O Simpósio de Práticas Interpretativas foi idealizado e desenvolvido em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a partir dos programas de pós-graduação em música dessas duas universidades. O objetivo inicial foi o de estimular a realização e a divulgação de produtos acadêmicos e artísticos relacionados à inserção da área das práticas interpretativas na universidade.
As duas primeiras edições do evento, realizadas respectivamente em 2014 e 2015, foram conduzidas pelo Programa de Pós-Graduação em Música da UFRJ (PPGM). No I Simpósio, o propósito central foi a investigação acadêmica em práticas interpretativas no âmbito da graduação e da pós-graduação em música no Brasil. Em 2015, a realização do II Simpósio teve como objetivo buscar uniformidade em metodologias de pesquisa e discutir formatos para a apresentação, publicação e circulação de informações surgidas neste campo de investigação. O principal debate se deu em torno das questões editoriais e seus reflexos nas práticas interpretativas.
Em 2016, quando foi implementado o Programa de Pós-Graduação Profissional em Música da UFRJ (PROMUS), o III Simpósio de Práticas Interpretativas ficou sob a responsabilidade de ambos os programas ‒ acadêmico e profissional – já sem a parceria da UFBA. O objetivo era dar continuidade ao processo de criação de parâmetros norteadores para uma melhor inserção das práticas interpretativas nos cursos de pós-graduação em música.
Passados sete anos da realização do último simpósio, o cenário acadêmico mudou consideravelmente. A pesquisa se desenvolveu a partir do surgimento de novos cursos e linhas voltadas às práticas interpretativas em programas de Pós-Graduação. A produção acadêmica recente vem sendo difundida em eventos e anais de congressos, sobretudo aqueles organizados pela Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM) e pela Associação Brasileira de Performance Musical (ABRAPEM), perfazendo um corpus bibliográfico bem mais robusto do que aquele disponível nos anos iniciais do Simpósio de Práticas Interpretativas.
Enquanto os programas acadêmicos seguem fomentando a reflexão sobre os aspectos que compõem a preparação do intérprete, dos repertórios e de seus desdobramentos sociais, históricos, artísticos e pedagógicos, os programas profissionais vêm cumprindo um relevante papel na formação de pessoas vinculadas ao mundo do trabalho da música ‒ sobretudo intérpretes e professores de canto/instrumento/regência, cujas produções têm contribuído para ampliar os recursos bibliográficos, audiovisuais e editoriais na área das práticas interpretativas.
O Programa de Pós-Graduação Profissional em Música da UFRJ, através da oferta do Mestrado Profissional, consolidou-se como um dos programas de referência no campo das Práticas Interpretativas. Nestes quase oito anos de atividades, o PROMUS formou 90 mestres, realizou dez Jornadas, divulgando a produção de seus alunos, além de promover e apoiar vários eventos setorizados, tais como a Semana do Cravo, o Encontro Internacional de Cordofones, o Congresso de Pedagogia e Performance Coral, dentre tantos outros. Ambos os programas de pós-graduação da Escola de Música da UFRJ seguem, assim, comprometidos com o desenvolvimento da pesquisa na área das Práticas Interpretativas e com a elaboração de produtos artísticos e pedagógicos que possam representar inovação e referência.
A realização do IV Simpósio de Práticas Interpretativas da UFRJ tem o intuito de celebrar os avanços na área e reiterar a importância de se manter um espaço de discussão aberto e contínuo para pesquisadores, intérpretes, docentes e interessados nos aspectos norteadores da pesquisa em Práticas Interpretativas.
Nesta edição, o simpósio abrigará três eventos. No dia 27 de novembro, será realizado o I Encontro de Pós-Graduação Profissional em Música, com a participação dos coordenadores dos quatro programas já em funcionamento (PPGPROM-UFBA, PROEMUS-Unirio, PROMUS-UFRJ e PPGPM-UEMG) e dos coordenadores dos novos cursos de Mestrado Profissional aprovados pela CAPES neste ano de 2023. Por meio deste evento, pretende-se promover o conhecimento e a integração dos programas, além de discutir demandas comuns e iniciativas para o fortalecimento e difusão dos cursos profissionais. No dia 28, as atividades serão direcionadas à Jornada PROMUS 2023, com a apresentação das pesquisas em andamento dos discentes do Programa. Neste ano, a Jornada contará com a participação do Prof. Dr. Fernando Macedo Rodrigues (UEMG), como avaliador externo. Por fim, no dia 29, serão realizadas as apresentações artísticas e os recitais-conferências aprovados na chamada de trabalhos do IV Simpósio de Práticas Interpretativas. Os resumos dos trabalhos apresentados na Jornada e nos recitais-conferências, bem como os artigos desenvolvidos pelos discentes da turma PROMUS 2022, serão publicados posteriormente nos Anais do evento e ficarão disponíveis no site do PROMUS.
A perspicaz escolha das imagens que compõem as artes do Simpósio, realizada pela designer Márcia Carnaval, representa a integração da ciência e da arte. As imagens foram retiradas da coletânea Comissão Científica do Império ‒ 1859-1861, que reúne textos e documentos referentes à primeira expedição científica conduzida por brasileiros dentro do país. Os desenhos de José dos Reis Carvalho (c.1800-1891) retratam o cotidiano vivido pelos membros da expedição, alojados na cidade de Fortaleza, nos intervalos entre as viagens exploratórias. No IV Simpósio de Práticas Interpretativas, as sessões musicais que entretinham e fascinavam os pesquisadores tornam-se o próprio objeto de estudo, desvelando um enorme campo de investigação para aqueles que se interessam em destrinchar a trama entre sociedade, arte, cultura e ciência.
Patricia Michelini Aguilar
Coordenadora
Programa de Pós-graduação Profissional em Música da UFRJ
Esta edição contará com a participação de autores renomados, como: Benoît Gibson, Makis Solomos, Sharon Kanach, Robert Morris, Mariana Montiel, entre outros.
Luiz Heitor entrou no então Instituto Nacional de Música em 1932, com 27 anos de idade, para organizar a biblioteca, que funcionava inicialmente onde fica hoje o Salão Henrique Oswald. Dois anos depois, passou a acumular a função de editor da Revista Brasileira de Música, pioneiro desse campo no país. Foi ainda professor de Folclore, trabalhando na instituição até 1946, quando se fixou em Paris, trabalhando para a UNESCO.