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Projeto Afonso X e Galícia, a oportunidade do reconhecimento da ancestralidade de identidades culturais

Depois de atravessar o oceano Atlântico, de ser recebido por uma temporada na Universidade de São Paulo- USP-, chega à cidade do Rio de Janeiro para nela ficar instalado, no período compreendido entre 8 de novembro a 1º de dezembro de 2023, o Projeto Afonso X e Galícia.

Sua estada na cidade é é fruto de decisão conjunta entre o Conselho de Cultura Galega, da Conselharia de Cultura Educação e Universidade da Junta de Galícia e a Deputaciión Ourense, Espanha e também ao empenho do Decano do Centro de Letras e Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ-, Afranio Gonçalves Barbos (foto) , e à curadoria do Vice-Diretor e Diretor Artístico da Escola de Música, Marcelo Jardim.

Constituído por diferentes atividades, entre as quais, uma exposição que não estabelece analogia a de exposições de objetos, já que estruturada ao estilo de um quebra-cabeças, nos quais seus vários níveis se apoiam em uma narrativa multimídia; colóquio internacional, mesas-redondas; palestras; concertos musicais; workshop de jogos de tabuleiro; recital-conferência e dança, para que o Projeto Afonso X e a Galícia seja vivenciado em toda sua plenitude pela população carioca, de modo geral, e, por estudantes e profissionais das diferentes áreas de conhecimento e interesse que se encontram abrigadas nesse projeto, a Universidade Federal do Rio de Janeiro representada pela decania do Centro de Letras e Artes e a sua Escola de Música conta com valiosa colaboração de professores, músicos e pesquisadores de outras Instituições de Ensino Superior .

Assim, nessa celebração ao octingentésimo aniversário do nascimento de Afonso X, o rei sábio, o intelectual que reuniu os saberes de seu tempo e a ele agregou outros, se fazem presentes com seus trabalhos acadêmicos e performances musicais os professores e músicos das Faculdades de Letras, História e Dança da UFRJ, da UFF e da UERJ, bem como pesquisadores do Programa de Estudos Galegos da Universidade do Estado do Rio – PROEG-; do Programa de Estudos Medievais da UERJ-PEM, criado em 2016 em parceria com o Programa de Estudos Medievais da UFRJ- PEM-UFRJ, criado em 1991 e aqueles que do Núcleo de Estudos Galegos da Universidade Federal Fluminense fazem parte.

  Nadeja Costa
 
     
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(...) um exemplo objetivo: quando, por exemplo, em algumas escolas do Ensino Médio ou nas salas de aulas das universidades se tem em mãos uma Cantiga de Santa Maria, não estamos falando do passado. Mesmo que de posse de um aparato mínimo de vocabulário de uma ou outra estrutura sintática específica da época, com poucas intervenções no texto de oitocentos anos atrás, a pessoa diz: eu estou mais perto disso do que do francês ou do espanhol.

Afranio Gonçalves Barbosa – Decano do Centro de Letras e Artes da UFRJ

Do acolhimento ao Projeto Afonso X e Galícia na UFRJ e de sua permanência no período registrado anteriormente, fez saber Afranio Gonçalves Barbosa que essa ação cultural é sim, concretamente, a primeira que a decania do Centro de Letras e Artes e a Escola de Música efetivam. Mas, em acréscimo, disse ser ela fruto de um diálogo que vem sendo trabalhado junto a outras participações em eventos e solenidades de caráter acadêmico e cultural, desde o início de sua gestão à frente deste Centro e desde o início da segunda gestão do Diretor da Escola de Música, Ronal Xavier e do Vice-Diretor, Marcelo Jardim.

Como exemplo, citou seu projeto de formação de platéia e sensibilidade musical, amparado em sua totalidade por Ronal Xavier que, em linhas gerais, no futuro e com disponibilidade de verba, consiste em colocar em circulação um ônibus cultural que faça o percurso entre a Ilha do Fundão e o Centro da cidade para que alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Escola de Belas Artes, da Faculdade de Letras e de outras Unidades de Ensino localizadas no campus do Fundão possam assistir aos concertos realizados na Escola de Música.

     
 

CREDENCIAMENTO

A presença será certificada mediante a inscrição neste formulário eletrônico e a  assinatura nas listas físicas de inscrição que estarão disponibilizadas na entrada de cada atividade. 
 
Formulário  de inscrição aqui
 
Maiores informações: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

Depois, frente ao fato de pertencer à área de pesquisa da Linguística Histórica, ao discorrer sobre o projeto que é tema desta matéria, afirmou que as Cantigas de Santa Maria, atribuídas ao rei Afonso X, assim como as Cantigas de Amigo, de Amor e de Maldizer, são a nossa referência artística primeira dentre os registros históricos primários para construção da história da língua portuguesa.

Na elucidação da afirmativa, ele trouxe a lembrança que, grosso modo falando, a língua portuguesa, aí incluídas a européia e brasileira, é resultado da confluência de duas línguas românicas da Idade Média.

Uma, a galega, pertencente aos românicos cristãos do Noroeste da Galícia que ficaram, em acordo à progressão temporal da Reconquista, 200, 300, 400 anos separados de outros românicos cristãos do Centro-Sul de toda Península Ibérica, dominados pelos árabes. Como eram denominados moçárabes pelos árabes, a bibliografia tradicional refere-se a uma dita língua moçárabe. 

Razão da língua portuguesa européia que se constitui até expansão transatlântica no século XVI, ter tido por raiz confluência e mútua adaptação, oriunda da convivência das pessoas que descem da Galícia após a Reconquista e passam a interagir com aqueles outros românicos cristãos que, no limite, conviveram com os árabes por 400 anos. O que torna claro que temos no português brasileiro ancestralidade africana, ameríndia e, do lado europeu, na nossa ancestralidade portuguesa se faz presente parte dessa confluência com o galego.

Nesse sentido, lembrou Afrânio que, como em outras circunstâncias, há um sentimento histórico de continuidade desses processos ocorridos na Idade Média que foram culturalmente mantidos e que, mesmo com certas diferenças no sistema fonológico, faz com que a intercompreensão de seu vocabulário e da sua estrutura sintática abrangente seja compreendida de modo muito mais fácil do que aquela derivada do castelhano.

Dessa assertiva, um exemplo objetivo: quando, por exemplo, em algumas escolas do Ensino Médio ou nas salas de aulas das universidades se tem em mãos uma Cantiga de Santa Maria, não estamos falando do passado. Mesmo que de posse de um aparato mínimo de vocabulário de uma ou outra estrutura sintática específica da época, com poucas intervenções no texto de oitocentos anos atrás, a pessoa diz: eu estou mais perto disso do que do francês ou do espanhol

Na continuidade dos muitos exemplos que demonstram a proximidade da língua portuguesa brasileira com a língua galega, foi por ele exposto que, assim como na ortografia, muito dos processos de fala galega nos alcançam. E mencionou que, idêntico apagamento do som /d/ na desinência –nd- do gerúndio, que ocorre no português popular, por exemplo, em variantes na fala, tais como, “Estou pagando / Estou pagano”, também acontece na língua galega.

Então, falar das cantigas é falar desse extrato literário de língua, que apesar das diferenças comporta elementos que nos permitem reconhecer e dizer: ah! essa é minha história. Uma das razões de a decania do Centro de Letras e Artes e a Escola de Música terem convidado para proferir a palestra “A Língua Galega na História”, o professor Fernando Ozório Rodrigues, do Núcleo de Estudos Galego da Universidade Federal Fluminense que em sua exposição vai direcioná-la à compreensão dos estudantes do Ensino Médio, para que seja reforçada a ideia de que Afonso X e Galícia não é um projeto que trata do passado e sim de parte de nosso patrimônio cultural.

 Serviço:
Foyer e Salão Leopoldo Miguéz da Escola de Música da UFRJ ficam localizados na Rua do Passeio, 98 – Centro Rio de Janeiro/RJ 08 de novembro a 01 de dezembro de 2023 – das 10h às 16h (segunda a sexta)
A entrada de toda programação do Projeto Afonso X e Galícia é franqueada ao público

 

NOVEMBRO

DIA 08 (QUARTA-FEIRA)

18h, Salão Leopoldo Miguez - Abertura da Exposição Afonso X e a Galícia

Conselho da Cultura Galega

19h,  Salão Leopoldo Miguez - Concerto: Música Tradicional da Galicia

Folcarioca (Gaiteiros da Casa de Espanha), coord.: William Bentes

DIA 09 (QUINTA-FEIRA)

11h,  Sala da Congregação (EM/UFRJ) - Colóquio Afonso X e a Galícia

(Mesa-redonda PROEG-UERJ) - Leituras do Neotrovadorismo e do Neomedievalismo - Apontamentos de leitura sobre as "cantigas de amares" de Leda Maria Martins

Profº Henrique Marques Samyn (PROEG-UERJ)

- Enamoramento e rituais de San Xoán na cantiga Lelías ao teu ouvido de Bouza-Brey

ProfªThayane Gaspar Jorge (Doutoranda UFRJ / Profª PROEG-UERJ)

DIA 14 (TERÇA-FEIRA)

15h,  Salão Leopoldo Miguez - Concerto Caminhos da Poesia e do Amor

Coord.: Bartholomeu Wiese

Violões da UFRJ (Vitoria Marques, Daniel Haddad, Francisco Soares, Gabriel Tasso, Jean Michel Barbosa, Marcos Mendonça Junior, Rafael Jorge da Silva, Wesley Damasceno); Gabriel Tasso (violão); Bartholomeu Wiese (violão) Veruschka Meinhardt (canto); INVERSOS; Leo Fuks (gaita galega, oboé); SvenKristersson (canto); Paulo Sá, bandolim; Marcus Ferrer (viola de dez cordas).

DIA 17 (SEXTA-FEIRA)

10h,  Sala da Congregação (EM/UFRJ) - Colóquio Afonso X e a Galícia

A Língua Galega na História

Fernando Ozório Rodrigues (NUEG-UFF)

11h, Colóquio Afonso X e a Galícia - Palestra e Apresentação de Musical e Dança

O ensino de língua e cultura galegas como eletiva na Escola Municipal Cívico-Militar  Carioca: apresentação musical dos alunos 

ProfªThayane Gaspar Jorge (Doutoranda em Ciência da Literatura / UFRJ, Professora convidada Programa de Estudos Galegos, UERJ

DIA 22 (QUARTA-FEIRA)

15h - 17h,  Salão da Congregação (EM/UFRJ) - Colóquio Afonso X e a Galícia

Olhares sobre Afonso X - Parte I 

Aline Silveira (UFSC), Lenora Mendes (UFF), Rosiane Graça Rigas Martins (PEM-UFRJ e PEM-UERJ), coord.: Renata Nascimento (UFG, UEG, PUC-GO)

DIA 23 (QUINTA-FEIRA) | DIA 24 (SEXTA-FEIRA)

10h,  Sala da Congregação (EM/UFRJ) - Alfonso X e O Livro dos Jogos

Workshop de jogos de tabuleiro, 

coord.: Alessander Thomaz (Museu Alfonso X, Mariana/MG)

Oficina sobre O Livro dos Jogos, de Alfonso X

1) Xadrez Medieval e Xadrez Moderno

2) Jogo de Tábulas e Gamão (incluindo variantes)

3) Jogos de Dados Medievais e Jogos de Dados Modernos

4) Jogos Grandes e de Astronomia

14h,  Sala da Congregação (EM/UFRJ) - Alfonso X e O Livro dos Jogos

Workshop de jogos de tabuleiro, 

coord.: Alessander Thomaz (Museu Alfonso X, Mariana/MG)

Oficina sobre O Livro dos Jogos, de Alfonso X

DIA 28 (TERÇA-FEIRA)

18h30,  Salão Leopoldo Miguez - Concerto: Cantigas de Santa Maria

 Grupo de Extensão da EM/UFRJ: André Novaes, Clara Albuquerque, Ester Araújo, Monalisa Silveira, Natan Viana, Pâmella Malaquias, coord.: Aline Silveira (Coord. Extensão EM/UFRJ)

DIA 29 (QUARTA-FEIRA)

9h30 - 10h30   Salão Leopoldo Miguez - Colóquio Afonso X de Galicia - Palestra 

 Afonso X e a Literatura Galega Medieval

 Xoán Carlos Lagares (NUEG-UFF)

10h30 - 12h, Salão Leopoldo Miguez

Recital-Conferência: Cantigas de Santa Maria, análise das letras

Prof. Rodrigo Xavier (Letras/UFRJ), participação: Quadrivium

12h - 13h, alão Leopoldo Miguez

Apresentação de Dança do Grupo de Pesquisa Partitura Encenada

Prof. Lenine Vasconcellos de Oliveira (Dança/UFRJ)

15h - 17h, Sala da Congregação (EM/UFRJ) - Colóquio Afonso X de Galicia

Olhares sobre Afonso X - Parte 2

Marta Silveira PEM-UERJ, Guilherme Antunes Jr. PEM-UFRJ - SME Angra e SEE, Andréia Frazão PEM-UFRJ, coord.: Prof. Wendell dos Reis Veloso PEM-UERJ

 19h, Salão Leopoldo Miguez - Concerto: Sen Calar, Nen Tardar, As Cantigas de Afonso

Coord. Vocal: Prof. Caê Vieira, coord. Instrumental: Pedro H. Novaes

Quadrivium - Grupo de Música Medieval da UFRJ (AnaLu, Caê Vieira, Camila Neves, Erika Henriques, Giovanna Polo Giannetto, Larissa Viana, Mariana Leandro, Marina Guisasola, Tiago Cardoso, Thaisa Bastos, vozes), Caê Vieira (percussão), Eduardo Antonello (viela de roda, clavicembalo, guimbarda, gaita de bexiga), Lenora Mendes (viela de arco, gemshorn, flautas doces), Patrícia Michelini (flautas doces, flauta de três furos e percussão), Pedro H. Novaes (viela de arco, rebab e gaita de fole)