Concertos UFRJ: Nelson Freire, brasileiro (reprise)

Foto: Divulgação
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Especial dedicado ao recente CD do pianista.

Atendendo a pedidos, Concertos UFRJ desta semana reprisou o programa anterior dedicado ao CD “Nelson Freire: Brasileiro – Villa-Lobos & Friends”, álbum recentemente lançado nos Estados Unidos e na Europa pela gravadora Decca.

Atendendo a pedidos, Concertos UFRJ desta semana reprisou o programa anterior dedicado ao CD “Nelson Freire: Brasileiro – Villa-Lobos & Friends”, álbum recentemente lançado nos Estados Unidos e na Europa pela gravadora Decca e distribuído no Brasil pela Universal Music. A partir de uma escolha bastante pessoal de peças curtas, quase miniaturas, Freire nos oferece uma celebração à música brasileira, ao mesmo tempo em que traça um panorama da nossa produção para piano solo entre o final do século XIX e o começo do século XX.

 

Freire é, sem dúvida, o músico brasileiro de maior sucesso em todo o mundo. Seus recitais em Paris, Londres, Viena, e outros respeitáveis centros musicais, fazem dele um dos pianistas mais aclamados. No entanto, apesar da fama e das solicitações que costuma receber do exterior, tem tocado com frequência nas principais salas de concerto do país e com as nossas mais importantes orquestras.

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

  

Como o título sugere grande parte do álbum é dedicado à produção de nosso maior compositor. Mais da metade das 30 faixas são de Heitor Villa–Lobos (1887-1959). Não é, porém, a primeira vez que o músico grava suas obras. Na década de 1970, Freire nos deu um excelente LP (depois remasterizado em CD) dedicado exclusivamente a Villa-Lobos, contendo peças significativas como o “Rudepoema”, a “Prole do Bebe nº 1” e “As Três Marias”.

 

O texto do encarte é de Manoel Corrêa do Lago, musicólogo membro da Academia Brasileira de Música (ABM), para quem o piano ocupa posição de destaque na produção de Villa-Lobos. O pesquisador contabiliza nove obras para o instrumento e orquestra, dentre as quais cinco concertos, peças de grandes proporções, como o “Rude Poema” e “Choros no 5”, e diversas coleções inspiradas no cancioneiro popular infantil, algumas das quais o CD registra.

 

“Brasileiro” abre com sete dos oito movimentos de “Carnaval das Crianças”, coleção que retrata personagens típicas do carnaval carioca que Villa-Lobos conheceu na juventude. A obra, originalmente escrita para piano solo, será retrabalhada pelo compositor em 1929 dando origem à conhecida “Momoprecoce”, para piano e orquestra, executada diversas vezes por Freire. Se, como observa Corrêa Lago, a série é permeada pelo impressionismo francês, dicção que o intérprete faz questão de sublinhar, por outro usa ritmos bem brasileiros, entre os quais o da marcha-rancho.

 

O CD apresenta ainda outras oito obras breves de Villa-Lobos, destacando itens célebres como os “Choros nº 5 – Alma Brasileira”, que pertence a monumental série de 14 peças, composta nos anos de 1920 para as mais diversas formações instrumentais; “Valsa da Dor”, de 1932, que curiosamente sobrepõe uma melodia em compasso binário a um acompanhamento ternário; “Saudades das selvas brasileiras”, escrita em 1927; e “A Lenda do Caboclo”, que evoca a música do sertão, acompanhada pela viola.

 

A última peça do compositor é a pouco conhecida “New York Skyline Melody”, 1940, escrita a partir de uma foto de prédios de Manhattan, Nova York.

 

As outras faixas mostram obras extremamente interessantes de Camargo Guarnieri (1907–1993), que segundo Corrêa do Lago “é um daqueles compositores do século XX ainda a serem descobertos fora do Brasil”, Claudio Santoro (1919-1989), Francisco Mignone (1897-1986), Lorenzo Fernández (1897-1948), Barrozo Neto (1881-1941), Henrique Oswald (1852-1931) e Alexandre Levy (1864-1892).

 

* * *

Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

CD

Nelson Freire: Brasileiro.

Villa-Lobos & friends

 

Nelson Freire, pianista
Decca 478 3533

 

Faixas


Villa-Lobos, Heitor ? O ginete do Pierrozinho (Carnaval das crianças no 1).
Villa-Lobos, Heitor ? O chicote do diabinho, (Carnaval das crianças no 2).
Villa-Lobos, Heitor ? A manha de Pierrete, (Carnaval das crianças no 3).
Villa-Lobos, Heitor ? Os guizos do dominozinho, (Carnaval das crianças no 4).
Villa-Lobos, Heitor ? As peripécias do trapesiozinho, (Carnaval das crianças no 5).
Villa-Lobos, Heitor ? As traquinices do mascarado Mignon, (Carnaval das crianças no 6).
Villa-Lobos, Heitor ? A gaita de um precoce fantasiado, (Carnaval das crianças no 7).
Villa-Lobos, Heitor ? Choros no 5, “Alma brasileira”.
Villa-Lobos, Heitor ? A maré encheu, (Guia Pratico, for piano, Álbum 1/2).
Villa-Lobos, Heitor ? Valsa da dor.
Villa-Lobos, Heitor ? Saudades das selvas brasileiras, no 2.
Villa-Lobos, Heitor ? Pobre cega, (Cirandas no 5; “Toada de rede”).
Villa-Lobos, Heitor ? A canoa virou, (Cirandas no 14).
Villa-Lobos, Heitor ? A Lenda do Caboclo.
Guarnieri, Mozart C. ? Danca negra.
Guarnieri, Mozart C. ? Ponteio, no 24.
Guarnieri, Mozart C. ? Toccata.
Oswald, Henrique ? Valse Lenta.
Levy, Alexandre Pierre ? Tango Brasileiro.
Netto, Barrozo ? Minha Terra.
Fernândez, Oscar Lorenzo ? Três estudos em forma de Sonatina.
Villa-Lobos, Heitor ? A gatinha de papelão, (A Prole do bebe).
Santoro, Claudio ? Paulistanas.
Santoro, Claudio ? Toccata.
Villa-Lobos, Heitor ? New York Skyline Melody.
Mignone, Francisco ? Valsa elegante.
Mignone, Francisco ? Quatro Pecas Brasileiras.
Mignone, Francisco ? Congada.

Concertos UFRJ: Nelson Freire, brasileiro

Foto: Divulgação
nelsonfreire_17
Especial dedicado ao recente CD do pianista.

A edição desta semana de Concertos UFRJ apresenta uma seleção de faixas do CD “Nelson Freire: Brasileiro – Villa-Lobos & Friends”, álbum recentemente lançado nos Estados Unidos e na Europa pela gravadora Decca e distribuído no Brasil pela Universal Music. A partir de uma escolha bastante pessoal, Freire nos oferece, ao mesmo tempo, uma celebração à música brasileira e um panorama da nossa produção para piano solo.

A edição desta semana de Concertos UFRJ apresenta uma seleção de faixas do CD “Nelson Freire: Brasileiro – Villa-Lobos & Friends”, álbum recentemente lançado nos Estados Unidos e na Europa pela gravadora Decca e distribuído no Brasil pela Universal Music. A partir de uma escolha bastante pessoal de peças curtas, quase miniaturas, Freire nos oferece uma celebração à música brasileira, ao mesmo tempo em que traça um panorama da nossa produção para piano solo entre o final do século XIX e o começo do século XX.

 

Freire é, sem dúvida, o músico brasileiro de maior sucesso em todo o mundo. Seus recitais em Paris, Londres, Viena, e outros respeitáveis centros musicais, fazem dele um dos pianistas mais aclamados. No entanto, apesar da fama e das solicitações que costuma receber do exterior, tem tocado com frequência nas principais salas de concerto do país e com as nossas mais importantes orquestras.

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20120903|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

  

Como o título sugere grande parte do álbum é dedicado à produção de nosso maior compositor. Mais da metade das 30 faixas são de Heitor Villa–Lobos (1887-1959). Não é, porém, a primeira vez que o músico grava suas obras. Na década de 1970, Freire nos deu um excelente LP (depois remasterizado em CD) dedicado exclusivamente a Villa-Lobos, contendo peças significativas como o “Rudepoema”, a “Prole do Bebe nº 1” e “As Três Marias”.

 

O texto do encarte é de Manoel Corrêa do Lago, musicólogo membro da Academia Brasileira de Música (ABM), para quem o piano ocupa posição de destaque na produção de Villa-Lobos. O pesquisador contabiliza nove obras para o instrumento e orquestra, dentre as quais cinco concertos, peças de grandes proporções, como o “Rude Poema” e “Choros no 5”, e diversas coleções inspiradas no cancioneiro popular infantil, algumas das quais o CD registra.

 

“Brasileiro” abre com sete dos oito movimentos de “Carnaval das Crianças”, coleção que retrata personagens típicas do carnaval carioca que Villa-Lobos conheceu na juventude. A obra, originalmente escrita para piano solo, será retrabalhada pelo compositor em 1929 dando origem à conhecida “Momoprecoce”, para piano e orquestra, executada diversas vezes por Freire. Se, como observa Corrêa Lago, a série é permeada pelo impressionismo francês, dicção que o intérprete faz questão de sublinhar, por outro usa ritmos bem brasileiros, entre os quais o da marcha-rancho.

 

O CD apresenta ainda outras oito obras breves de Villa-Lobos, destacando itens célebres como os “Choros nº 5 – Alma Brasileira”, que pertence a monumental série de 14 peças, composta nos anos de 1920 para as mais diversas formações instrumentais; “Valsa da Dor”, de 1932, que curiosamente sobrepõe uma melodia em compasso binário a um acompanhamento ternário; “Saudades das selvas brasileiras”, escrita em 1927; e “A Lenda do Caboclo”, que evoca a música do sertão, acompanhada pela viola.

 

A última peça do compositor é a pouco conhecida “New York Skyline Melody”, 1940, escrita a partir de uma foto de prédios de Manhattan, Nova York.

 

As outras faixas mostram obras extremamente interessantes de Camargo Guarnieri (1907–1993), que segundo Corrêa do Lago “é um daqueles compositores do século XX ainda a serem descobertos fora do Brasil”, Claudio Santoro (1919-1989), Francisco Mignone (1897-1986), Lorenzo Fernández (1897-1948), Barrozo Neto (1881-1941), Henrique Oswald (1852-1931) e Alexandre Levy (1864-1892).

 

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Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

CD

Nelson Freire: Brasileiro.

Villa-Lobos & friends

 

Nelson Freire, pianista
Decca 478 3533

 

Faixas


Villa-Lobos, Heitor ? O ginete do Pierrozinho (Carnaval das crianças no 1).
Villa-Lobos, Heitor ? O chicote do diabinho, (Carnaval das crianças no 2).
Villa-Lobos, Heitor ? A manha de Pierrete, (Carnaval das crianças no 3).
Villa-Lobos, Heitor ? Os guizos do dominozinho, (Carnaval das crianças no 4).
Villa-Lobos, Heitor ? As peripécias do trapesiozinho, (Carnaval das crianças no 5).
Villa-Lobos, Heitor ? As traquinices do mascarado Mignon, (Carnaval das crianças no 6).
Villa-Lobos, Heitor ? A gaita de um precoce fantasiado, (Carnaval das crianças no 7).
Villa-Lobos, Heitor ? Choros no 5, “Alma brasileira”.
Villa-Lobos, Heitor ? A maré encheu, (Guia Pratico, for piano, Álbum 1/2).
Villa-Lobos, Heitor ? Valsa da dor.
Villa-Lobos, Heitor ? Saudades das selvas brasileiras, no 2.
Villa-Lobos, Heitor ? Pobre cega, (Cirandas no 5; “Toada de rede”).
Villa-Lobos, Heitor ? A canoa virou, (Cirandas no 14).
Villa-Lobos, Heitor ? A Lenda do Caboclo.
Guarnieri, Mozart C. ? Danca negra.
Guarnieri, Mozart C. ? Ponteio, no 24.
Guarnieri, Mozart C. ? Toccata.
Oswald, Henrique ? Valse Lenta.
Levy, Alexandre Pierre ? Tango Brasileiro.
Netto, Barrozo ? Minha Terra.
Fernândez, Oscar Lorenzo ? Três estudos em forma de Sonatina.
Villa-Lobos, Heitor ? A gatinha de papelão, (A Prole do bebe).
Santoro, Claudio ? Paulistanas.
Santoro, Claudio ? Toccata.
Villa-Lobos, Heitor ? New York Skyline Melody.
Mignone, Francisco ? Valsa elegante.
Mignone, Francisco ? Quatro Pecas Brasileiras.
Mignone, Francisco ? Congada.

Concertos UFRJ: “Il ballo delle ingrate”, de Monteverdi

Reprodução
Primeiro_retrato_de_Monteverdi
{magnify}images/stories/noticias/Primeiro_retrato_de_Monteverdi.jpg|Reprodução{/magnify} primeiro retrato conhecido do músico, c. 1597, Ashmolean Museum.

A edição desta semana de Concertos UFRJ convida a um delicioso passeio pelos primórdios da ópera. Em destaque “Il ballo delle ingrate” (A dança das senhoras ingratas, em tradução livre), obra escrita por Monteverdi em 1608. O libreto é de Ottavio Rinuccini, nobre e poeta italiano do final do Renascimento.

A edição desta semana de Concertos UFRJ convida a um delicioso passeio pelos primórdios da ópera. Em destaque “Il ballo delle ingrate” (A dança das senhoras ingratas, em tradução livre), obra escrita por Monteverdi em 1608 para as celebrações do casamento de Francesco Gonzaga (filho do seu patrono, o Duque Vincenzo de Mântua) e Margarida de Saboia. O libreto é de Ottavio Rinuccini, nobre e poeta italiano do final do Renascimento.

 

Na estreia o Duque e filho chegaram a integrar o elenco. Monteverdi compôs ainda para a mesma ocasião a música para o prólogo de jogo “Guarini L’idropica” e a ópera “L’Arianna”, a partir outro libreto de Rinuccini.  Aliás, deve-se ao poeta o texto do que muitos consideram a primeira ópera: “Dafne” (1597), com música de Jacopo Peri.

podcast

Ouça aqui o programa: 

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O italiano Claudio Monteverdi (1567-1643) é, com justiça, considerado uma das personalidades modulares da história da música ocidental. Em suas óperas e madrigais desenvolveu um estilo em que a orquestra além de acompanhar as vozes, desempenha um papel independente no desenvolvimento dramático. É o chamado concertato, cujo significado deriva do verbo italiano concertare e significa entrar em acordo. Essa abordagem se manifesta, sobretudo, nas obras do quinto ao oitavo livro de madrigais seculares publicados pelo compositor entre 1605 e 1638. No último, intitulado “Madrigali Guerrieri, et amorosi”, apresenta uma incrível variedade de peças destinadas a diferentes formações, duas das quais marcaram o desenvolvimento dos gêneros musicais representativos: “Il combattimento di Tancredi e Clorinda” e o “Il ballo delle ingrate”.

 

Nelas elaborou uma nova forma de recitativo, o concitato (ou excitado), onde as cordas acompanham as vozes com notas repetidas em figurações rápidas para ressaltar os momentos marcantes do curso dramático. Suas grandes inovações para a orquestra foram a emancipação do conjunto em relação às partes vocais e o desenvolvimento da escrita instrumental. “Il ballo delle ingrate” é ainda uma composição hibrida, em que se mesclam elementos da ópera, do ballet e do madrigal ? uma espécie de ballet semidramático em que os recitativos assumem grande relevo, como, aliás, típico das primeiras óperas.

 

A versão impressa provavelmente contém revisões que o musicólogo Paolo Fabbri acredita foram feitas para as comemorações da coroação do imperador Fernando III, em 1636. A súbita morte do antecessor teria obrigado Monteverdi, sob pressão dos acontecimentos, a reelaborar o material de o “Ballo delle ingrato”. A escrita virtuosística para o baixo Plutão denuncia, por exemplo, mais o estilo das suas últimas produções do que a simplicidade do seu famoso “L’Orfeo” (1607), “favola in musica” considerada pela crítica a primeira obra-prima do gênero operístico.

 

A versão veiculada no programa trouxe Patrizia Vaccari (soprano), no papel de Cupido; Gloria Banditelli (mezzo-soprano), como Vênus; Antonio Abete (baixo), como Plutão; e Maura Pederzoli (soprano), como uma das senhoras ingratas. Sergio Vartolo conduz a Orquestra da Capela Musical de São Petrônio de Bolonha.

 

* * *

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

 

Il ballo delle ingrate

 

Claudio Monteverdi

Ottavio Rinuccini, libreto

monteverdi-ballo-delle-ingrateCD

Personagens

 

Venere(Vênus), soprano
Amore(Cupido), soprano
Plutone (Plutão), baixo
Uma ingrata, soprano

 

Ação

 

A ação se passa a entrada do Inferno

 

Ato único

 

Vênus e Cupido visitam Plutão, o rei do submundo, e se queixam de que as flechas do arco de Cupido não são mais eficazes com as senhoras de Mântua que estão, uma a uma, desprezando seus amantes.

 

Cupido pede então a Plutão que traga do submundo os espíritos daquelas que rejeitaram em vida o amor, para mostrar o que está destinada a elas na outra vida. Plutão concorda e os espíritos das senhoras ingratas entram a dançar “duas a duas… com passos graves”. Plutão canta uma advertência para as mulheres da plateia e, quando os espíritos, retornam ao submundo, um deles entoa um lamento, por deixar o ar “puro e sereno”.

Concertos UFRJ: Così fan tutte, de Wolfgang Amadeus Mozart

Reprodução
Mozart
Mozart, retrato de Christian Ludwig Vogel, 1783.

Concertos UFRJ reprisam esta semana o especial dedicado à Così fan tutte, divertidíssimo “dramma giocoso” em dois atos de W. A. Mozart – criação emblemática do compositor austríaco, uma das personalidades mais originais da música de todos os tempos.

Concertos UFRJ reprisam esta semana o especial dedicado à Così fan tutte, divertidíssimo “dramma giocoso” em dois atos de W. A. Mozart – criação emblemática do compositor austríaco, uma das personalidades mais originais da música de todos os tempos.

 

A produção operística de Mozart (1756-1791) chegou ao ápice em parceria com o libretista Lorenzo Da Ponte. A dupla nos legou três títulos que representam o melhor da produção do século XVIII: Le nozze di Figaro, Così fan tutte e Don Giovanni.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

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O compositor possuía uma habilidade especial para caracterizar musicalmente cada personagem, sentimentos e situações dramáticas. O libreto de Così fan tutte, ossia La scuola degli amanti (“Assim fazem todas, ou A escola dos amantes”, em italiano), que em uma abordagem superficial pode parecer frívolo ou desprovido de interesse, é, na verdade um presente para a criatividade dos intérpretes. A alternância de situações dramáticas exige dos cantores nuances de interpretação e capacidade para contrastar os sentimentos reais, que mudam ao longo da trama, com momentos de paródia e disfarce, típicos da ópera buffa e cujas raízes mergulham na tradição do teatro popular e da Commedia dell’arte.

 

Há personagens riquíssimos. O cético e malicioso Don Alfonso, manipulador das demais e capaz de explorar como ninguém as fragilidades humanas; as irmãs Dorabella e Fiordiligi, que se deixam seduzir menos ou mais facilmente; Guglielmo e Ferrando, os amantes convictos da fidelidade de suas amadas e que acabam desiludidos; e, por fim, Despina, a empregada cúmplice de Don Alfonso sempre pronta a tirar proveito de qualquer situação. A trama, que envolve a troca dos casais, momentos de sedução, traição e reconciliação, de certa forma, deixa mais dúvidas que certezas, pois, apesar de reconciliados, paira sobre eles certa sombra de dúvida. Afinal, como faz questão de afirmar Don Alfonso: por hábito, vício ou necessidade do coração ASSIM FAZEM TODAS (ou todos!).

 

A gravação ao vivo no Teatro Comunale, de Ferrara, 1992, traz o maestro John Eliot Gardiner a frente do The English Baroque Soloists e do Coro Monteverdi. Os solistas são Amanda Roocroft, como Fiordiligi, Rodney Gilfry, como Guglielmo, Rosa Mannion, como Dorabella, Rainer Trost, como Ferrando, Eirian James, Despina, e Carlos Feller, como Don. Alfonso.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Così fan tutte

 

Wolfgang Amadeus Mozart
Libreto de Lorenzo Da Ponte

CD

Personagens

 

 

Fiordiligi (dama de Ferrara e noiva de Guglielmo): soprano

Dorabella (irmã de Fiordiligi e noiva de Ferrando): mezzo-soprano

Guglielmo (jovem oficial militar): barítono

Ferrando (jovem oficial militar): tenor

Despina (criada das irmãs Fiordiligi e Dorabella): soprano

Don Alfonso (amigo solteirão): baixo

 

Ato I


Cena 1

A cena abre num café de Nápoles. Dois jovens oficiais, Ferrando e Guglielmo, louvam a fidelidade das suas noivas – as irmãs Dorabella e Fiordiligi – diante do ceticismo do seu amigo Don Alfonso, para quem a constância feminina é na verdade um mito: nunca ninguém viu, só se ouve falar. Os jovens reagem às provocações de Don Alfonso ofendidos, mas acabam por aceitar uma aposta do velho amigo, comprometendo-se a seguir rigorosamente seu plano durante um dia inteiro para comprovar ou não a fidelidade de suas amadas.

 

Cena 2

Num jardim à beira-mar em sua casa de campo, Fiordiligi e Dorabella contemplam os retratos dos seus bem-amados e se gabam da sua felicidade nutrida pelo amor aos jovens oficiais. Entra Don Alfonso, com dissimulada preocupação, para anunciar às duas irmãs uma grave notícia: Ferrando e Guglielmo foram convocados e partirão para a guerra. Nesse momento entram os dois jovens, vestidos para a suposta viagem; os casais despedem-se com promessas de eterna lealdade, enquanto Don Alfonso contém a custo o riso diante desta patética cena de despedida. Ao som de uma marcha com coro partem Ferrando e Guglielmo, deixando as jovens inconsoláveis.

 

Cena 3

No salão da casa, Despina, camareira das irmãs, queixa-se da dureza de seu trabalho enquanto prepara para suas amas um chocolate quente. Estas entram, aos prantos, querendo morrer de desgosto. Despina fica espantada com tamanha reação das patroas, e diz a elas que devem aproveitar e se divertir com outras companhias na ausência dos amados, pois os dois – na verdade todos os homens, ainda mais soldados – não se manterão fiéis a elas. Despina sai de cena seguida pelas duas patroas, furiosas com tais comentários. Don Alfonso entra e lamenta, cinicamente, a tristeza das duas irmãs e a ingenuidade dos crédulos rapazes que agora, disfarçados, devem conquistar a esposa um do outro sem que estas percebam suas verdadeiras identidades. O velhaco teme, no entanto, que, sem a ajuda da camareira, ela possa estragar sua farsa; nada que algumas moedas não possam comprar a aceitação de Despina em colaborar com seu plano. Sob disfarce de albaneses, Ferrando e Guglielmo cortejam de imediato cada um a noiva do outro. As irmãs e Despina não os reconhecem e as duas nobres ofendem-se e não cedem aos galanteios dos estranhos amigos de Don Alfonso, saindo energeticamente de cena. Guglielmo e Ferrando ficam mais do que nunca convencidos da lealdade das suas amadas, ao que Don Alfonso lembra que eles devem permanecer sob suas ordens até o fim do dia.

 

Cena 4

Fiordiligi e Dorabella estão no jardim, lamentando a ausência dos esposos, quando os albaneses e Don Alfonso surgem manifestando desespero diante a frieza das jovens perante suas declarações amorosas.  Os jovens simulam a ingestão de um veneno e, enquanto Fiordiligi e Dorabella exprimem a sua aflição por tal gesto, Despina, a pedido de Don Alfonso, sai em busca de um médico para curar os jovens apaixonados. Chega o doutor – é Despina sob um improvisado disfarce -, que encena uma cura, mais improvisada ainda, com um metal cujo magnetismo liberta os pacientes de todos os males. Aproveitando a simpatia que sentem ter despertado nas jovens com a sua suposta tentativa de suicídio, Ferrando e Guglielmo pedem-lhes um beijo, mas este pedido é recusado com altivez.

 

Ato II


Cena 1

Despina tenta convencer suas amas de que devem corresponder sem remorsos ao amor dos dois albaneses, explicando-lhes que uma mulher tem de saber, desde os quinze anos, a arte de manipular quem elas quiserem. Quando a criada sai, as duas irmãs confessam uma à outra que começam a sentir algum interesse pelos falsos albaneses e cada uma delas escolhe aquele que mais lhe agrada: Dorabella prefere o albanês moreno (Guglielmo), enquanto Fiordiligi simpatiza com o albanês louro (Ferrando).

 

Cena 2

Novamente no jardim, Ferrando e Guglielmo fazem uma serenata às duas irmãs. Às suas declarações de amor juntam-se os argumentos favoráveis de Don Alfonso e Despina, o que surte algum efeito. A sós com Guglielmo, Dorabella cede por fim às suas propostas amorosas, e aceita mesmo que este lhe ofereça um pingente em forma de coração e substitua o medalhão com o retrato de Ferrando que até agora trazia consigo. Ferrando, por sua vez, declara também o seu amor a Fiordiligi, mas esta ainda mantém sua recusa. Os dois amigos encontram-se e partilham o resultado das suas investidas. Face à traição de Dorabella, Ferrando quer se vingar, mas Guglielmo o detém. Don Alfonso intervém dizendo restar ainda mais um teste a ser feito com as moças.

 

Cena 3

A sós com Despina, Dorabella reconhece que ama o albanês/Guglielmo. Fiordiligi entra em seguida, revolta-se com a atitude da irmã, mas admite com desgosto que ela própria ama o albanês/Ferrando, assim como ama ainda Guglielmo. Dorabella consola-a, explicando-lhe que não há maneira de resistir ao amor e sai com a criada. Fiordiligi fica só e resolve resistir às suas próprias inclinações, vestir um uniforme de soldado e juntar-se a Guglielmo no campo de batalha. Estes preparativos são, contudo, surpreendidos por Ferrando, disfarçado, que decide tentar de novo conquistar a jovem. Neste novo encontro, Fiordiligi já não consegue mais resistir e cede às declarações de Ferrando. Guglielmo e Ferrando, a sós com Don Alfonso, percebem que foram traídos. O amigo procura consolá-los afirmando que Fiordiligi e Dorabella não são exceções e que é assim que fazem todas as mulheres. Chega Despina anunciando que as duas irmãs estão prontas a desposar os dois albaneses e se prontifica a ir buscar o notário para celebrar a cerimônia.

 

Cena 4

Despina acaba de preparar toda a cerimônia. Os dois casais de noivos entram, são saudados pelo coro de criados e sentam-se à mesa. Don Alfonso apresenta o notário, mais uma vez Despina disfarçada, que celebra o casamento com uma grandiloquência jurídica que ninguém entende. Uma vez assinado o contrato matrimonial, ouve-se o coro militar, o mesmo da partida dos oficiais. Desesperadas, as irmãs pedem para os albaneses se esconderem, e isso permite que Don Alfonso anuncie o regresso iminente dos dois noivos que haviam partido para a guerra. Ferrando e Guglielmo entram assumindo as suas verdadeiras identidades e são recebidos com grande embaraço por Fiordiligi e Dorabella. Percebem Despina ainda vestida de notário e, ao verem os contratos matrimoniais, acusam as duas irmãs de traição. Don Alfonso intervém então para explicar que agora que a verdade foi reposta e que a ingenuidade expressa pelos amantes no início de toda a aventura ficou bem evidente, não há razão para que não se dê uma reconciliação geral, com base na compreensão das fraquezas e limitações humanas.

Concertos UFRJ comemoram aniversário da Escola de Música

Cartaz

A edição desta semana de Concertos UFRJ repercute as comemorações dos 164 anos da Escola de Música destacando um punhado de compositores que foram, em diversas épocas e circunstâncias, alunos ou docentes da instituição e que oferece ao mesmo tempo um panorama de parte significativa da trajetória da música no Brasil.

A edição desta semana de Concertos UFRJ repercute as comemorações dos 164 anos da Escola de Música destacando um punhado de compositores que foram, em diversas épocas e circunstâncias, alunos ou docentes da instituição e que oferece ao mesmo tempo um panorama  de parte significativa da trajetória da música no Brasil. No programa, obras de Carlos Gomes, Joaquim Calhado, Patápio Silva, Anacleto de Medeiros, Leopoldo Miguez, Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno, Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone e Ronaldo Miranda.

 

Mais antiga instituição do gênero, Escola remonta ao Conservatório Imperial de Música do Rio de Janeiro, cuja aula inaugural data de 13 de agosto de 1848. Com a república passou a se chamar Instituto Nacional de Musica que, durante o Estado Novo, acabou incorporado a então Universidade do Brasil, com o nome de Escola Nacional de Música.  A atual designação remonta a 1965, quando a universidade passou a se chamar UFRJ. Em 1980, implantou o primeiro curso de pós-graduação em música do país.

 

podcast

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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Carlos Gomes

 

Carlos Gomes (1836-1896) foi, sem dúvida, o mais famoso aluno do então Conservatório Imperial, onde se aperfeiçoou vindo de sua cidade natal Campinas, em São Paulo. No Rio, antes de se estabelecer na Itália e fazer sucesso no Teatro alla Scala de Milão com seu “Il Guarany, escreveu duas óperas durante seu período de estudos com o professor Gioachino Gianinni. A primeira, “Noite no Castelo”, em 1861, e a segunda “Joana de Flandres”, de 1863, ambas cantadas em português e que acabaram lhe valendo uma bolsa de estudos na Europa.

 

Dessa produção inicial, deste que foi o mais importante músico brasileiro do período romântico, a edição destacou a abertura de “Joana de Flandres”, com a Orquestra Sinfônica Brasileira sob a batuta de Yeruham Scharovsky.

 

Joaquim Calhado, Patápio Silva e Anacleto de Medeiros

 

Muitos vínculos ligam alunos e docentes do Conservatório à gênese do que hoje é conhecido como música popular brasileira. Em especial ao choro, gênero carioca formado na segunda metade do séc. XIX a partir da música instrumental de salão e com base em danças europeias. É o caso Joaquim Callado (1848-1888), professor de flauta e um dos melhores instrumentistas de seu tempo, de quem o programa pinçou a famosa “Flor Amorosa”. A versão escolkhida, a de Andrea Ernst Dias, que na gravação tocou flautim, flautas e flauta baixo, acompanhada pelo pandeiro de Beto Cazes.

 

Outro flautista de renome, Patápio Silva (1880-1907), segue trajetória semelhante. Considerado um dos maiores virtuoses do seu tempo, faleceu, como Callado, precocemente aos 27 anos. Dele, o programa apresentou “Zinha”, na interpretação de Andrea Ernst Dias na flauta e Maria Tereza Madeira ao piano.

 

Formando pelo Conservatório em 1886, Anacleto de Medeiros (1866-1907) jogou também papel relevante no desenvolvimento dos gêneros populares urbanos. Anacleto fundou, dirigiu e regeu inúmeras bandas, tendo contribuído de maneira significativa para a fixação dessa formação no Brasil. A do Corpo de Bombeiros se tornou particularmente famosa sob seu comando, chegando a gravar alguns discos pioneiros ainda no início do século XX. Não por acaso, ao Corpo de Bombeiros o compositor dedicou em homenagem aos 50 anos da corporação o conhecido dobrado “Jubileu”, que Concertos UFRJ apresentaram na interpretação da Banda Sinfônica Municipal de Nova Odessa sob a direção de Marcelo Jardim.

 

República musical: Miguez, Oswald e Nepomuceno

 

Com a república o conservatório acabou sendo reformulado. Reinaugurado em 1890 como Instituto Nacional de Musica (INM), para seu primeiro diretor foi nomeado o Leopoldo Miguez. Dele o programa mostrou a “Canção para uma menina”, op. 24, para orquestra de câmera com a Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) e a regência de André Cardoso.

 

Da mesma geração, o compositor carioca Henrique Oswald, um disputado professor de piano e, entre 1903 e 1906, também diretor do INM, é especialmente conhecido por suas obras de câmara. Entre elas, “Serrana”, trio para violino, violoncelo e piano escrito em 1925, veiculado na versão do Trio Aquarius formado por Ricardo Amado no violino, Ricardo Santoro no violoncelo e Flávio Augusto no piano.

 

Outro representante desta nascente república musical, o cearense Alberto Nepomuceno estudou na Alemanha e, ao retornar, foi nomeado professor de órgão do INM, do qual assumiu a direção em 1906, sucedendo Oswald. Da época de estudos em Berlim é a sua “Suíte Antiga”, composta para piano e, mais tarde, transcrita para orquestra de cordas, versão apresentada com a Camerata Fukuda de São Paulo e regência de Celso Antunes. São três movimentos: Minueto, Ária e Rigaudon.

 

Heitor Villa-Lobos

 

As primeiras décadas do século XX são já marcadas pela geração nacionalista e modernista. Seu mais importante representante, Heitor Villa-Lobos, embora de formação em grande parte autodidata, cursou aulas de harmonia com Frederico Nascimento no INM. O seu “Choros” no 7, conhecido como settimino, para grupo de câmera formado por flauta, oboé, clarineta, fagote, saxofone, violino e violoncelo, data de 1924 eestreou no Salão Leopoldo Miguez em 17 de setembro de 1925. A versão veiculada traz os músicos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).

 

Mignone e Miranda

 

Francisco Mignone, que foi professor de regência, é outro músico de relevo ligado à Escola de Música. Um dos mais importantes e prolíficos compositores brasileiros do século passado, o programa destacou sua “Modinha” para violoncelo e piano com o violoncelista Ricardo Santoro e a pianista Miriam Grosmam.

 

O último compositor lembrado, Ronaldo Miranda, foi aluno de composição, discípulo do maestro Henrique Morelenbaun e, posteriormente, professor da instituição, da qual recentemete se aposentou. A peça selecionada, suas “Variações sobre um tema de Anacleto de Medeiros”, une de certa forma dois pontos da trajetória dos 164 anos da instituição. Composta por Miranda para piano a quatro mãos a peça foi apresentada com duo formado por Patrícia Bretas e Josiane Kevorkian.

* * *

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Festival de Reinauguração do órgão Tamburini: concerto de Alexandre

Foto: Ana Liao
Rachid durante sua apresentação em 20 de abril.

A edição desta semana de Concertos UFRJ apresenta o segundo programa da série dedicada ao festival de reinauguração do Órgão Tamburini que reuniu, em abril, alguns dos mais importantes instrumentistas brasileiros da atualidade na Escola de Música. A atração é o concerto gravado ao vivo de Alexandre Rachid.

A edição desta semana de Concertos UFRJ apresenta o segundo programa da série dedicada ao festival de reinauguração do Órgão Tamburini que reuniu, em abril, alguns dos mais importantes instrumentistas brasileiros da atualidade na Escola de Música. A atração é o concerto gravado ao vivo de Alexandre Rachid, docente da disciplina na instituição.

 

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Rachid executou um repertório que incluiu obras emblemáticas da produção para órgão, a começar pelo “Prelúdio e Fuga em mi menor”, BWV 548, J. S. Bach – uma das mais importantes e extensas escrita pelo mestre do barroco alemão. Não por acaso o musicólogo Philipp Spitta a definiu como uma sinfonia em dois movimentos para o instrumento. Por sua grandiosidade e vigor, um desafio para qualquer organista.

 

A segunda peça do programa também marca o repertório do órgão: a “Fantasia em Lá maior” (1878), do belga César Frank em 1878, organista da igreja de Santa Clotilde, professor do Conservatório de Paris e um dos mais importantes compositores do século XIX.

 

Por fim duas composições mais contemporâneas. A primeira, “Mestre Valentim no Largo do Carmo” homenageia o famoso escultor barroco brasileiro e foi escrita por Ricardo Tacuchian especialmente para ocasião. A segunda, as “Variações sobre um tema de Natal”, de Marcel Dupré, foi composta em 1923, a partir de uma antiga canção natalina francesa.

 

Tamburini

 

Único órgão de tubos integrado a uma sala de concertos na cidade do Rio de Janeiro, fato raro no País, foi construído na Itália pela tradicional Fabbrica D’Organi Giovani Tamburini, que assina os instrumentos do Vaticano. Instalado em 1954, possui 4.620 tubos, quatro manuais, pedaleira e 52 registros reais, cuja disposição foi projetada pelo grande músico italiano Fernando Germani (1906-1998).

 

 

Durante muitas décadas serviu não só à formação de instrumentistas brasileiros, como foi tocado por grandes organistas internacionais, como o próprio Germani, Karl Richter (1926-1981) e Pierre Cocherreau (1924-1984). Em 2009, teve início a reforma que duraria dois anos, durante os quais o Tamburini foi completamente desmontado, restaurado e modernizado.

 

Alexandre Rachid

 

Organista, pianista e compositor, Rachid nasceu no Rio de Janeiro e é Bacharel e Mestre em Órgão pela UFRJ, com Tese sobre “Messe de La Pentecôte” de Olivier Messiaen para Órgão, na classe da Profª Drª Gertrud Mersiovsky. Bacharel em Composição na classe da Profª Drª Marisa Rezende.

 

Medalha de Ouro em Órgão, pela UFRJ, com louvor e por unanimidade; finalista do Concurso Internacional de Improvisação ao Órgão e ao Piano, de Montbrison (França); Compôs a obra “Ave Maria”, para Coro e Orquestra, para ser executada por ocasião da estada do Papa João Paulo II no Rio de Janeiro, tendo sido executada em estreia mundial no dia 30 de junho de 1997, com a Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ e Coro da Universidade Católica de Petrópolis sob a regência do maestro Ernani Aguiar.

 

Participou do Concurso Internacional “Queen Elisabeth” na Bélgica, com a obra “Rondó Brilhante” para piano e orquestra, com estreia mundial pela Orquestra Sinfônica da UFRJ no dia 23 de outubro de 2000, sob a regência do maestro André Cardoso. Sua obra “Variações sobre um Tema Chinês”, para piano, foi estreada na China, no Grande Teatro da Universidade de Pequim, em 07 de novembro de 2007, pela pianista brasileira radicada em Londres, Clélia Iruzun.

 

Doutor em Música (Composição Musical) pela UNIRIO, tendo sido orientado pelo renomado compositor Prof. Dr. Ricardo Tacuchian. Compôs o Primeiro Concerto para Órgão e Orquestra do Brasil. Atualmente é Professor Adjunto de Órgão na Escola de Música da UFRJ.

 

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Repertório do progama

 

J. S. BACH (1685-1750)

Prelúdio e Fuga em Mi menor BWV 548

CÉSAR FRANCK (1822-1890)

 

Fantasia em Lá maior (1878)

RICARDO TACUCHIAN (1939)

Mestre Valentim no Largo do Carmo (2012 – Estreia Mundial)

MARCEL DUPRÉ (1886-1971)

 

Variations sur un vieux Noël Op.20

Concertos UFRJ: Carmela, de Araújo Vianna

Foto: Reprodução
Heitor_Vila-Lobos_(c._1922)
Vianna marcou a cultura musical do Sul do país.

Carmela, de Araújo Vianna, é o destaque desta semana de Concertos UFRJ. Personalidade musical mais importante de sua geração no Rio Grande do Sul, o compositor escreveu mais uma ópera e peças apreciáveis para piano, para canto e piano, para instrumentos de cordas e para orquestra.

Carmela, de Araújo Vianna, é o destaque desta semana de Concertos UFRJ. Personalidade musical mais importante de sua geração no Rio Grande do Sul, o compositor escreveu mais uma ópera e peças apreciáveis para piano, para canto e piano, para instrumentos de cordas e para orquestra.

 

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Araújo Vianna

 

José de Araújo Vianna nasceu em Porto Alegre em 1871 e, seguindo tradição familiar, estudou música desde criança, tornando-se um pianista e camerista atuante na vida cultural da cidade. Co-fundador da Orquestra Filarmônica Portoalegrense (1887), devido ao interesse pela composição, viajou em 1893 para Milão, Itália, onde estudou no Real Conservatório com Amintore Galli (1845-1919) e Vincenzo Ferroni (1858-1934) e, posteriormente, em Paris, com o compositor francês Jules Massenet (1842-1912). Retornou ao Brasil  quatro anos depois e se estabeleceu na capital gaúcha. Fundou então o Clube Haydn — instituição que desempenhou um papel importante no desenvolvimento da musica gaúcha. Excelente pianista preferiu se dedicar mais ao magistério e, eventualmente, ao acompanhamento de cantores. Realizou diversas viagens a Buenos Aires, São Paulo, além do Rio.

 

Em 1902 estreou a ópera “Carmela” no Teatro São Pedro, Porto Alegre, que  foi novamente encenada, agora no Teatro Lírico, do Rio de Janeiro, em 1906. Bem acolhida pelo público da então capital da república, alcançou mais quatro récitas. O compositor mereceu ainda um concerto dedicado a suas obras de câmara no Instituto Nacional de Música (INM), precursor da atual Escola de Música da UFRJ.

 

Em 1908 foi nomeado diretor do Conservatório de Porto Alegre, cargo do qual se licenciou anos depois por motivos de saúde.  Em 1909 viajou em tratamento para a França, retornando já quase paralítico. Em 1913 apresentou uma nova ópera, em três atos, “O Rei Galaor”, em versão de concerto no salão do Jornal do Comércio, no Rio de Janeiro, sob a regência do maestro Provesi. A obra somente foi estreada em sua versão cênica em 1922, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, após a morte do compositor, ocorrida em 1916. Academia Brasileira de Música o escolheu como patrono da cadeira nº 34.

 

Carmela

 

A primeira ópera do compositor permaneceu muitos anos sem ser ouvida, já que a partitura,bem como as partes instrumentais, se perderam. Apenas o manuscrito da redução para piano foi encontrado. A partir dele o maestro Ion Bressan, revisor da edição completa das obra de Vianna, a orquestrou novamente — versão apresentada por Concertos UFRJ. Deve-se o libreto a Leopoldo Brígido (1876-1947), poeta, jornalista e dramaturgo, e a versão italiana a Ettore Malagutti (1871-1925), pintor, desenhista, poeta e pianista ítalo-brasileiro.

 

A ação, em um ato, transcorre em uma aldeia de pescadores perto de Nápoles. Ruffo avista um barco que atraca na Ilha de Capri. Dele descem o Padre e Carmela, que vem visitar a mãe. Após o desembarque ele zomba de Renzo e do amor que este sente pela jovem. O Padre o repreende, louva a bondade dela e afirma que Renzo é homem digno. Logo mais o Padre consola Carmela e pergunta as causas dos seus sofrimentos. Ela responde que são consequências de uma infância marcada por pai bêbado que maltratava a mãe. Renzo suplica que Carmela aceite seu amor, mas a ela insiste que em seu coração há lugar apenas para a dor.

 

Após a saída de Carmela e do Padre. os pescadores se reúnem na praia ao som de uma tarantella. Ruffo, bêbado, volta a implicar com Renzo e insinua conhecer segredos de Carmela. É, então, desafiado por Renzo que, na luta, acaba traiçoeiramente apunhalado pelas costas. Mortalmente ferido clama por Carmela, que é trazida ao local. Desesperada, ela implora por sua vida e revela que sempre o amou. Renzo, tomado de profunda alegria, morre nos braços da amada.

 

A gravação apresentada traz nos papéis principais Adriana de Almeida, soprano, como Carmela; Juremir Vieira, tenor, como Renzo; Carlos Carzoglio, barítono, como Ruffo; e Ariel Cazes, como Padre. O Coro e a Orquestra são da Sinfônica da Porto Alegre (Ospa) dirigidos pelo maestro Ion Bressan.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Trilhas sonoras brasileiras em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
Heitor_Vila-Lobos_(c._1922)
Villa-Lobos foi um dos músicos brasileiros que se interessou pelo cinema.

A edição passada de Concertos UFRJ abordou a música para o cinema, com destaque para peças Gershwin e Prokofiev incluídas em trilhas sonoras de obras famosas. Nesta semana a atração é a música de concerto brasileira composta para as telas. No programa, duas suítes construídas a partir de trilhas anteriores: “Descobrimento do Brasil”, de Heitor Villa-Lobos, escrita para o filme homônimo de Humberto Mauro; e “Villa-Rica”, de Camargo Guarnieri.

A de Concertos UFRJ abordou a música para o cinema, com destaque para peças Gershwin e Prokofiev incluídas em trilhas sonoras de obras famosas. Nesta semana a atração é a música de concerto brasileira composta para as telas. No programa, duas suítes construídas a partir de trilhas anteriores: “Descobrimento do Brasil”, de Heitor Villa-Lobos, escrita para o filme homônimo de Humberto Mauro; e “Villa-Rica”, de Camargo Guarnieri.

 

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Descobrimento do Brasil

 

“Descobrimento do Brasil”, produzido em 1936, é um filme de Humberto Mauro (1897-1983), pioneiro do cinema brasileiro que influenciará a geração do chamado Cinema Novo, nos anos 1960. Em forma de documentário ficcional, narrado a partir de textos extraídos da Carta de Pero Vaz de Caminha, conta a chegada da frota portuguesa às costas brasileiras, em 1500. Para a cena da primeira missa, o cineasta reproduziu o conhecido quadro de Victor Meirelles. “Descobrimento do Brasil” representou o Brasil no Festival de Veneza de 1938.

 

O filme foi patrocinado pelo Instituto Nacional do Cinema Educativo (Ince), a primeira instituição voltada para esta área criada no país. A proposta, transformar o cinema em instrumento avançado de educação. O órgão foi fundado em 1936 e estava subordinado ao Ministério da Educação e Saúde Pública, cujo ministro era Gustavo Capanema. Seu primeiro diretor foi Edgard Roquette-Pinto, antropólogo e positivista identificado com o Estado Novo, que o dirigiu até 1947. Subjacente, o projeto da construção de um país “extraordinário”, forjado de cima para baixo, a partir do Estado, onde a natureza seria, mais uma vez, signo da nossa grandiosidade.

 

“Descobrimento do Brasil” é, portanto, um épico que conta uma história oficial, bem a gosto da ditadura varguista, embora tenha sido elogiado por ninguém menos que Graciliano Ramos, escritor que de forma alguma pode ser associado a esta matriz política. “Temos enfim um trabalho sério, um trabalho decente: a carta de Pero Vaz reproduzida em figuras, com admiráveis cenas, especialmente as que exibem multidão”, afirmou. A produção alacançou um grande êxito sendo largamente exibida.

 

A trilha sonora de Heitor Vila-Lobos (1887-1059), por sua vez, ressalta o caráter grandioso do filme. Da obra original, com duração de 90 minutos, o compositor extraiu mais tarde quatro suítes, sendo a última delas a mais comumente executada de forma independente nas salas de concertos.

Imagens: Reprodução
  hmaurob
O épico de Humberto Mauro foi restaurado em 1997 e está novamente disponível para os cinéfilos e estudiosos do cinema.

Dividida em duas partes; a primeira, “Procissão da Cruz”, remete ao momento em que os portugueses, após o desembarque, caminham pela nova terra. O coro masculino, que canta em latim, contrasta com o misto que entoa melodias originais indígenas recolhidas por Roquette Pinto. Na segunda, denominada “Primeira Missa no Brasil”, textos tradicionais eclesiásticos, como o “Tantum Ergo”, hino medieval atribuído a Tomás de Aquino, e “Kyrie”, uma das partes da missa, são sobrepostos às vozes femininas, que figuram as índias. Elas entoam sons onomatopaicos, à maneira de vocábulos tupis. Recurso, aliás, que Villa-Lobos adotará outras vezes, como no seu “Noneto” e no Choros no 10, “Rasga o Coração”.

 

A interpretação veiculada foi a do maestro Roberto Duarte à frente do Coro Filarmônico Eslovaco e da Orquestra Sinfônica da Rádio Eslovaca da Bratislava.

 

Suíte Villa-Rica

 

A Suíte Villa-Rica, do paulista Camargo Guarnieri, foi estruturada a partir de trechos da trilha sonora do filme “Rebelião em Villa-Rica”, produzido em 1957 pelos irmãos José Geraldo e José Renato Pereira, que desenvolveram carreira voltada para as tradições culturais de seu estado natal, Minas Gerais.

 

Foto: Reprodução
CamargoGuarnieri
Villa-Rica teria sido o único trabalho de Guarnieri para um longa-metragem.

O enredo conta a história (ficcional, mas baseada em fatos reais) de uma revolta de estudantes mineiros nos anos 1940, durante o Estado Novo, fazendo analogia desses acontecimentos com os da Inconfidência Mineira. Decorridos quase dois séculos, na mesma cidade e nos mesmos logradouros e edifícios históricos, um grupo de estudantes da Escola de Minas e Metalurgia de Ouro Preto, a antiga Villa-Rica, rebela-se contra a tentativa de transferência da faculdade para outra cidade e passa a conspirar contra os atos arbitrários da instituição. O líder estudantil é conhecido como Xavier e são seus companheiros o poeta Gonzaga, estudante, noivo de Marília, a musa inspiradora dos novos inconfidentes. O diretor da faculdade, Furtado, decreta o aumento das anuidades e a cobrança dos atrasados devidos pelos estudantes. Seus atos provocam uma onda de revoltas, que resulta na tentativa de ocupação da faculdade pelos universitários.

 

Da trilha original, Guarnieri (1907-1993) aproveitou dez números para a organização de sua suíte, mas reestruturou a ordem dos movimentos de modo a adequá-los a uma sala de concerto. A linguagem nacionalista típica do compositor é evidente. Estão presentes a seresta, a valsa e até um baião, com destaque para os solos de flauta, oboé e clarineta. A peça é instrumentada para grande orquestra, com a adição de instrumentos rítmicos brasileiros na seção da percussão. Todo o material temático é original, com exceção do quinto movimento, que aproveita uma melodia folclórica mineira. A estreia aconteceu no Rio de Janeiro em 1958, executada pela Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), com regência do próprio Guarnieri.

 

Já no programa, foi interpretada pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), sob a batuta de John Neschling.

 

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O mundo das trilhas sonoras em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
Prokofiev
Prokofiev em Nova York, 1918.

O programa desta semana destaca duas peças que fizeram parte de trilhas sonoras de filmes famosos e, ao mesmo tempo, entraram para o repertório  de concerto: “Um americano em Paris”, de George Gershwin; e “Alexander Nevsky”, de Serguei Prokofiev. Obras contrastantes, tanto quanto aos aspectos formais e musicais, como pelas circunstâncias em que foram criadas e intenções subjacentes.

O programa desta semana destaca duas peças que fizeram parte de trilhas sonoras de filmes famosos e, ao mesmo tempo, entraram para o repertório de concerto: “Um americano em Paris”, de George Gershwin; e “Alexander Nevsky”, de Serguei Prokofiev. Obras contrastantes, tanto quanto aos aspectos formais e musicais, como pelas circunstâncias em que foram criadas e intenções subjacentes.

 

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Gershwin

 

“Um americano em Paris” foi composto por encomenda da Orquestra Filarmônica de Nova York, em 1928, como uma espécie de poema-sinfônico que, segundo Gershwin, procura representar as impressões de um norte-americano ao conhecer a Cidade Luz. Temas característicos evocam o turista passeando pelos Champs-Elysées, sentando em um café no Quartier Latin em uma tarde parisiense, flanando pela capital francesa. Em certo momento, um blues nostálgico evoca os Estados Unidos, para logo a seguir ser interrompido por um charleston que retoma o clima frenético de Paris. É uma música leve, brilhante e contagiante, típica do autor da “Rapsody in Blue”.

 

Mais de duas décadas depois, em 1951, Vincent Minnelli incorporou várias canções de Gershwin à trilha sonora de um filme que dirigiu, protagonizado por Geny Kelly e Leslie Caron. Entre elas, “Um americano em Paris”, música adotada com certas liberdades para o número de dança central, o clímax da obra, que dura 16 minutos.  O musical, considerado um dos 25 melhores da história do cinema norte-americano, acabou recebendo o mesmo título da composição de Gershwin e ganhou nada menos que seis estatuetas do Oscar, incluindo as de melhor filme e melhor trilha. A gravação apresentada em Concertos UFRJ foi a da Orquestra Sinfônica de Chicago com a regência de James Levine.

 

Prokofiev

 

Já a cantata “Alexander Nevsky”, de Serguei Prokofiev, seguiu um percurso inverso. O compositor primeiro escreveu a trilha sonora para o filme de mesmo nome de Sergei Eisenstein e, mais tarde, extraiu dela sete movimentos para compor a peça. São duas obras grandiosas, o filme e a música. Curiosa parceria entre dois gênios, que colaborariam ainda nas duas partes de “Ivan, o Terrível”. Prokofiev ia todas as noites à casa de Eisenstein assistir às tomadas do dia e adequar a partitura. Por outro lado, há cenas, como confessou Eisenstein, que foram propositadamente montadas de acordo com a música de Prokofiev.

Fotograma: Reprodução
EisensteinBatalhaNoGelo  
Início da famosa sequência da Batalha do Gelo no filme de Eisenstein.

 

Como muitos dos melhores filmes de Eisenstein, “Alexander Nevsky” foi concebido como alegoria à situação política da União Soviética, então sob ameaça da Alemanha de Hitler. A trama se passa no século XIII. Em 1242, a Rússia sofria constantes invasões dos cavaleiros teutônicos, que haviam dominado a cidade Pskov, quando o príncipe Alexander Nevsky (vivido por Nicolay Cherkassov) se engaja na resistência armada e é aclamado comandante.

 

Depois de vários fracassos Nevsky e seu exército de camponeses conseguem finalmente vencer as tropas inimigas na batalha do Lago Peipus (conhecida como “A Batalha do Gelo”). Numa sequencia hoje considerada antológica, o heroísmo das tropas russas é sublinhado pela magnífica música de Prokofiev: o ímpeto guerreiro da cena permitiu que compusesse uma de suas melodias e orquestrações mais “bárbaras”.

 

Ironicamente, porém, o filme foi retirado de circulação, a mando de Stalin, por ocasião da assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop, em 1938, logo após ser finalizado. Em 1941, com a invasão dos exércitos nazistas, a situação política mudou drasticamente e a obra voltou às telas com enorme sucesso, tanto na URSS como internacionalmente.

 

Em 1939 Prokofiev reuniu alguns dos trechos principais de sua composição dando a ela o formato de uma cantata (Op. 78) para solo de mezzo-soprano, coro e orquestra; como, aliás, a costuma ser executada nas salas de concertos. Das 21 partes originais, o compositor selecionou sete: “A Rússia sob domínio mongol”; “A canção de Alexandre Nevsky”; “Os cavaleiros teutônicos em Pskov”; “As armas do povo russo”; “A Batalha do Gelo”; “Os campos da morte” e “A entrada de Alexandre Nevsky em Pskov”. A interpretação veiculada foi a de Elena Obraztsova, com o Coro e a Orquestra da Sinfônica de Londres, sob direção de Claudio Abbado.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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A música mexicana em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
Arturo Marques
Arturo Marquez, um dos compositores abordados no programa.

Um passeio pela música mexicana é a proposta desta semana de Concertos UFRJ. Muito diversificada, a produção do país bebe em diferentes matrizes culturais, em especial nas tradições dos povos indígenas da região e nas de origem europeia. No programa, obras de compositores como Manuel Ponce, Silvestre Revueltas, Carlos Chaves e Arturo Marquez, entre outros.

A música dos compositores latino-americanos foi tema de Concertos UFRJ em duas ocasiões. A focou os compositores venezuelanos. O programa desta semana convida a um passeio pela música mexicana que, bastante diversificada, comporta uma gama de diferentes matrizes culturais, em especial a das tradições dos povos indígenas da região e as de origem europeia.

 

Felipe Villanueva e Juventino Rosas

 

Felipe Villanueva, violinista e compositor, nasceu em 1862 e faleceu, ainda jovem, em 1893. Apesar do pouco tempo de vida deixou várias composições orquestrais e peças de fôlego, entre elas algumas óperas. A “Vals Poético”, apresentada pelo programa com a Orquestra Festival do México sob a regência de Enrique Bátiz, é a mais conhecida delas. Possui uma melodia fluente e evocativa, sendo uma das poucas a se manter no repertório.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

Como Villanueva, Juventino Rosas teve vida curta. Nasceu em 1868 e faleceu com 26 anos em 1894. Suas valsas agradam bastante ainda hoje e costumam ser executadas em concertos populares, ao lado das de Johann Strauss. Entre elas, o programa destacou “Sobre las olas” (Sobre as ondas). A interpretação, mais uma vez, coube à Orquestra Festival do México sob a regência de Enrique Bátiz.

 

Manuel Ponce

 

Apesar no sucesso internacional se sua canção “Estrellita”, Manuel Ponce é  reconhecido por sua vasta produção para o violão. Ponce nasceu no estado de Zacatecas, em 1882, e morreu em 1948. Um dos mais importantes compositores nacionalistas mexicanos, adotou com frequência elementos da música popular. De Manuel Ponce Concertos UFRJ pinçaram a gravação do primeiro movimento da “Sonatina Meridional” com o violonista francês Gerard Abiton.

 

Silvestre Revueltas

 

No século XX o México foi dos países latino-americanos onde a escola nacionalista mais floresceu. O compositor Silvestre Revueltas, um dos mais originais a seguir esta vertente, produz uma obra marcada por impressionante variedade rítmica. Nasceu em 1899 no estado de Durango e estudou no Conservatório Nacional de Música da Cidade do México e, posteriormente, na Faculdade de Música de Chicago. Organizou festivais de música contemporânea em seu país e ocupou posições importantes na vida musical mexicana. Faleceu prematuramente em 1940.

 

“Sensemayá” (canto para matar uma serpente), certamente sua composição mais importante, toma por base um poema de mesmo nome do poeta cubano Nicolás Guillénente. Os ritmos marcados em compassos de sete tempos dão à obra um impulso irresistível. “Sensemayá” foi apresentada na versão da Orquestra Filarmônica de Nova York, tendo à frente o famoso maestro Leonard Bernstein.

 

Blas Galindo

 

Nascido em 1910 em uma aldeia remota na região de Jalisco, Blas Galindo começou relativamente tarde seus estudos musicais. O talento e a dedicação fizeram, porém, com que dominasse em pouco tempo uma grande variedade de técnicas composicionais. Foi diretor do Conservatório Nacional de Música da Cidade do México e membro da Academia Mexicana de Artes. Sua peça mais conhecida “Sones de Mariachi”, escrita para o Museu de Arte Moderna de Nova York, utiliza temas tradicionais mexicanos. O programa levou ao ar a interpretação de Enrique Bátiz com a Orquestra Festival do México.

 

Carlos Chaves

 

Compositor mexicano de maior projeção no século XX, Carlos Chaves viveu entre 1899 e 1978. Sua “Sarabanda para cordas” faz parte da suíte do ballet “La Hija de Cólquide”, escrita em 1943 para a companhia de Martha Graham. A versão, mais uma vez, a da Orquestra Festival do México com o maestro Enrique Bátiz.

 

Pablo Moncayo

 

“Huapango”, de José Pablo Moncayo, talvez seja a peça de autor mexicano mais executada pelas orquestras em todo o mundo. O compositor nasceu na cidade de Guadalajara em 1912 e, em uma viagem na companhia de Blas Galindo à região de Alvarado, recolheu canções de ritmos variados do povo de Huapango, que desenvolveu posteriormente numa partitura onde esses temas populares passeiam por toda a orquestra, com destaque para os solos de trompete e trombone. A gravação que foi ao ar trouxe o maestro Maximiano Valdes à frente da conhecida Orquestra Sinfônica Simon Bolívar da Venezuela.

 

Arturo Marquez


O último compositor abordado, Arturo Marquez, é um dos maiores da atualidade latino-americana.  Nasceu em 1950 e, ao longo da carreira, recebeu inúmeros prêmios internacionais e condecorações em seu país. Sua formação musical inclui estudos no México, nos Estados Unidos e na França.

 

No início dos anos 1990 começou a escrever sua série de “Danzones” em que utiliza temas cubanos e da região mexicana de Veracruz como base. A mais executada dessas peças, a Danzón no. 2, acabou popularizada pela Orquestra Sinfônica Simón Bolívar da Venezuela que, em suas tournées pelos Estados Unidos e Europa com o maestro Gustavo Dudamel, a executou com frequência. A interpretação veiculada foi, porém outra, a Orquestra Sinfônica de Minería, sob a direção de José Arcam.

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.