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Programa Arte de Toda Gente: parceria entre UFRJ e Funarte fomenta a diversidade cultural no Brasil

Fruto de uma parceria que une a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Fundação Nacional (Funarte), o programa de extensão Arte de Toda Gente (ADTG) é um exemplo de como a cooperação interinstitucional pode ser bem-sucedida. Nascida em 2020, a iniciativa desenvolvida com a curadoria da Escola de Música da UFRJ e administração da Fundação Universitária José Bonifácio tem como objetivo estimular e democratizar a produção das artes e a diversidade cultural brasileira.

O programa compreende sete projetos que juntos abarcam uma agenda repleta de eventos e atividades. Seu foco é o desenvolvimento artístico e pedagógico das artes através de capacitação, formação, aperfeiçoamento, compartilhamento, difusão de informação, inclusão e acessibilidade. As atividades são realizadas em formato presencial, em todas as regiões do Brasil, bem como em formato on-line, em ambiente virtual ou mesmo híbrido.

   Reprodução
 
  Caravana SINOS, Teresópolis, RJ, julho de 2023

Com resultados consistentes, os indicadores do ADTG deixam clara sua eficiência. São mais de 2.000 colaboradores envolvidos diretamente, entre artistas, professores, educadores da cultura popular, pesquisadores, extensionistas e especialistas de todo o país. Suas produções incluem apresentações, publicações, festivais, lives, palestras, seminários, congressos, simpósios, shows, mostras, além de aproximadamente 3.000 horas de conteúdo online, disponíveis nos canais Arte de Toda Gente. Os atendimentos presenciais já atingem mais de 10.000 participantes, e os atendimentos virtuais através dos sites somam mais de 100.000 interações. Já os cursos em formato EAD registram aproximadamente 30.000 inscrições, com mais de 8.000 certificações.

Sinos

Um dos projetos de mais destaque no programa ADTG é o Projeto Sistema Nacional de Orquestras Sociais (Sinos). Sustentadas por uma rede composta de dezenas de profissionais de Música que atuam em cursos, oficinas, concertos e festivais, as ações do Sinos tiveram início no segundo semestre de 2020 e seguem firmes até hoje. Seu principal objetivo é promover acesso a bens e serviços artísticos, culturais e musicais, através da formação de uma ampla rede de capacitação para regentes, instrumentistas, compositores e educadores musicais, contribuindo assim para o desenvolvimento das orquestras-escolas de todo o Brasil.

Uma importante ação desse projeto são as Caravanas Sinos, que oferecem atividades presenciais em cidades de todas as regiões do Brasil no formato de cursos e oficinas intensivas, realizadas nos espaços dos próprios projetos sociais e nos de instituições parceiras, como escolas, conservatórios, universidades, teatros, orquestras profissionais e associações. As Caravanas Sinos se propõem, ainda, a oferecer oficinas de produção de óperas para as instituições que tenham interesse em abordar esse gênero, com foco na formação de profissionais nas áreas artística e técnica, além de oferecer espetáculos para a população das respectivas cidades.

Bossa Criativa

O Bossa Criativa é outro importante projeto do programa ADTG. Ele reúne apresentações e capacitação em diversas formas artísticas e de economia criativa. Seu foco é a democratização da cultura, diversidade e difusão de todas as artes, de modo inclusivo. Suas atividades tiveram início em junho de 2020, em modo exclusivamente online por conta das restrições impostas pela pandemia. Contudo, ao longo de 2021, tão logo as condições sanitárias assim permitiram, o Bossa Criativa passou a promover também festivais e mostras presenciais.

Suas ações envolvem espetáculos e oficinas de música, circo, artes visuais, literatura, dança e teatro, além de exposições, feiras de arte popular, gastronomia e artesanato, numa grande mostra de cultura, criatividade e empreendedorismo. Além de promover pontos de nosso patrimônio histórico e fortalecer a noção de pertencimento do público em relação a esses lugares, a programação busca envolver prestadores de serviço e toda a área criativa cultural de cada um desses locais, valorizando também as pessoas, sua arte e seus produtos.

Projeto Um Novo Olhar

O Projeto Um Novo Olhar (UNO), por sua vez, é responsável por promover a inclusão e o acesso de crianças, jovens e adultos com algum tipo de deficiência, atuando principalmente na oferta de oficinas de arte-educação voltadas para acessibilidade, destinadas a professores do ensino fundamental da rede pública, e em ações de capacitação de regentes de canto coral infantil ministradas por docentes da UFRJ e de outras instituições de ensino.

Vale destacar que o canto coral é considerado uma das atividades musicais de maior capacidade inclusiva. Neste sentido, o projeto oferece oficinas online de capacitação para regentes de coro infantil, além de materiais didáticos, tais quais vídeos e partituras de repertório de compositores brasileiros formatados com atenção especial para a questão acessibilidade. As oficinas são ministradas por professores da UFRJ, de outras universidades e instituições de ensino e, também, por outros especialistas em canto coral convidados. O objetivo é proporcionar uma base de conhecimento e de recursos técnicos para que os participantes possam melhorar e ampliar sua atuação profissional.

Projeto Bandas

O Sistema Pedagógico de Apoio às Bandas de Música Nacional (Projeto Bandas) representa um conjunto de ações que objetivam promover o desenvolvimento técnico, artístico e pedagógico de bandas de música de todo o Brasil, com foco na capacitação dos agentes envolvidos nas atividades, produção de repertório original, arranjos e material didático e estímulo às redes de apoios. Funciona também como um projeto de apoio ao Projeto Bandas da Funarte, para o qual prepara repertório.

Entre as suas ações, está o “Por Todas as Bandas do Brasil”, um conjunto de oficinas de instrumentos de sopro, de percussão e de linguagem musical que passarão por diversas cidades do país. São direcionadas aos músicos que atuam especificamente em bandas de música, promovendo capacitações pedagógicas e suporte aos programas de educação musical dos grupos.

Projeto Ópera

   Reprodução
 
  Apresentação em junho deste ano, em São Paulo, de O Machete, libreto e música de André Mehmari, a partir do conto de Machado de Assis (1878)

O Projeto Ópera é voltado ao desenvolvimento e promoção desse gênero no país. Possui duas linhas de atuação. A primeira delas é o Ópera em Ação, que tem por objetivo levar diferentes eventos desse gênero artístico musical aos mais variados públicos por todo o Brasil. Suas atividades incluem oficinas, cursos, seminários e encontros para a formação e qualificação de profissionais e estudantes, contemplando principalmente o canto, a regência, a correpetição ao piano e a interpretação do repertório. Nas especialidades cênicas estão, por exemplo, a cenografia, a indumentária, a adereçaria, a perucaria, a maquiagem, a iluminação e a direção cênica. As especialidades técnicas contemplam as atividades profissionais desenvolvidas no chamado backstage, desde as coxias aos camarins. Também promove espetáculos em diferentes formatos, como recitais líricos, óperas em forma de concerto ou encenadas, que circulem por diferentes cidades.

A outra linha de atuação é a Academia de Ópera, cujo objetivo é introduzir a prática da ópera e seus subgêneros nos projetos sociais que atuam no ensino coletivo dos instrumentos orquestrais, com a formação de orquestras, e junto a instituições que mantenham orquestras jovens. O projeto envolve a produção de videoaulas ministradas por gabaritados profissionais brasileiros da ópera, com conteúdos históricos, musicais, estilísticos, técnicos e também de produção e gestão.

Arte em Circuito

O Arte em Circuito é o projeto do ADTG onde a arte urbana contemporânea e o mundo do skate se encontram. A iniciativa inovadora leva aos públicos de todas as idades experiências com a arte do grafite, a cultura do skate, que agora é esporte olímpico, a música produzida por DJ’s e cantores do hip hop e trap, além de oficinas que estimulam o empreendedorismo na economia criativa.

Bienal de Música Contemporânea

Finalmente, a Bienal de Música Contemporânea é uma iniciativa que teve seu início em 1975 e que é realizada ininterruptamente há mais de quatro décadas. O projeto que originou a Bienal foi criado pelo compositor Edino Krieger, em 1968. Teve por inspiração os famosos festivais da canção, direcionados para a música popular. Encampada pela Secretaria de Cultura do antigo Estado da Guanabara, a proposta abriu a temporada do Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1969, sob o nome de Festival de Música da Guanabara (FMG). Com o formato de concurso, ele ganhou uma segunda edição, em 1970 e, em seguida, foi interrompido.

Em 1973, Myrian Dauelsberg assumiu a direção da Sala Cecília Meireles, também na capital fluminense. A pianista e empresária achou, em arquivos, um novo projeto de Krieger, que substituía o FMG pela Bienal. Sem caráter competitivo, esta seria uma mostra da produção dos compositores brasileiros contemporâneos. Autorizada por seu criador, Dauelsberg produziu a I Bienal de Música Brasileira Contemporânea, em 1975 (ano em que se instituiu a Fundação Nacional de Artes).

Desde então foram realizadas 23 edições da Bienal, as quais proporcionaram a participação de 472 compositores, com a execução de 1.740 obras, sendo 1.002 delas em primeira audição – o que significa uma produção e lançamento de material inédito, que valoriza e amplia a importância do programa. Muitos dos compositores são jovens, o que representa uma importante renovação de nomes e ampliação da música de concerto produzida no Brasil. De início, a produção se concentrava basicamente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Hoje, mediante as sucessivas edições, houve avanços significativos na integração de centros de produção musical contemporânea, de quase todos os estados. Essas entidades atendem à formação de profissionais da música em alto nível, o que resulta na crescente participação de novos compositores, a cada Bienal.