Entre 29/07 e 02/08, a Escola de Música sediará a 2ª Maratona de Música Eletroacústica

Entre os dias 29 de julho e 2 de agosto, ocorrerá, na Escola de Música da UFRJ, a 2ª Maratona de Música Eletroacústica (Mamuse). Ao longo da semana, o Salão Leopoldo Miguez será palco de concertos de música eletroacústica em suas diversas modalidades, com obras históricas e recentes, bem como de palestras, debates e atividades de cunho educacional envolvendo a contextualização deste repertório e a montagem do sistema de difusão sonora.

As atividades transcorrerão diariamente das 10h às 18h, sob a coordenação geral dos professores Rodrigo Cicchelli e Cláudio Bezz, docentes do Setor de Composição de Música Eletroacústica do Departamento de Composição da Escola de Música da UFRJ e atuais coordenadores do Laboratório de Música e Tecnologia.

A Maratona tem por objetivos proporcionar de forma intensiva e imersiva, ao longo de uma semana, a exposição e a sensibilização dos alunos da UFRJ ao universo da Música Eletroacústica em suas diversas modalidades, bem como seu treinamento em todas as etapas da realização de concertos do gênero – da montagem à desmontagem do sistema de difusão sonora, passando pelos ensaios e pela difusão das obras em público. Além disso, a Maratona estará aberta à comunidade externa, que fruirá a apresentação das obras em concertos didáticos informados por palestras que as contextualizam, tendo por objetivo a formação de novos públicos para o gênero. É importante destacar o caráter intensivo e imersivo da iniciativa, tanto para os alunos envolvidos quanto para o público em geral, todos “maratonando” um gênero musical tão representativo da contemporaneidade.

As inscrições de alunos extensionistas (carga total 40h) devem ser feitas por solicitação enviada aos coordenadores.

Confira abaixo a programação detalhada do evento:

Dia Horários Atividade
Segunda-feira 29/07 10h-12h30 Transporte de Equipamentos do LaMuT para o Salão Leopoldo Miguez,

Montagem do Sistema de Difusão Sonora e Realização de Testes

12h30-14h Pausa de almoço
14h-18h Ensaios – Sessão 1
Terça-feira 30/07 10h-12h30 Ensaios – Sessão 2
12h30-14h Pausa de almoço
14h-16h Ensaios – Sessão 3
16h-18h Concerto 1 Ricardo dal Farra – Tierra y Sol

Jean-Claude Risset – Invisible

Denise Garcia – Trem-pássaro

Jocy de Oliveira – Ofélia presa nas cordas de um piano (Andrea Adour, soprano)

Quarta-feira 31/07 10h-12h30 Ensaios – Sessão 4
12h30-14h Pausa de almoço
14h-16h Ensaios – Sessão 5
16h-18h Concerto 2 Javier Alvarez – Temazcal (Tiago Calderano, maracas)

Rodrigo Cicchelli – Orichalque multiplié (Tiago Calderano, vibrafone) – estreia

César Traldi – Reflexos #2 (Tiago Calderano, conga)

Karlheinz Stockhausen – Kontakte

Quinta-feira 01/08 10h-12h30 Ensaios – Sessão 6
12h30-14h Pausa de almoço
14h-16h Ensaios – Sessão 7
16h-18h Concerto 3 Cláudio Bezz – Oito impressões eletroacústicas sobre um poema sujo – estreia

Dário Rocha de Melo – Atenção, senhores passageiros! – estreia

Artur Paixão – Estudo Sonoro – Praça dos Cavalinhos  – estreia

Tiê de Kühl e Machado – Passaredo – estreia

Lucas Alves – Velocidade Onírica – estreia

Dário Rocha de Melo – Fragmentos de um tubo – estreia

Ítalo Spinelli – Mefer – estreia

Vinícius Braga – Fragmentos de uma despedida – estreia

Matheus Queiroz – Mar rubro, estrelas gélidas (Matheus Queiroz, sanfona) – estreia

Sexta-feira 02/08 10h-18h Desmontagem do Sistema de Difusão Sonora,

Transporte de Equipamentos do SLM para o LaMuT e

Avaliação da II MaMusE

 

Il Néo: Projeto Ópera na UFRJ e Orquestra Sinfônica da UFRJ levam espetáculo inédito de Henrique Oswald aos palcos do Rio e Niterói

O Projeto Ópera na UFRJ e a Orquestra Sinfônica da UFRJ, com o apoio do Proart-UFRJ, levarão mais um espetáculo aos palcos do Rio e Niterói em 2024. Trata-se de “Il Néo”, uma ópera em três quadros de Henrique Oswald, que a classificou como uma “novelletta musicale”. As apresentações serão no Salão Leopoldo Miguez, na Escola de Música da UFRJ (20/6, 21/6, 22/6 e 23/6), no Centro de Tecnologia da UFRJ (25/6) e no Theatro Municipal de Niterói (27/6 e 28/6).

O espetáculo marca a estreia moderna desta criação de Henrique Oswald, escrita originalmente em 1900 e produzida somente uma vez, em maio de 1952, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em celebração do centenário do compositor brasileiro. A relação da UFRJ com a obra vem desde essa data. É o que explica o maestro André Cardoso, diretor artístico da Orquestra Sinfônica da UFRJ:

“A primeira transmissão de rádio no Brasil ocorreu no Rio de Janeiro em 1922. Poucos anos depois, em 27 de maio de 1925, foi realizada a primeira transmissão radiofônica de uma ópera, justamente “Il Néo”, de Henrique Oswald. A transmissão foi a primeira audição da ópera, composta em 1900. O compositor, no entanto, nunca a veria encenada. A ópera subiria ao palco pela primeira vez apenas na temporada de 1952, do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, por ocasião do centenário de nascimento de Henrique Oswald. Naquela ocasião, uma presença ilustre marcou ainda mais a relação da UFRJ com a obra do compositor: os figurinos foram de autoria de Fernando Pamplona, ex-aluno e futuro professor e diretor da Escola de Belas Artes da UFRJ”.

O libreto é de Eduardo Fillipi e foi baseado no conto “La Mouche”, do dramaturgo francês Alfred de Musset (1810-1857). O título da obra se refere a uma pinta que se acharia nas espáduas de Madame de Pompadour, a cortesã francesa amante do Rei Luís XV, sendo um sinal secreto de sua beleza.

A história se passa no Palácio de Versalhes. Na trama, um corneteiro, o Cavalheiro La Blanche Meroisier, tenta ingressar no Palácio. Impedido nos portões pelo Guarda Suíço, acaba por conseguir penetrar no Trianon, pois é portador de uma mensagem do Rei para a Madame de Pompadour. Ao encontrá-la, aproveita para fazer-lhe um pedido: que interceda junto ao Rei para dar-lhe a posição de corneteiro real. Ao ler a carta, Madame desmaia, deixando cair o xale que lhe cobria os ombros, momento no qual o Cavaliere descobre a pinta. Pompadour, então, lhe avisa que divulgar esse segredo pode ser sua ruína. Ele promete conservar segredo, e a cortesã decide colocá-lo à prova, convidando-o para um baile de máscaras e usando mascarados de sua confiança para obriga-lo a confessar e ameaçá-lo. Ao final, a coragem e a discrição do Cavaliere são recompensadas.

A partitura de “Il Néo” foi recuperada a partir dos manuscritos existentes na Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ e do Arquivo Nacional, um trabalho desenvolvido pelo maestro Pedro Messias em seu curso de mestrado profissional no PROMUS, sob a orientação de André Cardoso, com o apoio do Projeto Ópera da Funarte / UFRJ.

De acordo com o musicólogo Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, “a música é deliciosa, sublinhando com ironia e emoção todas as passagens do texto”. No espetáculo serão também apresentadas outras obras do compositor para orquestra, formações de câmara e o seu cancioneiro integral. Nas apresentações, a OSUFRJ será regida pelo maestro Pedro Messias.

A direção cênica fica a cargo de José Henrique Moreira e a direção-geral é de Lenine Santos, que convida todos para o espetáculo, destacando também a celebração dos 30 anos do Projeto Ópera na UFRJ e os 100 anos da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ):

“Honra, coragem, paixões, desejos, juramentos e conspirações se misturam num grande baile de máscaras para o qual todos estão convidados. Durante o baile serão também apresentados números de dança, lindas canções e música de câmara do compositor, comemorando em alto estilo o aniversário de 30 anos do Ópera na UFRJ e os 100 anos da Orquestra Sinfônica da UFRJ”, promete Lenine.

As apresentações na Escola de Música da UFRJ serão gratuitas e estão marcadas para os horários a seguir: 20/6 e 21/6 (19h); 22/6 (16h); 23/6; (17h). A EM/UFRJ fica na Rua do Passeio, 98, próximo à estação Cinelândia do metrô. Haverá retirada de senha uma hora antes de cada récita. Já a apresentação no Centro de Tecnologia da UFRJ será em 25/6, às 13h. O endereço é Av. Athos da Silveira Ramos, 149, Cidade Universitária.

Projeto Ópera na UFRJ

Fruto de uma parceria que envolve a Escola de Música, a Escola de Comunicação, a Escola de Belas Artes e o Fórum de Ciência e Cultura, o Projeto Ópera na UFRJ, que completa em 2024 seus 30 anos, integra professores e alunos de áreas como artes cênicas, cenografia, direção teatral, figurino, indumentária, música, produção, visagismo, regência coral e orquestral, além da Orquestra Sinfônica da UFRJ.

O Projeto Ópera na UFRJ une-se para essa produção ao Projeto Sinos, resultado da parceria Arte de Toda Gente, entre a Funarte e a UFRJ.

A iniciativa também conta com o apoio de: ABM; Casa da Ciência; Circuito Proart; Faperj; Música Brasilis; Politécnica UFRJ; PPGM; Promus; Rádio MEC; SUAT; UFJF/ Pró-Música.

IL NÉO

Música: Henrique Oswald (1852-1931)

Libreto: Eduardo Fillipi

Baseada em um conto de Alfred de Musset

Equipe e Elenco

Regência: Pedro Messias (Orquestra Sinfônica da UFRJ)

Direção: José Henrique Moreira

Direção Geral: Lenine Santos

Direção de Extensão: Homero Velho

Direção junto à PROART: Andrea Adour

QUADRO I

Cavalheiro La Blanche Meroisier: Rodrigo Barcelos/ Robson Lemos

Madame Pompadour: Amanda Ayres/Dhulyan Contente

Guarda Suíço: Gilson Bender/Felipe Corrêa

Jovem Pajem: Julia Riera/Isabela Peralta

Pagem (soprano): Carla Garcia/Bruna Contino

Pagem (mezzo): Daniela Moreira/Thaisa Bastos

Valete (tenor): Raffael Uchoa/André Hipolito

Valete (B. Bar): Bernardo Rulff/Moisés Ribeiro

Cidadão (tenor): André Cisco / Marcus Vinícius Lima

Cidadão (B. Bar.): Dayvid Lucas/Harley Guirado

QUADRO II

Cavalheiro: Rodrigo Barcelos/Robson Lemos

Madame: Amanda Ayres/Dhulyan Contente

QUADRO III

Cavalheiro: Rodrigo Barcelos/Robson Lemos

Madame: Amanda Ayres/Dhulyan Contente

Mago: Gilson Bender/Felipe Corrêa

Folia: Julia Riera/Isabela Peralta

Fada (soprano): Carla Garcia/Bruna Contino

Fada (mezzo): Daniela Moreira/Thaissa Bastos

Harpia (tenor): Raffael Uchoa/André Hipolito

Harpia (B. Bar): Bernardo Rulff/Moisés Ribeiro

Demônio (tenor): Marcus Vinícius Lima/André Cisco

Demônio (B. Bar.): Dayvid Lucas/Harley Guirado

Equipe Técnica:

• Orquestra Sinfônica da UFRJ: Direção geral – André Cardoso.

• Figurino: Coordenação – Prof. Leonardo de Jesus. Criação: Nicolas Pereira Rodrigues e Clara Lima Silvestre. Equipe: Denise Silva, ⁠Raphaela Miguel, Lorena Couto, Laura Seixas, Caio Santos, Raquel Costa, Giulliana Pando, Camila Landim e Natali Souza.

• Cenografia: Coordenação – Profa Andréa Renk. Equipe: Christopher Munford, Felipe Eduardo Stein, Bianca Perrone, Gilson Motta, Maria Elisa.

• Dança: Orientação e coreografia – Profa Lígia Tourinho e Aruã Galileu. Corpo de baile: Alec Vasconcelos, Aruam Galileu, Bel Araújo, Daniel Monteiro, Jard, Letícia Viana, Luana Buscacio, Naomi Elisha Wiener, Rayan Pires, Ronábio Lima.

• Assistente de direção: Azul Scorzelli

• Direção de corpo e movimento: Marcellus Ferreira

• Pianistas: Leandra Vital, Thalyson Rodrigues, José Sacramento, Renan Santos e Rodrigo César Aranha.

• Produção executiva: Fabrícia Medeiros e André Garcez

• Direção Geral: Lenine Santos.

• Direção de Extensão: Homero Velho

• Direção PROART: Andrea Adour

• Legendas: Jonathan Dias e Lenine Santos

• Traduções: Lenine Santos

• Cenotécnica: Humberto Júnior

• Luz, gravação e transmissões por streaming: SUAT – José Henrique Moreira.

Agradecimentos:

Rosana Lanzelote

José Staneck

PROGRAMA

1. Madame Pompadour (Oswaldo Santiago/Paulo Barbosa) Intérpretes: André Hipolito e Raffael Uchôa (tenores), Bernardo Januzzi (violão) e Victor Santos (flauta).

2. Élégie (H. Osvald) Intérpretes: Bernardo Januzzi (violão) e Victor Santos (flauta).

3. Escultura (Adelino Moreira) Intérpretes: Marcos Vinícius Lima e André Cisco

4. AVE! – Intérpretes: Carla Garcia e Bruna Contino.

5. Élégie Intérpretes: Bernardo Januzzi (violão) e Victor Santos (flauta).

6. AOS SINOS! / Intérpretes: Thaissa Bastos e Daniela Moreira.

7. MINHA ESTRELA – Intérpretes: Bernardo Rulff e Moises Ribeiro.

8. Il NÉO – QUADRO I

9. Guarda come dinanzi a te [Ciclo ‘Ofélia’] Intérpretes: Raffael Uchoa e André: Cisco.

10. Amore, amore [Ciclo ‘Ofélia’] Intérpretes: Dayvid lucas e Harley Guirado

11. Scrosciate uragani [Ciclo ‘Ofélia’] Intérpretes: André Cisco e Marcus Vinícius Lima.

12. Minueto op. 23 Número 1

13. IL NÉO – QUADRO II

14. L’Angelo del Cimitero [Ciclo ‘Ofélia’]

15. La Morta [Ciclo ‘Ofélia’] Intérpretes: Thaissa Bastos e Daniela Moreira.

16. Gavota op. 2 Número 8

17. IL NÉO – QUADRO III

Pianistas nas canções: Thalyson Rodrigues, Leandra Vital, José Eduardo Sacramento, Renan Santos e Rodrigo César Aranha

Professor Marcelo Fagerlande comenta sobre a edição de vinte anos da Semana do Cravo

Tendo completado neste ano duas décadas de existência, a Semana do Cravo tem sido, desde 2004, um espaço único para o intercâmbio artístico e acadêmico no campo do cravo. Organizado pelo cravista e professor Marcelo Fagerlande, da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o evento reuniu, no mês de abril, professores e alunos de diversas instituições brasileiras que oferecem o ensino do instrumento.

Durante os dias 24, 25 e 26 de abril, a EM/UFRJ foi o epicentro das atividades, que incluíram mesas-redondas dedicadas ao ensino do cravo, recitais de jovens talentos, e o lançamento de um volume comemorativo contendo a tradução para o português do “Método de Baixo Contínuo ao Cravo”, de L. Bourmayan e J. Frisch. Esta obra, agora disponível gratuitamente em formato impresso e digital, representa um marco significativo para a comunidade cravística brasileira, graças aos esforços de uma equipe de renomados profissionais, incluindo Fagerlande, Mayra Pereira, Maria Aida Barroso, Luciana Camara, Daniele Barros e Ilma Lira.

Entre os destaques das discussões deste ano, estiveram temas relacionados ao ensino do cravo, incluindo debates sobre práticas pedagógicas e a integração do instrumento no contexto brasileiro. A professora Patricia Michelini Aguilar, coordenadora do Promus (Programa de Pós-graduação Profissional em Música da UFRJ), entrevistou o professor Marcelo Fagerlande para saber um pouco mais sobre a Semana do Cravo de 2024.

Confira:

Patricia Aguilar: Professor Fagerlande, a Semana do Cravo deste ano recebeu participantes de várias cidades do Brasil. Poderia nos falar um pouco sobre a diversidade de origens dos participantes?

Marcelo Fagerlande: Contamos com a participação de professores e alunos vindos, além do Rio, de São Paulo, Campinas, Tatuí (SP), Recife, Juiz de Fora, Belo Horizonte, Goiânia e Brasília. É uma amostra bastante significativa dos lugares no Brasil onde se ensina cravo no país.

Patricia Aguilar: Quanto às atividades realizadas durante a Semana do Cravo, poderia destacar algumas delas?

Marcelo Fagerlande: Nós tivemos o formato habitual das Semanas do Cravo, com mesas redondas com os professores e recitais com os alunos das respectivas instituições. Normalmente, as mesas estão relacionadas aos temas que os professores pesquisam. Mas nesta edição, com exceção de uma única mesa relacionada ao cravo e música barroca, em todas as outras mesas, nós tivemos interessantíssimas discussões sobre a prática do ensino de cravo, seja em universidades brasileiras ou nas instituições de ensino médio. Isso foi muito importante porque, na verdade, a Semana do Cravo é um congresso de cravistas. Trata-se do único fórum no Brasil no qual a gente se encontra e debate questões importantes para nós. E essa questão do ensino já tinha acontecido, embora de maneira mais tênue em anos anteriores. Assim, eu achei que, nos 20 anos da semana, era importante a gente parar, sentar e discutir, trocar informações sobre o que nos aflige, quais são as dificuldades que nós enfrentamos, quais são as soluções que, eventualmente, a gente encontra para solucionar os problemas ou não.

Tivemos retornos superinteressantes e mesmo emocionantes, não só de pessoas menos experientes, como de pessoas muito experientes, que mencionam o quanto foi importante a Semana do Cravo de 2024 para que sejam sugeridas novas mudanças, novas propostas para currículos. Isso aconteceu agora, recentemente, com a professora Helena Jank, da Unicamp. Mas não só com ela. Tenho ouvido de vários colegas o quanto essas discussões foram frutíferas.

Acho que podemos considerar que os nossos objetivos foram alcançados agora. É claro que tem muito trabalho pela frente sempre, porque a gente enfrenta problemas sérios, mas unidos, trocando ideias e discutindo, pensando nas soluções, a gente certamente acha um caminho melhor para o Cravo e para o seu ensino no Brasil.

Patricia Aguilar: Quais foram os destaques em relação às apresentações ocorridas no evento?

Marcelo Fagerlande: É muito bonito podermos observar uma diversidade muito grande entre os alunos. Contamos com a participação de alunos de todo tipo de origem, de todo tipo de bagagem. Não é à toa que escolhemos como arte para a divulgação da vigésima semana justamente um patchwork com a silhueta de um cravo. Isso mostra que o denominador comum entre nós é o cravo, mas a nossa bagagem é muito ampla e diferente entre cada um de nós, tanto professores quanto alunos. E isso ficou evidente nos recitais. O repertório de cravo é tão imenso, é tão grande, que a gente raramente tem repetição de uma mesma obra. Os programas, por exemplo, são propostos pelos próprios alunos. E seus professores enviam para a gente, através das inscrições. E em 99,9% das vezes, a gente não tem repetição de obra, o que é uma coisa bem interessante. Como eu disse, isso ilustra como o repertório de cravo é um repertório imenso. Eu gostaria também de destacar que a gente teve, dessa vez, uma participação muito especial do Camerata de Cordas da UFRJ, dirigida pelo nosso colega Fernando Pereira. É uma meninada super animada que, tocando bem, colaborou com a Michele, que é a nossa aluna, agora no mestrado (PROMUS). Foi apresentado um concerto de Bach para cravo e cordas. Foi muito bonito. Esse foi o encerramento da semana.

Em relação às dificuldades, e eu não estou falando de 2024, mas também me referindo aos 100 anos que a gente pesquisou durante o século XX, uma delas é que o cravo é sempre anunciado como uma novidade, como alguma coisa exótica. É incrível como mesmo em 2024, depois do trabalho de tanta gente no Brasil, divulgando, tocando e ensinando cravo, ele ainda seja um instrumento desconhecido. Isso é curioso já que, na verdade, ele é um instrumento que está presente na história da música pelo menos de 1600 a 1800. É difícil você falar de um grande compositor dessa época que não tenha escrito para cravo, ou que ele próprio não tenha sido cravista. E aí eu cito simplesmente Bach, Scarlatti, Handel, Couperin, Rameau, entre outros. É incrível como, mesmo hoje em dia, o instrumento desses compositores não só é desconhecido, como muitas vezes não é valorizado. Em função disso, a gente sempre precisa fazer esse trabalho de divulgação. Por outro lado, a visita, sobretudo de muitos alunos de fora do estado participando dos debates e das mesas contribui para que o instrumento fique cada vez mais conhecido, e consequentemente, cada vez sofra menos preconceito.

Patricia Aguilar: Por fim, o que o senhor destacaria como comentário geral sobre a Semana do Cravo deste ano?

Marcelo Fagerlande: Por fim, o comentário geral que eu gostaria de fazer é que, embora tenhamos recebido financiamento da Faperj este ano, o fato que possibilita a realização deste evento há 20 anos é a adesão de todos, dos professores e colegas de fora. E, se não fosse isso, a gente não teria um evento com tanto sucesso, posso dizer sem falsa modéstia, porque, desde o início, isso aconteceu, tendo a gente verbas pomposas ou verbas mais magras. Mas sempre houve adesão dos colegas de fora e, consequentemente, dos seus alunos. Então, isso é o que faz com que a semana persista e que seja um sucesso e que atraia tanta gente. A semana sempre atraiu gente e eu espero que continue atraindo. E eu sempre agradeço à Escola de Música, aos programas de pós-graduação, pelo apoio e aos colegas do Ventura. É uma união de esforços para que funcione.

Eu não podia deixar de mencionar também o lançamento do Método de Baixo Contínuo, de Frisch, como um motivo de comemoração para todos nós. Essa tradução do original francês para o português, com a publicação de vários exemplares impressos que foram distribuídos gratuitamente na Semana por conta de um patrocínio da Capes, representa uma conquista significativa. E ter disponibilizado o material para download gratuito nos sites dos programas de pós-graduação também é um motivo de muita felicidade. Trata-se de uma obra importante não só para quem faz cravo, baixo contínuo, mas para quem estuda música barroca de um modo geral e mesmo harmonia. É uma forma incrível de estudar harmonia ao teclado. Já tivemos muito retorno de pessoas que sempre tiveram interesse e que já estão agora baixando o material. Esperamos que isso continue e que seja uma ferramenta que auxilie bastante os interessados no assunto.

Escola de Música entrevista o maestro e compositor colombiano Rubén Darío Gómez Prada

Entre os dias 20 e 27 de maio, a Escola de Música da UFRJ receberá o maestro e compositor colombiano Rubén Darío Gómez Prada, diretor do programa de bandas da Southern Illinois University-Edwardsville (EUA) para uma intensa agenda de atividades junto ao Projeto de Extensão Sistema Pedagógico de Apoio às Bandas de Música.

Em 20/05, Rubén dará aulas de regência para a classe de Regência de Banda, bem como para as classes de Introdução à Regência. Em 22/05, o maestro oferecerá uma oficina de composição para banda sinfônica, a qual contará com a coordenação do professor Liduino Pitombeira. Em ambos os dias, bem como em 23/05, Rubén estará também envolvido nos ensaios da Orquestra de Sopros da UFRJ. Finalmente, para completar as atividades, no dia 27, às 19h, o maestro regerá a Orquestra de Sopros da UFRJ no Salão Leopoldo Miguez num concerto que contará com obras do repertório contemporâneo para banda sinfônica.

Além de gratuito, o concerto em questão integrará a campanha de solidariedade com a população impactada pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Serão aceitas doações de itens como: água mineral; alimentos não perecíveis; itens de higiene e limpeza; botas e roupas impermeáveis para equipe de salvamento; roupas e calçados limpos e em bom estado de conservação; colchonetes e cobertores; além de ração para cães e gatos.

Por conta de sua visita ao Rio, os professores da Escola de Música da UFRJ, Marcelo Jardim e Gabriel Dellatorre, fizeram uma entrevista com o maestro. Confira:

Marcelo Jardim: Rubén, nos conhecemos há praticamente duas décadas e digo que é um imenso prazer recebê-lo como professor convidado em nossa Escola de Música da UFRJ. Conte-nos um pouco da sua trajetória com o trabalho com as bandas, desde a Colômbia até os dias atuais.

Rubén Darío Gómez: O prazer é meu também, Marcelo. Meu primeiro instrumento foi a clarineta, quando comecei a tocar na banda da minha universidade, em Bucaramanga, Colômbia. Em 1998 ingressei no Ministério da Cultura como conselheiro para as atividades vinculadas às bandas e atuei nas áreas de teoria musical e regência. Em 2003 comecei a escrever obras especificamente para bandas sinfônicas e desde então não parei de compor para as diversas formações das bandas. Entre 2003 e 2015 atuei na regência de diversas bandas na minha cidade, incluindo a banda da minha própria escola de música (uma banda infantojuvenil) e a banda da universidade onde eu trabalhava, formada basicamente por estudantes de música. Em 2015 fui para os Estados Unidos, onde fixei residência, fiz mestrado e doutorado em regência de banda, além de me dedicar mais ao estudo de composição. Foi uma grande mudança em minha vida, e desde 2020 sou o Band Director, coordenador das atividades de bandas, da Southern Illinois University-Edwardsville. Minhas funções na universidade incluem a regência e coordenação musical da wind ensemble (orquestra de sopros) e das aulas de regência para alunos de graduação e pós-graduação. Também sou regente assistente da Banda Municipal de Edwardsville e regente associado da Saint Louis Wind Symphony.

MJ: O que você planejou para as atividades que irá desenvolver aqui, com nossos estudantes da EM/UFRJ?

RDG: Temos várias ações para esta semana. Para a Orquestra de Sopros da UFRJ, que é um grupo de alunos avançados e com experiência na prática de banda sinfônica, pretendo fazer uma programação com obras de compositores dos Estados Unidos e algumas de minhas composições. Conforme conversamos, em nossa troca de informação que antecede a esta programação, minha ideia foi a de expor os alunos ao contato de obras de compositores que podem ser desconhecidos para eles, como Julie Giroux ou David Maslanka, mas que são de grande importância para o universo das bandas atuais, bem como a oferecer a todos os estudantes da banda a oportunidade em trabalhar com um compositor-regente, o que é uma experiência sempre gratificante para ambos os lados.

Para os alunos de regência, planejei dois workshops de regência de banda, um para os alunos de regência de banda, diretamente, e outro, aberto a todos os estudantes com interesse em regência, de uma forma geral. Nestes workshops, poderemos trabalhar alguns aspectos de técnica de regência, interpretação e estudo da partitura. Pretendo também trabalhar com algumas obras padrão do repertório da banda universal que são de estudo obrigatório para todos os regentes.

Haverá uma outra atividade ainda, em formato de palestra, sobre repertório para bandas de compositores latino-americanos, no qual vou abordar também o tema sobre composição para bandas. Nesta palestra apresentaremos obras de compositores historicamente importantes, bem como algumas obras mais recentes de compositores mais jovens.

Gabriel Dellatorre: Rubén, eu atuo bastante com grupos jovens, com edição de partituras e percebo ainda um longo caminho no Brasil para uma melhor compreensão sobre a questão do nivelamento técnico para as composições. O que você poderia falar sobre este ponto, na organização pedagógica por níveis de dificuldade, na escrita para as bandas?

RDG: Gabriel, excelente ponto e para o qual precisamos dar toda a atenção. Quando o repertório é organizado por níveis de dificuldade, toda a organização e planejamento do trabalho fica mais sistemático e o progresso dos alunos pode ter um melhor acompanhamento. O repertório, quando escrito levando-se em consideração o nível técnico a que se pretende, permite explorar o potencial interpretativo dos alunos porque quando as obras estão ao nível dos alunos e os aspectos técnicos podem ser vencidos com alguma facilidade, o regente ou o educador musical pode explorar aspectos interpretativos ou técnicos que seriam impossíveis de se alcançar com obras que ultrapassem as capacidades técnicas musicais dos estudantes.

Outra vantagem do repertório classificado por níveis técnicos é que os regentes e gestores de projetos podem encomendar obras de acordo com as habilidades musicais de seus alunos, tendo a certeza de que as obras poderão ser executadas de forma adequada. Isso favorece o crescimento do repertório e quando as obras são efetivas, significa também que outras bandas podem programá-las, favorecendo a circulação da música deste compositor.

GD: Foi uma experiência muito gratificante ter sido o preparador do grupo para este concerto, pois tive um contato direto com duas de tuas obras, Latinoamerica Despierta e Montaña Mágica, e vou poder te acompanhar no prosseguimento a esta preparação inicial. Gostaria que você falasse um poco sobre elas.

Fico feliz que tenha gostado de trabalhar as duas obras com o grupo, Gabriel. Latinoamerica Despierta foi escrita em 2020 para comemorar o 50º aniversário da banda Boston Winds, sediada na cidade de Boston, nos Estados Unidos. A obra é baseada nos movimentos de protesto social que ocorreram em diversos países da América Latina, os quais sofreram por anos com governos que procuram apenas o benefício de pequenos grupos e enriquecimento pessoal em detrimento de encontrarem soluções para os problemas do cotidiano da população, o que resultou em pobreza e sofrimento. Diante desta situação, o povo procurou sempre se manifestar e, em alguns casos, ‘acordou’ e conseguiu estabelecer governos mais justos e socialmente responsáveis, e que não se posicionam somente do lado dos poderosos. A Montaña Mágica (A Montanha Mágica) é inspirado em um lugar muito bonito, com uma imponente montanha, localizado no município de Santa Elena, no Departamento de Antioquia e muito próximo da cidade de Medellín. Conheci esse lugar em 2006 e ali encontrei tranquilidade, paz e… silêncio. Depois de passar alguns dias lá, me senti impelido a escrever sobre a experiência que tive e decidi que deveria escrever uma obra que pudesse retratá-la musicalmente.

MJ: Ruben, você estará conosco na Escola de Música da UFRJ, que é a mais antiga instituição oficial de música fundada no Brasil, e que formou várias gerações de músicos. O curso de regência de banda que temos é relativamente novo, mas foi o primeiro curso de bacharelado em regência de banda em uma universidade federal no Brasil, e em um país com milhares de bandas de música e bandas sinfônicas. Qual conselho você daria aos estudantes de regência e novos regentes que planejam se tornar regentes de bandas ou orquestras?

RDG: O principal conselho que é: prepare-se muito bem para cada momento que estiver a frente de uma banda, orquestra ou coro. Os músicos com os quais atuamos e a música que dirigimos merecem todo nosso respeito e a forma de demonstrarmos isso é com a nossa melhor preparação. E a preparação não deve ser somente na parte técnica da regência (gestual) mas principalmente nos aspectos intelectuais. Estudar a partitura, conhecer a história da música, a orquestração, os princípios da afinação, o equilíbrio, o treinamento auditivo para que se possa ouvir muito bem o que vem do grupo musical e poder oferecer ajuda em todos os aspectos da música, tudo isso faz parte da preparação intelectual do regente.

Procure conhecer e se familiarizar sobre estilos musicais diversos, para que possa conhecer e reconhecer que tipo de estilo tem a música que irá ser preparada e como atingir o melhor resultado desse estilo na prática de conjunto. As músicas não precisam soar iguais, pois se diferem em forma, estrutura e estilo e o regente que se familiariza com o maior número possível de estilos musicais terá maior capacidade em desenvolver trabalhos mais direcionados na preparação de cada obra musical.

Adquira e desenvolva uma boa bagagem de ferramentas pedagógicas. Este aspecto da preparação do regente precisa ser observado com cuidado e perseverança, pois isso não é conquistado da noite para o dia, e é algo que se consegue com o tempo, através de experimentação, pesquisa e contato com colegas, professores e especialistas. Devemos ter ferramentas pedagógicas precisas para cada situação, para cada tipo de formação musical e muitas vezes, especificamente, para cada grupo musical. Vários são os fatores que nos obrigam a dispor de diferentes abordagens pedagógicas, tais como idade média do grupo, nível mediano de preparação musical, tamanho e tipo de formação, instrumental etc.

Esteja preparado para todos os diferentes contextos e situações (favoráveis ou desfavoráveis), quando for atuar como regente, seja em uma escola ou em um grupo avançado. É sempre muito difícil para os regentes preverem o que pode ocorrer em uma preparação musical. Por fim, uma dica valiosa: fale sempre com os músicos em uma linguagem positiva. Mesmo quando as coisas aparentemente não parecem ir bem, há sempre uma maneira positiva de lidar com cada situação. Nenhum músico quer ser tratado de forma desrespeitosa e se sentir desqualificado. Assim, pense antes de tomar uma atitude que pode provocar uma ruptura no trabalho em equipe, e procure sempre encontrar uma forma criativa e positiva de dizer o que é necessário.

Escola de Música da UFRJ recebe o maestro colombiano Rubén Darío

As atividades têm início em 20/05 e vão até a 27/05, quando o maestro regerá a Orquestra de Sopros da UFRJ num concerto cujo repertório conta com obras de Julie Giroux, David Biedenbender, David Maslanka, Franck Tichelli, além de composições autorais do próprio regente

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A Escola de Música da UFRJ se prepara para receber, entre 20 e 27 de maio, o maestro e compositor colombiano Rubén Darío Gómez Prada para uma intensa agenda de atividades junto ao Projeto de Extensão Sistema Pedagógico de Apoio às Bandas de Música. O regente atualmente ocupa o cargo de diretor do programa de bandas da Southern Illinois University-Edwardsville, nos EUA, onde ensina regência para alunos de graduação e pós-graduação, além de dirigir a Orquestra de Sopros da Universidade.

Em 20/05, Rubén dará aulas de regência para a classe de Regência de Banda, bem como para as classes de Introdução à Regência. Em 22/05, o maestro oferecerá uma oficina de composição para banda sinfônica, a qual contará com a coordenação do professor Liduino Pitombeira. Em ambos os dias, bem como em 23/05, Rubén estará também envolvido nos ensaios da Orquestra de Sopros da UFRJ. Finalmente, para completar as atividades, no dia 27, às 19h, o maestro regerá a Orquestra de Sopros da UFRJ no Salão Leopoldo Miguez num concerto que contará com obras do repertório contemporâneo para banda sinfônica.

É fundamental destacar que, além de gratuito, o concerto também integrará a campanha de solidariedade com a população impactada pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Serão aceitas doações de itens como: água mineral; alimentos não perecíveis; itens de higiene e limpeza; botas e roupas impermeáveis para equipe de salvamento; roupas e calçados limpos e em bom estado de conservação; colchonetes e cobertores; além de ração para cães e gatos.

Eis o link para acompanhar a transmissão ao vivo pelo Youtube: https://www.youtube.com/live/PsQIo5tZtJM

Seis obras serão apresentadas, sendo a primeira “La Mezquita de Córdoba”, da compositora Julie Giroux, que descreve musicalmente a construção da grande mesquita de Córdoba, Espanha, atual Mesquita-Catedral de Nossa Senhora da Assunção. Na sequência, a obra “Traveler”, de David Maslanka, composta em homenagem ao regente Ray Lichtenwalter, e que descreve as idas e vindas da vida, e que se inicia com uma nota breve: “Em nossos corações, nossas mentes, nossas almas. Viajamos de vida em vida, no tempo e na eternidade.” A terceira obra a ser apresentada, Luminescence, de Biedenbender, é baseada em fragmentos da melodia Break Forth O Beauteous Heavenly Light (Irrompe, ó bela luz celestial), escrita por Johann Schop (1590–1664) e posteriormente harmonizada em diversas formas por Johann Sebastian Bach.

Na segunda metade do concerto, o maestro dá voz às suas próprias composições Latinoamerica Despierta e Montaña Mágica. A primeira descreve a importância dos movimentos sociais da América Latina na luta contra a desigualdade e o abuso de poder por governos autoritários. A segunda é uma obra descritiva sobre a Montaña Mágica, um local tranquilo e bonito entre Medellín e Santa Elena (Antioquia, Colômbia) e que traz à memória a imponência da serra, das belas paisagens naturais, e da paz e tranquilidade que surge do contato direto do ser humano com a natureza. Musicalmente, trata-se uma alternância entre os ritmos bambuco e caña, característicos da região andina da Colômbia. O concerto finalizará com a obra “Vesuvius”, de Frank Tichelli, que faz um retrato musical do Monte Vesúvio e os momentos finais da cidade de Pompéia, destruída pelo vulcão em 79 D.C. Com elementos da Bacchanalia Romana e citações do Dies Irae, retirados do texto medieval da Missa de Réquiem, originalmente cantada para aqueles que já partiram, a obra recria a atmosfera festiva da cidade em contraste com as trevas e destruição, após a explosão do vulcão, e com a redescoberta da cidade, séculos depois em um renascimento histórico.

O vice-diretor da Escola de Música, professor Marcelo Jardim, celebra a vinda do maestro. “Receber um regente convidado é sempre motivo de alegria para todos, principalmente por agregar informação e experiência aos alunos. E ter um regente com a experiência e vivência de Ruben Dario, que agrega também o fato de ser um compositor conectado com suas raízes latino-americanas, é um privilégio. Todos estamos contentes que esta parceria esteja avançando, e com todo o apoio da Southern Illinois University-Edardsville e apoio do Programa Proart-Garin, do Fórum de Ciência e Cultura, além do suporte do PROMUS, ao qual o projeto de extensão é conectado”, afirma Marcelo Jardim, que também é diretor musical da Orquestra de Sopros da UFRJ, professor de regência de banda da EM/UFRJ e orientador no PROMUS.

O maestro Rubén Darío Gómez

Atualmente ocupa o cargo de diretor do programa de bandas da Southern Illinois University-Edwardsville, Estados Unidos, onde ensina regência para alunos de graduação e pós-graduação, dirige a Orquestra de Sopros da Universidade e coordena o festival estadual de bandas. Nascido em Zapatoca, Colômbia, o maestro Gómez recebeu seu Doutorado em Artes Musicais com ênfase em Regência de Bandas e área secundária em Composição da Universidade de Nebraska-Lincoln, assim como seu mestrado em Música na Middle Tennessee State University, e sua Licenciatura em Música da Universidade Industrial de Santander. Ele desenvolveu um amplo trabalho como regente, compositor, produtor, pianista e arranjador. Suas composições foram interpretadas e publicadas na Colômbia, Europa e Estados Unidos. Dirigiu bandas e orquestras na Colômbia, Peru e Estados Unidos. Alguns de seus prêmios mais importantes incluem: Prêmio Nacional de Música em Composição (Colômbia 2012), bolsa de estudos para colombianos estudando no exterior (2016), competição para compositores estudiantes organizada pela Metropolitan Winds em Boston (2019), e as bolsa de estudo Hixon- Lied e F. Pace Woods concedida pela Faculdade de Artes da Universidade de Nebraska-Lincoln. Atualmente é codiretor da Banda Municipal de Edwardsville e Diretor Assistente da Banda Sinfônica de San Luis, Missouri.

A Orquestra de Sopros da UFRJ

A Orquestra de Sopros da UFRJ foi criada em 2007 e desde 2008 apresenta, de forma ininterrupta temporadas regulares de concertos, com programação intensa da obra brasileira e mundial para banda sinfônica, tendo sido responsável por importantes estreias de obras de compositores nacionais e primeiras audições na Brasil do repertório internacional escrito especificamente para banda sinfônica e orquestra de sopros. É formada por alunos de graduação do bacharelado em instrumentos de sopros e de percussão da Escola de Música da UFRJ, inscritos na disciplina de Prática de Orquestra e por técnicos funcionários. Como projeto de extensão, atende também alunos provenientes de projetos sociais da cidade do Rio de Janeiro. Outra importante função é sua atuação direta no suporte ao bacharelado em Regência de Banda, oferecido pela EM/UFRJ desde 2011. Entre seus principais objetivos está proporcionar o desenvolvimento da prática de conjunto a partir dos conceitos orquestrais, difundir a literatura brasileira e internacional para a formação de banda sinfônica, orquestra de sopros e sopros orquestrais, atuar no desenvolvimento técnico musical de seus integrantes a partir da prática de banda e orquestra. Em 2009 gravou o CD “A Obra para Orquestra de Sopros de Heitor Villa-Lobos” e em 2017 o CD ao vivo “Dobrados para o Itamaraty”. Em 2017 e 2019, atuou como grupo residente do Simpósio Funarte-UFRJ para Bandas, e desde sua organização, tem participado dos Panoramas de Música Brasileira Atual.

Arte de Toda Gente | SISTEMA PEDAGÓGICO DE APOIO ÀS BANDAS

O Programa Arte de Toda Gente conjuga vários projetos de extensão da Escola de Música da UFRJ, tais como o Sistema Nacional de Orquestras Sociais – SINOS, o Bossa Criativa, o Um Novo Olhar, o Arte em Circuito, o Projeto Bandas: Sistema Pedagógico de Apoio às Bandas de Música e o Projeto Ópera: Plano de Desenvolvimento para a Ópera no Brasil. Todos os projetos foram estruturados a partir da parceria entre a Funarte e a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, com início em 2020 e com o objetivo de desenvolver uma amplitude de ações em prol do desenvolvimento das ações pedagógicas nas áreas das artes, no Brasil, e especificamente, na área musical. A esse conjunto de projetos somaram-se também a realização de duas edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea (XXIV e XXV). Atualmente, o Programa Arte de Toda Gente viabiliza centenas de outras parcerias pelo Brasil, com as mais importantes instituições de arte, cultura e educação, e avança com o programa de parcerias institucionais, com foco no compartilhamento dos cursos em EAD.

Projeto de Extensão Sistema Pedagógico de Apoio às Bandas de Música

O projeto de extensão foi criado em 2019, com aprovação no Departamento de Música de Conjunto e na Congregação da EM e conectado ao PROMUS, e vem atuando desde então para ações que objetivam o suporte técnico e pedagógico para regentes e instrumentistas de bandas de música, bandas sinfônicas, projetos socioculturais, orquestras e bandas juvenis. Em 2022, passou a contar com o apoio da Funarte e a integrar o programa Arte de Toda Gente, intensificando seus objetivos de apoio e avançando em diversas ações de suporte, tais como o Por Todas as Bandas do Brasil, o Simpósio Funarte-UFRJ de Bandas, as publicações de partituras, guias e manuais, a gravação de concertos com repertório brasileiro para bandas e a ampla difusão desse repertório no Brasil e no mundo. Tem como coordenador o professor Marcelo Jardim.

Projeto Bandas (Funarte)

Criado em 1976, o Projeto Bandas da Funarte possui uma trajetória que se confunde com a da própria história da Fundação, que foi estruturada no ano de 1975. Sua função sempre se estabeleceu no apoio sistemático ao desenvolvimento da banda de música no Brasil, com realização de doação de instrumentos musicais, promoção de cursos e oficinas de aperfeiçoamento musical prático e teórico para regentes e instrumentistas, através dos Painéis Funarte de Bandas de Música, edição de partituras de obras de compositores brasileiros, preparação de manuais técnicos, organização do cadastramento das bandas no Brasil, entre outras ações. É realizado pela Coordenação de Bandas de Música, ligada à Diretoria de Música da entidade. O Projeto de extensão Sistema Pedagógico de Apoio às Bandas de Música, da UFRJ, foi criado como suporte direto para o Projeto Bandas.

O programa

Julie Giroux – La Mezquita de Cordoba

David Maslanka – Traveler

David Biedenbender – Luminescence

Rubén Darío Gómez Prada – Latinoamerica Despierta

Rubén Darío Gómez Prada – Montaña Mágica

Franck Tichelli – Vesuvius

Cronograma de atividades:

Dia 20/5 (segunda)

14h-16h Oficina de Regência de Banda (Sala Francisco Manuel, Rua do Passeio, 98)

18h-20h30 Ensaio com a Orquestra de Sopros da UFRJ (Salão Leopoldo Miguez)

Dia 22/5 (quarta)

14h-16h Encontro e oficina de composição para banda sinfônica (Sala 2116, Ed. Ventura). Coordenação Prof. Dr. Liduino Pitombeira

18h-20h30 Ensaio com a Orquestra de Sopros da UFRJ (Salão Leopoldo Miguez)

Dia 23/5 (quinta)

18h-20h30 Ensaio com a Orquestra de Sopros da UFRJ (Salão Leopoldo Miguez)

Dia 27/5 (segunda)

19h CONCERTO Orquestra de Sopros da UFRJ

Regência Rubén Darío Gómez

Onde: Salão Leopoldo Miguez (Rua do Passeio, 98, Escola de Música da UFRJ, Centro-RJ)

Entrada franca

Realização

Fundação Nacional de Artes – Funarte (www.funarte.gov.br)

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) | Escola de Música da UFRJ

Projetos Funarte-UFRJ (Programa Arte de Toda Gente):

Em 16/05, Orquestra Sinfônica da UFRJ faz 4º concerto de sua 100ª

Em 16 de maio, às 19 horas, a Orquestra Sinfônica da UFRJ retorna ao palco do Salão Leopoldo Miguez, da Escola de Música da UFRJ, para mais um concerto da sua temporada centenária. Desta vez, a regência será diretor artístico da OSUFRJ, maestro André Cardoso. A apresentação também contará com a participação do flautista João Moreira, um dos vencedores do concurso jovens instrumentistas 2024 da OSUFRJ.

O quarto concerto da 100ª temporada da Orquestra Sinfônica da UFRJ será basicamente dedicado ao repertório da segunda metade do século XIX, com dois dos mais importantes compositores do chamado Romantismo Musical. Giuseppe Verdi é a principal figura da ópera italiana no período, autor de títulos famosíssimos, encenados anualmente nos grandes teatros de todo o mundo, como La Traviata, Rigoletto, Il Trovatore, Aída e Otello. A ópera Les Vêpres Siciliennes (em italiano, I Vespri Siciliani) foi composta para Paris, cidade onde estreou na Academia Imperial de Música, em 1855. Segue o modelo francês em cinco atos, com a inclusão de um balé. A abertura é das mais extensas compostas por Verdi e, junto com a de La forza del destino, das mais frequentemente executadas em concerto. Foi estruturada pelo compositor a partir dos principais temas da ópera, presentes na introdução e no Allegro agitato que segue, com temas contrastantes, que preparam o ouvinte para os diferentes momentos dramáticos que perpassam toda a encenação.

Cécile Chaminade foi uma importante compositora francesa que, ainda jovem, mostrou alguns de seus trabalhos a Georges Bizet, que a orientou na composição. Sua obra abrange o piano solo, canções, a música de câmara e orquestral. Dentre elas se destaca o Concertino para flauta, que, apesar de composto em 1902, ainda se enquadra na tradição romântica. É uma obra originalmente composta para flauta e piano e posteriormente orquestrada. Origina-se de uma encomenda do Conservatório de Paris para ser uma peça de exame para estudantes em final de curso. O Concertino foi estruturado em movimento único, no qual se alternam diferentes andamentos. O tratamento da flauta é virtuosístico e o orquestral equilibrado e expressivo, qualidades que levaram a obra a ultrapassar os limites dos exames escolares e ganhar o repertório profissional, sendo abordada pelos grandes flautistas. Foi dedicada a Paul Taffanel, então professor do instrumento no Conservatório de Paris.

A Sinfonia nº1 em Dó menor op.68 foi a obra de Brahms de mais longa gestação. Sentindo o peso de sua responsabilidade em abordar a forma sinfonia após o legado deixado por compositores como Beethoven, Schumann e Mendelssohn e em um momento histórico no qual o poema sinfônico lisztiano e o drama musical wagneriano ditavam as regras da música austro-germânica, Brahms levou mais de uma década para finalizá-la. Os primeiros esboços datam de 1862, mas a estreia só se deu em 1876, na cidade de Karlsruhe. Os modelos são evidentes: Beethoven na elaboração e no desenvolvimento temático e Schumann na forma. Sua primeira sinfonia se diferencia das demais que produziu por ser a única com introduções lentas, no primeiro e no quarto movimentos, além de um instrumento solo, o violino. Após o alívio da estreia, Brahms produziria imediatamente sua segunda sinfonia e mais duas, que constituem um dos grandes conjuntos de sinfonias produzidas no século XIX.

A entrada é gratuita e a apresentação está marcada para as 19h, no Salão Leopoldo Miguez, da Escola de Música da UFRJ, que fica na Rua do Passeio, 98, próximo à estação Cinelândia do metrô.

 

JOÃO MARCOS MOREIRA

Iniciou os estudos de Música aos seis anos, no Projeto Bem-me-quer Paquetá, sob orientação dos professores Josiane Kevorkian e Bruno Jardim. Com 12 anos iniciou na Flauta Transversal com o professor Rubem Schuenck. Atualmente cursa 7º período do Bacharelado em Flauta na Escola de Música da UFRJ, com o professor Eduardo Monteiro. Atuou na Orquestra Sinfônica Cesgranrio e na Academia Jovem Concertante. Atualmente integra o Quinteto Experimental de Sopros da Escola de Música da UFRJ, o Quinteto Guanabara, a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem e Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro.

ANDRÉ CARDOSO

Músico (violista e regente) graduado pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com Mestrado e Doutorado em Musicologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). Estudou regência no Brasil com os maestros Roberto Duarte e David Machado. Recebeu, durante três anos, bolsa da Fundação Vitae para curso de aperfeiçoamento na Argentina com o maestro Guillermo Scarabino, na Universidade de Cuyo (Mendoza) e no Teatro Colón de Buenos Aires. Em 1994, foi o vencedor do Concurso Nacional de Regência da Orquestra Sinfônica Nacional da UFF, passando a atuar à frente de conjuntos como as sinfônicas da Paraíba, de Minas Gerais, do Espírito Santo, de Campinas, de Porto Alegre, do Teatro Nacional de Brasília, a Sinfônica Brasileira e a Petrobrás Sinfônica. Foi maestro assistente da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro entre 2000 e 2007 e diretor artístico da instituição nas temporadas de 2015 e 2016. Como pesquisador publicou os livros “A música na Capela Real e Imperial do Rio de Janeiro” (ABM, 2005) e “A música na Corte de D. João VI” (Martins Fontes, 2008). Como libretista e roteirista estreou a ópera Aleijadinho, com música de Ernani Aguiar, em produção da Fundação Clóvis Salgado em Ouro Preto e no Palácio das Artes. No Theatro Municipal do Rio de Janeiro estreou o balé Macunaíma, com música de Ronaldo Miranda. É professor de Regência e Prática de Orquestra da Escola de Música da UFRJ, instituição da qual foi diretor de 2007 a 2015. Coordena para a Fundação Nacional de Artes – Funarte – em parceria com a UFRJ, o Sistema Nacional de Orquestras Sociais. É membro da Academia Brasileira de Música e seu atual presidente.

 

Confira o programa:

1- Giuseppe VERDI (1813-1901) – Abertura

I Vespri Siciliani(1855) 10’

2- Cécile CHAMINADE (1857-1944) – Concertino para flauta em Ré maior op.107 (1902) 10’

Solista: João Marcos Moreira (flauta)

4- Johannes BRAHMS (1833-1897) – Sinfonia n°1 em Dó menor op.68 (1812) 30’

I- Un poco sostenuto / Allegro / Meno Allegro

II- Andante sostenuto

III- Un poco Allegretto e grazioso

IV- Adagio / Più Andante / Più Allegro

 

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Sacra Vox e Coral da PUC-Rio se apresentam no Salão Leopoldo Miguez

Em 3 de maio, o Salão Leopoldo Miguez, da Escola de Música da UFRJ, será palco do primeiro concerto do ano da série Música Sacra de Todos os Tempos, coordenada pela professora Valéria Matos. A abertura da temporada de 2024 colocará lado a lado, através de uma relevante parceria institucional, o Conjunto Sacra Vox e o Coral da PUC-Rio.

O projeto Sacra Vox tem como principal referência o gênero sacro, realizando pesquisas e difundindo a produção coral brasileira, de modo a dar visibilidade a uma vertente expressiva da memória cultural do país. Além disso, o Sacra Vox estimula a produção de novas composições sacras e realiza parcerias com outras instituições. Em seu currículo constam centenas de concertos, apresentações didáticas, programas de rádio, TV e CDs.

O evento ainda contará com a participação do Grupo de Canto Coral da EM/UFRJ. O concerto apresentará obras corais clássicas e populares, desde o período barroco ao contemporâneo.

A Série Música Sacra de Todos os Tempos é coordenada junto ao Setor Artístico da Escola de Música da UFRJ, integrando também as ações pelo Circuito PROART do Fórum de Ciência e Cultura.

A entrada é gratuita e a apresentação está marcada para as 18h30, no Salão Leopoldo Miguez, da Escola de Música da UFRJ, que fica na Rua do Passeio, 98, próximo à estação Cinelândia do metrô.

 

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Montagem da ópera “O Elixir do Amor”, de Donizetti, no Theatro

O Projeto Ópera na UFRJ foi criado na Escola de Música em 1994. O objetivo foi o de proporcionar aos estudantes dos cursos de Música, Belas Artes e Direção Teatral uma formação específica no universo da ópera e seus subgêneros e a experiência prática de colocar um espetáculo em cena e apresentá-lo ao público.

Desde sua criação, foram levadas ao palco do Salão Leopoldo Miguéz 26 produções, abrangendo o repertório internacional e o brasileiro de óperas, de diferentes épocas, inclusive com estreias. Os resultados do projeto Ópera na UFRJ se refletem positivamente no meio profissional e nos principais teatros brasileiros dedicados ao gênero. É o caso da atual produção de “O Elixir do Amor”, de Donizetti, no Theatro Municipal do RJ.

No elenco estão Michele Menezes e Carolina Morel no papel de Adina, Guilherme Moreira, no papel de Nemorino e Murilo Neves, como Dulcamara, todos ex-alunos de canto da Escola de Música que participaram de diversas produções do Ópera na UFRJ. Não é apenas no elenco de cantores que um dos mais longevos e efetivos projetos de extensão da Escola de Música mostra sua importância na formação de profissionais para a ópera, mas também na direção musical, na direção cênica e na equipe criativa.

A regência do espetáculo está a cargo de Felipe Prazeres, integrante da Orquestra Sinfônica da UFRJ e atualmente cedido para a Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde é o Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal. Felipe teve sua primeira experiência com a regência de ópera enquanto aluno do Programa de Pós-Graduação Profissional da Escola de Música, quando desenvolveu um trabalho sobre a regência de recitativos e participou do Ópera na UFRJ como regente da ópera “A Flauta Mágica”, de Mozart, uma produção de 2018.

Como Regente Titular do Coro do Theatro Municipal está Edvan Moraes, outro egresso da Escola de Música e do Ópera na UFRJ. Edvan participou de várias de nossas produções como cantor e pianista, mas concluiu o Bacharelado em Regência como um dos regentes de “Cosi fan tutte”, de Mozart, em 2012.

A Escola de Belas Artes marca presença na produção de “O Elixir do Amor” no Theatro Municipal através dos cenários e figurinos de Desirée Bastos, que também participou de várias produções do Ópera na UFRJ. Estava na equipe de figurinos e adereços da ópera “A volta do estrangeiro”, de Mendelssohn, em 2001, como assistente de figurinos em “Don Pasquale”, de Donizetti, em 2002, e na equipe de cenógrafos de “As Bodas de Fígaro”, de Mozart, em 2003. Desirée retornaria ao projeto em 2011, já na condição de professora da Escola de Belas Artes, coordenando a equipe de figurinistas da ópera “Don Quixote nas bodas de Comacho”, de Telemann.

A ópera “As Bodas de Fígaro” de 2003 marcou também a estreia de Menelick de Carvalho no Ópera na UFRJ. O então aluno do curso de Direção Teatral da Escola de Comunicação atuou como assistente de direção cênica do professor André Heller-Lopes. Em 2019, Menelick retornaria ao Ópera na UFRJ como diretor cênico convidado para a ópera “O Elixir do Amor”, de Donizetti, a mesma que agora coloca em cena em nova produção do Theatro Municipal para a temporada de 2024.

 

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Em 18/04, Orquestra de Sopros faz concerto dedicado a compositores de

Nesta quinta, dia 18 de abril de 2024, às 19 horas, no Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música da UFRJ, a Orquestra de Sopros da UFRJ irá apresentar um concerto totalmente dedicado aos compositores de origem inglesa e australiana, com obras que se tornaram, ao longo das décadas, referências da sonoridade da banda sinfônica moderna.

De Gustav Holst (1874-1934), duas obras ocuparão parte do concerto, e a transcrição de uma giga de Johann Sebastian Bach, feita por Holst em 1930, pouco antes de escrever a Hammersmith. O compositor havia recebido um convite da BBC Military Band para escrever uma obra e, com um hiato sem uma escrita contínua para banda após escrever as duas Suítes Militares, decidiu por fazer uma transcrição de uma pequena giga de Bach. O resultado foi Fuga a la Giga, a qual serviu como readaptação para a escrita de uma obra autoral, Hammersmith, Prelude e Scherzo, Op. 52, em homenagem ao distrito de Londres. Esta música é descritiva da alegria da multidão aos sábados e o passeio às margens do rio Tamisa.

A outra obra, Songs of the West, é parte de “A Somerset Rhapsody”. O par – opus 1 e 2 – foi escrito em 1906/1907, baseado em canções folclóricas, coletadas por Cecil Sharp e Baring Gould. De Ralph Vaugham Williams, duas obras principais para banda: Toccata Marziale e Englisht Folk Song Suite, apresentada em sua forma original com a peça Sea Songs como segundo movimento. Posteriormente, o compositor a tratou como obra separada. De igual direcionamento estilístico, as obras são todas baseadas nas canções folclóricas recolhidas por Sharp e Gould, assim como as obras do compositor australiano Percy Grainger, que se baseiam no compêndio “The Complete Petrie Collection of Ancient Irish Music”, editado por Sir Charles Villiers Stanford. Percy Grainger, talvez, tenha sido um dos mais ávidos compositores a utilizar amplamente a canção folclórica como base de sua obra, tanto pianística quanto orquestral e de banda.

A distância média de um século separa o período dessas composições com os dias atuais, e nos mostra a genialidade latente no trato do elemento folclórico musical. Atualmente, tais obras se estabeleceram como cânones do repertório tradicional das bandas sinfônicas por todo o mundo e continuam sendo fonte de informação e conhecimento a todas as bandas e deleite a todos os ouvintes.

A entrada é gratuita e a apresentação está marcada para as 19h, no Salão Leopoldo Miguez, da Escola de Música da UFRJ, que fica na Rua do Passeio, 98, próximo à estação Cinelândia do metrô.

 

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 Marcelo Jardim regendo a Orquestra de Sopros da UFRJ

PROGRAMA

 

Percy GRAINGER (1882-1961)

English Morris Dance, “Shepherd’s Hey”, 1911

Johann Sebastian Bach (1685-1750)

Fuga a la Gigue, 1930 (transc.: Gustav HOLST, ed. Jon C. Mitchell)

Efeméride: 150 anos de nascimento / 90 de morte de Gustav Holst

Ralph Vaugham WILLIAMS (1882-1961)

Toccata Marziale, 1924

Efeméride: 100 anos da composição

Ralph Vaugham WILLIAMS (1882-1961)

English Folk Song Suite, 1923/1924 (15’30”)

I – Marcha “Seventeen come Sunday”

II – Sea Songs (movimento independente)

III – Intermezzo “My Bonny Boy”

IV – Marcha Folk Songs from Somerset

Gustav HOLST (1874-1934)

Hammersmith, Op. 52, 1930

Preludio: poco adagio – Scherzo: poco vivace

Gustav HOLST (1874-1934)

Songs of the West, Op. 21, nº 1, 1907 (transc.: James Curnow)

Percy GRAINGER (1882-1961)

Molly on the Shore, 1920

 

Orquestra de Sopros da UFRJ

A Orquestra de Sopros da UFRJ foi criada em 2005 e desde 2008 apresenta, de forma ininterrupta, temporadas regulares de concertos, com programação intensa da obra brasileira e mundial para banda sinfônica, banda de música e orquestra de sopros, tendo sido responsável por importantes estreias de obras de compositores nacionais e primeiras audições na Brasil do repertório internacional escrito especificamente para a formação. Em sua estrutura, conta com alunos dos cursos de bacharelado em instrumentos de sopros e de percussão da EM/UFRJ, inscritos na disciplina de Prática de Orquestra, e com técnicos funcionários. Como projeto de extensão, atende também alunos provenientes de projetos sociais da cidade do Rio de Janeiro. Outra importante função é sua atuação direta no suporte ao bacharelado em Regência de Banda, oferecido pela EM/UFRJ desde 2011. Entre seus principais objetivos está proporcionar o desenvolvimento da prática de conjunto a partir dos conceitos orquestrais, difundir a literatura brasileira e internacional para a formação de banda sinfônica, orquestra de sopros e sopros orquestrais, atuar no desenvolvimento técnico musical de seus integrantes a partir da prática de banda e orquestra. Em 2009 gravou o CD “A Obra para Orquestra de Sopros de Heitor Villa-Lobos” e em 2017 o CD ao vivo “Dobrados para o Itamaraty”. Em 2017, 2019 e 2023 atuou como grupo residente do Simpósio Funarte-UFRJ para Bandas, e desde sua organização, tem participado dos Panoramas de Música Brasileira Atual. É parte integrante do Sistema Pedagógico de Apoio às Bandas, atuando como grupo residente para as gravações de novas obras.

Prof. Marcelo Jardim, maestro

Diretor artístico e vice-diretor da Escola de Música da UFRJ, professor de Regência de Banda e Prática de Orquestra e diretor musical da Orquestra de Sopros da UFRJ. Atua também como professor-orientador do PROMUS – Programa do Mestrado Profissional em Música da UFRJ. É Doutor em Práticas Interpretativas pela UNIRIO, e Mestre e Bacharel em Regência e Práticas Interpretativas pela UFRJ. É coordenador do programa Arte de Toda Gente, da parceria entre a Funarte e a UFRJ, e que inclui os projetos de extensão universitária Sistema Pedagógico de Apoio às Bandas, Projeto Sistema Nacional de Orquestras Sociais do Brasil – SINOS, Projeto Bossa Criativa, Projeto Um Novo Olhar, Projeto Por Todas as Bandas do Brasil, entre outros. É responsável pelo programa de Edições de Partituras para Banda. Atua em concertos, seminários, simpósios, congressos e festivais em todo o Brasil, América Latina, Estados Unidos e Europa, e dentre seus projetos de pesquisa está A Banda do Villa, com resgate da obra de Villa-Lobos para banda, e encomenda de novas obras para bandas sinfônicas.

De 24 a 26/04, XX Semana do Cravo na UFRJ celebra duas décadas de

No ano de 2004, o cravista e professor Marcelo Fagerlande iniciava um movimento inovador na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro: a criação da Semana do Cravo. Vinte anos depois, este evento pioneiro continua a ser o único do gênero no país, proporcionando um espaço de debates e intercâmbio tanto artístico quanto científico entre professores e alunos das instituições brasileiras que oferecem ensino do instrumento.

A Semana do Cravo de 2024, que ocorrerá nos dias 24, 25 e 26 de abril na EM/UFRJ, celebrará as primeiras duas décadas de atividades deste importante marco no calendário musical nacional. Este encontro, que tem crescido ao longo dos anos, conta agora com a parceria da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), desde 2019, e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), desde 2021. Além disso, as cravistas e professoras Mayra Pereira e Maria Aida Barroso têm sido colaboradoras fundamentais para o sucesso do evento.

O cravo sempre fez parte da história da música brasileira e parece que era jogado para debaixo do tapete. A primeira Semana veio quatro anos depois da criação do curso de cravo na Escola de Música da UFRJ, em 2000. Eu tinha ido estudar fora em 1982 exatamente porque não havia bacharelado por aqui no instrumento; me tornei professor da Escola de Música em 1995 já com a intenção de criar o curso. Afinal, a UFRJ é uma instituição centenária, que guarda toda a história do cravo no Brasil. Não foi fácil criar o curso. Hoje em dia, o corpo docente é superantenado, mas na época havia resistência e desconhecimento. Tudo o que é desconhecido sofre preconceito. E a minha ideia da Semana veio nesse embalo de valorizar o que se faz aqui, e não só lá fora. Desde o início, foi abraçada por todos. É o momento de trocar experiências, divulgar pesquisas, trabalharmos juntos para o cravo se adaptar à nossa realidade. Mas um impor tante fator da longevidade da Semana do Cravo é ser um evento relativamente concen trado em poucos dias, um formato que fosse viável a alunos vindos de longe. Mais do que grandiosidade, a continuidade e o conteúdo de qualidade e inovação. Hoje, vejo que se criou um belo espírito de trupe, de imensa colaboração”, explicou o professor Marcelo Fagerlande em recente entrevista à Revista Concerto, ao comentar sobre a longevidade alcançada pelo evento.

Um dos pontos altos da programação deste ano é o lançamento de um volume comemorativo contendo a tradução para o português do “Método de Baixo Contínuo ao Cravo”, de autoria de L. Bourmayan e J. Frisch. Esta obra didática, que até então estava disponível apenas em francês, foi publicada por uma equipe de renomados profissionais, incluindo Marcelo Fagerlande, Mayra Pereira, Maria Aida Barroso, Luciana Camara, Daniele Barros e Ilma Lira. O volume será disponibilizado gratuitamente em formato impresso e digital, para download nos sites dos programas de pós-graduação da Escola de Música: PPGM e PROMUS.

Além disso, mesas-redondas dedicadas ao ensino do cravo, atividades de acompanhamento ao instrumento e pesquisas recentes contarão com a participação de especialistas renomados, incluindo Helena Jank, Alessandro Santoro, Ana Cecilia Tavares, Pedro Persone, Isabel Kanji, Beatriz Pavan, Luciana Camara, Mayra Pereira, Maria Aida Barroso, Eduardo Antonello e Clara Albuquerque, entre outros.

Recitais com jovens cravistas das instituições participantes também estão previstos, destacando o talento e a dedicação dos estudantes envolvidos.

O apoio da FAPERJ reforça a importância desta iniciativa para o desenvolvimento do cravo e seu ensino no Brasil. Ao longo dos anos, diversas instituições já participaram deste evento, desde a sua criação, incluindo UFPE, UFJF, UNICAMP, UNIRIO, UFRGS, UFESC, USP, CEP-Escola de Música de Brasília, Instituto Gustav Ritter (GO) e Conservatório de Tatuí, além da própria UFRJ. O encontro também já teve o privilégio de receber convidados de instituições estrangeiras, como a Escola Superior de Música de Karlsruhe, IReMus (Paris-Sorbonne, CNRS), Centro de Música Barroca de Versailles (França), Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris, Universidade McGill (Montreal), Conservatório Real de Haia, Conservatório Claude Debussy (Paris) e Conservatório Erik Satie (Paris).

Um dos objetivos principais da Semana do Cravo tem sido contribuir com a bibliografia em português dedicada ao instrumento, além de promover o encontro entre professores e alunos de diversas partes do país. Este evento, que já se consolidou como um marco na história da música brasileira, continua a desempenhar um papel fundamental na promoção e no aprimoramento do cravo e de seu ensino no país.

Serviço

XX Semana do Cravo

Dias 24, 25 e 26 de abril de 2024 (horários na programação a seguir)

Coordenação: Marcelo Fagerlande

Organização: Mayra Pereira e Maria Aida Barroso

Local: Escola de Música da UFRJ

Edifício Ventura Corporate Towers

Av. República do Chile, 330

21o andar, Torre Leste

Centro – Rio de Janeiro, RJ

Entrada Franca

Para mais informações: semanadocravo@gmail.com

Dia 24 de abril de 2024, quarta-feira

14h30 Mesa redonda I

A didática do ensino do cravo em Universidades brasileiras

Helena Jank, UNICAMP

Luciana Câmara, UFPE

Marcelo Fagerlande, UFRJ

Mayra Pereira, UFJF

Mediação: Maria Aida Barroso, UFPE

17h30 Recital I

Participantes e programa a determinar

Dia 25 de abril de 2024, quinta-feira

10h00 Mesa redonda II

O acompanhamento ao cravo em instituições brasileiras

Isabel Kanji, EMESP

Fany Souza Lima, Conservatório de Tatuí, SP

Eduardo Antonello, UFRJ

Mediação: Clara Albuquerque, UFRJ

12h00 Manutenção de cravos

Conversa com Cesar Tessarin

14h00 Mesa redonda III

Lançamento do Método de Baixo Contínuo ao cravo (Bourmayan e Frisch)

Daniele Barros, UFPE

Ilma Lira, UFPE

Luciana Câmara, UFPE

Maria Aida Barroso, UFPE

Mayra Pereira, UFJF

Marcelo Fagerlande, UFRJ (e mediador)

17h30 Recital II

Participantes e programa a determinar

Dia 26 de abril de 2024, sexta-feira

10h00 Mesa redonda IV (híbrida)

(aberta para inscrições)

Mediação: João Vidal, UFRJ

14h00 Mesa redonda V

A didática do ensino do cravo em Instituições de nível médio

Beatriz Pavan, Instituto Gustav Ritter, GO

Ana Cecilia Tavares, CEP-EMB

Carlo Arruda, Conservatório de Tatuí, SP

Alessandro Santoro EMESP

Mediação: Patricia Michelini, UFRJ

17h30 Recital III

Participantes e programa a determinar

 

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