Mário Tavares em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
Mário Tavares
Tavares na Alemanha, em frente à ca­­sa de Beethoven.

Concertos UFRJ desta semana relembram a carreira e a obra do maestro Mário Tavares, um dos mais importantes regentes brasileiros da segunda metade do século passado e compositor engajado na estética nacionalista. De origem nordestina, sua vida profissional se desenvolveu principalmente no Rio, cidade para onde se transferiu nos anos 1940.

Concertos UFRJ desta semana relembram a carreira e a obra do maestro Mário Tavares, um dos mais importantes regentes brasileiros da segunda metade do século passado e compositor engajado na estética nacionalista. De origem nordestina, sua vida profissional se desenvolveu principalmente no Rio, cidade para onde se transferiu nos anos 1940.

 

Mário Tavares nasceu em 1928 em Natal, Rio Grande do Norte. De uma família de músicos, já aos sete anos, estudava violoncelo com o professor Tommaso Babini. Com 16, ingressou na orquestra sinfônica do Recife, Pernambuco.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

Já no Rio, cursou violoncelo, composição, instrumentação e regência na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, atual Escola de Música da UFRJ, onde estudou, entre outros, com Francisco Mignone. Aqui, em 1947, ingressou, como violoncelo concertino, na OSB, onde ficou até 1960, participando ainda de sua comissão artística.

 

Em 1957 fundou a orquestra de câmara da Rádio MEC, dirigindo-a até 1968. E, após aperfeiçoamento, de 1958 a 1960, com o maestro chileno Victor Tevah, foi nomeado regente titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal no Rio de Janeiro, cargo que desempenhou por 38 anos até sua aposentadoria em 1998.

 

Conduziu também alguns dos mais famosos solistas nacionais e internacionais como Aldo Parisot, Nelson Freire, V. Ghiorgiu, Giorgy Sandor, Mtslav Rostropovich, Paula Seibel e Nina Beylina, e foi o principal maestro no Festival Internacional da Canção Popular da TV Globo, de 1967 a 1975 e do Festival de Música Contemporânea, de 1969 a 1970.

 

Considerado pela crítica como um dos mais autorizados intérpretes e divulgadores da obra sinfônica de Villa-Lobos, regeu, entre outras, a estreia mundial do “Gênesis”, e as primeiras audições de “Floresta do Amazonas”, “Rudá” e da “Fantasia Concertante” para orquestra de violoncelos. Além disso, por 16 anos teve a frente dos festivais e concursos internacionais do Museu Villa-Lobos.

 

Mário Tavares também conduziu várias primeiras audições de outros importantes autores brasileiros, a exemplo das óperas “O chalaça” (1976) e “Sargento de milícias” (1978), de Francisco Mignone, “Gabriela”, bailado de Ronaldo Miranda (1983), “Romance de Santa Cecília”, oratório de Edino Krieger.

 

Sua carreira internacional o levou a países da Europa e América Latina, além dos Estados Unidos. Algumas de suas obras conquistaram prêmios importantes. Em 1959, o oratório “Ganguzama” obteve o primeiro lugar do concurso dedicado ao cinquentenário do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Outras premiaçõe incluem os concursos de música de câmara da Rádio MEC, também em 1859, o de música para bailado da secretaria de cultura do então Estado da Guanabara, em 1963, e o do quarto centenário da cidade do Rio de Janeiro, em 1965, com a cantata “Rio, a Epopeia do Morro”.

 

Além de membro honorário vitalício de várias orquestras estrangeiras, tornou-se membro da Academia Brasileira de Música em 1988, ocupando a cadeira 30, cujo patrono é Alberto Nepomuceno.

 

Em 1995 recebeu o Prêmio Nacional da Música do Ministério da Cultura na categoria regente e em 1998, por ocasião do seu aniversário de 70 anos, foi homenageado com um concerto especial dedicado a suas obras, evento promovido pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro e pela Escola de Música da UFRJ, instituição na qual foi professor visitante e da qual recebeu o título de doutor honoris causa em 2002, ano de sua morte.

 

Das suas obras, o programa destacou “Potiguara”, na interpretação da Orquestra de Câmara da Rádio MEC, tendo o próprio Mário Tavares como regente; o “Quinteto para instrumentos de Sopro”, com o Quinteto Villa-Lobos; o “Concertino para flauta, fagote e orquestra de cordas”, com Eduardo Monteiro (flauta), Aloysio Fagerlande (fagote) e a Orquestra Sinfônica da UFRJ sob o comando de André Cardoso. Finalizando, edição mostrou a gravação ao vivo (2010) do seu “Divertimento para 11 instrumentos de sopro” com o Quinteto Experimental de Sopros da UFRJ em apresentação no Castelo de Gottesaue em Karlsruhe (Alemanha) que contou com a participação de alunos da Universidade de Karlsruhe.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Concertos UFRJ: Così fan tutte, de Wolfgang Amadeus Mozart

Reprodução
Mozart
Mozart, retrato de Christian Ludwig Vogel, 1783.

Aproveitando que o projeto Ópera na UFRJ leva à cena, a partir do dia 05 de julho, Così fan tutte, de W. A. Mozart, Concertos UFRJ desta semana destacam alguns trechos do primeiro ato deste divertidíssimo “dramma giocoso” – criação emblemática do compositor austríaco, uma das personalidades mais originais da música de todos os tempos

Aproveitando que o projeto Ópera na UFRJ leva à cena, a partir do dia 05 de julho, Così fan tutte, de W. A. Mozart, Concertos UFRJ desta semana destacam alguns trechos do primeiro ato deste divertidíssimo “dramma giocoso” – criação emblemática do compositor austríaco, uma das personalidades mais originais da música de todos os tempos.

 

A produção operística de Mozart (1756-1791) chegou ao ápice em parceria com o libretista Lorenzo Da Ponte. A dupla nos legou três títulos que representam o melhor da produção do século XVIII: Le nozze di Figaro, Così fan tutte e Don Giovanni.

 

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Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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O compositor possuía uma habilidade especial para caracterizar musicalmente cada personagem, sentimentos e situações dramáticas. O libreto de Così fan tutte, ossia La scuola degli amanti (“Assim fazem todas, ou A escola dos amantes”, em italiano), que em uma abordagem superficial pode parecer frívolo ou desprovido de interesse, é, na verdade um presente para a criatividade dos intérpretes. A alternância de situações dramáticas exige dos cantores nuances de interpretação e capacidade para contrastar os sentimentos reais, que mudam ao longo da trama, com momentos de paródia e disfarce, típicos da ópera buffa e cujas raízes mergulham na tradição do teatro popular e da Commedia dell’arte.

 

Há personagens riquíssimos. O cético e malicioso Don Alfonso, manipulador das demais e capaz de explorar como ninguém as fragilidades humanas; as irmãs Dorabella e Fiordiligi, que se deixam seduzir menos ou mais facilmente; Guglielmo e Ferrando, os amantes convictos da fidelidade de suas amadas e que acabam desiludidos; e, por fim, Despina, a empregada cúmplice de Don Alfonso sempre pronta a tirar proveito de qualquer situação. A trama, que envolve a troca dos casais, momentos de sedução, traição e reconciliação, de certa forma, deixa mais dúvidas que certezas, pois, apesar de reconciliados, paira sobre eles certa sombra de dúvida. Afinal, como faz questão de afirmar Don Alfonso: por hábito, vício ou necessidade do coração ASSIM FAZEM TODAS (ou todos!).

 

A gravação ao vivo no Teatro Comunale, de Ferrara, 1992, traz o maestro John Eliot Gardiner a frente do The English Baroque Soloists e do Coro Monteverdi. Os solistas são Amanda Roocroft, como Fiordiligi, Rodney Gilfry, como Guglielmo, Rosa Mannion, como Dorabella, Rainer Trost, como Ferrando, Eirian James, Despina, e Carlos Feller, como Don. Alfonso.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Così fan tutte

 

Wolfgang Amadeus Mozart
Libreto de Lorenzo Da Ponte

CD

Personagens

 

 

Fiordiligi (dama de Ferrara e noiva de Guglielmo): soprano

Dorabella (irmã de Fiordiligi e noiva de Ferrando): mezzo-soprano

Guglielmo (jovem oficial militar): barítono

Ferrando (jovem oficial militar): tenor

Despina (criada das irmãs Fiordiligi e Dorabella): soprano

Don Alfonso (amigo solteirão): baixo

 

Ato I


Cena 1

A cena abre num café de Nápoles. Dois jovens oficiais, Ferrando e Guglielmo, louvam a fidelidade das suas noivas – as irmãs Dorabella e Fiordiligi – diante do ceticismo do seu amigo Don Alfonso, para quem a constância feminina é na verdade um mito: nunca ninguém viu, só se ouve falar. Os jovens reagem às provocações de Don Alfonso ofendidos, mas acabam por aceitar uma aposta do velho amigo, comprometendo-se a seguir rigorosamente seu plano durante um dia inteiro para comprovar ou não a fidelidade de suas amadas.

 

Cena 2

Num jardim à beira-mar em sua casa de campo, Fiordiligi e Dorabella contemplam os retratos dos seus bem-amados e se gabam da sua felicidade nutrida pelo amor aos jovens oficiais. Entra Don Alfonso, com dissimulada preocupação, para anunciar às duas irmãs uma grave notícia: Ferrando e Guglielmo foram convocados e partirão para a guerra. Nesse momento entram os dois jovens, vestidos para a suposta viagem; os casais despedem-se com promessas de eterna lealdade, enquanto Don Alfonso contém a custo o riso diante desta patética cena de despedida. Ao som de uma marcha com coro partem Ferrando e Guglielmo, deixando as jovens inconsoláveis.

 

Cena 3

No salão da casa, Despina, camareira das irmãs, queixa-se da dureza de seu trabalho enquanto prepara para suas amas um chocolate quente. Estas entram, aos prantos, querendo morrer de desgosto. Despina fica espantada com tamanha reação das patroas, e diz a elas que devem aproveitar e se divertir com outras companhias na ausência dos amados, pois os dois – na verdade todos os homens, ainda mais soldados – não se manterão fiéis a elas. Despina sai de cena seguida pelas duas patroas, furiosas com tais comentários. Don Alfonso entra e lamenta, cinicamente, a tristeza das duas irmãs e a ingenuidade dos crédulos rapazes que agora, disfarçados, devem conquistar a esposa um do outro sem que estas percebam suas verdadeiras identidades. O velhaco teme, no entanto, que, sem a ajuda da camareira, ela possa estragar sua farsa; nada que algumas moedas não possam comprar a aceitação de Despina em colaborar com seu plano. Sob disfarce de albaneses, Ferrando e Guglielmo cortejam de imediato cada um a noiva do outro. As irmãs e Despina não os reconhecem e as duas nobres ofendem-se e não cedem aos galanteios dos estranhos amigos de Don Alfonso, saindo energeticamente de cena. Guglielmo e Ferrando ficam mais do que nunca convencidos da lealdade das suas amadas, ao que Don Alfonso lembra que eles devem permanecer sob suas ordens até o fim do dia.

 

Cena 4

Fiordiligi e Dorabella estão no jardim, lamentando a ausência dos esposos, quando os albaneses e Don Alfonso surgem manifestando desespero diante a frieza das jovens perante suas declarações amorosas.  Os jovens simulam a ingestão de um veneno e, enquanto Fiordiligi e Dorabella exprimem a sua aflição por tal gesto, Despina, a pedido de Don Alfonso, sai em busca de um médico para curar os jovens apaixonados. Chega o doutor – é Despina sob um improvisado disfarce -, que encena uma cura, mais improvisada ainda, com um metal cujo magnetismo liberta os pacientes de todos os males. Aproveitando a simpatia que sentem ter despertado nas jovens com a sua suposta tentativa de suicídio, Ferrando e Guglielmo pedem-lhes um beijo, mas este pedido é recusado com altivez.

 

Ato II


Cena 1

Despina tenta convencer suas amas de que devem corresponder sem remorsos ao amor dos dois albaneses, explicando-lhes que uma mulher tem de saber, desde os quinze anos, a arte de manipular quem elas quiserem. Quando a criada sai, as duas irmãs confessam uma à outra que começam a sentir algum interesse pelos falsos albaneses e cada uma delas escolhe aquele que mais lhe agrada: Dorabella prefere o albanês moreno (Guglielmo), enquanto Fiordiligi simpatiza com o albanês louro (Ferrando).

 

Cena 2

Novamente no jardim, Ferrando e Guglielmo fazem uma serenata às duas irmãs. Às suas declarações de amor juntam-se os argumentos favoráveis de Don Alfonso e Despina, o que surte algum efeito. A sós com Guglielmo, Dorabella cede por fim às suas propostas amorosas, e aceita mesmo que este lhe ofereça um pingente em forma de coração e substitua o medalhão com o retrato de Ferrando que até agora trazia consigo. Ferrando, por sua vez, declara também o seu amor a Fiordiligi, mas esta ainda mantém sua recusa. Os dois amigos encontram-se e partilham o resultado das suas investidas. Face à traição de Dorabella, Ferrando quer se vingar, mas Guglielmo o detém. Don Alfonso intervém dizendo restar ainda mais um teste a ser feito com as moças.

 

Cena 3

A sós com Despina, Dorabella reconhece que ama o albanês/Guglielmo. Fiordiligi entra em seguida, revolta-se com a atitude da irmã, mas admite com desgosto que ela própria ama o albanês/Ferrando, assim como ama ainda Guglielmo. Dorabella consola-a, explicando-lhe que não há maneira de resistir ao amor e sai com a criada. Fiordiligi fica só e resolve resistir às suas próprias inclinações, vestir um uniforme de soldado e juntar-se a Guglielmo no campo de batalha. Estes preparativos são, contudo, surpreendidos por Ferrando, disfarçado, que decide tentar de novo conquistar a jovem. Neste novo encontro, Fiordiligi já não consegue mais resistir e cede às declarações de Ferrando. Guglielmo e Ferrando, a sós com Don Alfonso, percebem que foram traídos. O amigo procura consolá-los afirmando que Fiordiligi e Dorabella não são exceções e que é assim que fazem todas as mulheres. Chega Despina anunciando que as duas irmãs estão prontas a desposar os dois albaneses e se prontifica a ir buscar o notário para celebrar a cerimônia.

 

Cena 4

Despina acaba de preparar toda a cerimônia. Os dois casais de noivos entram, são saudados pelo coro de criados e sentam-se à mesa. Don Alfonso apresenta o notário, mais uma vez Despina disfarçada, que celebra o casamento com uma grandiloquência jurídica que ninguém entende. Uma vez assinado o contrato matrimonial, ouve-se o coro militar, o mesmo da partida dos oficiais. Desesperadas, as irmãs pedem para os albaneses se esconderem, e isso permite que Don Alfonso anuncie o regresso iminente dos dois noivos que haviam partido para a guerra. Ferrando e Guglielmo entram assumindo as suas verdadeiras identidades e são recebidos com grande embaraço por Fiordiligi e Dorabella. Percebem Despina ainda vestida de notário e, ao verem os contratos matrimoniais, acusam as duas irmãs de traição. Don Alfonso intervém então para explicar que agora que a verdade foi reposta e que a ingenuidade expressa pelos amantes no início de toda a aventura ficou bem evidente, não há razão para que não se dê uma reconciliação geral, com base na compreensão das fraquezas e limitações humanas.

Concertos UFRJ em clima de Rio+20

Foto: Reprodução
Respighi
Respighi, como muitos outros compositores, se inspirou na natureza.

Aproveitando o interesse despertado pela Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorrerá de 20 a 22 de junho na cidade, Concertos UFRJ destacam nesta semana diferentes formas de representação musical da natureza.

Aproveitando o interesse despertado pela Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorrerá de 20 a 22 de junho na cidade, Concertos UFRJ destacam nesta semana diferentes formas de representação musical da natureza. No programa, obras de Dvorak, Respighi, Smetana e Villa-Lobos mostram como as florestas, rios, mares e animais do planeta vêm fascinando, desde sempre, criadores das mais variadas orientações e inclinações estéticas.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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A Abertura “No reino da natureza”, op. 91, escrita em 1891 e estreada no ano seguinte em Praga pelo compositor checo do período romântico Antonín Dvo?ák (1841-1904) foi primeira obra selecionada pelo programa. Tendo sido suscitada pelas emoções de uma caminhada solitária por prados e bosques da sua amada Boêmia, é a primeira parte de uma trilogia que escreveu e inclui ainda a Abertura Carnaval, op. 92, e Othello, op. 93. A interpretação, a do regente Rafael Kubelik, à frente da Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara.

 

Já o italiano Otorino Respighi (1879-1936), que além de compositor foi um  musicólogo importante, escreveu em 1927 uma suíte para pequena orquestra intitulada “Gli Uccelli” (Os Pássaros) tomando como base temas de músicos ingleses, franceses e italianos do século XVII. Após um prelúdio, Respighi desenvolve os movimentos intitulados A Pomba, baseado em melodia do francês Jacques Gallot, A galinha, inspirado em conhecido tema de Rameau, O Rouxinol, de autor anônimo inglês e O Cuco, a partir de uma toccata do também italiano Bernardo Pasquini. A gravação selecionada foi a da famosa Academia de Saint Martin in the fields, conduzida pelo seu fundador, o maestro e violinista Neville Marriner.

 

Como os pássaros, os rios suscitaram inúmeras criações musicais. O Reno, na Alemanha, aparece em diversas obras de Schumann e Wagner, o Danúbio, na Áustria, dá nome a uma das mais conhecidas valsas de Strauss e para um desfile de barcos no Tâmisa, em Londres, Haendel escreveu sua famosa Música Aquática. Desta diversificada produção, Concertos UFRJ pinça o poema sinfônico “Vltava” (O Moldavia), que o compositor tcheco Bed?ich Smetana escreveu em 1874 como parte do seu ciclo de seis peças intitulado “Má Vlast” (Minha Terra). Criado quando já padecia de completa surdez, o que o aproxima de mestres como Ludwig van Beethoven e Fauré, nos primeiros compassos as flautas traduzem o murmúrio dos filetes de água dos riachos que se unem para formar a cabeceira do rio que, aos poucos, se vai adensando. A partitura, de cunho descritivo, sugere o seu curso por diferentes regiões do país: surgem as caçadas nos bosques e um casamento camponês em ritmo de dança popular. O movimento inicial é retomado, mas de forma turbulenta, exprimindo corredeiras que desembocam em cachoeiras. Já perto do fim, quando da chegada do Moldavia à Praga, o tema ganha uma orquestração grandiosa, para logo a seguir, em um diminuendo encantador, os violinos solitários indicarem que ele segue seu curso até se perder no horizonte. A  Orquestra Filarmônica de Viena, sob a direção de James Levine, apresenta a obra.

 

A exuberante paisagem brasileira não poderia ficar de fora de em um programa dedicado à natureza. Assim, com os votos de que a Rio+20 traga avanços efetivos e a certeza de que somente um desenvolvimento sustentável poderá garantir uma saída digna para o nosso planeta e as vidas que nele habitam, Concertos UFRJ encerram a edição da semana com o poema sinfônico “Alvorada na Floresta Tropical” escrito por Heitor Villa-Lobos (1887-1959) em 1953. Afinal, ninguém melhor do que nosso maior compositor cantou de forma tão original o esplendor de nossas matas, rios e gentes. A gravação, datada de 1954, foi a da Orquestra de Louisville, tendo à frente o maestro Robert Whitney.

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Concertos UFRJ: a música colonial do Rio de Janeiro

Reprodução
Sigismund von Neukomm
Neukomm foi um dos primeiros a valorizar a música popular do Brasil.

Concertos UFRJ encerram a série de quatro programas dedicada a musica no Brasil do período colonial. Nas edições anteriores foram abordadas as experiências de Minas Gerais, do Nordeste e de São Paulo, nesta semana o destaque são os compositores que viveram na virada do século XVII para o XVII no Rio de Janeiro.

Concertos UFRJ encerram a série de quatro programas dedicada a musica no Brasil do período colonial. Nas edições anteriores foram abordadas as experiências de , nesta semana o destaque são os compositores que viveram na virada do século XVII para o XVII no Rio de Janeiro – cidade elevada em 1763 à condição de capital da colônia por iniciativa do polêmico ministro português Marques de Pombal.

 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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Infelizmente, quase nada restou do que aqui se escreveu na primeira metade dos setecentos, o que dificulta a compreensão da vida cultural da cidade e não permite uma avaliação mais cuidadosa de sua qualidade. São conhecidos os nomes de  alguns compositores, como Antônio Nunes de Siqueira, Salvador José de Almeida Farias e o Manuel da Silva Rosa, mas as sua obras acabaram perdidas. De Silva Rosa, por exemplo, a pesquisa musicológica conseguiu recuperar apenas uma peça para coro, que não foi, porém, gravada.

 

A obra carioca mais antiga com registro fonográfico parece ser a Antífona “Tota Pulcra es Maria”, de José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), compositor que já mereceu um de Concertos UFRJ. Escrita em 1783, quando o contava apenas 16 anos e destinada à novena de Nossa Senhora da Conceição, é a primeira partitura que se conhece deste músico extraordinário. O manuscrito, que faz parte do acervo da Biblioteca da Escola de Música da UFRJ, prevê um soprano solo, uma flauta solista e orquestra de cordas. A gravação veiculada foi a do conjunto Vox Brasiliensis dirigido por Ricardo Kanji.

 

Marcos Portugal (1762-1830), que se estabeleceu na cidade em 1811, a serviço do Príncipe-Regente, e aqui permaneceu mesmo após a partida de Dom João VI, representa um capítulo à parte. Sua influência foi enorme e marcou a cena musica como nenhum músico de seu tempo, além de estabelecer um padrão estético para os contemporâneos. Concertos UFRJ dedicaram recentemente dois à sua obra, aproveitando as comemorações, em 2012, dos 250 anos de seu nascimento. Portugal se destacou na Europa, sobretudo, como compositor de ópera. No Rio, acabou se dedicando mais música sacra. Dessa produção de cunho religioso sobressai o Requiem que escreveu em 1816 para os funerais de Dona Maria I. Desta obra, o programa apresentou os quatro números iniciais. A interpretação, a da Cia. Bachiana Brasileira, com a Orquestra Sinfônica da UFRJ dirigida pelo maestro Ricardo Rocha regendo.

 

O compositor e pianista austríaco Sigismund von Neukomm (1778-1858) foi um dos muitos músicos atraídos pelo florescimento cultural provocado pela presença da Corte. Veio com a comitiva do Duque de Luxemburgo, diplomata francês, e aqui ficou de 1816 a 1821 até retomar a vida de músico-errante, sempre curioso de países e terras estranhas. Entre nós escreveu peças de gêneros então pouco praticados, como a música de câmara, e foi pioneiro no aproveitamento de melodias populares brasileiras, a exemplo de sua fantasia L’amoureux, para flauta e pianoforte em três movimentos, de 1819. A obra desenvolve um tema de Joaquim Manoel Gado da Câmera, músico popular de quem, aliás, fará mais tarde a harmonização de 20 modinhas. A interpretação levada ao ar foi a de Rozana Lancelotti, ao pianoforte, e Ricardo Kanji, à flauta.

 

Encerrando a edição desta semana, o programa apresentou os duetos concertantes que Gabriel Fernandes da Trindade (c.1799-1854) escreveu para tocar com seu professor Francesco Ignacio Ansaldi, um italiano com quem estudou violino por indicação do Príncipe-Regente. Outro exemplo de música de câmara praticada na sociedade carioca, a composição data provavelmente de 1814. O programa apresentou dois movimentos do primeiro dueto, na interpretação do duo formado por Maria Ester Brandão e Koiti Watanabe.

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Do clássico ao choro em Concertos UFRJ

Foto: Divulgação
mariahelena-b
Maria Helena de Andrade, piano sem preconceitos.

A edição desta semana de Concertos UFRJ reprisa o especial dedicado ao lançamento do importante CD “Brasil: do clássico ao choro”, de Maria Helena de Andrade. Sem preconceitos, a pianista convida a um passeio por diferentes fazes e estilos da nossa música.

A edição desta semana de Concertos UFRJ reprisa o especial dedicado ao lançamento do importante CD “Brasil: do clássico ao choro”, de Maria Helena de Andrade. Sem preconceitos, a pianista convida a um passeio por diferentes fazes e estilos da nossa música.

 

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Natural de Belém, Maria Helena diplomou-se em piano pelo Conservatório Carlos Gomes (CONSCG) daquela cidade, em 1965. Mais tarde transferiu-se para o Rio, a fim de continuar os estudos. Aqui se aperfeiçoou com Oriano de Almeida, Homero de Magalhães e Glória Maria da Fonseca Costa. Mestre em Música pela UFRJ, em 1984, foi aluna de Jacques Klein e Heitor Alimonda, tendo defendido tese sobre Francisco Mignone, que escreveu uma suíte especialmente para servir de tema à sua pesquisa.

 

Como solista e camerista, exerce intensa atividade, atuando, com sucesso, nas mais renomadas salas de concerto do país, além de se apresentar em diversos países da Europa, nos Estados Unidos e no México. Foi durante anos professora da Escola de Música e, atualmente, leciona dos Seminários de Música ProArte. Integra também, com Sônia Maria Vieira, o Duo Pianístico da UFRJ e, com Aizik Geller e Maria Célia Machado, o Trio D’Ambrosio. Ao longo da carreira recebeu inúmeros prêmios, medalhas e títulos.

 

O CD “Brasil: do clássico ao choro” é uma produção da série Música no Museu, com apoio do governo do Rio de Janeiro, através da sua secretaria de cultura. Das 22 faixas, o programa apresentou Seguida, de Francisco Mignone; quatro miniaturas da série Guia Prático, de Villa-Lobos; Hommage à Chopin, do mesmo compositor, escrita em 1949 sob encomenda da Unesco por ocasião do centenário de morte do grande mestre do piano do séc. XIX; Dança Negra, de 1946, e o Ponteio 49, do ciclo de 50 peças para piano de Camargo Guarnieri.

 

De caráter mais popular, a Valsa Nina e o Choro Manhoso de Edino Krieger; e Brejeiro, Odeon e Apanhei-te, cavaquinho, de Ernesto Nazareth – autor que, na virada do séc. XIX para o XX usou as danças de salão europeias e o pianismo de Chopin para construir uma obra que é quase sinônimo de brasilidade e com forte sotaque carioca.  Por fim, uma das nossas mais conhecidas melodias: Tico-tico no fubá, de Zequinha de Abreu, música que encerra o CD em grande estilo.

 

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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BRASIL: DO CLÁSSICO AO CHORO

 

Maria Helena de Andrade

 

cddoclassicoaochoro300

 

ALBERTO NEPOMUCENO
Suíte Antiga, op. 11.
1. Prelúdio, 1:30
2. Minueto, 4:56
3. Ária, 4:26

FRANCISCO MIGNONE
Seguida
4. Temperando, 2:09
5. Outra lenda sertaneja, 2:51
6. Beliscando forte, 2:19
7. Valsa que não é de esquina, 3:51
8. Batuque batucado, 2:31

VILLA-LOBOS
Guia Prático
9. A maré encheu, 2:11
10. Sinh’Aninha, 0:44
11. Pai Francisco, 1:08
12. Na corda da Viola, 2:08
Hommage à Chopin
13. Nocturne, 2:33
14. Ballade, 5:24

CAMARGO GUARNIERI
15. Dança Negra, 4:16
16. Ponteio no 49 (Torturado), 2:22

EDINO KRIEGER

17. Nina (Valsa), 2:58
18. Choro Manhoso, 1:41

ERNESTO NAZARETH
19. Brejeiro, 2:13
20. Odeon, 2:47
21. Apanhei-te, cavaquinho, 2:23

ZEQUINHA DE ABREU
22. Tico-tico no fubá, 2:33

 

Concertos UFRJ: “La cambiale di matrimonio”, de Rossini

Reprodução
Rossini
Rossini, óleo sobre de autoria de Vincenzo Camuccini.

Concertos UFRJ apresentam esta semana “La cambiale di matrimonio”, a primeira ópera escrita por Gioachino Rossini, que estreou em Veneza em 1810. A obra ficou relativamente esquecida até a bem pouco tempo, ofuscada por sua produção posterior, especialmente seu “Il barbiere di Siviglia”, que o tornou um dos compositores mais famosos do séc. XIX.

Concertos UFRJ apresentam esta semana “La cambiale di matrimonio”, a primeira ópera escrita por Gioachino Rossini, que estreou em Veneza em 1810. A obra ficou relativamente esquecida até a bem pouco tempo, ofuscada por sua produção posterior, especialmente seu “Il barbiere di Siviglia”, que o tornou um dos compositores mais famosos do séc. XIX.

 

Gioachino Antonio Rossini nasceu em 29 de fevereiro de 1792, no seio de uma família de músicos em Pesaro, cidade na costa do mar Adriático, Itália. Seu pai, Giuseppe, era um trompista e inspetor de matadouros, e sua mãe, Anna Guidarini, cantora. Os pais de Rossini começaram cedo sua educação musical, e aos seis anos já tocava triângulo na banda do pai.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

A estreia, junto com as demais peças do tríptico, ocorreu no Metropolitan Opera House de Nova York, em 14 dezembro de 1918. Na ocasião, Luigi Montesanto foi Michele, Claudia Muzio encarnou Giorgetta, e Giulio Crimi deu vida a Luigi. Os demais papéis ficaram a cargo de Angelo Badà, Adamo Didur e Alice Gentle.

 

Aos quatorze, Rossini se inscreveu no liceu musical da cidade e apaixona-se pelas composições de Haydn e Mozart. Estudou violoncelo com Cavedagni, no Conservatório de Bolonha, e em 1807 foi admitido na classe de contraponto do padre Stanislao Mattei. Aprendeu a tocar violoncelo com facilidade, mas a pedante gravidade de Mattei serviu apenas para impulsionar o jovem compositor em direção a uma escola de composição mais liberal. Sua visão sobre recursos orquestrais não é geralmente atribuída às regras estritas que aprendeu com Mattei, mas aos conhecimentos adquiridos independentemente ao seguir as sinfonias e quartetos de Haydn e Mozart. Não por acaso, em Bolonha, ficou conhecido como “il Tedeschino” (“o alemãozinho”) por conta de sua devoção ao mestre austríaco.

 

No início de sua carreira, escreveu várias óperas em um ato, como o caso da farsa “La cambiale di matrimonio”, “A letra promissória do matrimônio”, em português. O libreto é de Gaetano Rossi, e a estreia aconteceu no Teatro San Moisè de Veneza em 3 de novembro de 1810, graças a amigável interposição do Marquês Cavalli.

 

Entre 1810 e 1813, em Bolonha, Roma, Veneza e Milão, Rossini seguiu produzindo óperas de sucesso variável. Estas obras de juventude ficaram em segundo plano com o sucesso de seu Tancredi, 1813, e das criações que se seguiram. Felizmente, nos últimos a crítica tem chamado atenção para elas, o que vem possibilitando que voltem a ser encenadas com certa frequência.

 

Depois deste período de atividade feérica, que termina em 1829 com “Guilherme Tell”, Rossini escreveu apenas um “Stabat mater”, em 1832, e uma missa. Passou o resto da vida dedicado aos prazeres da mesa, famoso por frases espirituosas e maliciosas.

 

No geral, a música do compositor acompanha a época da Restauração, entre 1815 e 1830. Rossini conquistou triunfalmente uma sociedade frívola e deliberadamente apolítica e se converteu no “Napoleão da música”, como afirmou Stendhal, que cometeu o exagero de coloca-lo ao lado de Mozart.

 

Rossini morreu em sua casa de campo em Passy em 13 de novembro de 1868 e foi sepultado no cemitério Père Lachaise, em Paris, França. Em 1887, os seus restos mortais foram transferidos para a Basílica da Santa Cruz, em Florença, onde agora repousam.

 

A gravação de “La cambiale di matrimonio” conta nos papéis principais com Bruno Praticò, Alessandra Rossi, Maurizio Comencini, Bruno de Simone, Francesco Facini e Valerio Baiano. O maestro Marcello Viotti conduz a English Chamber Orchestra.

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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La cambiale di matrimonio

 

Gioachino Rossini

Gaetano Rossi, libreto

Lacambialedimatrimonio

Personagens

 

Tobías Mill, um comerciante inglês, baixo bufo
Fanny, filha de Tobías, soprano
Edward Milfort, pretendente de Fanny, tenor
Slook, um rico comerciante canadense, baixo bufo
Norton, empregado de Tobías, baixo
Clarina, donzela de Fanny, mezzosoprano

 

Ação

 

A ação se passa em Londres, no séc. XVIII.

 

Ato único

 

Slook é um rico comerciante canadense, que contrata Tobias Tobías Mill para que encontre uma esposa para ele. Juntamente com a carta na qual enviou o pedido, Slook anexou uma nota promissória na qual concorda em se casar com qualquer moça que lhe apresente o documento. Mill resolve então oferecer-lhe a mão de sua própria filha Fanny. A jovem, porém, tem outros planos. Está apaixonada pelo jovem e honesto Edward Milfort.

 

Subitamente, vindo do Canadá, Slook chega a Londres decidido a conhecer a noiva com quem vai se casar. Ele é um homem simples e ingênuo, mas sincero e de nobres sentimentos. Imediatamente fica encantado com Fanny, mas este sentimento logo se transforma em grande preocupação, quando ela e Edward ameaçam arrancar-lhes os olhos e embarcá-lo de volta.

 

Horrorizado Slook tenta escapar do acordo, mas Mill insiste em mantê-lo e acaba desafiando o cliente para um duelo. Depois que Fanny e Edward admitem amor recíproco, o generoso canadense encontra uma solução. Endossa a promissória para Edward, transferindo assim, legalmente, o contrato de casamento para o jovem. Além disso, como continuará solteiro, Slook faz de Fanny e Edward seus herdeiros universais.

 

Em vista disso, as objeções de Mill desaparecem. Os jovens poderão se casar e a ópera termina em alegria geral.

Concertos UFRJ: a música colonial de São Paulo

Foto: Reprodução
Teto da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Itú
{magnify}images/stories/noticias/jenuinodocarmo.jpg|Teto da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Itú.{/magnify}Teto da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Itú, obra de Frei Jenuíno.

Concertos UFRJ retomam o passeio pela música colonial brasileira. O programa já visitou a produção das cidades históricas de Minas Gerais e do Nordeste, nesta semana é a vez dos compositores que viveram e criaram em São Paulo. Uma São Paulo bem distante, é verdade, da pujança que exibirá séculos mais tarde, mas que nos legou um material que não pode ser subestimado. Apesar de não ter à época a relevância de outras regiões do país, um número significativo de manuscritos foi preservado, o que nos permite aquilatar a diversidade e complexidade da vida musical do período.

Concertos UFRJ retomam o passeio pela música colonial brasileira. O programa já visitou a produção das cidades históricas de Minas Gerais e do Nordeste, nesta semana é a vez dos compositores que viveram e criaram em São Paulo. Uma São Paulo bem distante, é verdade, da pujança que exibirá séculos mais tarde, mas que nos legou um material que não pode ser subestimado. Apesar de não ter à época a relevância de outras regiões do país, um número significativo de manuscritos foi preservado, o que nos permite aquilatar a diversidade e complexidade da vida musical do período.

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O grupo de Mogi das Cruzes

 

Durante muitos anos o recitativo e ária de autor anônimo encontrados na Bahia, cujas partituras foram estabelecidas como de 1759, foram considerados os manuscritos musicais brasileiros mais antigos. Um achado fortuito nos anos 1980 fez, porém, recuar esta data em décadas. Quando examinava os documentos no Arquivo Municipal com objetivo de montar o museu sacro da cidade, o pesquisador Jaelson Trindade encontrou servindo de forro à capa do Livro Foral da então Vila de Mogi das Cruzes, uma série de partituras da primeira metade do séc. XVII. As obras teriam sido compostas, ou apenas copiadas, pelos padres Faustino do Prado Xavier, mestre de capela da Sé da cidade, e seu irmão, Ângelo do Prado.

 

Desse importante acervo, o programa apresentou o vilancico, cantado em português, “Matais de Incêndio” e a peça sacra “Ex Tractatu Sancti Augustini”, que revelam a prática da música polifônica na região. A interpretação veiculada foi a do grupo Vox Brasiliensis, sob a direção de Ricardo Kanji.

 

Jesuíno do Monte Carmelo


Mulato, filho e neto de escravas, Frei Jesuíno do Monte Carmelo, nome religioso de Jesuíno Francisco de Paula Gusmão, é exemplo impressionante de artista múltiplo, como tantos outros do nosso período colonial. Com atuação significativa na região comprendida entre Santos, onde nasceu em 1764, e Itu, onde faleceu em 1819, foi pintor, arquiteto, dourador, entalhador, escultor, músico e poeta. Sua biografia mereceu, aliás, um importante estudo do escritor Mário de Andrade publicado pelo Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

 

As obras de Frei Jesuíno podem ser apreciadas em várias igrejas paulistas. Na cidade de São Paulo, em 1796, pintou o forro da nave da Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo e os painéis do antigo Convento de Santa Teresa, que atualmente compõem o acervo do Museu de Arte Sacra. Em Itu, realizou os forros da capela-mor e da nave da Igreja e Convento de Nossa Senhora do Carmo, por volta de 1784, e os painéis laterais da capela-mor da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, datados do fim do século XVIII. Entre 1815 e 1819, dirigiu a construção da Igreja e Convento de Nossa Senhora do Patrocínio, desempenhando simultaneamente as tarefas de arquiteto, mestre-de-obras, pintor e escultor. Realiza ainda oito quadros para a igreja e compôs músicas sacras para sua inauguração. Faleceu antes de terminar a obra, que foi concluída por seus filhos e inaugurada em 1820.

 

Da sua obra musical, a edição apresentou a “Ladainha de Nossa Senhora” com a orquestra e o coral Vocalis sob a regência de Vitor Gabriel Araújo.

 

André da Silva Gomes

 

Outro expoente da época foi André da Silva Gomes, compositor português nascido em 1752 e que se transferiu para o Brasil por volta de 1774 para assumir o posto de mestre de capela da Sé de São Paulo. Além músico militar foi, também, professor de gramática latina.

 

André da Silva Gomes despertou o interesse de vários musicólogos. Entre eles, Regis Duprat, que dedicou a ele um importante estudo e levou a cabo a catalogação de sua produção. É Duprat quem afirma: “Os músicos da época colonial exerciam a profissão de forma mais avançada do que poderíamos imaginar. O Tratado de Contraponto, de André da Silva Gomes, revela regras do bem-compor que um bom músico europeu poderia seguir”.

 

O compositor faleceu em 1844, aos 92 anos, na cidade de São Paulo. De sua obra nos chegaram cerca de 130 partituras, sendo que as mais antigas datam de 1774. Uma produção variada que inclui antífonas, cânticos religiosos, hinos, ladainhas, missas, noturnos, ofertórios, ofícios fúnebres, ofícios da Semana Santa, salmos etc.

Concertos UFRJ apresentaram a sua “Missa a 8 vozes em Mi bemol”, escrita por volta de 1785. A interpretação, a de Luiz Otávio de Souza Santos à frente dos conjuntos do 14o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora.

 

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Festival de Reinauguração do órgão Tamburini: concerto de José Luís

Foto: Ana Liao
José Luis de Aquino
{magnify}images/joomgallery/originals/festival_de_reinaugurao_do_rgo_tamburini_55/2012_20120413_1743683915.jpg|Foto: Ana Liao{/magnify}Luís de Aquino, durante apresentação no festival.

Com a apresentação de José Luís de Aquino, gravada ao vivo no Salão Leopoldo Miguez no dia 13 de abril, “Concertos UFRJ” dá início a uma série de programas dedicados ao festival de reinauguração do Órgão Tamburini que reuniu, no mês passado, alguns dos mais importantes instrumentistas brasileiros da atualidade na Escola de Música.

Com a apresentação de José Luís de Aquino, gravada ao vivo no Salão Leopoldo Miguez no dia 13 de abril, “Concertos UFRJ” dá início a uma série de programas dedicados ao festival de reinauguração do Órgão Tamburini que reuniu, no mês passa-do, alguns dos mais importantes instrumentistas brasileiros da atualidade na Escola de Música.

 

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Aquino executou um repertório bem diversificado que passeou por obras de J. S. Bach (1685-1750) e Georg Böhm (1661-1733), contemporâneos e, ambos, expoentes do barroco alemão, composições do francês Louis Vierne (1870-1937), um dos músicos que, na virada do séc. XIX para o XX, marcaram a produção para o instrumento, terminando com peças de Furio Franceschini (1880-1926), italiano que se radicou no Brasil, e de Olivier Messssiaen (1908-1992), seguramente o mais importante organista das últimas décadas.

 

Único órgão de tubos integrado a uma sala de concertos na cidade do Rio de Janeiro, fato raro no País, foi construído na Itália pela tradicional Fabbrica D’Organi Giovani Tamburini, que assina os instrumentos do Vaticano. Instalado em 1954, possui 4.620 tubos, quatro manuais, pedaleira e 52 registros reais, cuja disposição foi projetada pelo grande músico italiano Fernando Germani (1906-1998).

 

Durante muitas décadas serviu não só à formação de instrumentistas brasileiros, como foi tocado por grandes organistas internacionais, como o próprio Germani, Karl Richter (1926-1981) e Pierre Cocherreau (1924-1984). Em 2009, teve início a reforma que duraria dois anos, durante os quais o Tamburini foi completamente desmontado, restaurado e modernizado. O maravilhoso resultado pôde ser apreciado pelo público que participou dos quatro recitais do festival e confirmado agora pelos ouvintes do programa.

 

José Luís de Aquino

 

José Luís de Aquino é atualmente professor da Universidade de São Paulo (USP). Realizou seus estudos de órgão com os Professores Ângelo Camin e Gertrud Mersiovsky e de piano com Alfredo Cerquinho. Mestre em Música pela UFRJ e doutor pela USP.

 

Em Paris, estudou com Suzanne Chaisemartin. Ao longo de dezoito anos foi organista titular do Mosteiro de São Bento de São Paulo. Apresenta-se regularmente como solista junto a importantes orquestras do país. Tem realizado inúmeros recitais no Brasil e no exterior, atuando em diversas cidades da França, Alemanha, Áustria, Suíça, Polônia, Itália, Holanda, Espanha, Hungria, Bélgica, Argentina, Uruguai, Chile, Israel e México. Gravou em 1991, no Mosteiro de São Bento de São Paulo, o primeiro CD de órgão do Brasil, intitulado “Passacaglia e Fuga”, com obras de Bach, Liszt, Camin e Reger.

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Repertório do progama

 

J. S. Bach (1685-1750)

Concerto em Ré menor (Antonio Vivaldi), BWV 596.

Böhm (1661-1733)

 

Prelúdio-Coral Vater unser in Him melreich

L Vierne (1870-1937)

Hymne au Soleil

Clair de la Lune (24 Pièces de Fantaisie, op. 53

F. Franceschini (1880-1976)

 

Fantasia sobre o tema gregoriano do Aleluia Pascal (1913)

O. Messiaen

 

Dieu parmi Nous (La Nativité du Seigneur

 

 

 

 

A música colonial do Nordeste em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
Profetas, Aleijadinho
Nossa Senhora, Anônimo, séc. XVIII, Recife. O sacro informa a cultura.

Recentemente o programa Concertos UFRJ dedicou uma edição a música produzida em Minas Gerais durante o esplendor econômico e cultural do ciclo do ouro. Está semana a atração é outra importante região criadora no período colonial, o nordeste. Em destaque, compositores que viveram e atuaram em Pernambuco e na Bahia no séc. XVIII e início do XIX.

Recentemente o programa Concertos UFRJ dedicou uma edição a música produzida em durante o esplendor econômico e cultural do ciclo do ouro. Está semana a atração é outra importante região criadora no período colonial, o nordeste. Em destaque, compositores que viveram e atuaram em Pernambuco e na Bahia no séc. XVIII e início do XIX.

 

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Pernambuco

 

O mestiço Luís Álvares Pinto (Recife, 1719 -1789) foi um dos primeiros compositores nacionais a se aperfeiçoar na Europa, estudando com Henrique da Silva Esteves Negrão, à época mestre de capela da catedral de Lisboa. Voltando ao Brasil, foi mestre de capela da Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento e da Concatedral de São Pedro dos Clérigos, ambas em Recife. Relatos dão conta de seu prestígio na metrópole e na colônia, e das muitas peças sacras e profanas que compôs, mas de todas sobrevivem apenas um Te Deum e uma Salve Regina, para vozes e orquestra. Foi também músico militar e teórico, deixado os Divertimentos Harmônicos para cinco vozes e as Lições de Solfejo, com pequenas peças para teclado que são as mais antigas obras do gênero no repertório brasileiro.

 

O programa apresentou o Te Deum, que foi reconstruído por Jaime Diniz a partir de partes manuscritas incompletas, na interpretação de Jean-Christophe Frisch à frente do grupo francês Musique des Lumières, e as Lições de Solfejo 22, 23 e 24, com o cravista e docente da Escola de Música Marcelo Fagerlande.

 

Bahia


Salvador foi outra capital em que floresceu um importante movimento artístico. Um manuscrito encontrado na cidade foi considerado, durante muito tempo, a mais antiga obra musical escrita no Brasil. De autor anônimo e datado de 1789, é uma cantata, o que destoa do caráter sacro da imensa maioria da produção da época. Escrita para homenagear o conselheiro José Mascarenhas Pacheco, integrante da Academia dos Renascidos e membro do Conselho Ultramarino, por ocasião de sua chegada a Salvador, o tom é despudoradamente laudatório, a partir mesmo do título: “Herói, egrégio, douto peregrino”. São duas partes, um recitativo e uma ária para soprano solo com acompanhamento de orquestra. A gravação veiculada foi a da Orquestra Barroca Armonico Tributo, sob direção do cravista Edmundo Hora e com Elizabeth Ratzersdorf como solista.

 

Outro compositor baiano de grande destaque foi Damião Barbosa Araújo, que nasceu em Salvador em 1778. Em 1808, quando da partida de D. João VI da capital baiana rumo ao Rio de Janeiro, se transferiu para a Corte, onde permaneceu por alguns anos. Ao retornar foi nomeado mestre da Sé de Salvador. Faleceu em 1856.

 

Sua obra mais conhecida é o Memento Baiano, composta para coro e orquestra com duas flautas, clarineta e cordas. A obra foi recuperada pelo musicólogo Jaime Diniz e publicada pela Universidade Federal da Bahia na década de 1970. O programa apresentou a interpretação da Orquestra Barroca Armonico Tributo, com direção de Edmundo Hora.

 

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Il Tabarro (O Capote), de Puccini

Reprodução
Poater
Poster da ópera,  Ricordi & Co,1918.

Tanto Gianni Schicchi como Suor Angelica já foram apresentadas em Concertos UFRJ. Esta semana é a vez da tragédia Il Tabarro (O Capote), que forma com as demais Il Trittico de Puccini – conjunto de três óperas curtas em um ato concebidas para serem apresentadas em sequência.

Tanto já foram apresentadas em Concertos UFRJ. Esta semana é a vez da tragédia Il Tabarro (O Capote), que forma com as demais Il Trittico de Puccini – conjunto de três óperas curtas em um ato concebidas para serem apresentadas em sequência. Il Tabarro é a primeira delas e o libreto em italiano é de autoria de Giuseppe Adami, baseado numa peça de Didier Gold, intitulada La Houppelande (1910).

 

Se, como se acredita, cada uma das peças do tríptico está relacionada a partes da Divina Comedia, de Dante Alighieri, Il Tabarro corresponderia ao Inferno. A ação se desenrola em Paris, no início do século XX, a bordo da barcaça de Michele ancorada no rio Sena. Sua esposa, Giorgetta, demonstra nítida insatisfação com o casamento e mantém um caso amoroso com Luigi, um dos estivadores. A descoberta da traição leva a um fim inevitável e trágico, no qual o capote usado antes pelo marido para acalentar a esposa serve para encobrir o corpo do amante assassinado.

 

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A estreia, junto com as demais peças do tríptico, ocorreu no Metropolitan Opera House de Nova York, em 14 dezembro de 1918. Na ocasião, Luigi Montesanto foi Michele, Claudia Muzio encarnou Giorgetta, e Giulio Crimi deu vida a Luigi. Os demais papéis ficaram a cargo de Angelo Badà, Adamo Didur e Alice Gentle.

 

O tríptico pucciniano foi composto em duas etapas: entre o verão e o outono de 1913 e entre outubro de 1915 e novembro de 1916. A interrupção se deveu à necessidade de atender outros trabalhos.

 

Il tabarro foi escrita sem que Puccini soubesse seu destino. Por tratar-se de uma peça curta, insuficiente para cobrir a duração de um espetáculo operístico convencional, pensou inicialmente em combiná-la com uma versão revista de sua primeira experiência no gênero: Le Villi, bastante esquecida desde então. Somente despois do encontro com Forzano, que colaborou com ele também em La rondine (1917) e Turandot (1924), decididu que ela seria o primeiro quadro de uma sequência de três obras.

 

Tanto em sua estreia nos Estados Unidos, como seu debut italiano (Roma, Teatro Costanzi, 11 de janeiro de 1919) Il Tabarro teve uma acolhida morna, tanto por parte do público como da crítica. Logo a seguir o compositor retocou a partitura, que na nova versão foi estreada no Teatro della Pergola de Florência, em 10 de maio de 1919. Dois anos depois, modificou a estrutura da aria de Michele “Scorri fiume eterno”, que foi completamente reescrita: de uma reflexão sombria sobre a vida, converteu-se numa meditação mais livre sobre a esposa e sobre a identidade de seu amante. Esta terceira (e última) versão subiu ao palco pela primeira vez em 28 de janeiro de 1922 no Teatro Costanzi, como é conhecido o Teatro dell’Opera, de Roma.

 

A interpretação veiculada é a de 1997 e traz Carlo Guelfi, Maria Guleghina e Neil Shicoff nos papéis principais. O maestro Antonio Pappano dirige a Orquestra Sinfônica de Londres e a London Sinfonietta Voices. A ópera se mantém no repertório, embora não seja das mais representadas hoje. Aparece, no levantamento do Operabase na 97ª posição em termos de montagem no período 2005-2010. A 36ª na Itália e a oitava entre as escritas por Puccini.

 

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Sinopse de de Il Tabarro

 

Giacomo Puccini

Giovacchino Forzano, libreto

Reprodução

Originale_per_costume_de_Il_Tabarro,_Michele

Personagens

 

Michele, proprietário da barcaça, barítono.

Giorgetta, esposa de Michele, soprano.

Luigi, um estivador, tenor.

“Tinca”, um estivador, tenor.

“Talpa”, um estivador,  baixo.

La Frugola, esposa de Talpa, mezzosoprano.

Vendedor de canções, tenor.

Dois amantes (soprano, tenor)

Estivadores, coro

 

 

Ação

 

A trama se passa em Paris, em 1910, em um pequeno barco ancorado no rio Sena.

Michele com o capote. Figurino criado para a estreia mundial em 1918.

 

Ato único

 

Giorgetta se ocupa de pequenas tarefas enquanto seu marido Michele, chefe dos estivadores, está no convés da embarcação. Ele pede a ela um beijo, o que Giorgetta aquiesce com relutância. Em seguida desembarca e oferece vinho aos trabalhadores, entre os quais estão Luigi, Tinca e Talpa, que começam uma dança. Giorgetta dança com Luigi, ficando evidente o envolvimento amoroso entre eles.

 

A dança é interrompida com a chegada de Michele. Giorgetta percebe a inquietação do marido e pergunta por que está tão preocupado. Em resposta, ele afirma que o trabalho anda escasso e que será obrigado a dispensar um dos estivadores. Giorgetta pede que não seja Luigi.

 

Chega Frugola, esposa de Talpa, que vem buscá-lo e mostra as mercadorias que conseguiu em sua ronda pela cidade. Tinca, por seu turno, planeja afogar as mágoas na bebida e Luigi concorda com ele. Frugola sonha com uma pequena casa e Giorgetta fala do seu desejo de deixar o barco e morar em um subúrbio tranquilo. Ela expressa o seu amor por Luigi. A cena é, mais uma vez, interrompida por Michele. Luigi não suporta a situação e pede para ser demitido. Michele, porém, pondera que não encontrará outro trabalho e retorna ao porão.

 

Luigi e Giorgetta combinam um encontro mais tarde. Quando Michele for dormir, ela acenderá uma luz como sinal. Com a saída de Luigi, Michele retorna ao convés e encontra a esposa inquieta. Evoca o amor do passado e recorda os dias felizes que passaram antes da morte do filho. Lamenta a diferença de idade entre eles e insinua que Giorgetta tem um amante. Ela nega e desce ao porão.

 

Michele fica sozinho no convés sozinho. Encoberto por seu capote, acende o cachimbo. Vendo a luz, Luigi corre a bordo pensando tratar-se do sinal combinado com Giorgetta. Os dois homens se confrontam e Michelle o obriga a confessar seu amor por Giorgetta, antes de estrangulá-lo. Terminada a luta, tira o capote e cobre o corpo de Luigi com ele. Enquanto isso, Giorgetta reaparece disposta a se desculpar com o marido. Este, como resposta, levanta o capote e revela o corpo do amante assassinado.