinfonia de Beethoven e Missa em C maior, Chorus n° 10 de Villa-Lobos,

Gravou com a Orquestra Sinfônica da UFRJ o Réquiem e o Te Deum do Padre José Mauricio Nunes Garcia como parte das comemorações dos 200 anos da chegada da Família Real ao Brasil. O grupo gravou o Cd Imagens do Brasil com obras de Heitor Villa-Lobos, Ernani Aguiar, Antônio Vaz, Cesar Guerra-Peixe, Antônio Guerreiro, Ronaldo Miranda, Aylton Escobar e Marlos Nobre. Em 2013 gravou o Imagens do Brasil – séculos XX e XXI com os compositores Francisco Mignone, Ernani Aguiar, Ricardo Tacuchian, Antônio Vaz, Eduardo Biato e Roberto Macedo, algumas obras em primeira gravação mundial. Em 2014 gravou o Cd Alberto Nepomuceno – 150 anos totalmente dedicado a este compositor.

O grupo tem como proposta a divulgação da música brasileira contemporânea, tendo participado da XVII, XVIII, XIX e XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea.

 

UFRJazz Ensemble

A UFRJazz Ensemble foi criada a partir da implementação do Curso de Bacharelado em Música – Saxofone em 1995 pelo professor José Rua, da Escola de Música. A UFRJazz Ensemble destaca-se pela qualidade de seu trabalho dedicado à música instrumental popular brasileira, ao jazz contemporâneo, bem como à música de concerto. A UFRJazz é formada por alunos da Escola de Música da UFRJ, além de contar com músicos convidados.

A formação da UFRJazz é : 5 saxofones, 4 trompetes, 4 trombones e base rítmica constituída de guitarra, baixo, bateria, piano. A UFRJazz Ensemble gravou seu primeiro CD em 1997, com o título “Jazz na Universidade”, no qual interpretou composições dos mais importantes compositores contemporâneos americanos. Este trabalho foi tão expressivo que foi considerado o melhor CD do gênero, gravado por uma big band no Brasil. Para comemorar seus dez anos, a UFRJazz lançou seu segundo CD “UFRJazz Ensemble interpreta Júlio Barbosa”, o primeiro de uma série que pretende registrar compositores populares brasileiros de valor acadêmico. Seu último CD “Paisagens do Rio”, foi lançado em 2006, por ocasião do aniversário de 70 anos da Rádio MEC, com o patrocínio da Petrobras, e foi indicado ao 5º. Prêmio Tim de Música.

Com a aposentadoria do professor José Rua em 2017, o professor Afonso Claudio Figueiredo (ECO/UFRJ) foi convidado para assumir temporariamente a UFRJazz pelo seu longo histórico musical associado à linguagem do jazz. Inicia-se então um nova fase para a orquestra com o repertório se concentrando em uma linguagem contemporânea, com ênfase em compositores como Jaco Pastorius, Don Menza, Joe Zawinul e de uma nova safra arranjadores brasileiros.

A partir de 2019 a UFRJazz conta com a direção do professor de saxofone da EM/UFRJ Júlio Merlino para dar continuidade à orquestra.

Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ)

Mais antiga orquestra do Rio de Janeiro, a atual Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) foi criada em 1924 com a denominação “Orquestra do Instituto Nacional de Música”. Sua estréia deu-se em 25 de setembro do mesmo ano, apresentando-se, inicialmente, com 33 alunos de instrumentos de cordas, sob a regência do Professor Ernesto Ronchini (1863-1931).

Dentre os grupos artísticos mantidos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro destacam-se, no campo da música instrumental, suas duas orquestras. A qualidade do trabalho que desenvolvem pode ser avaliada através das críticas elogiosas na imprensa especializada por seus concertos e gravações, assim como pela participação em alguns dos mais importantes eventos artísticos da cidade do Rio de Janeiro, levando consigo o nome da Escola de Música e da UFRJ.

A atual formação das orquestras da UFRJ é fruto de uma longa história de atividades ininterruptas, iniciada em 1924 com a criação da Orquestra do Instituto Nacional de Música, reconhecida como um grupo de representação institucional pelo Decreto no 19.852 de 11 de abril de 1931, que estruturou a Universidade do Rio de Janeiro. Desde então, a UFRJ passou a contar com conjuntos sinfônicos responsáveis por inúmeros concertos em nome da instituição, apresentando-se em cerimônias oficiais, muitas vezes na presença de autoridades universitárias, chefes de Estado e Governo. 

Com ensaios regulares, as orquestras da UFRJ são núcleos de formação por excelência dos principais músicos e regentes da cidade e um dos principais do país. Suas funções acadêmicas visam principalmente o treinamento e a formação de novos profissionais de orquestra, solistas e regentes, além de serem importantes veículos para a divulgação de obras dos compositores brasileiros jovens e já consagrados. Têm como principais finalidades o atendimento aos alunos de Graduação e Pós-Graduação em instrumentos, canto, composição e regência, assim como a realização de temporadas de concertos.

  Reprodução 
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  Ernesto Ronchini e a Orquestra do Instituto Nacional de Música em 1924. Acervo da Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ (BAN).

A primeira finalidade se dá através da disciplina Prática de Orquestra, inscrevendo-se aí nas atividades universitárias voltadas para o Ensino. No âmbito do ensino, realizam ainda intercâmbios regulares com outras instituições, recebendo alunos para formação complementar.

A segunda constitui-se no ciclo anual de eventos realizados na Escola de Música e em outros espaços culturais da cidade, que se caracteriza como uma atividade de Extensão. A encomenda e estréia de novas composições, assim como o resgate de obras do passado musical brasileiro, inserem os conjuntos no campo da Pesquisa. Como organismos destinados ao apoio de atividades acadêmicas, as orquestras são os veículos para o desenvolvimento de trabalhos relacionados à prática orquestral em diversos níveis.

As orquestras são formadas por alunos dos cursos de bacharelado em instrumentos e músicos profissionais pertencentes ao quadro técnico-administrativo da UFRJ. Os profissionais formam um núcleo básico de instrumentistas, ao qual se somam os alunos, cujo número é variável a cada semestre e tempo determinado de permanência nos conjuntos (oito semestres). Têm como local de ensaios e concertos o Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música, uma bela sala reconhecida pela excelência de sua acústica, com intensa atividade de concertos gratuitos. Apresentam-se também nas principais salas deconcertos e teatros do Estado do Rio de Janeiro, como o Theatro Municipal, Cidade das Artes, Sala Cecília Meireles, Teatro Municipal de Niterói, Teatro D. Pedro de Petrópolis e Teatro Trianon de Campos, assim como em espaços alternativos como o Auditório Horta Barbosa, o Salão Dourado e Capela do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, Igrejas como a da Candelária, do Carmo da Lapa e Antiga Sé.

Trajetória

A Orquestra Sinfônica da UFRJ foi criada oficialmente em 1924, como Orquestra do Instituto Nacional de Música, durante a gestão do professor Alfredo Fertin de Vasconcelos (1862-1934). É, portanto, a mais antiga do Rio de Janeiro. Sua primeira apresentação se deu no dia 25 de setembro de 1924 na sala de concertos do INM, atual Salão Leopoldo Miguez, com um total de 33 alunos dirigidos pelo professor Ernesto Ronchini (1863-1931), durante solenidade de entrega de prêmios aos alunos laureados, na presença do presidente da república Arthur Bernardes (1875-1955). No programa constaram apenas obras para orquestra de cordas, como Tetéia (Pequena Valsa) e Polônia (Mazurka), dois números da série “Esboços – Cenas Pitorescas” op. 39 de Leopoldo Miguez e Berceuse e Gavota para cordas de autoria do próprio maestro Ronchini.

  Reprodução 
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  Acima, Orquestra do Instituto Nacional de Música e Francisco Braga.  Revista Fon Fon, 3 de maio de 1930, p.45. Abaixo, Ensaio da Orquestra do Instituto Nacional de Música com Francisco Braga. Illustração Musical ano I n3, outubro de 1930, p.90.

Nos primeiros anos de existência seu principal regente foi o maestro Francisco Braga (1868-1945). Além de Ronchini e Braga a Orquestra do INM foi dirigida eventualmente também pelo professor Humberto Milano (1878-1933). Já em seu segundo ano a orquestra ganharia novo impulso com a participação de alguns professores e ex-alunos e a inclusão mais freqüente dos instrumentos de sopro e percussão. No concerto realizado em 17 de novembro de 1925, dirigido por Milano, constatamos obras de maior envergadura como a Sinfonia no 41 “Júpiter” de Mozart, o Concerto para piano em ré menor de J.S.Bach, tendo como solista a aluna Ilara Gomes Grosso, o Tango Caprichoso para violino e orquestra de Francisco Braga, tendo como solista a aluna Yolanda Peixoto, e a primeira audição da Suíte Sinfônica op. 33 do então jovem compositor Oscar Lorenzo Fernandez (1897-1948), ex-aluno de composição e recém-nomeado professor do INM. Estas se tornariam, a partir de então, duas das mais importantes funções da orquestra: a apresentação de professores e alunos solistas e estréia de obras de compositores brasileiros jovens ou já consagrados.

Um importante concerto regido por Francisco Braga foi o de 25 de abril de 1930, para a reinauguração do Órgão Sauer, transferido da antiga sala de concertos do INM na Rua da Lampadosa. Na ocasião, o professor Arnaud Gouveia (1865-1942) atuou como solista da Sinfonia n3 op. 78 de Saint-Saens. O evento contou com a presença do Presidente da República Washington Luiz (1869-1957). Um registro do concerto mostra o maestro Francisco Braga e a Orquestra do Instituto Nacional de Música, com o órgão Sauer ao fundo.

Outro concerto importante da temporada de 1930 foi o de 29 de agosto, quando foi estreada uma nova obra sinfônica de Lorenzo Fernandez, a suíte Reizado do Pastoreio, cujo último movimento, intitulado Batuque, se tornou uma das peças orquestrais mais executadas de autor brasileiro. Um dos ensaios para o concerto foi fotografado e podemos perceber a constituição da orquestra, com predominância feminina nas cordas e masculina nos sopros, inclusive com músicos militares ensaiando de uniforme.

O Decreto no 19.852 de 11 de abril de 1931 do governo de Getúlio Vargas, organizou a Universidade do Rio de Janeiro, à qual o Instituto Nacional de Música foi incorporado. O item V do artigo 275 tratava especificamente da orquestra e tinha a seguinte redação: “A orquestra do Instituto se destinará a Concertos Culturais, e os seus cargos serão preenchidos mediante concurso de provas, exceção feita dos professores do Instituto, que serão obrigados a participar de suas execuções”.

  Reprodução 
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  Acima, Orquestra do Instituto Nacional de Música. Diário de Notícias, 15 de abril de 1934, p.07. Abaixo, Orquestra Sinfônica da Escola Nacional de Música, Oscar Borgerth (violino) e Lorenzo Fernandez (regente) em 28 de agosto de 1947 no Salão Leopoldo Miguez.

O diretor do INM na ocasião, Luciano Gallet (1893-1931), implementou uma reforma curricular. Dentre os novos cursos criados estava o de regência e o maestro Walter Burle Marx (1902-1990) foi nomeado para o posto em 1932. Em 1o de agosto do mesmo ano, Burle Marx realizou um concerto com a Orquestra do INM em homenagem ao bicentenário de nascimento de Joseph Haydn. Outro regente importante na temporada de 1932 foi o maestro italiano Adriano Lualdi (1885-1971).

Com a saída de Burle Marx do posto de professor de regência do INM, assumiu o cargo o compositor Francisco Mignone (1897-1986), que fez sua estreia à frente da orquestra no concerto de 01 de outubro de 1934. Foi o último concerto antes da reformulação da orquestra.

Em 1935 foi realizado o concurso determinado pelo decreto de 1931. Dentre os músicos que passaram a integrar o conjunto podemos destacar os violinistas Oscar Borgerth, Alda Borgerth e Salvador Piersanti, os violistas Cândido Assumpção e Henrique Nirenberg (1909-1990), o flautista Moacyr Liserra, o oboísta Arlindo da Ponte, o trompetista Arthur Pader Terry e o tubista Eleazar de Carvalho (1912-1996).

A nova configuração da orquestra permitiu uma ampliação do repertório e a inclusão de obras mais variadas e desafiadoras. O destaque da primeira temporada com os novos músicos foi o concerto de 04 de junho de 1936, que homenageou o compositor italiano Ottorino Respighi (1879-1936), que havia falecido em 18 de maio. Lorenzo Fernandez foi o regente do programa que incluiu o poema sinfônico Os pinheiros de Roma.

Em 05 de julho de 1937, a Lei no 452 transformou a Universidade do Rio de Janeiro em Universidade do Brasil. O parágrafo 1o do artigo 4o alterou a denominação do Instituto Nacional de Música para Escola Nacional de Música. A partir de então o conjunto passou a se chamar Orquestra Sinfônica da Escola Nacional de Música.

O ano de 1938 marca a estreia das mulheres à frente da orquestra. A primeira delas foi Joanídia Sodré (1903-1975), em concerto realizado no dia 20 de outubro. A segunda maestrina foi Cleofe Person de Mattos (1913-2002), importante personalidade da música brasileira do século XX como musicóloga e regente, que dirigiu a Orquestra da Escola Nacional de Música ainda como aluna do curso de regência, orientada pelo maestro Francisco Mignone.

As temporadas se sucederam ao longo da década de 1940, sendo a orquestra dirigida não só por professores da ENM, mas eventualmente por maestros convidados. Dentre os professores que dirigiram concertos destacamos Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez,Octávio Maul (1901-1974), Assis Republicano (1897-1960), Alberto Lazolli (1906-1987), Raphael Baptista (1909-1984), Domingos Raymundo, Paulino Chaves e Florêncio de Almeida Lima (1909-1996). Dentre os convidados encontramos Vicente Fittipaldi (1901-1985) e Armando Belardi (1900-1989).

No final da década de 1940 dois concertos dirigidos por Lorenzo Fernandez podem ser mencionados. No de 28 de agosto de 1947 o maestro apresentou, dentre outras obras, seu Concerto para violino, tendo como solista Oscar Borgerth. O registro fotográfico do evento mostra os intérpretes no palco do Salão Leopoldo Miguez.

No ano seguinte, em 26 de agosto, a regência do concerto comemorativo ao centenário de fundação da Escola Nacional de Música representou a última apresentação de Lorenzo Fernandez, que morreria horas depois, durante o sono, na madrugada do dia seguinte, aos 50 anos.

A década de 1940 foi marcada também pelo início da longa gestão de Joanídia Sodré. A diretora da Escola Nacional de Música passou a figurar constantemente como regente da orquestra em temporadas que chegavam a 14 concertos anuais, como as de 1958 e 1961. É também no período que a Orquestra da Escola Nacional de Música produziu sua primeira encenação de ópera, a Moema do compositor Delgado de Carvalho (1872-1921), apresentada no Teatro Municipal em 12 de janeiro de 1949, com a regência de Affonso Martinez Grau (1898-1963), integrando as comemorações do centenário da ENM.

A década de 1950 registra a participação de diversos regentes e compositores nas temporadas. Dentre os professores constam Abdon Lyra, Carlos de Almeida, José Siqueira, Henrique Nirenberg, Djalma Guimarães (1909-1960), Jayoleno dos Santos (1913-2007), J. Octaviano, Newton Pádua e Henrique Morelenbaum. Entre os convidados alguns maestros importantes se destacam como George Kaszas, Carlo Zecchi (1903-1984), Pablo Komlós (1907-1978), Souza Lima (1898-1982), Eleazar de Carvalho (1912-1996) e Mário Tavares (1928-2003).

  Reprodução 
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  Orquestra da Escola Nacional de Música e Henrique Morelenbaum (reg.). Década de 1960 – Acervo da BAN

A produção de óperas ganhou impulso na década de 1960, quando foram encenadas Xerxes de Händel (1960), Le Villi de Puccini (1961), The telephone de Giancarlo Menotti (1965) e óperas brasileiras como A Noite no Castelo de Henrique Alves de Mesquita (1830-1906), Abul de Alberto Nepomuceno e As parasitas de Agnelo França (1875-1964).

A música contemporânea também merece ser destacada. Várias obras de compositores brasileiros obtiveram sua primeira audição pela Orquestra Sinfônica da Escola Nacional de Música. Podemos mencionar o Concerto para violino (1949) e o Concerto para piano (1951) de Assis Republicano, a Sinfonia no1 de José Siqueira (1952), a Sinfonia de Newton Pádua (1958) e o Concerto para piano em forma de triptico de J. Octaviano (1958), entre outras.

O fim do longo período de Joanídia Sodré como diretora da Escola Nacional de Música coincidiu com mais uma reforma no ensino superior no Brasil. Em 20 de agosto de 1965, a Lei no 4.759 alterou o nome da Universidade do Brasil para Universidade Federal do Rio de Janeiro. Já o Decreto no 60.455-A de 13 de março de 1967 reestruturou a Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Nacional foi retirado do nome da Escola de Música.

Em 1967, a partir da iniciativa dos professores Raphael Baptista, José Siqueira e Eleazar de Carvalho, a orquestra passou por mais uma reformulação.Por decisão da Congregação, em 29 de maio, a mesma voltou a ser organizada a partir das classes de Prática de Orquestra, que naquele momento eram responsabilidade do professor Raphael Baptista. Em 02 de dezembro de 1968 um programa de apresentação das classes de composição e regência dos professores José Siqueira e Eleazar de Carvalho anunciava a “Nova Orquestra da Escola de Música da UFRJ”.

Em 1979, o maestro Raphael Baptista foi indicado pelo Departamento de Música de Conjunto para ser o regente titular da ORSEM, com Roberto Duarte como seu assistente, o que foi corroborado por aprovação da Congregação da Escola de Música. Não podemos deixar de mencionar a participação da professora Else Baptista, também responsável pela disciplina Prática de Orquestra e que atuava como spalla e coordenadora do grupo.

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  ORSEM e Roberto Duarte (reg.). Década de 1980, acervo da BAN

Em 1980, Roberto Duarte assumiu a titularidade da ORSEM, com a qual atuou por quinze anos. Com Duarte a orquestra se desenvolveu artisticamente e foi capaz de enfrentar um repertório mais desafiador, incluindo sinfonias românticas e a música do século XX. Com Duarte a ORSEM passou a ter também uma maior inserção na vida musical da cidade, ao participar de eventos como as Bienais de Música Brasileira Contemporânea e o Festival Villa-Lobos, além de iniciar sua produção fonográfica, sempre dedicada ao repertório brasileiro.

O ano de 1994 marcou a despedida de Roberto Duarte como regente titular da ORSEM e professor da Escola de Música. Sua última apresentação à frente da orquestra como regente titular aconteceu em 02 de dezembro de 1994 em récita da ópera A flauta mágica de Mozart, no primeiro espetáculo do projeto Ópera na UFRJ.

Em 1995, com a aposentadoria de Else Baptista e Roberto Duarte, Ernani Aguiar assumiu a direção da orquestra, dividindo-a com André Cardoso a partir de 1998. No mesmo ano foi realizado um dos mais audaciosos projetos da história da orquestra: a gravação integral de Colombo de Carlos Gomes (1836-1896). O reconhecimento veio sob a forma de dois prêmios nacionais. O primeiro foi o Prêmio APCA, da Associação Paulista dos Críticos de Arte, como o “Melhor CD” de 1998 e em seguida o Prêmio Sharp de 1999 como melhor CD na categoria “música erudita”.

Em junho de 2005, o Departamento de Música de Conjunto, ao qual está vinculada, renomeou a orquestra como Sinfônica da UFRJ, ampliando sua abrangência institucional como grupo de representação artística da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nos últimos anos a orquestra recebeu como convidados solistas internacionais como o pianista Nelson Freire, os violinistas Ryu Goto, Albrecht Breuninger e Anthony Flint, o bandolinista Ugo Orlandi e a violonista Ana Vidovic. Dentre os maestros convidados podemos destacar os brasileiros Roberto Tibiriçá, Lutero Rodrigues, Jamil Maluf, Luiz Gustavo Petri, Cláudio Cruz, Tobias Volkmann, Marcelo Ramos e Helder Trefzger, assim como o argentino Guillermo Scarabino, o italiano Paolo Ciardi e o alemão Martin Schmidt.