UFRJ e Funarte realizam a XXIV Bienal de Música Brasileira

Presencial e com ingressos a preços populares, a edição deste ano, que tem 11 concertos, conta com apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O público poderá conhecer obras de 74 compositores, vindos de 12 unidades da Federação. A abertura, com a Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro (OSJRJ), será no sábado (13), às 19h, na Sala Cecília Meireles. Haverá quatro apresentações de música de câmara: no dia 14, domingo, às 17h; nos

 A Universidade Federal do Rio de Janeiro, em parceria com a Fundação Nacional de Artes – Funarte, realizam a XXIV Bienal de Música Brasileira Contemporânea, entre os dias 13 e 21 de novembro – com uma apresentação extra no dia 24 – na Sala Cecília Meireles, Centro do Rio de Janeiro. O público poderá conhecer obras de 74 compositores, vindos de 12 unidades da Federação, em 11 concertos, com ingressos a R$10. A abertura, com a Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro (OSJRJ), será no sábado (13), às 19h. O Governo do Estado do Rio de Janeiro apoia esta edição, por meio da FUNARJ/Sala Cecília Meireles.

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Haverá quatro apresentações de música de câmara: no dia 14, domingo, às 17h; nos dias 16 e 17, terça e quarta-feira, às 19h; e no dia 24, quarta, no mesmo horário. Uma série de audições de música eletroacústica e mista será apresentada no dia 16, às 16h. Serão realizados seis concertos com orquestras, nos dias 13, 15, 18, 19, 20 e 21 (horários abaixo) – cada um com um conjunto. A quantidade é um ponto relevante da XXIV Bienal: esse número de formações orquestrais somente foi superado na 13a edição do programa, em 1999, com sete orquestras. Ao todo, serão executadas 75 partituras, sendo 44 delas em estreia mundial, 46 em estreia presencial e uma a título de homenagem póstuma, para o compositor Henrique David Korenchendler (1948-2021).

A Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro, responsável pelo concerto de abertura, integra o grupo Ação Social pela Música do Brasil. A regência será do compositor Guilherme Bernstein – com a execução de uma obra sua. A participação dessa orquestra tem por objetivo aproximar os jovens do universo dos projetos sociais ligados à música e, ao mesmo tempo, divulgar na Bienal essa atividade musical importante – realizada fora dos meios acadêmicos. Há apenas dois registros de orquestras jovens na Bienal desde 1975: a extinta Orquestra Sinfônica Jovem do Estado do Rio de Janeiro – em três edições entre 1985 e 1989 –, e a Orquestra Juvenil da Bahia, do programa Neojiba (Governo do Estado da Bahia), em 2015.

Além da carioca OSJRJ, virá, de São Paulo (SP), a eclética orquestra Câmaranóva, liderada pelo compositor Felipe Senna. Ela se apresenta no dia 15 de novembro, às 17h. Os concertos finais serão realizados pela Orquestra Sinfônica de Barra Mansa – OSBM (Estado do RJ), em sua primeira participação em bienais, no dia 18/11 às 19h, sob a regência de Anderson Alves; Orquestra Sinfônica da UFRJ (dia 19/11 às 19h), com regência de Thiago Santos; pela Orquestra Petrobras Sinfônica (OPES), dia 20/11 às 19h – regência de Felipe Prazeres; e pela Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense (OSN – UFF), dia 21/11 às 17h – regência de Roberto Duarte. No dia 24, a Bienal termina com um concerto de câmara, para vários instrumentos.

Dois dos compositores participantes moram no exterior: Eduardo Frigatti na Polônia, e Bruno Cunha, na República Tcheca. Autores de diferentes gerações estão entre os escolhidos, desde os convidados e veteranos Edino Kriger (93 anos), Ernst Mahle (92 anos), e Marlos Nobre (82 anos) e Ricardo Tacuchian (aos 82 anos, o único a participar de todas as edições do evento, em sua 24a colaboração), até jovens, recém-saídos de cursos universitários. Além dos citados, participam, a convite, nomes reconhecidos: Tim Rescala, Eli-Eri Moura, Ernani Aguiar, Fernando Cerqueira, Guilherme Bauer, Harry Crowl, João Guilherme Ripper, Jorge Antunes, Luigi Antonio Irlandini, Luiz Carlos Csekö, Maria Helena Rosas Fernandes, Marisa Rezende,  Nestor de Hollanda, Paulo Costa Lima, Pauxy Gentil-Nunes, Raul do Valle, Roberto Victorio, Rodolfo Coelho de Souza, Rodrigo Cicchelli, Ronaldo Miranda, Silvio Ferraz e Wellington Gomes. 

“A Funarte e a Escola de Música da UFRJ são instituições que se aproximam muito em seus objetivos e missões. De um lado a promoção e divulgação das Artes, dos produtores de artes e de toda a cadeia da economia criativa, do outro a promoção e divulgação da arte e educação musical brasileira. São instituições parceiras por natureza. A realização conjunta deste evento da Bienal de Música Contemporânea, pela primeira vez com a curadoria da Escola de Música, fortalece ainda mais esta ligação começada, aliás, há décadas”, comenta Ronal Silveira, diretor da Escola de Música da UFRJ.

A parceria da UFRJ/Funarte nesta edição do programa realiza-se pelo Sistema Nacional de Orquestras Sociais (Sinos). A coordenação artística é do maestro André Cardoso e a coordenação de produção é do vice-diretor e diretor adjunto do Setor Artístico da Escola de Música da UFRJ, o maestro Marcelo Jardim. A coordenação-geral é de Bernardo Guerra, diretor do Centro da Música da Funarte, com a assistência de Flávia Peralva.

Alguns números desta Bienal

Foram divulgados números da XXIV Bienal de Música Contemporânea, que mostram a representatividade dos compositores por unidades da federação: da Bahia, são quatro autores; do Ceará, um; do Distrito Federal, um; dois de Goiás; de Minas Gerais, cinco; de Mato Grosso, um, assim como da Paraíba; do Paraná, cinco; de Santa Catarina, dois; de São Paulo, 16; do Rio de Janeiro, 31; e do Rio Grande do Sul, quatro. Ainda que realizada com as restrições impostas pelos protocolos sanitários atuais, que condicionaram o efetivo de intérpretes e o repertório, os números da edição 2021 são relevantes: 74 compositores, dentre convidados (maiores de 50 anos e com, pelo menos, dez participações em bienais) e contemplados por chamada pública.

Das 253 partituras inscritas no edital, 213 foram habilitadas para a etapa de seleção. Ao final, foram escolhidas as 48 obras, que, assim como aquelas encaminhadas pelos compositores convidados, mais a homenagem, formam a programação de 74 peças. Elas foram selecionadas por uma comissão, composta por compositores e regentes, de diversos estados do País. Destaca-se ainda o fato de que 44 dessas obras nunca foram apresentadas.

Sobre as bienais de música da Funarte

O projeto que originou a Bienal de Música Brasileira Contemporânea foi criado pelo compositor Edino Krieger, em 1968. Teve por inspiração os famosos festivais da canção, direcionados para a música popular. Encampada pela Secretaria de Cultura do antigo Estado da Guanabara, a proposta abriu a temporada do Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1969, sob o nome de Festival de Música da Guanabara (FMG). Com o formato de concurso, ele ganhou uma segunda edição, em 1970 e, em seguida, foi interrompido.

Em 1973, Myrian Dauelsberg assumiu a direção da Sala Cecília Meireles, também na Capital Fluminense. A pianista e empresária achou, em arquivos, um novo projeto de Krieger, que substituía o FMG pela Bienal. Sem caráter competitivo, esta seria uma mostra da produção dos compositores brasileiros contemporâneos. Autorizada por seu criador, Dauelsberg produziu a I Bienal de Música Brasileira Contemporânea, em 1975 (ano em que se instituiu a Fundação Nacional de Artes). O fim da gestão de Dauelsberg coincidiu com a presença de Edino Krieger à frente do Instituto Nacional de Música da Funarte – antigo nome do atual Centro da Música da casa. Isso permitiu que a entidade federal abraçasse o projeto, mantido por ela desde então.

Foram realizadas 23 edições da Bienal, desde seu lançamento, em 75, sem pausas. Entre 1975 e 2017 (ou seja, em 22 edições), as bienais proporcionaram a participação de 472 compositores, com a execução de 1.740 obras, sendo 1.002 delas em primeira audição – o que significa uma produção e lançamento de material inédito, que valoriza e amplia a importância do programa. Muitos dos compositores são jovens, o que representa uma importante renovação de nomes e ampliação da música de concerto produzida no Brasil – inclusive territorialmente. De início, a produção se concentrava basicamente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Hoje, mediante as sucessivas edições, houve avanços significativos na integração de centros de produção musical contemporânea, de quase todos os estados. Essas entidades atendem à formação de profissionais da música em alto nível – o que resulta na crescente participação de novos compositores, a cada Bienal. Autores hoje renomados tiveram o primeiro impulso em suas carreiras depois de contemplados num dos eventos. A história da Bienal é também marcada por alguns nomes emblemáticos e essenciais, referências na música brasileira atual.

Durante muitos anos, a Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Funarte foi dirigida por um dedicado servidor da casa: o musicólogo e membro de Academia Brasileira de Música (ABM) Flávio Silva (1939 – 2019), então coordenador de música de concerto da Fundação. 

Homenagens de 2021

Assim como nas edições passadas, a XXIV Bienal também presta tributo a compositores e intérpretes que marcaram o cenário musical brasileiro das últimas décadas. Este ano os homenageados são: Tim Rescala – 60 anos; Fernando Cerqueira – 80 anos; Roberto Duarte – 80 anos; Henrique Morelenbaum – 90 anos; Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro – 90 anos; e  Orquestra Sinfônica Nacional da UFF – 60 anos. In memoriam: Antônio Arzolla (1966-2021); Gustavo Menezes (1973-2021); Henrique (Herz) David Korenchendler (1948-2021); Nelson Abramento (1937-2021); Nelson Freire (1944-2021).

A Comissão de Seleção

Os seguintes nomes compuseram a Comissão de Seleção desta Bienal:

  • Abel Rocha – Regente da Orquestra Sinfônica de Santo André e professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP);
  • Daniel Luís Barreiro – Compositor e professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – MG;
  • Danilo Guanais – Compositor e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN);
  • Flo Menezes – Compositor e professor da UNESP;
  • Ilza Nogueira – Compositora e professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB);
  • Oiliam Lanna – Compositor e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);
  • Roberto Macedo – Compositor e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);
  • Rodrigo Cicchelli – Compositor e professor da UFRJ; e
  • Roseane Yampolski – Compositora e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

SERVIÇO 

XXIV Bienal de Música Brasileira Contemporânea, 13 a 21 e 24 de novembro de 2021. Sala Cecília Meireles e Espaço Guiomar Novaes, Rua da Lapa, 47 – Centro, Rio de Janeiro (RJ). Concertos presenciais: Ingressos: R$ 10, na bilheteria. Classificação indicativa: Livre 

Horários: Dia 13, sábado – 19h; Dia 14, domingo – 17h; Dia 15, segunda-feira – 17h; Dia 16, terça-feira, 16h e 19h, Dia 17, quarta-feira – 19h, Dia 18, quinta-feira – 19h, Dia 19, sexta-feira – 19h, Dia 20, sábado – 19h, Dia 21, domingo – 17h, e Dia 24, quarta-feira – 19h 

Transmissão ao vivo no Canal Arte de Toda Gente (youtube.com/artedetodagente

Música e Diversidade: programa na Rádio UFRJ mostra complexidade das

Mesmo com o impacto da tecnologia e do streaming, o rádio mantém um papel muito importante para quem ouve música no Brasil. Lançado há pouco mais de 1 ano, o Música e Diversidade  estreou com a proposta de ser um programa sobre a diversidade de culturas musicais existentes no tempo e no espaço, seus produtores e circuitos culturais, e atua como ponta de lança para a divulgação de projetos de pesquisa em música ou de suas interlocuções com culturas musicais no Brasil e no exterior, como as advindas de projeto conjunto com a Universidade de Aveiro, Portugal, na comunidade lisboeta-cabo-verdiana da Cova da Moura entre outros. O Música e Diversidade é um projeto de extensão do Laboratório de Etnomusicologia da Escola de Música da UFRJ (LE/UFRJ), em parceria com o Grupo de Estudos Musicais da Amazônia da Universidade Estadual do Pará (GEMAM/UEPA), e  pode ser ouvido através do aplicativo digital da Rádio UFRJ, todas às quintas-feiras, às 21h, e nas plataformas de streaming  que mesclam música e podcast. 

   
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Confira na Rádio UFRJ ou no podcast do programa.- 
Redes sociais: @musicaediversidade

A programação envolve projetos de pesquisas do LE/UFRJ  – música indígena, música preta brasileira, música e religião, música em escolas, música na Maré e de blocos carnavalescos ou grupos de cabocolinho -, onde também participam convidados, estudiosos e integrantes de outros coletivos de pesquisa em música, bem como, pesquisadores individuais, ativistas culturais e artistas. O programa apresenta a diversidade da música brasileira, a partir da experiência de seus produtores, que atuam também como professores e pesquisadores e apresenta diversos conteúdos musicais originais, gravações realizadas em trabalho de campo que podem ser em festas, rituais, aldeias indígenas, quilombos  e nos mais diferentes espaços, permitindo ao  programa dá muita atenção aos sons locais. A proposta é atingir  professores da Educação Básica da rede pública e privada, estudantes de pós-graduação e  o público que se encontra em situação  de invisibilidade social, promovendo  o compartilhamento de  seus repertórios  e práticas musicais  em  um veículo de comunicação de massa e realizando trocas entre a  academia  e os saberes populares/ tradicionais.

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  Ssmuel Arsaújo

Em tempo real ou por meio do repositório virtual de podcasts dos programas já realizados, a experiência radiofônica tem aberto possibilidades exponenciais que difundam o conhecimento acumulado e em gestação acerca da música e outras artes a ela associadas enquanto produto da diversidade de relações sociais presentes no Brasil e no mundo”, diz Samuel Araújo, professor da Escola de Música e coordenador geral do programa. Para Paulo Murilo Guerreiro do Amaral, coordenador do GEMAM, essas ações são positivas. “Ao incorporarem questões da Etnomusicologia em suas programações musicais, meios massivos de difusão, tais como o rádio, oportunizam ouvintes a estabelecerem contato com a música não como produto para simplesmente ouvir, e sim como processo de escuta e conhecimento”.

O  Música e Diversidade já apresentou dezenove episódios temáticos: #1 Etnomusicologia e a pesquisa sobre diversidade musical; #2 O trabalho dos profissionais da música durante a pandemia; #3 A presença africana na música do Pará; #4 Folia de Reis; #5 Cavalo Marinho; #6 Orquestras nas escolas; #7 Uma vida chamada Salgueiro; #8 Afoxés no Rio de Janeiro; #9 Música indígena; #10 Jongo contemporâneo; #11 O Xangô do Recife; #12 Os corres do Hip Hop do Rio de Janeiro; #13 Tambor de Sopapo; #14 São João; #15 O erudito e o popular se encontram no Bloco Lira da Minerva; #16 Perspectivas pretas e ladinoamefricanas em Etnomusicologia; #17 Oitenta anos de Robertinho Silva; #18 O som do Cerrado; #19 Centro Cultural Donana. Além dos programas com temas especiais, há ainda episódios quinzenais com uma playlist das músicas tocadas nos programas temáticos.

O Música e Diversidade tem edição, roteiro e apresentação da jornalista e etnomusicóloga Claudia Góes e edição técnica de Thiago Kobe. Equipe: Tainá Façanha (GEMAM/UEPA), Dil Fonseca (UFF), Guilherme Sá (LE/UFRJ), Cecília Mendonça (LE/UFRJ), Jonas Lana (IFRJ) e Igor Sá (UFPE).

Nelson Freire, prelúdio de muitas saudades

O site da Adufrj, órgão de representação dos docentes da UFRJ, publicou (06/11/2021) matéria sobre a morte do pianista Nelson Freire

O site da Adufrj, órgão de representação dos docentes da UFRJ, publicou (06/11/2021) matéria sobre a morte do pianista Nelson Freire

Nelson Freire, prelúdio de muitas saudades

Por Kelvin Melo, 06 Novembro 2021

 

Nelson Freire partiu para encantar plateias celestiais na véspera de finados, uma segunda-feira chuvosa no Rio de Janeiro, cidade em que o mineiro escolheu viver.  O que nem todos sabem é que, junto, o artista levou um pedacinho da UFRJ. Em 15 de setembro de 2011, o pianista subiu ao imponente palco da Escola de Música não para se apresentar, como fez tantas vezes ao longo da carreira, mas para receber o título de Doutor Honoris Causa da universidade. “O reconhecimento da maior instituição acadêmica de música do meu país, nesta cidade que escolhi viver, me enche de alegria e profunda emoção”, disse Nelson, na ocasião.

O pianista era retraído com as palavras. Algo que não escondeu no curto discurso que proferiu. Assim como o amor pelo Rio de Janeiro, onde residiu até os momentos finais.  “Com a música, é possível expressar sentimentos sem dizer uma palavra. Hoje sinto uma emoção que dificilmente conseguirei traduzir em palavras”, afirmou, segundo notícia na página da Escola. “Há anos, ando pelo mundo. Mas é para cá que volto. A praia, o ar, as nuvens e os sabores desta cidade me alimentam como nenhuma outra”, completou.

Diretor em 2011, André Cardoso relembra que a Escola de Música abraçou a homenagem sem hesitação. “Um artista consagrado no mundo inteiro. O maior pianista brasileiro da geração dele. Tocou com as principais orquestras”, afirmou. Superpremiado ao longo da carreira, Nelson receberia da UFRJ seu primeiro título acadêmico. “Era o reconhecimento da mais antiga instituição de ensino musical do país, que é a Escola de Música da UFRJ, em função da carreira dele, levando o Brasil pelos palcos do mundo. Depois, ele recebeu da UFMG e de outras instituições”.

O então vice-reitor da UFRJ, professor Antônio Ledo, recorda com carinho de uma curiosidade que cercou os preparativos daquela  sessão solene. O professor Aloísio Teixeira, que era o reitor da UFRJ até julho daquele ano — e que viria a falecer no ano seguinte —, entusiasta de música clássica e fã de Nelson Freire, queria assistir a uma apresentação musical do pianista. “Isso foi pensado. Mas acabou não ocorrendo”, disse Ledo. Ao final, Aloísio cobrou: “Você não fez ele tocar?”, recorda o ex-dirigente, divertido.

O professor Giulio Draghi representou o Departamento de Instrumentos de Teclado e Percussão, de onde partiu a ideia da homenagem, no evento de 2011. “Lembro que ele chegou uma hora antes e ficou ensaiando com a página de papel que leu. Foi muito bonito”, relatou. Outra beleza da noite foi a gentileza característica de Freire, que ainda ficaria um bom tempo do pós-cerimônia conversando e tirando fotos com todos que pediram.

O GÊNIO

Giulio teve a oportunidade de visitar a casa do artista uma vez, ao lado de alguns amigos, quando ainda era estudante, no início dos anos 80. E lembra de uma passagem marcante, ao encontrar algumas partituras pela casa. Pensava que veria anotações ou marcações nos papéis, algo que poderia guiar seus estudos depois. “Os músicos escrevem nas partituras. Mas não tinha uma marca. Nada! Aí eu me dei conta que ele tinha uma leitura fabulosa, que não precisava marcar nada”, afirmou.

Sempre que possível, Giulio não perdia nenhuma apresentação de Nelson Freire no Rio. “Ele nunca parava de progredir. Era inacreditável. Há pessoas que sofrem uma crise, depois se reencontram”. Nelson Freire não oscilava para baixo. “Mesmo que fosse uma peça que eu já tivesse visto, nunca era igual. Era sempre melhor”, descreve.

O docente ainda não se conformou com a morte do pianista. Separou os LPs e CDs, olhou as capas, buscou lembranças, mas ainda não conseguiu ouvir nenhum deles. “Foi uma tragédia não anunciada. Isso me impede agora de ouvi-lo imediatamente. Ainda vou esperar mais um pouco”.

Um único concerto com a Orquestra Sinfônica da UFRJ

Seis anos após receber o título de Doutor Honoris Causa, Nelson Freire fortaleceu o vínculo com a universidade. Em julho de 2017, realizou sua única apresentação com a Orquestra Sinfônica da UFRJ, no palco do Theatro Municipal. “Eu era diretor artístico do Theatro e fiz essa programação em homenagem aos 130 anos do maestro Villa-Lobos (1887-1959)”, conta o professor André Cardoso. Os ensaios eram realizados na Escola de Música, para deleite do corpo discente. “Evidentemente, os alunos iam falar com ele”, completa o ex-diretor. O espetáculo pode ser conferido no Youtube, no canal da Academia Brasileira de Música.

UFRJ autoriza retorno presencial apenas de vacinados

O Adufrj, ógão de representação dos docentes da UFRJ, publicou (28/10/2021) em sua página no Facebook a seguinte notícia.

O Adufrj, ógão de representação dos docentes da UFRJ, publicou (28/10/2021) em sua página no Facebook a seguinte notícia.

UFRJ autoriza retorno presencial apenas de vacinados

Reprodução

AO Conselho Universitário da UFRJ acaba de aprovar por unanimidade a obrigatoriedade de apresentação do certificado ou comprovante de vacinação contra a covid-19 para o retorno presencial de seus trabalhadores. Professores e técnicos-administrativos só poderão voltar aos campi com o esquema vacinal completo: 15 dias após a dose única da Janssen ou 15 dias após a segunda dose das demais vacinas de combate ao novo coronavírus. Os conselheiros autorizaram o retorno presencial dos vacinados a partir do dia 3 de novembro, de forma gradual. Maiores de 60 anos, pessoas com comorbidades, pais e mães com crianças em idade escolar, que ainda estejam em aulas remotas, poderão requerer a manutenção do trabalho remoto. As empresas que prestam serviços serão orientadas a baixar a mesma norma aos trabalhadores terceirizados. A vacinação dos estudantes será contemplada em uma outra resolução, pois o documento aprovado hoje versava sobre o trabalho dos servidores. Os detalhes da decisão você encontra na nossa próxima edição do Jornal da AdUFRJ.

Associações da área de música debatem sucateamento da ciência

As associações da área de música (ANPPOM, ABET e ABEM) promovem, em parceria, a Mesa-Redonda “O sucateamento da ciência e tecnologia no Brasil: impactos na área de música e na sociedade”, como parte da “Mobilização em Defesa da Ciência”, evento promovido pela SBPC e diversas outras entidades das diferentes áreas de conhecimento.

A mesa contará com a participação dos professores Aloysio Fagerlande (UFRJ), Edilberto Fonseca (UFF) e Luis Ricardo Queiroz (UFPB), com a mediação de Marcus Medeiros (UFJF – Presidente da ABEM) e será realizada às 15h, no canal do YouTube da ABEM:

Diante do quadro avassalador dos cortes realizados semana passada no orçamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do limitado orçamento proposto pelo Governo Federal para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Sociedade Brsileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em articulação com outras entidades científicas e acadêmicas nacionais (entre elas ANPPOM, ABET e ABEM) realiza na próxima sexta-feira (15) a “Mobilização em Defesa da Ciência”.

Coincidindo com o Dia do Professor, a ideia é mobilizar a comunidade em um movimento em defesa da CT&I e Educação no País.

A proposta orçamentária de 2021, elaborada pelo Governo e em análise no Congresso Nacional, traz um corte de 1 bilhão no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Nessa proposta, o MCTI contará em 2022 com R$ 2,7 bilhões, sem contar os já esperados bloqueios que serão impostos no correr do ano. Vale destacar que o orçamento de 2021 já cortou 1 bilhão em comparação ao de 2020, e que o de 2020 cortou 2 bilhões em relação ao de 2019 (que já era um orçamento bem inferior à trajetória do investimento em CTI na última década no Brasil).

Vamos nos mobilizar e lutar a favor da ciência e tecnologia e, consequentemente, da vida e da sociedade brasileira.

Academia de Ópera Sinos: “O Engenheiro”, ópera de Tim Rescala,

Primeira produção da Academia de Ópera Sinos, do Sistema Nacional de Orquestras Sociais, tem o engenheiro e abolicionista André Rebouças como personagem principal. Obra composta especialmente para o projeto será lançada dia 17/10, às 18h, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, com reapresentação no dia 18, às 20h. O Sinos é uma parceria da Funarte com a UFRJ. 

Será lançada no domingo, dia 17 de outubro, às 18h, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, a ópera “O Engenheiro”, composta por Tim Rescala por encomenda da Academia de Ópera Sinos, do Sistema Nacional de Orquestras Sociais. Com reapresentação no dia 18 de outubro, às 20h, o espetáculo se passa no dia da Proclamação da República e tem como personagem principal o engenheiro abolicionista e defensor da monarquia André Rebouças (1838-1898). A regência da Orquestra Theatro São Pedro e a direção geral são de Evandro Matté e direção cênica de José Henrique Moreira. O Sinos é uma parceria da Fundação Nacional de Artes – Funarte com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, com curadoria de sua Escola de Música.

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  Tim Rescala

Seguindo as restrições sanitárias, as apresentações terão limitação para 240 espectadores cada (40% da plateia). Os ingressos estão a venda pela plataforma Sympla (https://bileto.sympla.com.br/event/69358/d/111738). A classificação indicativa é de 8 anos e, para a entrada, será exigido o comprovante de vacinação contra a Covid-19 (fornecido pelo Conecte-SUS ou a própria caderneta de vacinação). Informações sobre o libreto e os intérpretes do espetáculo em https://sinos.art.br/noticias/73/

O Engenheiro

Apresentada em um ato, a ópera conta a retrata a saga do engenheiro militar e inventor brasileiro André Rebouças durante o emblemático dia 15 de novembro de 1889, quando ocorreu a Proclamação da República. Em cena, os bastidores dos acontecimentos e a reação da família imperial, assim como sua condenação ao exílio. Rebouças, que é interpretado pelo barítono David Marcondes, era mestiço – sua mãe era uma escrava alforriada e seu pai português. O avô de Rebouças, baiano, lutou pela independência da antiga colônia e seu pai era conselheiro do Imperador. O engenheiro tornou-se um dos mais importantes articuladores do movimento abolicionista, mas se manteve monarquista e acompanhou Dom Pedro II no exílio. Estão também estão no elenco Yasmini Vargas, Flávio Leite, Eduardo Alves, Izabella Domingos, Marta Vidal, Ânderson Vasconcelos, Francis Padilha e Clarisse Diefenthäler.

A Academia de Ópera Sinos

Com coordenação do maestro Silvio Viegas, esta nova vertente só Sistema Nacional de Orquestras Sociais tem como objetivo introduzir a prática da ópera e seus subgêneros nos projetos sociais que atuam no ensino coletivo dos instrumentos orquestrais, com a formação de orquestras, e junto a instituições que mantenham orquestras jovens. O projeto envolve a produção de videoaulas, ministradas por gabaritados profissionais brasileiros da ópera, com conteúdos históricos, musicais, estilísticos, técnicos e também de produção e gestão. E inclui a ainda a criação e apresentação de quatro novas óperas de câmara, encomendadas pelo projeto aos compositores Tim Rescala, João Guilherme Ripper, André Mehmari e Eli-Eri Moura.

Apresentações em todo o país

Produzidas para o formato de câmara, com instrumentação flexível, as obras criadas para a Academia de Ópera Sinos poderão ser oferecidas a diferentes públicos, inclusive em cidades e localidades nas quais a população não tem acesso habitual a espetáculos desse gênero. Não somente aos projetos sociais, mas também a diferentes instituições que queiram inserir a ópera em suas práticas musicais e pedagógicas. Para isso, serão utilizados não só a rede de 92 teatros com fosso (para orquestra) existentes no país, mas também espaços alternativos.

Para a produção dos espetáculos, o Sinos está estabelecendo parcerias com instituições como teatros, universidades, orquestras profissionais ou companhias independentes. Entre estas, estão o teatro São Pedro de Porto Alegre, a Fundação Clóvis Salgado, do governo do Estado de Minas Gerais, a Orquestra Ouro Preto e o Teatro São Pedro de São Paulo.

No processo de produção dos espetáculos, as instituições parceiras receberão jovens artistas, que trabalharão junto aos profissionais responsáveis pela direção musical, direção cênica, equipe criativa e produção, sendo qualificados para integrarem a cadeia produtiva da ópera.

O compositor

Tim Rescala estudou na Escola de Música da UFRJ e na Escola de Música Villa-Lobos. Com Han-Joachim Koellreutter estudou composição, contraponto e arranjo. Licenciou-se em música pela UNIRIO em 1983. Compositor e diretor musical de várias peças de teatro. É um dos mais premiados compositores brasileiros, tendo recebido diversos prêmios Mambembe, Shell, Coca-Cola, APTR, CBTIJ e outros. Faz música para cinema, TV e exposições e trabalhou para a TV Globo por 29 anos. Atuou como compositor e regente em muitos festivais de música contemporânea no Brasil e no exterior. Autor de óperas, musicais, música de câmera e eletroacústica. Sua peça Pianíssimo foi o primeiro texto infantil apresentado na Comédie-Française. Recebeu as bolsas Vitae e RIOARTE. Foi diretor da Sala Baden Powell, RJ, em 2005 e 2006. Escreve e apresenta o programa Blim-blem-blom na rádio MEC-FM desde 2011, premiado na Bienal do México. Seu Quarteto Circular foi indicado ao Grammy Latino de 2011. Sua ópera O perigo da arte, estreou em 2013 em Buenos Aires e sua montagem brasileira em 2014 foi escolhida como um dos 10 melhores espetáculos do ano pelo jornal O Globo. Seus trabalhos mais recentes em TV tiveram muita repercussão: as novelas Meu pedacinho de chão e Velho Chico e a minissérie Dois irmãos, todas com direção de Luiz Fernando Carvalho.

O projeto Sinos

Lançado em julho de 2020, o Sinos é formado por uma rede de dezenas de profissionais de música, que atuam em cursos, oficinas, concertos e festivais. As atividades se iniciaram exclusivamente online e, quando possível, se estenderão a ações presenciais, em todas as regiões do país. A ideia é capacitar regentes, instrumentistas, compositores e educadores musicais, apoiando projetos sociais de música e, ainda, contribuir para o desenvolvimento das orquestras escolas de todo o país. Para mais detalhes sobre o projeto visite o site www.sinos.art.br.

O violão é destaque no “DAS IBÉRICAS”

A edição de 2021 do Encontro/Mostra “Das Ibéricas – na voz do violão, um grito a favor da vida”, promovido pelo Centro de Atividades Culturais do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da UFRJ (CCJE) -– encontra-se com inscrições abertas até 8 de novembro.  

A iniciativa integra o eixo internacionalização das atividades culturais do CCJE

Em razão da necessidade de conter a proliferação da pandemia da Covid-19 o Encontro/Mostra se desdobrará na forma de vídeos de músicas executadas ao violão.

Todo violonista amador ou profissional, vinculado ou não à universidade, pode submeter seu material.

O material selecionado pela comissão curadora será organizado na programação da mostra e exibido no período de 23 a 25 de novembro por transmissão conjunta nos canais digitais das instituições integrantes do projeto.

O edital com a íntegra da proposta do evento está disponível no site do CCJE. As inscrições devem ser feitas através de formulário eletrônico.

Qualquer dúvida, contate atividadecultural@ccje.ufrj.br

Nota sobre corte de 92% de recursos em ciência, tecnologia e inovação

Só 8% do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações deve ser mantido, segundo Ministério da Economia

A Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da UFRJ (PR-2) vem a público manifestar sua veemente discordância com a alteração intempestiva do Projeto de Lei (PLN) nº 16/2021, que tramita no Congresso Nacional.

No dia 6/10, o ministro da Economia, Paulo Guedes, enviou o ofício nº 438/2021/ME à presidente da Comissão Mista do Orçamento, senadora Rose de Freitas, com a proposta de modificação do PLN 16/2021. O referido projeto de lei, com um total de 690 milhões de reais, destinava inicialmente 655 milhões dos recursos provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). A proposta do Ministério da Economia diluiu os recursos previstos no PLN 16/2021 por “diversos órgãos do Poder Executivo” e cortou o valor alocado originalmente ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações de 655 milhões para 55 milhões de reais.

É importante enfatizar que a proposta do Ministério da Economia fere o espírito original do projeto de lei, que nasceu da necessidade de se adequar o orçamento após a promulgação da Lei Complementar 177/2021, em 26/3, que impede o contingenciamento dos recursos do FNDCT. A Lei 177/2021 foi fruto de uma grande movimentação nacional das instituições acadêmicas e científicas para garantir que os recursos do FNDCT possam ser efetivamente disponibilizados para a ciência e inovação.

Lamentavelmente, a Comissão Mista do Orçamento aprovou o relatório do senador Eduardo Gomes, que acatou a solicitação do Ministério da Economia e alterou seu parecer no dia 7/10, apenas um dia após o envio do ofício pelo Ministério da Economia, sem que houvesse tempo para o esclarecimento da inadequação da proposta e dos prejuízos que causarão ao andamento das pesquisas desenvolvidas no país.

A PR-2 confia que tal decisão será revertida pelo Congresso Nacional e que os recursos necessários ao desenvolvimento da ciência no país serão devidamente resguardados, de modo a permitir que a ciência, a tecnologia e a inovação possam continuar dando sua inequívoca contribuição para a solução dos problemas da sociedade brasileira.

8/10/2021
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Sinos lança Academia de Ópera. Primeira produção destaca “O

Iniciativa faz parte do Sistema Nacional de Orquestras Sociais – Sinos e será lançada em uma live no dia 7 de outubro, às 18h, com transmissão pelo canal Arte de Toda Gente, no Youtube. Sua primeira produção será a ópera “O Engenheiro” de Tim Rescala, que estreia em 17 de outubro de 2021, no Thetaro São Pedro de Porto Alegre. O Sinos é uma parceria da Funarte com a UFRJ.

Será lançada com uma live, no dia 7 de outubro, quinta-feira, às 18h, com transmissão do canal Arte de Toda Gente, no Youtube, a Academia de Ópera Sinos. Com coordenação do maestro Silvio Viegas, esta nova vertente do Sistema Nacional de Orquestras Sociais tem como objetivo introduzir a prática da ópera e seus subgêneros nos projetos sociais que atuam no ensino coletivo dos instrumentos orquestrais, com a formação de orquestras, e junto a instituições que mantenham orquestras jovens.

  Divulgação
 
  Tim Rescala

O projeto envolve a produção de videoaulas, ministradas por gabaritados profissionais brasileiros da ópera, com conteúdos históricos, musicais, estilísticos, técnicos e também de produção e gestão. E inclui a ainda a criação e apresentação de quatro novas óperas de câmara, encomendadas pelo projeto aos compositores Tim Rescala, João Guilherme Ripper, André Mehmari e Eli-Eri Moura. O Sinos é uma parceria da Fundação Nacional de Artes – Funarte com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, com curadoria de sua Escola de Música.

A live de lançamento contará com a participação dos maestros Silvio Viegas e Juliano Dutra Aniceto, da cantora lírica Carolina Faria, de Flávia Furtado, produtora do Festival Amazonas de Ópera, e do compositor Tim Rescala, sob a mediação de André Cardoso, coordenador do Sinos.

Apresentações em todo o país

  Divulgação
 
  Carolina Faria, cantora lírica, participa da live de lançamento da Academia de Ópera Sinos

Produzidas para o formato de câmara, com instrumentação flexível, as obras criadas para a Academia de Ópera Sinos poderão ser oferecidas a diferentes públicos, inclusive em cidades e localidades nas quais a população não tem acesso habitual a espetáculos desse gênero. Não somente aos projetos sociais, mas também a diferentes instituições que queiram inserir a ópera em suas práticas musicais e pedagógicas. Para isso, serão utilizados não só a rede de 92 teatros com fosso (para orquestra) existentes no país, mas também espaços alternativos.

Para a produção dos espetáculos, o Sinos está estabelecendo parcerias com instituições como teatros, universidades, orquestras profissionais ou companhias independentes. Entre estas, estão o teatro São Pedro de Porto Alegre, a Fundação Clóvis Salgado, do governo do Estado de Minas Gerais, a Orquestra Ouro Preto e o Teatro São Pedro de São Paulo.

No processo de produção dos espetáculos, as instituições parceiras receberão jovens artistas, que trabalharão junto aos profissionais responsáveis pela direção musical, direção cênica, equipe criativa e produção, sendo qualificados para integrarem a cadeia produtiva da ópera.

A primeira produção da Academia de Ópera Sinos é a ópera “O Engenheiro” de Tim Rescala e que se passa no dia da Proclamação da República, tendo como personagem principal André Rebouças. Sua estreia será em 17 de outubro de 2021, no Thetaro São Pedro de Porto Alegre, sob a regência de Evandro Matée e direção cênica de José Henrique Moreira.

O projeto Sinos

Lançado em julho de 2020, o Sinos é formado por uma rede de dezenas de profissionais de música, que atuam em cursos, oficinas, concertos e festivais. As atividades se iniciaram exclusivamente online e, quando possível, se estenderão a ações presenciais, em todas as regiões do país. A ideia é capacitar regentes, instrumentistas, compositores e educadores musicais, apoiando projetos sociais de música e, ainda, contribuir para o desenvolvimento das orquestras escola de todo o país. Para mais detalhes sobre o projeto visite o site www.sinos.art.br.

Orquestra da UFRJ se reinventa na pandemia

Matéria publicada (02/010/2021) no site da Adufrj,  órgão de representação dos docentes da UFRJ, destaca primeira apresentação da Orquestra Sinfônica da UFRJ com público, desde o começo da crise sanitária.

Matéria publicada (02/010/2021) no site da Adufrj,  órgão de representação dos docentes da UFRJ, destaca primeira apresentação da Orquestra Sinfônica da UFRJ com público, desde o começo da crise sanitária.

Orquestra da UFRJ se reinventa na pandemia

Lucas Abreu, 02/10/2021

Vitor Jorge

A UFRJ nunca parou durante a pandemia. A universidade estava na linha da frente contra a covid-19, os cientistas continuaram suas pesquisas e as aulas remotas começaram há um ano. Mas há uma parte da UFRJ que pode ser vista pelo público, desde março deste ano, e que oferece às pessoas arte – fundamental, especialmente em um momento tão difícil. No último dia 17, a Orquestra Sinfônica da UFRJ fez apresentação na Sala Cecília Meireles, e o concerto foi aberto ao público, com as devidas restrições de lotação impostas pela pandemia.

A primeira apresentação da orquestra com público, desde o começo da crise sanitária, foi em março deste ano, no mesmo lugar. “Estamos em atividades presenciais na verdade desde agosto do ano passado, quando a reitoria nos solicitou uma apresentação para o evento comemorativo do centenário da UFRJ”, contou o professor André Cardoso, regente e diretor da orquestra. “A partir daí, fizemos uma série de gravações ao longo do segundo semestre do ano passado. O músico não pode ficar parado”, detalhou o professor. As apresentações podem ser vistas no YouTube.

Para a orquestra voltar a se apresentar foram tomados muitos cuidados. Primeiro na sua composição. A Orquestra da UFRJ tem 47 instrumentistas fixos, técnicos da universidade. “Esse núcleo de profissionais forma uma orquestra de câmara. Quando temos os alunos da disciplina Prática de Orquestra, aí temos o formato sinfônico”, explicou André. Mas os alunos não têm participado, salvo raros casos pontuais, porque não estão tendo aulas presenciais na Escola de Música. “Nós dividimos a orquestra em três grupos, dois de cordas e um de sopro e percussão. Em espaços maiores, como a Sala Cecília Meireles, nós podemos juntar os dois grupos de cordas, mas por enquanto ainda não juntamos todo o efetivo da orquestra”, contou.
O número de ensaios também foi reduzido. De acordo com o professor, para concertos gravados é feito apenas um ensaio, no dia da gravação, e para apresentações ao vivo são feitos quatro ensaios, durante a semana. “Normalmente os ensaios eram de três horas com intervalo de 20 minutos. Então, eliminei o intervalo e reduzi de três para duas horas”, contou o diretor. Os músicos recebem as suas partes por e-mail com antecedência, e se preparam em casa.

Na hora das apresentações, o cuidado é igualmente rigoroso. O maestro e os músicos tocam de máscara – com uma óbvia exceção para os músicos de instrumentos de sopro, que em compensação ficam separados uns dos outros por barreiras de acrílico – e com uma distância de 1,5 metro entre eles, cada um com a sua estante. Para o professor André, a formação reduzida não traz prejuízos para a música, ao contrário do distanciamento. “O fato de tocar muito distante do outro prejudica um pouco, porque assim a gente tem mais dificuldade de ouvir quem está mais distante, o que prejudica o conjunto”, explicou.
Mas mesmo com as restrições e dificuldades, voltar para a sala de concerto, especialmente com a presença do público, foi positivo para André. “No ano passado gravamos concertos, era uma gravação. O concerto ao vivo tem o público, tem outra energia. É muito bom voltar ao palco”, exaltou.

PIXINGUINHA

Para Everson Moraes, trombonista da orquestra, a volta aos palcos foi em meio a uma certa insegurança. “Da primeira vez você fica com um pouco de medo. Você olha para o público e estão todos de máscara, e você não. E nós do sopro utilizamos uma grande quantidade de ar na respiração”, contou. Mas a preocupação arrefeceu com o tempo e a parceria com os instrumentistas. “Músicos precisam tocar uns com os outros, nós temos essa necessidade”, resumiu. Everson é um dos técnicos da orquestra, e foi responsável por fazer os arranjos das músicas tocadas no concerto do último dia 17, que foi dedicado ao Choro.

O recital foi feito pelo conjunto de sopros e incorporou o nome de músicos importantes do gênero que são ligados à UFRJ – incluído aí Pixinguinha, que foi aluno da Escola de Música. “Para resgatar o espírito do Choro eu estou tocando um instrumento chamado oficleide, que caiu em desuso no início do século 20, mas eu fiz um trabalho de pesquisa, há alguns anos, o resgatei”, contou Everson.

A volta da Orquestra Sinfônica da UFRJ tem uma importância simbólica para a cultura do país. “Os teatros foram os primeiros a fechar com a pandemia, e estão sendo os últimos a reabrir”, disse o professor Marcelo Jardim, um dos responsáveis pela Orquestra. “Nós somos um grupo acadêmico, uma orquestra universitária, mas quando olhamos para o mercado, que é para onde vamos encaminhar os nossos alunos, houve um caos. Isso tem um impacto muito grande no ganha-pão dos músicos, dos artistas e dos trabalhadores envolvidos nesses espetáculos”, explicou. Marcelo reforça que toda volta às atividades presenciais foi feita seguindo os protocolos de segurança sanitária e respeitando o desenvolvimento da pandemia no Rio. “Foi tudo pensado respeitando a ciência. Conseguimos manter a estrutura da orquestra sinfônica presente, e conseguimos manter essa rotina sem nenhuma infecção ocasionada por ela”, contou.

Pode parecer que a volta aos palcos foi tímida, com a orquestra dividida em grupos e público restrito, mas ela acendeu uma chama de esperança entre os músicos. É o caso da estudante Luiza Chaim, do oitavo período. Luiza é monitora da disciplina Prática de Orquestra, e participou de algumas das apresentações que foram gravadas no ano passado. “Ter a oportunidade de voltar a tocar foi muito bom. Foi uma experiência muito boa para me motivar a estudar mais. Com tudo parado, estava muito difícil manter o estudo diário”, contou Luiza. Ela dá aulas particulares de violino e trabalha em um projeto social na Zona Oeste. Para Luiza, o retorno da música clássica para os palcos representou um alívio. “A classe artística foi muito prejudicada nesse período da pandemia. Essa volta dá um certo alívio e conforto para quem estuda música. A gente enxerga uma luz no fim do túnel”.