2014: Ano da Memória e Verdade da UFRJ

 
cvmufrj

Em reunião no dia 27/3, o Conselho Universitário (Consuni) da UFRJ aprovou a criação do Ano da Memória e Verdade da universidade, compreendido entre os dias 1º/4 de 2014 e de 2015. Um selo especial foi tornado público na semana passada, para marcar o período, que terá ações coordenadas pela Comissão da Memória e Verdade da UFRJ.

Em reunião no dia 27/3, o Conselho Universitário (Consuni) da UFRJ aprovou a criação do Ano da Memória e Verdade da universidade, compreendido entre os dias 1º/4 de 2014 e de 2015. Um selo especial foi tornado público na semana passada, para marcar o período, que terá ações coordenadas pela Comissão da Memória e Verdade da UFRJ.

 

50anoscmvLançado justamente no dia 1º/4, data em que se completaram os 50 anos do golpe militar no país, o selo do Ano da Memória e Verdade da UFRJ, de acordo com a resolução nº03/2014 do Consuni, deverá constar em todos os cartazes, páginas da internet e meios de divulgação e comunicação em geral da universidade.

 

A decisão do Consuni referendou a medida aprovada na sessão de 18/3 do Conselho Superior de Coordenação Executiva (CSCE) da UFRJ e contribuirá para destacar, na universidade, diversas ações voltadas para discutir o período obscuro, de graves violações de direitos na sociedade brasileira e nas instituições universitárias.

 

De acordo com o coordenador da comissão, professor Carlos Vainer, a universidade não ficou incólume no período e sofreu com a perseguição a muitos de seus professores, pesquisadores, estudantes e servidores técnico-administrativos.

 

“Na UFRJ, muitos foram os estudantes assassinados e desaparecidos pelo brutal regime. Muitos foram os professores cassados e proibidos de ensinar e pesquisar”, informou.

 

No documento que enviou ao CSCE propondo a criação do Ano da Memória e Verdade da UFRJ, Vainer assinalou que as heranças do regime são muitas e graves.

 

“O Estado brasileiro ainda não passou a limpo este período. Sobrevive uma inaceitável condescendência com os responsáveis por crimes de lesa-humanidade e se verifica leniência na eliminação dos resquícios do autoritarismo presentes em nosso aparato institucional (e.g. Lei de Segurança Nacional)”, diz a carta.

 

“Práticas abusivamente violentas do aparelho policial e policial-militar denunciam a herança perversa. Tortura-se e mata-se impunemente nas delegacias policias. O direito à livre manifestação e expressão sofre graves ameaças”, continua.

 

Atualmente, a Comissão da Memória e Verdade da UFRJ trabalha na investigação de documentos e relatos sobre o regime militar e sua relação com a universidade.

 

Com objetivo de esclarecer a história do período, as ações e atividades desenvolvidas pela comissão têm buscado identificar, publicizar e reparar violências e atentados ao saber e aos direitos dos cidadãos que viveram no período.

 

Confira aqui as marcas para aplicação em peças de divulgação.

 

(*) Jean Souza é Assessor de Imprensa do Gabinete do Reitor da UFRJ

Concertos UFRJ: 100 anos sem Glauco Velásquez

Foto: Reprodução
glaucovelasquez190
Velásquez: obra expressiva em 30 a­nos de vida.

A edição da semana de Concertos UFRJ destaca a obra de Glauco Velásquez: figura meteórica que impactou o cenário musical brasileiro no início do século passado, mas que faleceu precocemente há 100 anos.

A edição da semana de Concertos UFRJ, programa radiofônico apresentado pelo maestro André Cardoso e produzido pela Roquette Pinto em parceria com a Escola de Música (EM), destaca a obra de Glauco Velásquez. Figura meteórica que impactou o cenário musical brasileiro no início do século passado, mas que faleceu precocemente há 100 anos.

 

 

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

  {mp3}concerto20140407|230|25| 0{/mp3}
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção .
   

Velásquez nasceu em Nápoles, Itália, em 22 de março de 1884, filho do barítono português Eduardo Medina Ribas e de Adelina Alambary, jovem de importante família carioca. A gravidez inesperada obrigou o casal – que não era unido legalmente – a mudar-se para a Europa para dissimular o nascimento da criança e evitar escândalos.

A criança foi educada por uma família italiana e, desde cedo, mostrou talento para música, cantando no coro de várias igrejas napolitanas. Trazido para o Brasil com 11 anos, foi morar com sua mãe verdadeira, instalada então em seu refúgio na Ilha de Paquetá, embora apresentado como filho adotivo.

Tendo recebido suas primeiras lições de música na Europa, Glauco ingressou no Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da UFRJ, em 1902, tendo estudado harmonia com Frederico Nascimento, professor de tendência liberal e aberto a experiências progressistas.

Datam de 1911 suas primeiras composições. Elas chamam logo atenção pela linguagem pouco convencional: emprego de técnicas wagnerianas e recursos derivados da escola de francesa. No final de sua curta carreira, sua produção caminha para uma harmonia expandida e o uso da politonalidade e do contraponto.

Por essa época, também, começa a apresentar sinais de tuberculose, doença que o vitimaria três anos depois. Embora diversas personalidades musicais tenham assinado uma petição ao para que fosse enviado à Europa para aperfeiçoar-se musicalmente e para tratar na Suíça, a pretensão foi negada pelo Congresso.

O mérito de seu trabalho foi, entretanto, reconhecido ainda em vida por compositores do quilate de Luciano Gallet, Francisco Braga, Xavier Leroux, Darius Milhaud. Milhaud, que residia então no Rio como adido cultural da França, chegou a concluir o Trio no 4 para violino, violoncelo e piano que o compositor deixara inacabado.

A obra de Velásquez é essencialmente dedicada à música de câmara, ainda que tenha deixado uma ópera inacabada chamada Soeur Beatrice. Na música vocal escreveu uma série de canções de cunho fortemente lírico e romântico, explorando atmosferas variadas e, muitas vezes, em tons pessimistas e mórbidos – interessantes pela linguagem harmônica ousada e pela técnica declamatória altamente expressiva.

Logo após sua morte foi constituída, por iniciativa do amigo Luciano Gallet, a Sociedade Glauco Velásquez para promover a divulgação do seu legado. Com a dissolução da sociedade a obra do compositor caiu em relativo esquecimento. Nos últimos anos, porém, ela tem sido objeto de um renovado interesse por parte de pesquisadores e executantes contemporâneos. O resultado é que suas partituras têm sido resgatadas e editadas a partir dos manuscritos que se encontram na Biblioteca Alberto Nepomuceno da EM.

Glauco Velásquez, que faleceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1914 é patrono da cadeira no 37 da Academia Brasileira de Música.

 

Repertório da audição

 

A pianista Clara Sverner é a principal responsável pela divulgação da obra de Velásquez para o instrumento. Seu LP, lançado em 1977 e dedicado integralmente ao compositor, marcou época e foi posteriormente relançado em CD, agora em distribuição internacional. Desse importante trabalho, o programa pinçou a sua interpretação da Valsa Romântica, obra de 1910.

Já as duas sonatas para violino e piano ocupam um lugar importante na produção do compositor. Elas foram recentemente lançadas em CD da Academia Brasileira de Música tendo como intérpretes a violinista Mariana Isdebski Salles e o pianista francês François Pinel. Concertos UFRJ destacou dessa gravação a interpretação da sonata no 1, composta em 1909.

Encerrou programa a interpretação do Aulustrio do Trio nº 4 de Velásquez. Formado pelos irmãos Paulo Brucoli (piano), Fabio Brucoli (violino) e Mauro Brucoli (violoncelo), a gravação faz parte do no DVD “Glauco Velásquez – 4 Trios”, filmado em maio de 2012 pela Berço Esplêndido no Teatro Municipal de São Paulo. Um projeto da Prefeitura de São Paulo e do Centro Cultural São Paulo, sob direção geral de Francisco Coelho e com pesquisa e consultoria musical de Lutero Rodrigues.

 

 

***

 

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do .

 

 

 

Especial Guerra-Peixe III: violão e música vocal

Foto: Reprodução
guerrapeixe1954x190b
Gerra-Peixe no Cassino Icaraí, Nite­rói, Rio de Janeiro, 1940.

No último programa da série de três dedicado ao centenário de nascimento de Guerra-Peixe (1914-1993), um dos maiores representantes do nosso nacionalismo musical, a edição da semana de Concertos UFRJ destaca a sua produção vocal e para violão. No primeiro foi abordada a obra sinfônica do compositor e no segundo a sua música de câmara.

No último programa da série de três dedicado ao centenário de nascimento de Guerra-Peixe (1914-1993), um dos maiores representantes do nosso nacionalismo musical, a edição da semana de Concertos UFRJ destaca a sua produção vocal e para violão. No a sua música de câmara.

 

Concertos UFRJ é um parceria da UFRJ com a Rádio Roquette Pinto. Produzido e apresentado pelo maestro André Cardoso, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

 

 

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

  {mp3}concerto20140331|230|25| 0{/mp3}
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção .
   

Violão

Na produção do compositor para violão se destacam três séries de pequenas obras – os “Prelúdios”, escritos entre 1969 e 1970; as “Lúdicas” de 1980; e as “Breves” de 1981.

Para as dez peças que compõem as “Lúdicas” Guerra-Peixe criou também um acompanhamento para quarteto ou orquestra de cordas. Essa a versão que foi ao ar, na interpretação do violonista Marcos Llerena acompanhado da Orquestra Brasil Consort. As peças se intitulam: I. Fantasieta; II. Dança negra; III. Organum acompanhado; IV. Berimbau; V. Modinha; VI. Ponteado com ligaduras; VII. Diálogo; VIII. Diferencias brasileñas; IX. Notas repetidas; X. Urbana.

 

Vocal

 

Da obra vocal de Guerra-Peixe, o programa incialmente pinçou as canções “Prudência” e “Vivendo…” que integram a série Cânticos Serranos n. 4, escrita em 1991 a partir de textos do poeta Mário Fonseca. Dedicadas a Cirlei de Holanda, estreou no XIV Panorama da Música Brasileira Atual, na voz do barítono Inácio De Nonno. O próprio De Nonno e a pianista Laís Figueiró interpretam a versão veiculada.

Uma das mais executadas obras corais do compositor, a “Série Xavante” recria com base em sílabas e efeitos onomatopaicos desprovidos de sentido o clima da música indígena – sem qualquer compromisso ou preocupação com a fidelidade etnográfica das cantigas do índios Xavante que hoje habitam a região do Rio da Mortes, no estado do Mato Grosso.

A obra em quatro movimentos (I. Ritual da perfuração da orelha; II. Canto das moças; III. Canto dos rapazes; IV. Corrida do buriti) foi escrita para o IV Centenário da Cidade de Niterói. A estreia aconteceu, no mesmo ano, com um coro de alunos conduzido por Ernani Aguiar.

Foi ao ar a histórica versão do Renascentista de Belo Horizonte. Gravada ao vivo em 1979, na Série Música do Século XX, da Sala Funarte, tem a regência de Afrânio Lacerda.

Arranjador

Outra faceta de Guerra-Peixe são seus arranjos, O músico trabalhou durante décdas parafoi por décadas para emissoras de rádio, televisão e para gravadoras. Um dos mais emblemáticos trabalhos do gênero são os arranjos que escreveu em 1971 para os Afro-Sambas de Baden Powell e Vinícius de Moraes – o segundo LP da dupla, considerado por muitos críticos um divisor de águas na MPB por fundir elementos da sonoridade africana ao samba. Apenas com uma orquestra de cordas e o naipe de percussão Peixe criou um ambiente extraordinário para o coro que entoa “Lamento de Exu”, “Canto de Xangô”, “Tristeza e solidão”, “Bocoché” e o “Canto de Iemanjá”, entremeado por dois interlúdios instrumentais baseados no “Canto de Ossanha”.

A gravação veiculada foi realizada em 1992 no Teatro Cultura Artística de São Paulo com Coral Paulistano e a Orquestra Experimental de Repertório, sob a regência do próprio autor.

“Mourão”, sua obra mais executada, encerra a audição. A versão, a da Orquestra de Câmara Solistas de Londrina.

 

***

 

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do .

 

 

 

Especial Guerra-Peixe II, música de câmara

Foto: Reprodução
guerrapeixe1960c
Gerra-Peixe, em São Paulo, feverei­ro de 1960.

No segundo programa de uma série de três dedicada ao centenário de nascimento de César Guerra-Peixe, a edição desta semana de Concertos UFRJ passeia pela música de câmara do compositor, destacado representante de nosso nacionalismo musical. Embora não muito extensa, essa produção é, entretanto, bastante significativa.

No segundo programa de uma série de três dedicada ao centenário de nascimento de César Guerra-Peixe, a edição desta semana de Concertos UFRJ passeia pela música de câmara do compositor, destacado representante de nosso nacionalismo musical. Embora não muito extensa, essa produção é, entretanto, bastante significativa.

 

O programa Concertos UFRJ é um parceria da UFRJ com a Rádio Roquette Pinto. Produzido e apresentado pelo maestro André Cardoso, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

 

 

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

  {mp3}concerto20140324|230|25| 0{/mp3}
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção .
   

O “Trio para violino, violoncelo e piano” se destaca entre as peças escritas por Guerra-Peixe para formações de câmara tradicionais. Escrita em 1960, para um concurso de composição promovido pelo programa Música e Músicos do Brasil, da Rádio MEC, obteve o segundo lugar no certame. A primeira audição aconteceu no mesmo ano, em concerto no auditório do Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro, executada pelo trio da emissora, formada na época por Anselmo Zlatopolski (violino), Iberê Gomes Grosso (violoncelo) e Alceu Bochino (piano). É a gravação que foi ao em Concertos UFRJ. São três movimentos: I. Allegro moderato; II. Andante; e III. Vivace.

O quarteto foi outra formação de câmara tradicional abordada por Guerra-Peixe. Do catálogo de suas obras constam dois, sendo que o autor recusou, nãos mais tarde, alguma incursões no gênero, que datam do início da década de 1940. O “Quarteto no 1” foi escrito em 1947 e adota uma abordagem dodecafônica. O segundo faz parte de sua fase nacionalista. Escrito em 1958, estreou no mesmo ano apresentado pelo Quarteto de Cordas Municipal de São Paulo. Em quatro movimentos (I. Allegretto con moto; II. Presto; III. Andante; e IV Allegro) adota, no primeiro movimento, a forma do cateretê paulista devidamente ampliada e elaborada no lugar do usual “allegro de sonata”. A interpretação escolhida foi a do Quarteto de Brasília, integrado por Ludmila Vinecka e Cláudio Cohen, violinos; Glêsse Collet, viola e Antonio Guerra Vicente, violoncelo.

Já “Quatro Coisas”, escrita em 1987 para harmônica de boca e piano, ocupa um lugar especial na produção de câmara do compositor para formações pouco usuais. A primeira audição aconteceu no XII Panorama da Música Brasileira Atual, executada por Rildo Hora (harmônica), a quem a obra é dedicada, e Misael Hora (piano). Posteriormente o Peixe transcreveu a peça para flauta, violino e piano, além de adaptá-la para instrumentos solistas e orquestra de cordas. A versão divulgada traz José Staneck na harmônica, Flávio Augusto ao piano e Antonio Del Claro no violoncelo. São quatro movimentos: I. Prelúdio; II. Movimentação; III. Interlúdio; e IV. Caboclo de Pena.

Ainda no âmbito dos instrumentos de sopro, outra peça que merece atenção é o “Trio no 2”, para flauta, clarineta e fagote, que o Guerra-Peixe escreveu em 1951, mas que somente estreou em 1967, executado por membros do Quinteto Villa-Lobos. Os movimentos são I. Allegretto (Polca); II. Allegro vivace (Cabocolinhos); III. Moderato (Canção); e IV. Allegro (Frevo). A interpretação ouvida foi a do Vento Trio, grupo formado pela fagotista Janet Grice, o flautista Kevin Willois e a clarinetista Sarah Bednarcik. A gravação faz parte do CD “Brazilian Dances and Inventions”, lançado no ano passado no mercado norte-americano, e que mereceu um programa especial (ouça ) de Concertos UFRJ.

 

***

 

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do .

 

 

 

EM comemora Dia da Dignidade do Músico

Cartaz
dignidadedomusico2014
 

A Escola de Música abriga nesta quarta-feira (9 de abril) as comorações do Dia Municipal da Dignidade do Músico. Tendo como tema “a importância da música e dos músicos na sociedade” os debates começam as 10h na Sala da Congregação.

A Escola de Música abriga nesta quarta-feira (9 de abril) as comorações do Dia Municipal da Dignidade do Músico. Tendo como tema “a importância da música e dos músicos na sociedade” os debates começam as 10h na Sala da Congregação.

 

O Dia Municipal da Dignidade do Músico foi incluído no Calendário Oficial de Eventos do Município do Rio de Janeiro através Lei Nº 5674. De autoria do vereador Reimont (PT), a iniciativa foi aprovada em dezembro de 2013.

 

A proposta decorreu do sentimento de desvalorização da profissão e da necessidade de construção de relações trabalhistas que reafirmem a dignidade dos músicos. Na raiz, a crise da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) que se arrastou por meses em 2011 e impactou o meio musical. No calor dos acontecimentos, os músicos da OSB Jovem corajosamente se recusaram, no dia 09 de abril daquele ano, a tocar num concerto no qual substituiriam os colegas da orquestra principal.

 

Exemplo de solidariedade e dignidade profissionais que a data resgata.

 

 

Trio alemão grava música de câmara brasileira

Foto: Divulgação
michael-uhde250
Michael Uhde, idealizador do projeto que deu origem ao CD.

O programa Concertos UFRJ, que apresenta no mês de janeiro uma seleção de grandes momentos da temporada 2013, reprisa esta semana a edição dedicada ao CD “Brasilianishe Kammermusic” (Música de Câmara Brasilweira). O projeto, uma iniciativa do conceituado pianista alemão Michael Uhde com duas de suas filhas, a violinista Katharina Uhde e a violoncelista Tatjana Uhde, reúne uma boa amostra da produção de câmara brasileira dos períodos romântico e nacionalista.

O programa Concertos UFRJ, que apresenta no mês de janeiro uma seleção de grandes momentos da temporada 2013, reprisa esta semana a edição dedicada ao CD “Brasilianishe Kammermusic” (Música de Câmara Brasilweira). O projeto, uma iniciativa do conceituado pianista alemão Michael Uhde com duas de suas filhas, a violinista Katharina Uhde e a violoncelista Tatjana Uhde, reúne uma boa amostra da produção de câmara brasileira dos períodos romântico e nacionalista.

 

 
podcast

Ouça aqui o programa: 

  {mp3}concerto20130610|230|25| 0{/mp3}
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção .
   

A ligação de Michael Uhde com o Brasil é antiga. Docente da Escola Superior de Música de Karlsruhe, Alemanha, da qual é atualmente vice-reitor, visita com frequência nosso país para participar de atividades acadêmicas e artísticas. Como pesquisador, tem grande interesse pela música de câmara brasileira o que o levou a colecionar um grande acervo de partituras e documentos sobre compositores brasileiros.

 

Os três músicos, que desenvolvem isoladamente carreias de sucesso, estiveram recentemente no Brasil, para divulgar o álbum que foi produzido aqui, mas gravado no início do ano em Karlsruhe. O repertório inclui obras significativas de Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri e Luciano Gallet. Ao todo seis peças escritas para violino e piano; para violoncelo e piano; e para violino, violoncelo e piano.

 

O Trio

 

O pianista Michael Uhde nasceu em uma família musical, recebendo as primeiras aulas de seu pai, Jürgen Uhde, pianista e autor de vários livros importantes para a literatura do instrumento. Estudou na Universidade de Música de Freiburg, com Carl Seemann e, como bolsista do Studienstiftung des Deutschen Volkes, com Bruno Canino, no Conservatório G. Verdiem Milão. Apresentou-se por diversos países em inúmeras formações de câmara, a citar, entre elas, os duos com o violoncelista Antonio Meneses e com o violinista Antonio Pellegrini. Colaborou com diversos grupos, tais como o “Schumann Ensemble”, “Ensemble 13 Baden-Baden” e o “Ensemble Recherche”, o que possibilitou a realização de turnês pela Europa, Estados Unidos e América do Sul. Michael Uhde é, desde 1996, catedrático de Piano e Música de Câmara na Universidade de Música de Karlsruhe. Seu prestígio como docente tem lhe valido constantes convites para compor júris de concursos e ministrar cursos em países como Itália, Rússia, Canadá, Suécia, Suíça, Áustria e Noruega.

 

  Foto:  Divulgação
 

trioudhe

  Família de músicos: Michael, Katharina e Tatjana.

Katharina Uhde estudou na Universidade de Música de Karlsruhe com Josef Rissin e, depois, com Ulf Hoelscher, recebendo os diplomas de artista e de professora, com distinção. Com uma bolsa de estudos Fulbright foi para os Estados Unidos, onde concluiu o doutorado em Artes Musicais na Universidade de Michigan sob a orientação de Stephen Shipps. Participando de extensas atividades como camerista junto ao Quarteto Viktor Ullmann, ganhou competições internacionais, como o “Concertino Praga”, e participou de recitais de música de câmara com Martha Argerich e Ivri Gitlis. Como solista, apresentou-se com diversas orquestras na Europa e nos Estados Unidos, como a Filarmônica de Baden-Baden e a Orquestra da Universidade de Michigan, e, em 2012, com a Orquestra da Universidade de Música de Belgrado e a Sinfonietta Lemberg.

 

As primeiras aulas de violoncelo de Tatjana Uhde começaram com sua mãe Sanja Uhde. Estudou com Martin Ostertag na Universidade de Música de Karlsruhe, e com Philippe Muller no Conservatório Nacional Superior de Música e de Dança de Paris, onde se graduou e obteve o diploma de artista, com distinção. Concluiu seus estudos com Antonio Meneses, na Universidade de Música de Berna. Recebeu o primeiro prêmio no Concurso Internacional de Música de Câmara “Concertino Praga” e o segundo prêmio no prestigioso Concurso Internacional de Violoncelo-Solo “Witold Lutoslawski”, em Varsóvia. Em março de 2013, o Quarteto de Cordas Capriccio, do qual faz parte, recebeu o primeiro prêmio no “Concurso Internacional de Música de Câmera”, em Illzach. Atualmente é violoncelista solista na Ópera Nacional de Paris.

 

* * *

 

Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, o programa radiofônico Concertos UFRJ vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado pelo professor André Cardoso, as edições passadas podem ser acompanhadas no podcast, audio sob demanda, da Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

triouhdecapacd350

 

Repertório do CD

 

Henrique Oswald

Trio para piano em Ré Maior Op. 28 (1987)

I. Allegro Moderato

II. Scherzo (Presto) – Piú Moderato

III. Adagio

IV. Presto

 

Henrique Oswald

Sonatina em Fá Sustenido Menor para Trio de piano (1908)

Allegro

 

Alberto Nepomuceno

Tarantella para violoncelo com acompanhamento de piano (1908)

Vivo

 

 

Francisco Mignone

Canção sertaneja para violino, violoncelo e piano (1932)

 

Camargo Guarnieri

Canção sertaneja para violino e piano (1928)

Dolentemente

 

Luciano Gallet

Elegia para violoncelo e piano

Lento

Música brasileira para oboé, fagote e piano em Concertos UFRJ

Foto: Ana Liao
AloysioFagerlande
Aloysio: projeto combina pesquisa acadêmica com produção artística.

O programa Concertos UFRJ reprisa a edição dedicada ao CD Música Brasileira para oboé, fagote e piano. O álbum reúne obras de seis compositores nascidos ou radicados no país escritas para esta formação camerística pouco conhecida do grande público, cobrindo um período que vai do século XIX à contemporaneidade.

O programa Concertos UFRJ reprisa a edição dedicada ao CD Música Brasileira para oboé, fagote e piano. O álbum reúne obras de seis compositores nascidos ou radicados no país escritas para esta formação camerística pouco conhecida do grande público, cobrindo um período que vai do século XIX à contemporaneidade.

 

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

  {mp3}concerto20131216|230|25| 0{/mp3}
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção .
   

 

O álbum foi editado pelo Selo UFRJ Música com patrocínio da Fapej, fundação de fomento à pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. A iniciativa é do fagotista Aloysio Fagerlande, docente da Escola de Música (EM), e integra um projeto mais amplo de pesquisa que visa levantar e discutir a participação desse instrumento na música brasileira de concerto.

 

Em 2011. o professor lançou pelo mesmo selo o CD Música Brasileira de concerto para fagote, reunindo obras para fagote solista de orquestra de câmara de compositores ligados à Escola de Música. Na ocasião, a gravação foi assunto de duas de Concertos UFRJ.

 

Além de Fagerlande, participam o oboísta Luis Carlos Justi, professor da UNIRIO, e a pianista Fany Solter. Embora brasileira, Fany está radicada há muito tempo na Europa, sendo atualmente catedrática de piano da Escola Superior de Música de Karlsruhe (Hochschule für Musik Karlsruhe), Alemanha, instituição da qual foi reitora de 1984 a 2001.

 

O projeto foi contemplado em 2011 com o Edital de Apoio as Artes da do Rio de Janeiro. Ele é fruto também de uma parceria acadêmica da UFRJ e da UNIRIO com a Escola de Música de Karlsruhe. Uma colaboração que, entre outra iniciativas, proporciona o intercâmbio de docentes e estudantes de graduação com aquela instituição e que, desde 2008, realiza o Festival Brasil-Alemanha.

 

Sigismond Neukomm, Amaral Vieira, João Gillherme Ripper, Tim Rescala, Ernest Mahle e Dawid Korenchendler são os compositores registrados no disco.

 

Como destaca Fagerlande, apesar de pouco comum no repertório camerístico, o trio para oboé, fagote e piano ganhou um maior destaque quando Francis Poulenc escreveu em 1926 uma peça para a formação, que se tornou emblemática. A partir daí um maior número de compositores passaram explorar a coloratura do oboé e do fagote, de palheta dupla, que, aliados ao piano, deram um resultado, se não equivalente ao virtuosismo do tradicional trio para violino, violoncelo e piano, pelo menos riquíssimo em sonoridades coloridas e variadas.

 

Em parte inspirados em compositores europeus e americanos algumas obras composta para este grupo de instrumentos começaram a aparecer no repertório nacional. Um tendência que vem aumentando nos últimos anos.

 

Os interessados podem adquirir o CD através do site da Livraria Arlequim.

 

***

 

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: .

 

 cdfagerlande2013

 

Música Brasileira para oboé, fagote e piano

 

Repertório do CD

 

Sigismond Neukomm

Nocturne

 

Amaral Vieira

Episódios, Op. 232

 

João Gillherme Ripper

From My Window no 1

Biking by the Sea (Orla)

Sunset (Anoitecer)

Bossa-Nova

 

Tim Rescala

Trio (2007)

 

Dawid Korenchendler

Serenata

Concertos UFRJ: Especial Guerra-Peixe I

Foto: Reprodução
gerrapeixe1936
Gerra-Peixe, em foto de 1936, no Rio de Janeiro.

O ano será marcado no caso da nossa música de concerto por uma série de datas importantes. Em 2014 se comemoram o sesquicentenário de nascimento de Alberto Nepomuceno (1984-1920) e de Alexandre Levy (1984-1892) e o centenário de nascimento de César Guerra-Peixe, um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos e destacado representante do nosso nacionalismo musical.

O ano será marcado no caso da nossa música de concerto por uma série de datas importantes. Em 2014 se comemoram o sesquicentenário de nascimento de Alberto Nepomuceno (1984-1920) e de Alexandre Levy (1984-1892) e o centenário de nascimento de César Guerra-Peixe, um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos e destacado representante do nosso nacionalismo musical.

 

 

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

  {mp3}concerto20140303|230|25| 0{/mp3}
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção .
   

Concertos UFRJ, programa radiofônico produzido pela Roquette Pinto em parceria com a Escola de Música, dedicará especias à obra desses importantes compositores, começando pela de Gerra-Peixe cujo aniversário se comora dia 18 de março. Em destaque no programa as duas suítes sinfônicas (a “Paulista” e a “Pernambucana”) e o “Ponteado”, que escreveu em 1955. Encerra a audição “Moda e rasqueado”, do ano seguinte.

 

Filho de imigrantes portugueses de origem cigana, César Guerra-Peixe nasceu em Petrópolis, RJ, em 18 de março de 1914. Seu pai, instrumentista amador, o iniciou na música e com 11 anos ingressa na Escola de Música Santa Cecília, da sua cidade natal, onde se desenvolve em piano e violino. Em 1943, é aprovado no Instituto Nacional de Música, atual EM, estudando violino com Paulina d’Ambrósio e harmonia com Newton Pádua, de quem foi aluno também no Conservatório Nacional de Música e a quem deve grande parte de sua formação inicial como compositor.

 

As partituras desse período, compostas segundo o modelo da melodia brasileira, foram quase todas destruídas mais tarde pelo próprio autor. Forma-se me 1944 e biscando novos horizontes passa a frequentar aulas particulares com Hans-Joachim Koellreutter – músico alemão recém-chegado que difundiu no Brasil as propostas das vanguardas europeias, em especial as do dodecafonismo.

 

Nessa época, participava ativamente do grupo Música Viva, que incluía, além do próprio Koellreutter, Cláudio Santoro, Edino Krieger e Eunice Katunda, entre outros, e que teve um papel importante na atualização do meio musical do país.

 

  Foto: Reprodução
  guerrapeixe1942
  O compositor diante do busto de Alberto Nepomuceno, no Passeio Público, em frente a Escola Música, 1942.

Nessa atmosfera efervescente, Guerra-Peixe passa a compor obras de caráter mais universal e conforme os pressupostos da nova estética que o fazem conhecido mais amplamente. Entretanto, após buscar sem sucesso conciliar as técnicas dodecafônicas com a tradição brasileira, e já muito influenciado pelas ideias de Mário de Andrade, acaba aderindo ao nacionalismo.

 

A Suíte para orquestra de cordas, composta em 1949 e com os movimentos propositadamente bem brasileiros Maracatu, Pregão, Modinha e Frevo, assinala essa virada estética e programática. A partir daí, o material folclórico, em especial o nordestino, ganha cada vez mais relevo na sua produção, facilitado por sua transferência para o Recife, o que lhe permite realizar pesquisas de campo, aproveitadas ao longo dos anos 50 em suas obras. Editado pela Ricordi, parte desse material foi publicado em 1955 sob o título Maracatus do Recife.

 

Guerra-Peixe trabalhou como arranjador, compôs trilhas para cinema, e realizou incursões no campo da música popular brasileira. Ao mesmo tempo, desenvolveu intensa atividade como docente, contribuindo para formar toda uma geração de novos compositores. Foi professor da Escola de Música da UFMG, da Escola de Música Villa-Lobos e, nos últimos anos de vida, da Escola de Música da UFRJ, instituição em que havia se formado.

 

O ano de 1976 inaugura a última fase de sua trajetória musical, na qual a afirmação nacionalista já não se expressa sob a forma direta do recurso a configurações musicais populares. O folclore não é, entretanto, abandonado, mas superado, como faz questão de assinalar. Permanece como substrato inconsciente a partir do qual se forjam valores e elementos estéticos que guiam o trabalho do compositor, agora com mais liberdade.

 

O compositor nos deixou em 24 de novembro de 1993. Os interessados podem conhecer um pouco mais da sua vida e da sua obra no site do Projeto Guerra-Peixe.

 

***

 

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do .

 

 

Repertório do Programa

Suíte Sinfônica nº 1, “Paulista” (1955). Orquestra Estatal de Moscou sob a regência de Eduardo de Guarnieri, a quem a obra é dedicada. Movimentos: I. Cantaretê; II. Jongo; III. Recomenda de almas; IV. Tambu.

 

Suíte Sinfônica nº 2, “Pernambucana” (1955). Orquestra Nacional da Rádio MEC, sob regência do próprio compositor. Movimentos: I. Maracatu ; II. Dança de cabocolinhos ; III. Aboiado ; IV. Frevo.

 

Poentado (1855). Orquestra Estatal de Moscou sob a regência de Eduardo de Guarnieri.

 

Moda e rasqueado (1956). Orquestra de Câmara Solistas de Londrina. Movmentos: I. Moderato ; II. Allegretto moderato.

Vinicius de Moraes em Concertos UFRJ

Foto: Divulgação
viniciusdemoraesassinando190
O poeta autografando Arca de Noé, livro infantil que viraria disco (c. 1970).

Concertos UFRJ reproduz a pedidos a edição dedicada Vinicius de Moraes, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro. O programa destaca dois momentos de sua aproximação com a música: a colaboração com Cláudio Santoro e a parceria com Tom Jobim.

Concertos UFRJ reproduz a pedidos a edição dedicada Vinicius de Moraes, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro. O programa destaca dois momentos de sua aproximação com a música: a colaboração com Cláudio Santoro, que resultou em um ciclo notável de canções, e a parceria com Tom Jobim no nascedouro da Bossa Nova, movimento que revolucionou a Música Popular Brasileira. 

   
 
podcast

Ouça aqui o programa: 

  {mp3}concerto201311042|230|25| 0{/mp3}
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção .
   

 

Com produção e apresentação do professor André Cardoso, Concertos UFRJ é uma parceria da UFRJ com a rádio Roquette Pinto e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

 

Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de outubro de 1913, e faleceu na mesma cidade em em 9 de julho de 1980.  Com apenas 16 anos entrou para a Faculdade de Direito do Catete, onde se formou em 1933, ano em que publicou “O caminho para a distância”, seu primeiro livro. Durante o período de formação acadêmica firmou amizades com boêmios, cujo estilo de vida o atrairia para sempre.

 

Em 1935, recebeu o prêmio Filipe d’Oliveira por “Forma e exegese”. Três anos depois ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxforf. Neste ano publicou “Novos poemas”. Com o inicio da Segunda Guerra Mundial, retornou ao Brasil. Após algumas experiências como jornalista, cronista e crítico de cinema, ingressou em 1943 no Ministério das Relações Exteriores, do qual foi aposentado compulsoriamente em 1969 pelo AI-5 da ditadura militar.

 

Desde sempre impregnada de musicalidade, a poesia de Vinícus transita de uma primeira fase, marcada pelo neo-simbolismo e pela espiritualiade, para um erotismo personalíssimo, dominado por confidências e pleno de sentidos a partir dos anos 1950. A linguagem, por sua vez, abandona paulatinamente os versos caudalosos e difusos das primeiras obras, em famor de uma maior objetividade e coloquialidade, ganhando nesse percurso uma dicção inconfundível. É esse lirismo renovado e renovador que o aproximará dos grandes músicos e compositores da sua geração.

 

Canções de Amor

 

Vinicius de Moraes é mais conhecido pelas parcerias com compositores populares como Tom Jobim, Carlos Lyra, Toquinho e Baden Powell. Ele foi, sem dúvida, um dos expoentes da Bossa Nova ­ movimento surgido na Zona Sul do Rio de Janeiro, no final da década de 1950, que se caracterizou pelo refinamento da harmonia, de influência jazzística e impressionista, sobre uma base essencialmente de samba. No plano da letra – e neste aspecto a contribuição do poeta foi decisiva -, assinala uma virada em favor de um lirismo despojado e maracado pelo cotidiano.

 

  Fotos: Reprodução
  viniciusantologia500
   
  viniciuscomtomeviolao
  Acima, Vinicius com a famosa antologia de seus poemas publicada pela Editora Sabiá. Abaixo, com Tom Jobim e o violão (c. 1950).

Mas os poemas de Vinícius de Moraes também serviram de fonte para obras de compositores clássicos brasileiros. O exemplo mais notável são as Canções de Amor, compostas por Cláudio Santoro e contemporâneas ao surgimento da Bossa Nova. A origem dessas canções remonta aos Prelúdios para piano que o compositor começou a escrever ainda na década de 1940. Em 1958 Santoro, morando então em Paris, entrou em contato com Vinícius, que colocou letra em alguns deles. O resultado, um dos mais importantes ciclos de canções da música vocal brasileira.

 

O programa destacou as Canções de Amor na voz especial do tenor Aldo Baldin acompanhado ao piano por Lilian Barreto.

 

Bossa Nova

 

O marco inicial do movimento é o álbum Canção do Amor Demais, com obras assindas por Vinícus e Tom Jobim, e com a insuperável interpretação de Elizeth Cardoso. O LP foi lançado em 1958 pelo antigo selo Festa do produtor Irineu Garcia, um visionário que nos legou um catálogo invejável de gravações de música de concerto e de gravações pioneiras de Bossa Nova.

 

Com o sucesso de Canção do Amor Demais, Garcia investiu em um segundo LP com canções da parceria. Intitulado Por toda a minha vida, como solista foi convidada a cantora lírica Lenita Bruno, conhecida intérprete de operetas em programas da antiga Rádio Nacional. Lenita era casada com o maestro Léo Perachi, arranjador da Nacional e autor das orquestrações do filme Orfeu Negro. Dirigido por Marcel Camus e baseado em peça de Vinicus a produção franco-brasileria ganhou a Palama de Ouro do Festival de Cannes, em 1959, e o Oscar de melhor filme estrangeiro no ano seguinte.

 

Para as melodias de Tom Jobim, de quem aliás havia sido professor, Perachi escreveu arranjos de grande beleza e enorme economia de meios. Na orquestra, músicos do quilate de Radamés Gnattali, ao piano, e Mário Tavares, como um dos violoncelistas. Um verdadeiro recital de canto onde a voz cristalina de Lenita casa perfeitamente com orquestrações inspiradas.

 

Das 13 canções desse álbum histórico, o programa apresentou Estrada Branca, Valsa de Orfeu, Canção do Amor Demais, Eu sei que vou te amar, Canta Canta Mais, Cai a tarde, Sem você e Eu não existo sem você.

 

***

 

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

 

Homenagem a Claudio Abbado

Foto: Reprodução
abaddo190
Abbado (1933-2014), um dos maiores regentes da sua geração.

A edição desta semana de Concertos UFRJ recorda o maestro italiano Claudio Abbado, um dos grandes expoentes da música de concerto, falecido no último dia 20 de janeiro, em Bolonha. “Claudio Abbado morreu serenamente às 8h30, cercado por sua família”, informaram parentes do músico em comunicado. Ele estava com 80 anos e lutava, havia mais de uma década, contra um câncer que o havia levado a cancelar parte de seus compromissos no segundo semestre do ano passado.

A edição desta semana de Concertos UFRJ recorda o maestro italiano Claudio Abbado, um dos grandes expoentes da música de concerto, falecido no último dia 20 de janeiro, em Bolonha. “Claudio Abbado morreu serenamente às 8h30, cercado por sua família”, informaram parentes do músico em comunicado. Ele estava com 80 anos e lutava, havia mais de uma década, contra um câncer que o havia levado a cancelar parte de seus compromissos no segundo semestre do ano passado.

 

   
 
podcast

Ouça aqui o programa: 

  {mp3}concerto20140203|230|25| 0{/mp3}
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção .
   

Abbado foi um dos mais importantes maestros do nosso tempo — diretor musical do La Scala, de Milão, principal regente da Orquestra Sinfônica de Londres, principal maestro convidado da Orquestra Sinfônica de Chicago, diretor musical da Ópera Estatal de Viena, regente principal da Orquestra Filarmônica de Berlim. 

 

O maestro nasceu em Milão, em 1933. Seu pai, violinista e professor do Conservatório Giuseppe Verdi, iniciou o filho na música aos oito anos. Com dezesseis anos cursou piano, composição e regência no Conservatório de Milão, e estudou regência mais tarde, em 1955, com Hans Swarowsky na Academia de Música de Viena. Também frequentou a Academia Chigiana, em Siena. Em 1958 conquistou o prêmio Serge Koussevitsky no Festival de Música de Tanglewood, o que lhe abriu a porta para conduzir óperas na Itália. Em 1963 conquistou também o importante Prêmio Dimitri Mitropoulos para regentes.

 

Abbado assumiu, em 1968, o Scala de Milão, onde passou quase 20 anos como diretor musical e ampliou o repertório da casa, abrindo espaço para obras do século 20.

Nos anos 80, acumulou o posto no Scala com o de diretor da Orquestra Sinfônica de Londres. Da Inglaterra, partiria para Vienal. Na capital austríaca, criou o Wien Modern, festival dedicado à música contemporânea e, à frente da Ópera Estatal de Viena, continuou de certa forma o trabalho iniciado na Itália, combinando um repertório novo com releituras e redescobertas de compositores do passado.

 

Em 1982, foi cotado para substituir Georg Solti à frente da Sinfônica de Chicago, mas acabaria por se tornar principal regente convidado. Em 1989, a imprensa o colocava como nome certo para assumir a Filarmônica de Nova York. Mas, com a morte de Herbert Von Karajan, ele receberia – e aceitaria – o convite para o posto de diretor da Filarmônica de Berlim. Abbado ofereceu ao grupo uma preocupação estilística atenta às recentes correntes de pesquisa, redefiniu sua sonoridade no que diz repertório francês e moderno, e fez de seu ciclo dedicado às sinfonias de Beethoven a base para as interpretações contemporâneas dessas obras.

 

  Foto: Reprodução
  abaddo400
   

quoteNão sou o chefe dos músicos, nós trabalhamos juntos.quotefim

Conhecido por sua adesão a posições políticas de esquerda, realizou concertos em fábricas e escolas, tentando envolver o público mais amplo no mundo da música clássica. Depois de uma viagem à Venezuela, se tornou um dos maiores incentivadores da Orquestra Sinfônica Simón Bolivar, parte de um programa destinado a tirar jovens da pobreza através da música. Na Itália apoiou, entre outros, projetos sociais para levar música às prisões e pediatrias de hospitais. “A educação musical é, na realidade, a educação do homem”, costumava afirmar.

 

Nos últimos anos, o maestro se dedicou a projetos mais pessoais como o Festival de Lucerna, na Suiça, a Orquestra Jovem Gustav Mahler e a Orquestra Mozart, de Bolonha.

 

Durante sua trajetória recebeu vários prêmios, como o título de Cavalheiro da Grande Croce italiana (1988) e a Cruz da Legião de Honra francesa (1989), além dos títulos honoris causa das Universidades de Ferrara, na Itália, e de Cambridge, no Reino Unido.

Abbado se tornou senador vitalício em agosto de 2013 por uma nomeação do presidente da Itália, Giorgio Napolitano. Em dezembro, renunciou ao seu salário parlamentar para dedicá-lo ao financiamento de bolsas de estudos para jovens músicos de uma escola da pequena cidade de Fiesole, da região da Toscana.

 

Repertório da Audição

 

Entre as inúmeras gravações do maestro, o programa selecionou as suas interpretações da Abertura Prometheus, Op. 43, L. van Beethovem, com a Orquestra Filarmônica de Berlim; da Abertura de Sonhos de uma Noite de Verão, Op. 21, Felix Mendelssohn, com a Orquestra Sinfônica de Londres; da Pavana para uma Princesa Morta, Maurice Ravel, com a Orquestra Sinfônica de Londres, da Suite Suite “O Tenente Kijé”, de Sergei Prokofiev, com a Sinfônica de Chicago; e da Abertura Festival Acadêmico, Op. 80, de Brahms, com a Orquestra Filarmônica de Berlim.

 

***

 

Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.