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Professora da EM lança livro sobre samba

“Tudo com samba é mais difícil, mais complicado. O ritmo, por exemplo, é de uma complexidade que a bateria eletrônica não alcança. As melodias podem variar entre o curto refrão tonal ou intrincadas tramas modulantes e para cada tipo há de se encontrar uma harmonização adequada. As letras, por vezes, atingem o patamar da alta poesia e sua galeria de personagens, ou heróis como gosto de chamar, é imensa e repleta de criadores geniais. Sua trajetória ao longo dos séculos, driblando desde o capataz e a polícia, até a miséria e o mercantilismo da indústria fonográfica, é sinuosa e plural.

2022sambadentroMais do que um gênero musical, mais do que um fenômeno cultural em constante transformação, o samba - resistente e versátil - cabe numa caixa de fósforos ou pode ocupar uma avenida com milhares de componentes de uma agremiação. Não por acaso os textos sobre o samba demoram tanto a atingir maior precisão e profundidade”.

Eis as primeiras linhas do prefácio de “Nos passos do samba: 300 anos de tradição”, livro da professora Regina Meirelles, cujo lançamento ocorrerá em 03/06, às 16h, no foyer do Salão Leopoldo Miguez, na Escola de Música da UFRJ.

O trabalho lança um olhar sobre as influências musicais e os fragmentos de outras culturas que propiciaram o surgimento das variantes do gênero musical do samba a partir do lundu, do partido-alto, do samba-canção, do samba-choro, samba de breque e samba-enredo, e de seu papel na história do carnaval carioca e na era do rádio.

Desde cedo, as múltiplas vivências étnicas e culturais de Regina fizeram-na identificar-se com o universo do samba. “Sempre me senti atraída pela batida dos tambores e pela variedade de seus sons. Passei a infância ouvindo os tambores do jongo, da capoeira, do maculelê e de outras manifestações que ainda não sabia explicar ou entender, mas que faziam movimentar meu corpo, me tocavam a alma e faziam meu coração bater mais forte, confundindo-se com a marcação dos tambores que pequenos grupos de negros percutiam em seus cortejos de rua, na cidade do sul fluminense onde cresci. Eu os seguia religiosamente e quase sempre minha mãe corria para alcançá-los e resgatar aquela criança, que se apropriava dos passos da dança que nunca aprendeu a dançar mas que imitava quase com perfeição. Assim o samba entrou na minha história”, revela a autora. Não demorou para que Regina começasse a participar das rodas de samba e de choro, chegando a desfilar como passista e porta-estandarte em várias escolas de samba.

A Graduação em Piano pela Escola de Música da UFRJ, o Mestrado em Educação e o Doutorado em Comunicação e Cultura na UFRJ - cuja tese final serviu de base para esse livro - trouxeram novas experiências didáticas, mas não diminuíram seu interesse pela música popular brasileira. Como professora de Folclore Nacional Musical, Regina dedicou-se a pesquisar a questão da identidade do samba, rastrear suas origens sociais e históricas, e o processo de urbanização de sua trajetória. Estas são algumas das questões que a autora traz à tona em seu trabalho.

O livro poderá ser adquirido no próprio evento do dia 03 de junho na Escola de Música. Também estará disponível na livraria Copabooks, em Copacabana, e na Livraria Folha Seca, no Centro. Mais informações: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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