O site da Adufrj- Seção Sindical, órgão de representação dos docentes da UFRJ, publicou no dia 01/05/2020 reportagem sobre o evento #Sextou - Tamo Junto, realizado em 24, com o professor da Escola de Música Samuel Araújo.
Música e História para inspirar e fortalecerPor Elisa Monteiro Nem tudo precisa ser dito com verbo. A música foi a linguagem do #Sextou - Tamo Junto, no dia 24. Sob o impacto dos turbulentos pronunciamentos políticos do ex-ministro Sergio Mouro e do presidente Jair Bolsonaro sobre a vacância da pasta da Justiça e da Segurança Pública, os professores puderam fruir por algumas horas da clareira aberta pelo professor da Escola de Música, Samuel Araújo. “As artes não são adorno ou enfeites. Elas são o caminho para uma existência solidária”, resumiu. O docente mediou o bate-papo virtual que a Adufrj tem organizado todas as sextas-feiras. Música para acampamento passou longe do repertório escolhido. Para início de conversa, Samuel sacou um Mbira (para íntimos) ou Lamelofone (para menos chegados). Tradicional do povo Shona do Zimbábue, o instrumento fazia parte do circuito musical no Brasil colônia, sendo gradualmente substituídos por equivalentes europeus. Sua estrutura equivale a uma placa de madeira com dentes de metal escalonados, que são tocados com os polegares e indicadores. O som triste do artefato suscitou reflexões e debates sobre melancolia e estranhamento. “Optei por começar com uma música presente na tradição oral do Brasil, de origem africana, que foi totalmente apagada ao longo da história”, explicou Samuel. “Foi o caminho para trazer um pouco da discussão sobre violência, política e cultura”. A noite seguiu embalada por um pouco de história da música. E Samuel deu ênfase aos primeiros esforços em afinar universidade e cultura popular. O exemplo veio ainda do Velho Continente, das composições do instrumentista John Dowland (1563-1626) na Universidade de Oxford. Depois, a conversa avançou por experiências nada corriqueiras, no Brasil, e na América Latina. Samuel prestou homenagens às vozes populares dos recémfalecidos Moraes Moreira e Tantinho da Mangueira (Devani Ferreira). E fechou a conta com uma parceria de João Bosco e Aldir Blanc (hoje internado): Parati. “Cada um tem a própria receita, morena, pra combater a desgraça”, diz um trecho do samba. Para o professor da Escola de Música, diferentes fatores contribuíram para o amadurecimento da relação entre a academia e a cultura popular. Um deles é a valorização do lugar de fala. “Durante a música política da década de 1960, o que mais importava era a poesia”, justificou o professor da Escola de Música. “Mas, hoje, as interpretações e os outros aspectos do som também são considerados nas intenções da música”. |
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