Música brasileira para oboé, fagote e piano em Concertos UFRJ

Foto: Ana Liao
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Aloysio: projeto combina pesquisa acadêmica com produção artística.

O programa Concertos UFRJ, que no mês de janeiro apresenta uma seleção da temporada passada, reprisa a edição dedicada ao CD Música Brasileira para oboé, fagote e piano. O álbum reúne obras de seis compositores nascidos ou radicados no país escritas para esta formação camerística pouco conhecida do grande público, cobrindo um período que vai do século XIX à contemporaneidade.

O programa Concertos UFRJ, que no mês de janeiro apresenta uma seleção da temporada passada, reprisa a edição dedicada ao CD Música Brasileira para oboé, fagote e piano. O álbum reúne obras de seis compositores nascidos ou radicados no país escritas para esta formação camerística pouco conhecida do grande público, cobrindo um período que vai do século XIX à contemporaneidade.

 

 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
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O álbum foi editado pelo Selo UFRJ Música com patrocínio da Fapej, fundação de fomento à pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. A iniciativa é do fagotista Aloysio Fagerlande, docente da Escola de Música (EM), e integra um projeto mais amplo de pesquisa que visa levantar e discutir a participação desse instrumento na música brasileira de concerto.

 

Em 2011. o professor lançou pelo mesmo selo o CD Música Brasileira de concerto para fagote, reunindo obras para fagote solista de orquestra de câmara de compositores ligados à Escola de Música. Na ocasião, a gravação foi assunto de duas de Concertos UFRJ.

 

Além de Fagerlande, participam o oboísta Luis Carlos Justi, professor da UNIRIO, e a pianista Fany Solter. Embora brasileira, Fany está radicada há muito tempo na Europa, sendo atualmente catedrática de piano da Escola Superior de Música de Karlsruhe (Hochschule für Musik Karlsruhe), Alemanha, instituição da qual foi reitora de 1984 a 2001.

 

O projeto foi contemplado em 2011 com o Edital de Apoio as Artes da do Rio de Janeiro. Ele é fruto também de uma parceria acadêmica da UFRJ e da UNIRIO com a Escola de Música de Karlsruhe. Uma colaboração que, entre outra iniciativas, proporciona o intercâmbio de docentes e estudantes de graduação com aquela instituição e que, desde 2008, realiza o Festival Brasil-Alemanha.

 

Sigismond Neukomm, Amaral Vieira, João Gillherme Ripper, Tim Rescala, Ernest Mahle e Dawid Korenchendler são os compositores registrados no disco.

 

Como destaca Fagerlande, apesar de pouco comum no repertório camerístico, o trio para oboé, fagote e piano ganhou um maior destaque quando Francis Poulenc escreveu em 1926 uma peça para a formação, que se tornou emblemática. A partir daí um maior número de compositores passaram explorar a coloratura do oboé e do fagote, de palheta dupla, que, aliados ao piano, deram um resultado, se não equivalente ao virtuosismo do tradicional trio para violino, violoncelo e piano, pelo menos riquíssimo em sonoridades coloridas e variadas.

 

Em parte inspirados em compositores europeus e americanos algumas obras composta para este grupo de instrumentos começaram a aparecer no repertório nacional. Um tendência que vem aumentando nos últimos anos.

 

Os interessados podem adquirir o CD através do site da Livraria Arlequim.

 

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O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: .

 

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Música Brasileira para oboé, fagote e piano

 

Repertório do CD

 

Sigismond Neukomm

Nocturne

 

Amaral Vieira

Episódios, Op. 232

 

João Gillherme Ripper

From My Window no 1

Biking by the Sea (Orla)

Sunset (Anoitecer)

Bossa-Nova

 

Tim Rescala

Trio (2007)

 

Dawid Korenchendler

Serenata

OSUFRJ executa sinfonias de Haydn

Foto: Ana Liao
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Felipe Prazeres conduziu a OSUFRJ em concerto dedicado a Hydn.

Concertos UFRJ, que está apresentando no mês de janeiro uma seleção de melhores programas da temporada passada, reprisa esta semana a edição dedicada ao concerto que a Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) realizou no dia 05 de março, no Salão Leopoldo Miguez. Na apresentação, que comemorou Dia Nacional da Música Clássica, foram executadas as sinfonias 6, 7 e 8 de Joseph Haydn.

Concertos UFRJ, que está apresentando no mês de janeiro uma seleção de melhores programas da temporada passada, reprisa esta semana a edição dedicada ao concerto que a Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) realizou no dia 05 de março, no Salão Leopoldo Miguez. Na apresentação, que comemorou Dia Nacional da Música Clássica, foram executadas as sinfonias 6, 7 e 8 de Joseph Haydn, compositor que personifica o chamado “classicismo vienense” ao lado de Mozart e Beethoven. As duas primeiras peças foram ao ar em gravação ao vivo.

 

   
 
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Chamado por Mozart de “o pai de todos os compositores”, Haydn (1732-1809) é um dos expoentes da tradição musical. A ele se atribui o estabelecimento do quarteto de cordas e da sinfonia clássica. Ao todo escreveu 104 sinfonias e 68 quartetos. Também produziu concertos para oito instrumentos diferentes; várias missas; dois grandes oratórios, “A criação” e “As estações”; treze óperas em italiano e seis em alemão; inúmeras obras para trios e para piano. Sem mencionar centenas de canções inglesas, escocesas e galesas.

 

Compostas provavelmente no ano 1761, logo após o autor sido contratado pela corte da família Esterházy, na Hungria, as sinfonias nº 6 em Ré Maior (“Le Matin”, A Manhã), nº 7 em Dó Maior (“Le Midi”, O Meio-Dia) e a nº 8 em Sol Maior (“Le Soir”, A Tarde) formam uma espécie de unidade. Não por acaso, foram estreadas em um único concerto.

 

Um dos traços marcantes dessas sinfonias, a presença de instrumentos solistas, as aproximam bastante do antigo concerto grosso, forma de origem barroca. Um afinidade ressaltada pela adoção do baixo contínuo.

 

A sinfonia nº 6 (“Le Midi”) está dividida em quatro movimentos: I – Adagio/Allegro, II – Adagio, III – Menuet, e IV – Finale/Allegro. A introdução evoca o nascer do sol, ao que se segue o allegro em forma sonata com o tema principal sendo exposto pela flauta. O movimento lento reúne apenas os instrumentos de cordas e desenvolve um andante central com solos elaborados de violino e violoncelo, circundados por dois adágios.  O terceiro movimento destaca o solo de flauta e um trio em que dialogam fagote e violoncelo, coadjuvados pelo contrabaixo. Encerra a obra, um alegro com várias passagens concertantes.

 

A gravação traz Andréia Carizzi, violino; Rúbia Siqueira, viola; Gretel Paganini, violoncelo; Tarcísio Silva, contrabaixo; e Paulo Andrade, fagote. Felipe Prazeres, rege a OSUFRJ.

 

A sinfonia seguinte da trilogia, a nº 7 (“Le Midi”), acentua elementos da linguagem barroco, ainda que integrados a um sinfonia clássica. No primeiro movimento, uma Adagio/Allegro, além dos instrumentos solistas, aparecem figuras rítmicas pontuadas e um trabalho contrapontista mais intenso. Um recitativo com violino solo lembra uma cena de ópera com modulações e mudanças de andamento. O movimento seguinte, em adagio, cria um contraste com o anterior pelo caráter sereno e a presença de duas flautas. Ao final do desta parte, Haydn introduz uma cadência em que dialogam violino e violoncelo. Já no trio do quarto movimento, um minueto, destacam-se as trompas e o contrabaixo solista. O quinto, incomum nas obras do período, é um allegro que conclui com curta fanfarra.

 

Os solistas foram Marco Catto e Her Agapito, violinos; Mateus Cecatto, violoncelo; e Rodrigo Favaro, contrabaixo. A regência, uma vez mais esteve a cargo de Felipe Prazeres.

 

Encerra o programa a sinfonia 27, em Sol Maior, de Haydn. Em três movimentos – Allegro molto, Andante: siciliano, e Finale: Presto – a gravação veiculada foi a do maestro Antal Doráti a frente da Orquestra Filarmonia Hungárica.

 

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Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

Trio alemão grava música de câmara brasileira

Foto: Divulgação
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Michael Uhde, idealizador do projeto que deu origem ao CD.

O programa Concertos UFRJ, que apresenta no mês de janeiro uma seleção de grandes momentos da temporada 2013, reprisa esta semana a edição dedicada ao CD “Brasilianishe Kammermusic” (Música de Câmara Brasilweira). O projeto, uma iniciativa do conceituado pianista alemão Michael Uhde com duas de suas filhas, a violinista Katharina Uhde e a violoncelista Tatjana Uhde, reúne uma boa amostra da produção de câmara brasileira dos períodos romântico e nacionalista.

O programa Concertos UFRJ, que apresenta no mês de janeiro uma seleção de grandes momentos da temporada 2013, reprisa esta semana a edição dedicada ao CD “Brasilianishe Kammermusic” (Música de Câmara Brasilweira). O projeto, uma iniciativa do conceituado pianista alemão Michael Uhde com duas de suas filhas, a violinista Katharina Uhde e a violoncelista Tatjana Uhde, reúne uma boa amostra da produção de câmara brasileira dos períodos romântico e nacionalista.

 

 
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A ligação de Michael Uhde com o Brasil é antiga. Docente da Escola Superior de Música de Karlsruhe, Alemanha, da qual é atualmente vice-reitor, visita com frequência nosso país para participar de atividades acadêmicas e artísticas. Como pesquisador, tem grande interesse pela música de câmara brasileira o que o levou a colecionar um grande acervo de partituras e documentos sobre compositores brasileiros.

 

Os três músicos, que desenvolvem isoladamente carreias de sucesso, estiveram recentemente no Brasil, para divulgar o álbum que foi produzido aqui, mas gravado no início do ano em Karlsruhe. O repertório inclui obras significativas de Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri e Luciano Gallet. Ao todo seis peças escritas para violino e piano; para violoncelo e piano; e para violino, violoncelo e piano.

 

O Trio

 

O pianista Michael Uhde nasceu em uma família musical, recebendo as primeiras aulas de seu pai, Jürgen Uhde, pianista e autor de vários livros importantes para a literatura do instrumento. Estudou na Universidade de Música de Freiburg, com Carl Seemann e, como bolsista do Studienstiftung des Deutschen Volkes, com Bruno Canino, no Conservatório G. Verdiem Milão. Apresentou-se por diversos países em inúmeras formações de câmara, a citar, entre elas, os duos com o violoncelista Antonio Meneses e com o violinista Antonio Pellegrini. Colaborou com diversos grupos, tais como o “Schumann Ensemble”, “Ensemble 13 Baden-Baden” e o “Ensemble Recherche”, o que possibilitou a realização de turnês pela Europa, Estados Unidos e América do Sul. Michael Uhde é, desde 1996, catedrático de Piano e Música de Câmara na Universidade de Música de Karlsruhe. Seu prestígio como docente tem lhe valido constantes convites para compor júris de concursos e ministrar cursos em países como Itália, Rússia, Canadá, Suécia, Suíça, Áustria e Noruega.

 

  Foto:  Divulgação
 

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  Família de músicos: Michael, Katharina e Tatjana.

Katharina Uhde estudou na Universidade de Música de Karlsruhe com Josef Rissin e, depois, com Ulf Hoelscher, recebendo os diplomas de artista e de professora, com distinção. Com uma bolsa de estudos Fulbright foi para os Estados Unidos, onde concluiu o doutorado em Artes Musicais na Universidade de Michigan sob a orientação de Stephen Shipps. Participando de extensas atividades como camerista junto ao Quarteto Viktor Ullmann, ganhou competições internacionais, como o “Concertino Praga”, e participou de recitais de música de câmara com Martha Argerich e Ivri Gitlis. Como solista, apresentou-se com diversas orquestras na Europa e nos Estados Unidos, como a Filarmônica de Baden-Baden e a Orquestra da Universidade de Michigan, e, em 2012, com a Orquestra da Universidade de Música de Belgrado e a Sinfonietta Lemberg.

 

As primeiras aulas de violoncelo de Tatjana Uhde começaram com sua mãe Sanja Uhde. Estudou com Martin Ostertag na Universidade de Música de Karlsruhe, e com Philippe Muller no Conservatório Nacional Superior de Música e de Dança de Paris, onde se graduou e obteve o diploma de artista, com distinção. Concluiu seus estudos com Antonio Meneses, na Universidade de Música de Berna. Recebeu o primeiro prêmio no Concurso Internacional de Música de Câmara “Concertino Praga” e o segundo prêmio no prestigioso Concurso Internacional de Violoncelo-Solo “Witold Lutoslawski”, em Varsóvia. Em março de 2013, o Quarteto de Cordas Capriccio, do qual faz parte, recebeu o primeiro prêmio no “Concurso Internacional de Música de Câmera”, em Illzach. Atualmente é violoncelista solista na Ópera Nacional de Paris.

 

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Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, o programa radiofônico Concertos UFRJ vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado pelo professor André Cardoso, as edições passadas podem ser acompanhadas no podcast, audio sob demanda, da Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

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Repertório do CD

 

Henrique Oswald

Trio para piano em Ré Maior Op. 28 (1987)

I. Allegro Moderato

II. Scherzo (Presto) – Piú Moderato

III. Adagio

IV. Presto

 

Henrique Oswald

Sonatina em Fá Sustenido Menor para Trio de piano (1908)

Allegro

 

Alberto Nepomuceno

Tarantella para violoncelo com acompanhamento de piano (1908)

Vivo

 

 

Francisco Mignone

Canção sertaneja para violino, violoncelo e piano (1932)

 

Camargo Guarnieri

Canção sertaneja para violino e piano (1928)

Dolentemente

 

Luciano Gallet

Elegia para violoncelo e piano

Lento

Ana Vidovic interpreta o Concerto de Aranjuez com a OSUFRJ

Foto: Ana Liao
Ana Vidovic
Vidovic com a OSUFRJ no III Festival Internacional de Violão da UFRJ.

Concertos UFRJ apresentam no mês de janeiro uma seleção de grandes momentos da temporada 2013 do programa. Nesta semana o destaque é a apresentação da violonista croata Ana Vidovic no encerramento do III Festival Internacional de Violão da UFRJ.

Concertos UFRJ apresentam no mês de janeiro uma seleção de grandes momentos da temporada 2013 do programa. Nesta semana o destaque é a segunda parte do recital da violonista croata Ana Vidovic no encerramento do III Festival Internacional de Violão da UFRJ. Acompanhada pela Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) e sob a direção do maestro Tobias Volkmann, Vidovic interpretou o famoso Concerto de Aranjuez, do compositor espanhol Joaquín Rodrigo. A gravação ao vivo foi realizada no dia 27 de outubro de 2012 no Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música.

 

O programa completa edição que levou ao ar a primeira parte do recital em que Vidovc, uma das maiores virtuoses da atualidade, tocou peças de Joaquim Turina, Fernando Sor, Bach e William Walton.

 

 
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Concerto de Aranjuez

 

Talvez a obra para violão e orquestra mais executada, o Concerto de Aranjuez é uma das maiores criações para o instrumento escritas no século passado. Composto no início de 1939, quando Rodrigo estava em Paris, distante de sua amada Espanha então conflagrada pelas guerra civil, e no epicentro de uma Europa prestes a sucumbir à Segunda Guerra Mundial, tem como inspiração os belos jardins do Palácio Real de Aranjuez, originalmente construído como residência de primavera de Filipe II de Espanha e redesenhado em meados do século XVIII para Fernando VI.

 

Foi a primeira peça que compôs para violão e orquestra. Sua estreia ocorreu em 9 de novembro de 1940, no Palácio da Música Catalã, em Barcelona, tendo como solista Regino Sáinz de la Maza y Ruiz, a quem a obra é dedicada. A orquestra, a Filarmônica de Barcelona liderada na ocasião por César Mendoza Lasalle.

 

O concerto está dividido em três movimentos (Allegro con spirito, Adagio e Allegro gentile) e, como afirma o autor, tenta capturar “a fragrância das magnólias, o cantar dos pássaros e o jorro das fontes” dos jardins de Aranjuez. Ainda segundo Rodrigo, o primeiro movimento é “animado por um espírito e um vigor sem que nenhum dos dois temas interrompa seu ritmo incansável”, o segundo “representa um diálogo entre guitarra e instrumentos de sopro (corne inglês, fagote, oboé, trompa, etc.)”, e o último “lembra uma dança cortesã em que a combinação de tempo duplo e triplo mantém um ritmo tenso até a barra de fechamento”.

 

A orquestração é bastante leve e o violão, que raramente confronta o conjunto da formação, dialoga com diversos instrumentos como o corne inglês no segundo movimento, uma das melodias mais inspiradas do compositor e que ganhou inúmeras versões autônomas.

 

Rodrigo e sua esposa Victoria mantiveram silêncio por muitos anos sobre as fontes do segundo movimento, o que fez crescer a suspeita de que houvesse sido sugerido pelo bombardeio de Guernica, em 1937. Em sua autobiografia, Victoria afirma entretanto que é uma evocação dos dias felizes da lua de mel, ao mesmo tempo, que uma resposta à tristeza da perda do primeiro filho do casal.

Fotos: Ana Liao

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Recuerdos de la Alhambra

 

Após o Concerto de Aranjuez, Vidovic tocou como bis o famosa Recuerdos de la Alhambra(Memórias da Alhambra), do compositor espanhol Francisco Tárrega (1852 –  1909). Tárrega, como muitos músicos de sua época, combinou a tendência romântica europeia com elementos do folclore espanhol, o que transparece na obra, escrita em 1896.

 

Fantasía para un gentilhombre

 

Encerrando o programa, Concertos UFRJ levaram ao ar mais uma obra de Joaquín Rodrigo, a Fantasía para un gentilhombre. Rodrigo a compôs em 1954, a pedido de Andrés Segovia, o gentilhombre do título. O próprio Segovia a estreou em 5 de março de 1958, em San Francisco, EUA, com a San Francisco Symphony conduzida por Enrique Jordá. Seus quatro movimentos (Villano y Ricercare; Españoleta y Fanfare de la Caballería de Nápoles; Danza de las Hachas; e Canario) são baseados em danças curtas para violão solo de autoria do compositor espanhol do século XVII, Gaspar Sanz. A interpretação veiculada foi a do violonista Narciso Yepes com a Orquestra de Câmara Inglesa dirigida por García Navarro.

 

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Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, o programa radiofônico Concertos UFRJ vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado pelo professor André Cardoso, as edições passadas podem ser acompanhadas no podcast, audio sob demanda, da Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

Concertos UFRJ: Guerra-Peixe

Foto: Divulgação
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Gerra-Peixe: (1914-1993): pesquisador, professor e ensaísta.

A obra de Gerra-Peixe, um dos maiores compositores brasileiros, é o tema da edição desta semana de Concertos UFRJ. Uma homenagem ao músico nos vinte anos de seu falecimento, ocorrido em 1993. Apresentado por André Cardoso, docente e diretor da Escola de Música (EM), o programa é resultado de uma parceria da UFRJ com a rádio Roquette Pinto e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

A obra de Gerra-Peixe, um dos maiores compositores brasileiros, é o tema da edição desta semana de Concertos UFRJ. Apresentado por André Cardoso, docente e diretor da Escola de Música (EM), o programa é resultado de uma parceria da UFRJ com a rádio Roquette Pinto e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

 

 

 

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Filho de imigrantes portugueses de origem cigana, César Guerra-Peixe nasceu em Petrópolis, RJ, em 18 de março de 1914. Seu pai, instrumentista amador, o iniciou na música e com 11 anos ingressa na Escola de Música Santa Cecília, da sua cidade natal, onde se desenvolve em piano e violino. Em 1943, é aprovado no Instituto Nacional de Música, atual EM, estudando violino com Paulina d’Ambrósio e harmonia com Newton Pádua, de quem foi aluno também no Conservatório Nacional de Música e a quem deve grande parte de sua formação inicial como compositor.

 

As partituras desse período, compostas segundo o modelo da melodia brasileira, foram quase todas destruídas mais tarde pelo próprio autor. Forma-se me 1944 e biscando novos horizontes passa a frequentar aulas particulares com Hans-Joachim Koellreutter – músico alemão recém-chegado que difundiu no Brasil as propostas das vanguardas europeias, em especial as do dodecafonismo. Nessa época, participava ativamente do grupo Música Viva, que incluía, além do próprio Koellreutter, Cláudio Santoro, Edino Krieger e Eunice Katunda, entre outros, e que teve um papel importante na atualização do meio musical do país.

 

Nessa atmosfera efervescente, Guerra-Peixe passa a compor obras de caráter mais universal e conforme os pressupostos da nova estética que o fazem conhecido mais amplamente. Entretanto, após buscar sem sucesso conciliar as técnicas dodecafônicas com a tradição brasileira, e já muito influenciado pelas ideias de Mário de Andrade, acaba aderindo ao nacionalismo. A Suíte para orquestra de cordas, composta em 1949 e com os movimentos propositadamente bem brasileiros Maracatu, Pregão, Modinha e Frevo, assinala essa virada estética e programática. A partir daí, o material folclórico, em especial o nordestino, ganha cada vez mais relevo na sua produção, facilitado por sua transferência para o Recife, o que lhe permite realizar pesquisas de campo, aproveitadas ao longo dos anos 50 em suas obras. Editado pela Ricordi, parte desse material foi publicado em 1955 sob o título Maracatus do Recife.

 

Guerra-Peixe trabalhou como arranjador, compôs trilhas para cinema, e realizou incursões no campo da música popular brasileira. Ao mesmo tempo, desenvolveu intensa atividade como docente, contribuindo para formar toda uma geração de novos compositores. Foi professor da Escola de Música da UFMG, da Escola de Música Villa-Lobos e, nos últimos anos de vida, da Escola de Música da UFRJ, instituição em que havia se formado.

 

O ano de 1976 inaugura a última fase de sua trajetória musical, na qual a afirmação nacionalista já não se expressa sob a forma direta do recurso a configurações musicais populares. O folclore não é, entretanto, abandonado, mas superado, como faz questão de assinalar. Permanece como substrato inconsciente a partir do qual se forjam valores e elementos estéticos que guiam o trabalho do compositor, agora com mais liberdade.

 

O compositor nos deixou em 24 de novembro de 1993. Os interessados podem conhecer um pouco mais da sua vida e da sua obra no site do Projeto Guerra-Peixe.

 

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Concertos UFRJ: Especial de Natal

Foto: Reprodução
Ralph Vaughan Williams
Vaughan Williams reúne canções in­gle­sas em uma fantasia natalina.

Concertos de Natal apresentam esta semana uma seleção de obras natalinas. Afinal a data, que inspirou longo do tempo um grande número de compositores, deu origem a um repertório específico e vasto que conta com criações emblemáticas como os famosos oratórios de Natal de J. S. Bach.

Concertos de Natal apresentam esta semana uma seleção de obras natalinas. Afinal a data, que inspirou longo do tempo um grande número de compositores, deu origem a um repertório específico e vasto que conta com criações emblemáticas como os famosos oratórios de Natal de J. S. Bach e o conhecidíssimo “Messias” de Haendel. Na edição, entretanto, os destaques são criações mais recentes de músicos ingleses, franceses e norte-americanos, o que mostra o caráter universal desta tradição. Resultado de uma parceria da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, o programa vai ao ar toda segunda feira às 22h na sintonia 94,1 FM e conta com a produção e apresentação de André Cardoso, professor da Escola de Música.

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Inglaterra

 

A tradição inglesa é repleta de obras dedicadas ao natal, especialmente aquelas para coro. Um exemplo dessa copiosa produção é a conhecida Fantasia sobre Canções de Natal do compositor Ralph Vaughan Williams, que viveu entre 1872 e 1958. Considerado em seu país uma glória nacional, Williams escreveu sinfonias, música de câmara, ópera, música coral e trilhas para filmes. A obra apresentada no programa foi composta para o Natal de 1912 a partir de quatro canções tradicionais inglesas, das quais era grande pesquisador e admirador. A versão que foi ao ar conta com o barítono John Barrow como solista, o Coro da Catedral de Guildford e orquestra dirigida por Barry Rose.

 

França

 

Os franceses, embora não tenham deixado oratórios tão representativos quanto os compositores ingleses e alemães, contribuíram com obras maravilhosas para o repertório natalino. O compositor Camile Saint-Saenz (1836-1921), por exemplo, compôs seu conhecido Oratório de Natal op. 12 em 1858, aos 23 anos.

 

Obra de orquestração modesta, que pede apena um grupo de cordas e mais um órgão e uma harpa, no entanto, cria sonoridades belíssimas que emolduram os solos do quarteto vocal. Rica em lirismo e de caráter contemplativo é uma peça encantadora com lindos solos e trechos corais e dividida em onze partes com texto em latim. A introdução orquestral é uma pastoral na qual o compositor foi claramente inspirado pelo movimento semelhante do Oratório de Natal de Bach. Já o coro final lembra os oratórios de Haendel. A interpretação veiculada conta com Ute Selbig, soprano, Elisabeth Wilke, mezzo, Annette Markert, contralto, Armin Ude, tenor, Egbert Junghanns, barítono, Jutta Zoff na harpa e Michael Winkler ao órgão. O coro e orquestra filarmônica de Dresden são dirigidos por Martin Flämig.

 

EUA

 

As mais célebres canções natalinas tradicionais de todo o mundo foram reunidas em uma obra que o compositor norte-americano Leroy Anderson (1908-1975), um dos maiores compositores de seu país, chamou de Christmas Festival. Podemos identificar, entre outras, The first Noel, Jingle Bells, Noite Feliz e Adese Fideles. A versão veiculada apresenta a Orquestra Sinfônica da UFRJ  (OSUFRJ) sob a direção de André Cardoso.

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Concertos UFRJ: Cantata BWV 36, de J. S. Bach

Foto: Divulgação
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Ton Koopman assina uma importante gravação das cantatas de Bach.

A cantata BWV 36 de J. S. Bach, composta para o primeiro domingo do Advento, período litúrgico que corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal, é o assunto da edição desta semana de Concertos UFRJ. Para os cristãos o período marca um momento de alegria e expectativa com o nascimento de Jesus e a renovação das esperanças de paz e fraternidade que traz. O programa radiofônico, resultado de uma parceria da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda feira às 22h na sintonia 94,1 FM e conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da Escola de Música.

A cantata BWV 36 de J. S. Bach, composta para o primeiro domingo do Advento, período litúrgico que corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal, é o assunto da edição desta semana de Concertos UFRJ. Para os cristãos o período marca um momento de alegria e expectativa com o nascimento de Jesus e a renovação das esperanças de paz e fraternidade que traz. O programa radiofônico, resultado de uma parceria da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda feira às 22h na sintonia 94,1 FM e conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da Escola de Música.

 

As cantatas constituem o grosso da produção J. S. Bach (1685 – 1750), mas apenas nas últimas décadas sua importância vem sendo reconhecida. Esquecidas quase por completo no século XIX, até meados do século XX somente um punhado delas havia sido estudado em detalhe, situação que vem mudando por causa do rápido crescimento dos estudos bachianos. A maior parte é sacra, compostas em Weimar e principalmente Leipzig, mas o mestre do barroco cultivou o gênero ao longo de quase toda a sua carreira.

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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Muitas foram perdidas. Bach teria composto cinco ciclos completos para o ano eclesiástico, fora as cantatas profanas, o que representaria mais de 350 obras, das quais sobrevivem 194. Peças de ocasião, as cantatas sacras eram por regra executadas apenas uma única vez.

 

As de sua fase inicial são escritas segundo o modelo alemão do século XVII, sem recitativos ou árias da capo, elementos de origem operística italiana que só aparecem em suas obras maduras. Mais tarde se consolidou um formato italianizado, com uma abertura mais elaborada com coro, seguida de uma alternância de cinco ou seis árias da capo e recitativos para voz solo, encerrando com uma harmonização coral simples homofônica a quatro vozes, quando a congregação possivelmente se unia ao coro. Entretanto, são encontradas também outras soluções formais, incluindo fugas, cânones, variações sobre um ostinato, formas concertantes, influência da abertura francesa e do antigo moteto, além de se valerem de uma ampla gama de forças instrumentais.

 

A cantata BWV 36, “Schwingt freudig euch empor” (“Eleva-se com alegria até as estrelas”) foi composta em Leipzig para o primeiro domingo do Advento em 1731 e estreou no mesmo ano, em dois de dezembro. A liturgia recorda a entrada triunfal de Jesus, acompanhado dos apóstolos em Jerusalém. O texto de base é retirado das Epístolas de São Paulo aos Romanos e do Evangelho segundo São Mateus a partir de hinos de Lutero, Philipp Nicolai e Christian Friedrich Henrici (Picander).  A música, por seu turno, foi reaproveitada de uma cantata secular composta originalmente em 1725 para comemorar o aniversário da universidade local.

 

A partitura estabelece quatro solistas (soprano, contralto, tenor e baixo) e coro a quatro vozes, dois oboés d’amore, dois violinos, viola e baixo contínuo. Sua estrutura, intercalando coros e árias com corais, é única entre as cantadas do compositor.

 

A versão veiculada foi a do maestro Ton Koopman a frente do Coro & Orquestra Barroca de Amsterdã. Datada de 2002 conta com o soprano Sandrine Piau; o contralto Bogna Bartosz; o tenorJames Gilchrist; e o baixo Klaus Mertens nos papéis principais.

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Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Concertos UFRJ: “Responsórios Fúnebres” de Nunes Garcia ganha

Foto: Divulgação
Ernani Aguiar
Ernani Aguiar rege coro e orques­tra na primeira gravação da obra.

Atendendo a pedidos dos ouvintes a edição desta semana de Concertos UFRJ reapresenta o programa dedicado à primeira gravação mundial dos Responsórios Fúnebres de José Maurício Nunes Garcia, seguramente o mais importante compositor brasileiro do período colonial. Lançado no final de agosto, a iniciativa é do Coral Porto Alegre e conta com a participação de orquestra especialmente reunida para a ocasião e com a regência do maestro Ernani Aguiar.

Atendendo a pedidos a edição desta semana de Concertos UFRJ reapresenta o programa dedicado à primeira gravação mundial dos Responsórios Fúnebres de José Maurício Nunes Garcia, o mais importante compositor brasileiro do período colonial. Lançado no final de agosto, a intepretação da obra é do Coral Porto Alegre com orquestra especialmente reunida e regência do maestro Ernani Aguiar.

 

Criado em 1996 sob a orientação do maestro Aguiar e da professora Gisa Volkmann, sua atual diretora artística e técnica, este é o quarto CD do Coral Porto Alegre que contabiliza um repertório bastante amplo que abrange a música à capella, a produção coral-sinfônica, a música sacra acompanhada de órgão e inclui participações em espetáculos operísticos. Os interessados em adquiri-lo devem consultar o site do grupo.

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Como muitos compositores do período após sua morte a obra de José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830) conheceu um ocaso que perdurou até o início do século passado, quando voltou a ser valorizada. Durante este período uma parte importante das partituras do compositor foi descartada ou desprezada como obsoleta, inadequada ao gosto do público contemporâneo. Muitas obras, entretanto, mantiveram uma circulação ainda que restrita por meio de cópias feitas à mão por músicos de outras localidades do Brasil em passagem pelo Rio, cidade em que Nunes Garcia viveu e criou. Felizmente, muitas dessas transcrições sobreviveram aos originais e vêm sendo recuperadas pelo trabalho minucioso de musicólogos e pesquisadores em acervos particulares e públicos existentes em diversos estados do Brasil.

 

É o caso dos Responsórios Fúnebres, cujo único exemplar conhecido pertence no arquivo da Orquestra Ribeiro Bastos na cidade de São João Del Rei, em Minas Gerais. A formação, que remonta a grupos musicais atuantes naquela cidade em meados do séc. XVIII, abriga um importante conjunto de manuscritos, constituído principalmente de obras destinadas às celebrações religiosas de sua responsabilidade, como também inúmeras partituras de músicas de salão do final do séc. XIX e início do XX. Em partes individuais, de copista desconhecido e sem datação, a atribuição da autoria dos Responsórios não deixa margem a dúvidas, porque tanto a música como a orquestração são inegavelmente mauricianas.

 

O conjunto é formado pelo coro a quatro vozes, uma flauta, duas clarinetas, duas trompas e cordas. José Maurício optou por não incluir solistas, o que não deixa de curioso se considerarmos a qualidade dos cantores à sua disposição, sobretudo depois de 1808. O coro torna-se então o grande protagonista da peça. A textura é essencialmente homofônica, com alguns poucos momentos polifônicos ou de movimentação das vozes em trabalho imitativo, como nos 5o e 6o responsórios. Destacam-se também alguns solos dos instrumentos de sopro, como a flauta no 1o responsório e a clarineta no 4o, e os grandes uníssonos nas cordas, de grande efeito dramático.

 

O texto usado por José Maurício é o do Ofício dos Defuntos, para o qual, aparentemente, não compôs música para o Invitatório, a antífona introdutória antes do primeiro responsório. Outra curiosidade em relação ao texto está no 9o responsório. No Liber Usualis consta o Libera me Domine de viis infernis. Na cópia manuscrita disponível encontramos o Libera me Domine de morte aeterna, comumente usado nos Sufrágios do ritual das encomendações, ou seja, a missa de réquiem. Embora não conheçamos as circunstâncias de sua criação os Responsórios Fúnebres são, inegavelmente, uma das grandes obras de José Maurício.

 

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Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Concertos UFRJ: o Renascimento na música

Foto: Reprodução
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Pierluigi da Palestrina é um dos criadores mais importantes do período.

A produção musical renascentista é a atração desta semana de Concertos UFRJ ? programa radiofônico resultado de uma parceria da Escola de Música (EM) com a Roquette Pinto. Em destaque obras dos mais importantes compositores italianos, franceses e ingleses do período. Com produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, a série vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

A produção musical renascentista é a atração desta semana de Concertos UFRJ ? programa radiofônico resultado de uma parceria da Escola de Música (EM) com a Roquette Pinto. Em destaque obras dos mais importantes compositores italianos, franceses e ingleses do período. Com produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, a série vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

 

Marcado por transformações culturais, sociais e econômicas profundas, o chamado renascimento rompe com o pensamento teocrático da Idade Média e encaminha as artes para ideais humanistas e racionalistas. Tendo por base modelos e ideais estéticos da Antiguidade Clássica, os esforços de pensadores, artistas e escritores redimensionarão o entendimento do mundo, através da revalorização do homem e de suas capacidades intelectuais,

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Surge a imprensa em tipos móveis, inventada por Johannes Gutemberg (1398-1468), em 1439, acontece a expansão marítima com as grandes navegações, que culminam com a descoberta das Américas, em 1492, o alargamento sem precedentes do conhecimento através da valorização da ciência, e se plasma a sociedade europeia. Época de artistas extraordinários, do quilate de Leonardo Da Vinci (1452-1519), Michelangelo (1475-1564) e William Shakespeare (1564-1616), para lembrar em alguns poucos.

 

Renascença Italiana

 

A música, predominantemente vocal e sacra, também sofreu o impacto dessas transformações. O compositor que melhor representa a produção sacra do período, Giovani Pierluigi da Palestrina, viveu entre 1526 e 1594, e é o maior representante da chamada Escola Romana, tendo sido maestro de capela da Capela Papal de São Pedro. De Palestrina, o programa apresentou dois motetos: “Pecantem me quotidie” e “Exultate Deo”, na interpretação do Coro da Abadia de Westminster e a direção de Stephen Cleobury.

 

Outro compositor italiano importante Carlo Gesualdo, nasceu na região de Nápoles, já no final da Renascença, e se caracteriza por uma música intensamente expressiva e cromática. De Gesualdo “Concertos UFRJ” destacaram o moteto “Ave Dulcissima Maria” com o Coro Monteverdi e a direção de John Elliot Gardiner.

 

Além do repertório sacro, diferentes formas musicais profanas ganharam relevo como reflexo desta nova visão de mundo. O moteto abriu espaço para a frottola e o madrigal, de origens italianas, a chanson francesa, o villancico espanhol e o lied alemão. O compositor Orlando de Lassus foi um dos mais importantes expoentes da escola franco-flamenga de seu tempo. Nascido nos Países-Baixos, em região hoje pertencente à Bélgica, em 1532 Lassus passou a viver na Itália, nas cidades de Nápoles e Roma. Após um breve retorno à terra natal, Lassus se estabeleceu definitivamente na cidade de Munique, onde impulsionou a cena musical da corte do Duque Albrecht V, tornando-a uma das mais pujantes da Europa.

 

Seu estilo era absolutamente eclético e deixou obras sacras e profanas onde constam missas, motetos, madrigais, chansons e lieder, com textos em latim, italiano, francês e alemão. De Orlando de Lassus, o programa pinçou o conhecido madrigal “Bem Convenne” com o Conjunto Vocal Alsfelder e a direção de Wolfgang Helbich.

 

Renascença Francesa

 

A França também foi palco das transformações que impactaram o perído. Compositores como Clement Janequin e Claudin de Sermisy influenciaram profundamente a escrita da época. Janequin viveu entre 1485 e 1558 e escreveu chansons que se caracterizan pelo humor, sensualidade e a imitação da natureza. Sermisy que nasceu na região da Borgonha e viveu entre 1490 e 1562, criou tanto música sacra quanto secular. Suas chansons se caracterizam pela influência italiana e por uma composição básica a quatro vozes sobre textos de poetas contemporâneos que falam sobre o amor e a natureza. De Janequin foi apresentada “Qu’est-ce d’amour” e de Sermisy a chanson “Le content est riche”, as duas com o Ensemble Clement Janequin.

 

Um clássico da chanson francesa interpretada por inúmeros coros ao redor do mundo “Il est bel et bom” é obra do compositor Pierre Passereau, que viveu entre 1509 e 1547, e evidencia um caráter popular marcado por onomatopeias e repetição de sílabas. A versão, mais uma vez, foi a do Ensemble Clement Janequin.

 

Por fim, uma peça de Guillaume Costeley, já do final do período. A chanson “La prise de Calais” se enquadra na categoria das canções de batalha, no estilo de Janequin, com a alternância das métricas binárias e ternárias, o que dá a obra uma grande vivacidade rítmica. Novamente a criação foi a do Ensemble Clement Janequin.

 

Renascença Inglesa

 

Em 1601, Thomas Morley organizou uma coletânea em honra a Rainha Elizabeth I, que recebeu o título de “Os Triunfos de Oriana”. São madrigais de 23 compositores, todos terminados com os mesmos versos “Depois cantaram os pastores e as ninfas de Diana / Longa vida para a bela Oriana”. Oriana, ou mais frequentemente Gloriana, era como os ingleses chamavam a rainha. Desta importante coleção, foram ao ar os madrigais de Thomas Morley, John Farmer, John Wilbye e Thomas Hunt com o conjunto Pro Cantione Antiqua.

 

Música Instrumental

 

A Renascença também assinalou um crescente interesse pela música instrumental. Boa parte deste repertório original, porém, não sobreviveu. Praticado de memória ou improvisado, carecia de registro.

 

No entanto, era comum a transcrição do repertório vocal para os alaúdes e demais instrumentos de cordas dedilhadas como a guitarra, a cítara e a vihuela. A escrita para conjuntos maiores acabou facilitada pelo desenvolvimento de famílias de instrumentos abrangendo diferentes tessituras, conhecidas pela denominação inglesa “consorts”.

 

Desta interessante produção, o programa destacou o “Ricercare”, do compositor italiano Anibale Padovano, o Kanon sobre “Christe der du bist Tag und Licht” para conjunto de violas e flautas, do alemão Mártin Agricola, e a “Canzona in setimi toni”, obra característica da Escola Veneziana e de seu mais importante representante, o compositor Giovani Gabrielli que viveu entre 1556 e 1613, já no alvorecer do barroco. A interpretação ficou a cargo do Ensemble Musica Antiqua de Viena.

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Concertos UFRJ: A Viúva Alegre, de Franz Lehár

Foto: Reprodução
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Lehár além de peças ligeiras compôs muita música dramática.

“A viúva alegre”, opereta de Franz Lehár, que será encenada no Theatro Municipal do Rio entre os dias 28 de novembro e 9 de dezembro, é a atração desta semana de Concertos UFRJ ? programa radiofônico resultado de uma parceria da Escola de Música (EM) com a Roquette Pinto. Com produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, a série vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

“A viúva alegre”, opereta de Franz Lehár, que será encenada no Theatro Municipal do Rio entre os dias 28 de novembro e 9 de dezembro, é a atração desta semana de Concertos UFRJ ? programa radiofônico resultado de uma parceria da Escola de Música (EM) com a Roquette Pinto. Com produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, a série vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

 

Mais famoso título do compositor austro-húngaro Franz Lehar que nasceu em 1870 em uma província que pertence hoje a Eslováquia, “A viúva alegre” foi escrita em 1905, a partir de libreto de Victor Leon e Leo Stein, e subiu à cena pela primeira vez no mesmo ano. A estreia aconteceu no “Theater an der Wien”, em Viena, em 30 de dezembro de 1905, com Mizzi Günther como Hanna, Treumann Louis como Danilo, Natzler Siegmund como o Barão Zeta e Wünsch Annie como Valencienne. Foi o primeiro grande sucesso do compositor.

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Em adaptação para o inglês escrita por Basil Hood e com letra de Adrian Ross, tornou-se a grande sensação da temporada 1907 em Londres, chegando a 778 récitas. No mesmo ano, alcançou 416 apresentações na montagem da Broadway. A partir de então se tornou uma das operetas de maior sucesso da história e, talvez, a mais encenada em todo o mundo, com pelo menos três versões para o cinema.

 

Dividida em três atos, a história se passa em Paris, no início do século XX. Hanna Gláwari é a viúva de um banqueiro, tendo herdado ernorme fortuna. O Barão Mirko Zeta, que é embaixador do pequeno Pontevedro, país natal da rica senhora, organiza uma recepção na embaixada em Paris e a convida. Teme que ela gaste em Paris tudo que possui ou caia nas mãos de um usurpador, o que levaria à falência o principado.

 

Para que a fortuna não se disperse, é preciso que um pontevedriano case com ela. Tarefa perfeita para o sedutor Conde Dánilo Danílovitsch, diplomata conterrâneo que também se encontra em Paris. Os dois haviam se apaixonado no passado, mas foram proibidos pelo pai do Conde, que não aceitava a origem humilde de Hanna.

 

Depois de reencontrá-lo na recepção, a viúva convida Danilo para uma festa à fantasia em sua residência na noite seguinte. Mas, surpreendendo a todos, apresenta o jovem parisiense Camille de Rosillon, como seu futuro marido. O Conde não se conforma e se refugia na boate Maxim’s, onde pretende afogar as mágoas em muita champanhe e na companhia das belas dançarinas.

 

O anúncio é, porém, uma farsa montada para evitar que o Barão Mirko Zeta desconfie de sua esposa Valencienne, que mantém um caso com Camille. Para colocar as coisas nos seus devidos lugares Hanna e Valencienne chamam as dançarinas do Maxim’s. O Conde encontrando a boate deserta retorna para a festa, onde Hanna esclarece a confusão. Os dois confessam amor mútuo e decidem casar para alegria de todos e a salvação das finanças de Pontevedro, um país tão pequeno que não pode ser encontrado em mapa algum.

 

A gravação veiculada conta com soprano Felicity Lott e o barítono Thomas Hampson como Hanna e Danilo. Elzbietta Szmytka é Valencienne, John Aller responde pelo papel de Camille e Robert Poulton pelo do Conde Mirko Zeta. A Orquestra Filarmônica de Londres é dirigida por Franz Welser-Möst.

 

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