Concertos UFRJ: “La cambiale di matrimonio”, de Rossini

Reprodução
Rossini
Rossini, óleo sobre de autoria de Vincenzo Camuccini.

Concertos UFRJ apresentam esta semana “La cambiale di matrimonio”, a primeira ópera escrita por Gioachino Rossini, que estreou em Veneza em 1810. A obra ficou relativamente esquecida até a bem pouco tempo, ofuscada por sua produção posterior, especialmente seu “Il barbiere di Siviglia”, que o tornou um dos compositores mais famosos do séc. XIX.

Concertos UFRJ apresentam esta semana “La cambiale di matrimonio”, a primeira ópera escrita por Gioachino Rossini, que estreou em Veneza em 1810. A obra ficou relativamente esquecida até a bem pouco tempo, ofuscada por sua produção posterior, especialmente seu “Il barbiere di Siviglia”, que o tornou um dos compositores mais famosos do séc. XIX.

 

Gioachino Antonio Rossini nasceu em 29 de fevereiro de 1792, no seio de uma família de músicos em Pesaro, cidade na costa do mar Adriático, Itália. Seu pai, Giuseppe, era um trompista e inspetor de matadouros, e sua mãe, Anna Guidarini, cantora. Os pais de Rossini começaram cedo sua educação musical, e aos seis anos já tocava triângulo na banda do pai.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

A estreia, junto com as demais peças do tríptico, ocorreu no Metropolitan Opera House de Nova York, em 14 dezembro de 1918. Na ocasião, Luigi Montesanto foi Michele, Claudia Muzio encarnou Giorgetta, e Giulio Crimi deu vida a Luigi. Os demais papéis ficaram a cargo de Angelo Badà, Adamo Didur e Alice Gentle.

 

Aos quatorze, Rossini se inscreveu no liceu musical da cidade e apaixona-se pelas composições de Haydn e Mozart. Estudou violoncelo com Cavedagni, no Conservatório de Bolonha, e em 1807 foi admitido na classe de contraponto do padre Stanislao Mattei. Aprendeu a tocar violoncelo com facilidade, mas a pedante gravidade de Mattei serviu apenas para impulsionar o jovem compositor em direção a uma escola de composição mais liberal. Sua visão sobre recursos orquestrais não é geralmente atribuída às regras estritas que aprendeu com Mattei, mas aos conhecimentos adquiridos independentemente ao seguir as sinfonias e quartetos de Haydn e Mozart. Não por acaso, em Bolonha, ficou conhecido como “il Tedeschino” (“o alemãozinho”) por conta de sua devoção ao mestre austríaco.

 

No início de sua carreira, escreveu várias óperas em um ato, como o caso da farsa “La cambiale di matrimonio”, “A letra promissória do matrimônio”, em português. O libreto é de Gaetano Rossi, e a estreia aconteceu no Teatro San Moisè de Veneza em 3 de novembro de 1810, graças a amigável interposição do Marquês Cavalli.

 

Entre 1810 e 1813, em Bolonha, Roma, Veneza e Milão, Rossini seguiu produzindo óperas de sucesso variável. Estas obras de juventude ficaram em segundo plano com o sucesso de seu Tancredi, 1813, e das criações que se seguiram. Felizmente, nos últimos a crítica tem chamado atenção para elas, o que vem possibilitando que voltem a ser encenadas com certa frequência.

 

Depois deste período de atividade feérica, que termina em 1829 com “Guilherme Tell”, Rossini escreveu apenas um “Stabat mater”, em 1832, e uma missa. Passou o resto da vida dedicado aos prazeres da mesa, famoso por frases espirituosas e maliciosas.

 

No geral, a música do compositor acompanha a época da Restauração, entre 1815 e 1830. Rossini conquistou triunfalmente uma sociedade frívola e deliberadamente apolítica e se converteu no “Napoleão da música”, como afirmou Stendhal, que cometeu o exagero de coloca-lo ao lado de Mozart.

 

Rossini morreu em sua casa de campo em Passy em 13 de novembro de 1868 e foi sepultado no cemitério Père Lachaise, em Paris, França. Em 1887, os seus restos mortais foram transferidos para a Basílica da Santa Cruz, em Florença, onde agora repousam.

 

A gravação de “La cambiale di matrimonio” conta nos papéis principais com Bruno Praticò, Alessandra Rossi, Maurizio Comencini, Bruno de Simone, Francesco Facini e Valerio Baiano. O maestro Marcello Viotti conduz a English Chamber Orchestra.

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

La cambiale di matrimonio

 

Gioachino Rossini

Gaetano Rossi, libreto

Lacambialedimatrimonio

Personagens

 

Tobías Mill, um comerciante inglês, baixo bufo
Fanny, filha de Tobías, soprano
Edward Milfort, pretendente de Fanny, tenor
Slook, um rico comerciante canadense, baixo bufo
Norton, empregado de Tobías, baixo
Clarina, donzela de Fanny, mezzosoprano

 

Ação

 

A ação se passa em Londres, no séc. XVIII.

 

Ato único

 

Slook é um rico comerciante canadense, que contrata Tobias Tobías Mill para que encontre uma esposa para ele. Juntamente com a carta na qual enviou o pedido, Slook anexou uma nota promissória na qual concorda em se casar com qualquer moça que lhe apresente o documento. Mill resolve então oferecer-lhe a mão de sua própria filha Fanny. A jovem, porém, tem outros planos. Está apaixonada pelo jovem e honesto Edward Milfort.

 

Subitamente, vindo do Canadá, Slook chega a Londres decidido a conhecer a noiva com quem vai se casar. Ele é um homem simples e ingênuo, mas sincero e de nobres sentimentos. Imediatamente fica encantado com Fanny, mas este sentimento logo se transforma em grande preocupação, quando ela e Edward ameaçam arrancar-lhes os olhos e embarcá-lo de volta.

 

Horrorizado Slook tenta escapar do acordo, mas Mill insiste em mantê-lo e acaba desafiando o cliente para um duelo. Depois que Fanny e Edward admitem amor recíproco, o generoso canadense encontra uma solução. Endossa a promissória para Edward, transferindo assim, legalmente, o contrato de casamento para o jovem. Além disso, como continuará solteiro, Slook faz de Fanny e Edward seus herdeiros universais.

 

Em vista disso, as objeções de Mill desaparecem. Os jovens poderão se casar e a ópera termina em alegria geral.

Concertos UFRJ: a música colonial de São Paulo

Foto: Reprodução
Teto da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Itú
{magnify}images/stories/noticias/jenuinodocarmo.jpg|Teto da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Itú.{/magnify}Teto da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Itú, obra de Frei Jenuíno.

Concertos UFRJ retomam o passeio pela música colonial brasileira. O programa já visitou a produção das cidades históricas de Minas Gerais e do Nordeste, nesta semana é a vez dos compositores que viveram e criaram em São Paulo. Uma São Paulo bem distante, é verdade, da pujança que exibirá séculos mais tarde, mas que nos legou um material que não pode ser subestimado. Apesar de não ter à época a relevância de outras regiões do país, um número significativo de manuscritos foi preservado, o que nos permite aquilatar a diversidade e complexidade da vida musical do período.

Concertos UFRJ retomam o passeio pela música colonial brasileira. O programa já visitou a produção das cidades históricas de Minas Gerais e do Nordeste, nesta semana é a vez dos compositores que viveram e criaram em São Paulo. Uma São Paulo bem distante, é verdade, da pujança que exibirá séculos mais tarde, mas que nos legou um material que não pode ser subestimado. Apesar de não ter à época a relevância de outras regiões do país, um número significativo de manuscritos foi preservado, o que nos permite aquilatar a diversidade e complexidade da vida musical do período.

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O grupo de Mogi das Cruzes

 

Durante muitos anos o recitativo e ária de autor anônimo encontrados na Bahia, cujas partituras foram estabelecidas como de 1759, foram considerados os manuscritos musicais brasileiros mais antigos. Um achado fortuito nos anos 1980 fez, porém, recuar esta data em décadas. Quando examinava os documentos no Arquivo Municipal com objetivo de montar o museu sacro da cidade, o pesquisador Jaelson Trindade encontrou servindo de forro à capa do Livro Foral da então Vila de Mogi das Cruzes, uma série de partituras da primeira metade do séc. XVII. As obras teriam sido compostas, ou apenas copiadas, pelos padres Faustino do Prado Xavier, mestre de capela da Sé da cidade, e seu irmão, Ângelo do Prado.

 

Desse importante acervo, o programa apresentou o vilancico, cantado em português, “Matais de Incêndio” e a peça sacra “Ex Tractatu Sancti Augustini”, que revelam a prática da música polifônica na região. A interpretação veiculada foi a do grupo Vox Brasiliensis, sob a direção de Ricardo Kanji.

 

Jesuíno do Monte Carmelo


Mulato, filho e neto de escravas, Frei Jesuíno do Monte Carmelo, nome religioso de Jesuíno Francisco de Paula Gusmão, é exemplo impressionante de artista múltiplo, como tantos outros do nosso período colonial. Com atuação significativa na região comprendida entre Santos, onde nasceu em 1764, e Itu, onde faleceu em 1819, foi pintor, arquiteto, dourador, entalhador, escultor, músico e poeta. Sua biografia mereceu, aliás, um importante estudo do escritor Mário de Andrade publicado pelo Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

 

As obras de Frei Jesuíno podem ser apreciadas em várias igrejas paulistas. Na cidade de São Paulo, em 1796, pintou o forro da nave da Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo e os painéis do antigo Convento de Santa Teresa, que atualmente compõem o acervo do Museu de Arte Sacra. Em Itu, realizou os forros da capela-mor e da nave da Igreja e Convento de Nossa Senhora do Carmo, por volta de 1784, e os painéis laterais da capela-mor da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, datados do fim do século XVIII. Entre 1815 e 1819, dirigiu a construção da Igreja e Convento de Nossa Senhora do Patrocínio, desempenhando simultaneamente as tarefas de arquiteto, mestre-de-obras, pintor e escultor. Realiza ainda oito quadros para a igreja e compôs músicas sacras para sua inauguração. Faleceu antes de terminar a obra, que foi concluída por seus filhos e inaugurada em 1820.

 

Da sua obra musical, a edição apresentou a “Ladainha de Nossa Senhora” com a orquestra e o coral Vocalis sob a regência de Vitor Gabriel Araújo.

 

André da Silva Gomes

 

Outro expoente da época foi André da Silva Gomes, compositor português nascido em 1752 e que se transferiu para o Brasil por volta de 1774 para assumir o posto de mestre de capela da Sé de São Paulo. Além músico militar foi, também, professor de gramática latina.

 

André da Silva Gomes despertou o interesse de vários musicólogos. Entre eles, Regis Duprat, que dedicou a ele um importante estudo e levou a cabo a catalogação de sua produção. É Duprat quem afirma: “Os músicos da época colonial exerciam a profissão de forma mais avançada do que poderíamos imaginar. O Tratado de Contraponto, de André da Silva Gomes, revela regras do bem-compor que um bom músico europeu poderia seguir”.

 

O compositor faleceu em 1844, aos 92 anos, na cidade de São Paulo. De sua obra nos chegaram cerca de 130 partituras, sendo que as mais antigas datam de 1774. Uma produção variada que inclui antífonas, cânticos religiosos, hinos, ladainhas, missas, noturnos, ofertórios, ofícios fúnebres, ofícios da Semana Santa, salmos etc.

Concertos UFRJ apresentaram a sua “Missa a 8 vozes em Mi bemol”, escrita por volta de 1785. A interpretação, a de Luiz Otávio de Souza Santos à frente dos conjuntos do 14o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora.

 

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Festival de Reinauguração do órgão Tamburini: concerto de José Luís

Foto: Ana Liao
José Luis de Aquino
{magnify}images/joomgallery/originals/festival_de_reinaugurao_do_rgo_tamburini_55/2012_20120413_1743683915.jpg|Foto: Ana Liao{/magnify}Luís de Aquino, durante apresentação no festival.

Com a apresentação de José Luís de Aquino, gravada ao vivo no Salão Leopoldo Miguez no dia 13 de abril, “Concertos UFRJ” dá início a uma série de programas dedicados ao festival de reinauguração do Órgão Tamburini que reuniu, no mês passado, alguns dos mais importantes instrumentistas brasileiros da atualidade na Escola de Música.

Com a apresentação de José Luís de Aquino, gravada ao vivo no Salão Leopoldo Miguez no dia 13 de abril, “Concertos UFRJ” dá início a uma série de programas dedicados ao festival de reinauguração do Órgão Tamburini que reuniu, no mês passa-do, alguns dos mais importantes instrumentistas brasileiros da atualidade na Escola de Música.

 

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Aquino executou um repertório bem diversificado que passeou por obras de J. S. Bach (1685-1750) e Georg Böhm (1661-1733), contemporâneos e, ambos, expoentes do barroco alemão, composições do francês Louis Vierne (1870-1937), um dos músicos que, na virada do séc. XIX para o XX, marcaram a produção para o instrumento, terminando com peças de Furio Franceschini (1880-1926), italiano que se radicou no Brasil, e de Olivier Messssiaen (1908-1992), seguramente o mais importante organista das últimas décadas.

 

Único órgão de tubos integrado a uma sala de concertos na cidade do Rio de Janeiro, fato raro no País, foi construído na Itália pela tradicional Fabbrica D’Organi Giovani Tamburini, que assina os instrumentos do Vaticano. Instalado em 1954, possui 4.620 tubos, quatro manuais, pedaleira e 52 registros reais, cuja disposição foi projetada pelo grande músico italiano Fernando Germani (1906-1998).

 

Durante muitas décadas serviu não só à formação de instrumentistas brasileiros, como foi tocado por grandes organistas internacionais, como o próprio Germani, Karl Richter (1926-1981) e Pierre Cocherreau (1924-1984). Em 2009, teve início a reforma que duraria dois anos, durante os quais o Tamburini foi completamente desmontado, restaurado e modernizado. O maravilhoso resultado pôde ser apreciado pelo público que participou dos quatro recitais do festival e confirmado agora pelos ouvintes do programa.

 

José Luís de Aquino

 

José Luís de Aquino é atualmente professor da Universidade de São Paulo (USP). Realizou seus estudos de órgão com os Professores Ângelo Camin e Gertrud Mersiovsky e de piano com Alfredo Cerquinho. Mestre em Música pela UFRJ e doutor pela USP.

 

Em Paris, estudou com Suzanne Chaisemartin. Ao longo de dezoito anos foi organista titular do Mosteiro de São Bento de São Paulo. Apresenta-se regularmente como solista junto a importantes orquestras do país. Tem realizado inúmeros recitais no Brasil e no exterior, atuando em diversas cidades da França, Alemanha, Áustria, Suíça, Polônia, Itália, Holanda, Espanha, Hungria, Bélgica, Argentina, Uruguai, Chile, Israel e México. Gravou em 1991, no Mosteiro de São Bento de São Paulo, o primeiro CD de órgão do Brasil, intitulado “Passacaglia e Fuga”, com obras de Bach, Liszt, Camin e Reger.

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Repertório do progama

 

J. S. Bach (1685-1750)

Concerto em Ré menor (Antonio Vivaldi), BWV 596.

Böhm (1661-1733)

 

Prelúdio-Coral Vater unser in Him melreich

L Vierne (1870-1937)

Hymne au Soleil

Clair de la Lune (24 Pièces de Fantaisie, op. 53

F. Franceschini (1880-1976)

 

Fantasia sobre o tema gregoriano do Aleluia Pascal (1913)

O. Messiaen

 

Dieu parmi Nous (La Nativité du Seigneur

 

 

 

 

A música colonial do Nordeste em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
Profetas, Aleijadinho
Nossa Senhora, Anônimo, séc. XVIII, Recife. O sacro informa a cultura.

Recentemente o programa Concertos UFRJ dedicou uma edição a música produzida em Minas Gerais durante o esplendor econômico e cultural do ciclo do ouro. Está semana a atração é outra importante região criadora no período colonial, o nordeste. Em destaque, compositores que viveram e atuaram em Pernambuco e na Bahia no séc. XVIII e início do XIX.

Recentemente o programa Concertos UFRJ dedicou uma edição a música produzida em durante o esplendor econômico e cultural do ciclo do ouro. Está semana a atração é outra importante região criadora no período colonial, o nordeste. Em destaque, compositores que viveram e atuaram em Pernambuco e na Bahia no séc. XVIII e início do XIX.

 

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Pernambuco

 

O mestiço Luís Álvares Pinto (Recife, 1719 -1789) foi um dos primeiros compositores nacionais a se aperfeiçoar na Europa, estudando com Henrique da Silva Esteves Negrão, à época mestre de capela da catedral de Lisboa. Voltando ao Brasil, foi mestre de capela da Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento e da Concatedral de São Pedro dos Clérigos, ambas em Recife. Relatos dão conta de seu prestígio na metrópole e na colônia, e das muitas peças sacras e profanas que compôs, mas de todas sobrevivem apenas um Te Deum e uma Salve Regina, para vozes e orquestra. Foi também músico militar e teórico, deixado os Divertimentos Harmônicos para cinco vozes e as Lições de Solfejo, com pequenas peças para teclado que são as mais antigas obras do gênero no repertório brasileiro.

 

O programa apresentou o Te Deum, que foi reconstruído por Jaime Diniz a partir de partes manuscritas incompletas, na interpretação de Jean-Christophe Frisch à frente do grupo francês Musique des Lumières, e as Lições de Solfejo 22, 23 e 24, com o cravista e docente da Escola de Música Marcelo Fagerlande.

 

Bahia


Salvador foi outra capital em que floresceu um importante movimento artístico. Um manuscrito encontrado na cidade foi considerado, durante muito tempo, a mais antiga obra musical escrita no Brasil. De autor anônimo e datado de 1789, é uma cantata, o que destoa do caráter sacro da imensa maioria da produção da época. Escrita para homenagear o conselheiro José Mascarenhas Pacheco, integrante da Academia dos Renascidos e membro do Conselho Ultramarino, por ocasião de sua chegada a Salvador, o tom é despudoradamente laudatório, a partir mesmo do título: “Herói, egrégio, douto peregrino”. São duas partes, um recitativo e uma ária para soprano solo com acompanhamento de orquestra. A gravação veiculada foi a da Orquestra Barroca Armonico Tributo, sob direção do cravista Edmundo Hora e com Elizabeth Ratzersdorf como solista.

 

Outro compositor baiano de grande destaque foi Damião Barbosa Araújo, que nasceu em Salvador em 1778. Em 1808, quando da partida de D. João VI da capital baiana rumo ao Rio de Janeiro, se transferiu para a Corte, onde permaneceu por alguns anos. Ao retornar foi nomeado mestre da Sé de Salvador. Faleceu em 1856.

 

Sua obra mais conhecida é o Memento Baiano, composta para coro e orquestra com duas flautas, clarineta e cordas. A obra foi recuperada pelo musicólogo Jaime Diniz e publicada pela Universidade Federal da Bahia na década de 1970. O programa apresentou a interpretação da Orquestra Barroca Armonico Tributo, com direção de Edmundo Hora.

 

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Il Tabarro (O Capote), de Puccini

Reprodução
Poater
Poster da ópera,  Ricordi & Co,1918.

Tanto Gianni Schicchi como Suor Angelica já foram apresentadas em Concertos UFRJ. Esta semana é a vez da tragédia Il Tabarro (O Capote), que forma com as demais Il Trittico de Puccini – conjunto de três óperas curtas em um ato concebidas para serem apresentadas em sequência.

Tanto já foram apresentadas em Concertos UFRJ. Esta semana é a vez da tragédia Il Tabarro (O Capote), que forma com as demais Il Trittico de Puccini – conjunto de três óperas curtas em um ato concebidas para serem apresentadas em sequência. Il Tabarro é a primeira delas e o libreto em italiano é de autoria de Giuseppe Adami, baseado numa peça de Didier Gold, intitulada La Houppelande (1910).

 

Se, como se acredita, cada uma das peças do tríptico está relacionada a partes da Divina Comedia, de Dante Alighieri, Il Tabarro corresponderia ao Inferno. A ação se desenrola em Paris, no início do século XX, a bordo da barcaça de Michele ancorada no rio Sena. Sua esposa, Giorgetta, demonstra nítida insatisfação com o casamento e mantém um caso amoroso com Luigi, um dos estivadores. A descoberta da traição leva a um fim inevitável e trágico, no qual o capote usado antes pelo marido para acalentar a esposa serve para encobrir o corpo do amante assassinado.

 

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A estreia, junto com as demais peças do tríptico, ocorreu no Metropolitan Opera House de Nova York, em 14 dezembro de 1918. Na ocasião, Luigi Montesanto foi Michele, Claudia Muzio encarnou Giorgetta, e Giulio Crimi deu vida a Luigi. Os demais papéis ficaram a cargo de Angelo Badà, Adamo Didur e Alice Gentle.

 

O tríptico pucciniano foi composto em duas etapas: entre o verão e o outono de 1913 e entre outubro de 1915 e novembro de 1916. A interrupção se deveu à necessidade de atender outros trabalhos.

 

Il tabarro foi escrita sem que Puccini soubesse seu destino. Por tratar-se de uma peça curta, insuficiente para cobrir a duração de um espetáculo operístico convencional, pensou inicialmente em combiná-la com uma versão revista de sua primeira experiência no gênero: Le Villi, bastante esquecida desde então. Somente despois do encontro com Forzano, que colaborou com ele também em La rondine (1917) e Turandot (1924), decididu que ela seria o primeiro quadro de uma sequência de três obras.

 

Tanto em sua estreia nos Estados Unidos, como seu debut italiano (Roma, Teatro Costanzi, 11 de janeiro de 1919) Il Tabarro teve uma acolhida morna, tanto por parte do público como da crítica. Logo a seguir o compositor retocou a partitura, que na nova versão foi estreada no Teatro della Pergola de Florência, em 10 de maio de 1919. Dois anos depois, modificou a estrutura da aria de Michele “Scorri fiume eterno”, que foi completamente reescrita: de uma reflexão sombria sobre a vida, converteu-se numa meditação mais livre sobre a esposa e sobre a identidade de seu amante. Esta terceira (e última) versão subiu ao palco pela primeira vez em 28 de janeiro de 1922 no Teatro Costanzi, como é conhecido o Teatro dell’Opera, de Roma.

 

A interpretação veiculada é a de 1997 e traz Carlo Guelfi, Maria Guleghina e Neil Shicoff nos papéis principais. O maestro Antonio Pappano dirige a Orquestra Sinfônica de Londres e a London Sinfonietta Voices. A ópera se mantém no repertório, embora não seja das mais representadas hoje. Aparece, no levantamento do Operabase na 97ª posição em termos de montagem no período 2005-2010. A 36ª na Itália e a oitava entre as escritas por Puccini.

 

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Sinopse de de Il Tabarro

 

Giacomo Puccini

Giovacchino Forzano, libreto

Reprodução

Originale_per_costume_de_Il_Tabarro,_Michele

Personagens

 

Michele, proprietário da barcaça, barítono.

Giorgetta, esposa de Michele, soprano.

Luigi, um estivador, tenor.

“Tinca”, um estivador, tenor.

“Talpa”, um estivador,  baixo.

La Frugola, esposa de Talpa, mezzosoprano.

Vendedor de canções, tenor.

Dois amantes (soprano, tenor)

Estivadores, coro

 

 

Ação

 

A trama se passa em Paris, em 1910, em um pequeno barco ancorado no rio Sena.

Michele com o capote. Figurino criado para a estreia mundial em 1918.

 

Ato único

 

Giorgetta se ocupa de pequenas tarefas enquanto seu marido Michele, chefe dos estivadores, está no convés da embarcação. Ele pede a ela um beijo, o que Giorgetta aquiesce com relutância. Em seguida desembarca e oferece vinho aos trabalhadores, entre os quais estão Luigi, Tinca e Talpa, que começam uma dança. Giorgetta dança com Luigi, ficando evidente o envolvimento amoroso entre eles.

 

A dança é interrompida com a chegada de Michele. Giorgetta percebe a inquietação do marido e pergunta por que está tão preocupado. Em resposta, ele afirma que o trabalho anda escasso e que será obrigado a dispensar um dos estivadores. Giorgetta pede que não seja Luigi.

 

Chega Frugola, esposa de Talpa, que vem buscá-lo e mostra as mercadorias que conseguiu em sua ronda pela cidade. Tinca, por seu turno, planeja afogar as mágoas na bebida e Luigi concorda com ele. Frugola sonha com uma pequena casa e Giorgetta fala do seu desejo de deixar o barco e morar em um subúrbio tranquilo. Ela expressa o seu amor por Luigi. A cena é, mais uma vez, interrompida por Michele. Luigi não suporta a situação e pede para ser demitido. Michele, porém, pondera que não encontrará outro trabalho e retorna ao porão.

 

Luigi e Giorgetta combinam um encontro mais tarde. Quando Michele for dormir, ela acenderá uma luz como sinal. Com a saída de Luigi, Michele retorna ao convés e encontra a esposa inquieta. Evoca o amor do passado e recorda os dias felizes que passaram antes da morte do filho. Lamenta a diferença de idade entre eles e insinua que Giorgetta tem um amante. Ela nega e desce ao porão.

 

Michele fica sozinho no convés sozinho. Encoberto por seu capote, acende o cachimbo. Vendo a luz, Luigi corre a bordo pensando tratar-se do sinal combinado com Giorgetta. Os dois homens se confrontam e Michelle o obriga a confessar seu amor por Giorgetta, antes de estrangulá-lo. Terminada a luta, tira o capote e cobre o corpo de Luigi com ele. Enquanto isso, Giorgetta reaparece disposta a se desculpar com o marido. Este, como resposta, levanta o capote e revela o corpo do amante assassinado.

A Criação de Haydn

Reprodução
Haydn
Retrato a óleo de Joseph Haydn, (c. 1760).

Die Schöpfung (A Criação, em português), oratório composto por Haydn entre 1796 e 1798, é o destaque desta semana de Concertos UFRJ. Ainda que o gênero tivesse tido o seu apogeu um pouco antes, no período barroco, é uma das obras mais carismáticas de toda a história da música e, para muitos, a obra-prima deste gênio do classicismo vienense.

Die Schöpfung (A Criação, em português), oratório composto por Haydn entre 1796 e 1798, é o destaque desta semana de Concertos UFRJ. Ainda que o gênero tivesse tido o seu apogeu um pouco antes, no período barroco, é uma das obras mais carismáticas de toda a história da música e, para muitos, a obra-prima deste gênio do classicismo vienense.

 

A obra do Haydn (17932-1809) é imensa e abrange os mais variados gêneros desde peças para teclado até grandes óperas e, nada menos, que 104 sinfonias.  O compositor austríaco é autor também de outro grande oratório: “As Estações”.

 

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“A Criação” estreou no dia 30 de Abril de 1798 no palácio de umas das mais nobres famílias de Viena, os Schwarzenberg. Foi uma execução privada, ainda que tivesse havido um ensaio público no dia anterior. Um ano mais tarde, em 19 de março, teve lugar a primeira apresentação pública no Burgtheater, também em Viena, novamente com Haydn (1732-1809) na regência.

 

A base do libreto é o Génesis, acrescentado de materiais do Livro dos Salmos e do Paraíso Perdido, o famoso épico de Milton. Foi traduzido para a língua alemã pelo barão Gottfried van Swieten, um diplomata melómano que fez carreira a serviço do Império Austro-Húngaro e que colaborou também com outros compositores importantes como Mozart e Beethoven. Não se sabe ao certo a proveniência do original inglês, mas terá sido provavelmente escrito pensado em George Frideric Handel. Por sinal, é Handel a grande referência de Haydn para esta obra, já que em 1791 o músico austríaco havia assistido em Londres a um festival na Abadia Westminster onde ouviu oratórios daquele compositor.

 

A obra está dividida em três partes. A primeira trata dos quatro dias iniciais da criação; o surgimento da luz, da terra e do mar, dos corpos celestes e da vida vegetal. A segunda, da criação da vida animal: dos bichos, das aves, dos peixes, do homem e da mulher. Finalmente, a terceira parte, bastante mais curta, é inteiramente dedicada às figuras de Adão e Eva e revela uma escrita musical que sugere um mundo idílico e perfeito, através de um raro virtuosismo instrumental.

 

A partitura consiste num tríptico composto pelo mundo inanimado, o mundo animal e o mundo do Homem. Numa continuada sucessão de curtas partes instrumentais, árias muito semelhantes às da ópera, recitativos particularmente elaborados, intervenções conjuntas dos solistas e coros de grande efeito. Ao todo, são trinta e quatro os fragmentos que a compõem, protagonizados pelos arcanjos Gabriel, Uriel e Rafael, aos quais se juntam na terceira parte Adão e Eva.

 

A versão transmitida foi a John Eliot Gardiner, com as sopranos Sylvia McNair e Donna Brown, o tenor Michael Schade, os barítonos Gerald Finley e Rodney Gilfrey, Coro Monteverdi e os Solistas Barrocos Ingleses.

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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A música colonial em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
Profetas, Aleijadinho
Baruc, um dos Profetas, Aleijadinho. O sa­cro domina nas artes e na música.

Um passeio pela música colonial brasileira é o convite que faz esta semana o programa Concertos UFRJ aos seus ouvintes.

Um passeio pela música colonial brasileira é o convite que faz esta semana o programa Concertos UFRJ aos seus ouvintes. Em destaque, um repertório que, aos poucos, vem sendo desvendado pela pesquisa musicológica e posto novamente à circulação de um público mais amplo por iniciativas discográficas pioneiras e por instrumentistas e grupos, felizmente cada vez mais numerosos, apaixonados por ele. Belo aperitivo para o que começa na próxima semana na Escola de Música e que reúne músicos e especialistas do País que vão se debruçar justamente sobre os problemas da interpretação contemporânea de partituras, como essas, silenciadas por séculos.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Há uma heterogeneidade na recepção da produção cultural brasileira do séc. XVIII e início do XIX. As obras dos principais artistas do barroco brasileiro, por exemplo, já são amplamente aceitas. É o caso das pinturas de Manuel da Costa Ataíde (1762-1837), mais conhecido como Mestre Ataíde, e, sobretudo, das esculturas de Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), o “Aleijadinho”, que despertam a admiração de todos, especialmente depois que foram “redescobertas” pelos nossos modernistas no início do século passado. O mesmo não aconteceu, entretanto, com a música executada nas Igrejas setecentistas riscadas pelas mãos deformadas daquele mulato genial. Compositores seus contemporâneos como Lobo de Mesquita, Parreira Neves, Manuel Dias e Castro Lobo são quase que totalmente desconhecidos fora do estreito círculo dos pesquisadores e musicólogos.

 

Mas se a produção artística do período pode ser caracterizada como barroca, ainda que diversos especialistas chamem atenção para as características que a distingue da vertente europeia, a música do período é já nitidamente pré-clássica, com alguns resquícios barrocos como a presença do baixo contínuo denuncia. Outro aspecto marcante, o repertório quase exclusivamente sacro e destinado a apoiar as inúmeras cerimônias litúrgicas.

 

Parreiras Neves

 

A primeira obra destacada pelo programa foi o Credo para coro e orquestra, composto entre 1780 e 1785 pelo por Inácio Parreiras Neves, de quem se possui escassas informações biográficas e do qual restaram poucas partituras. Sabe-se, porém, que nasceu na então cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto, em 1730, e faleceu em data imprecisa por volta de 1794. A interpretação, a da Camerata Barroca de Caracas com a direção de Isabel Palácios.

 

Lobo de Mesquita

 

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita é o autor que a quase unanimidade dos musicólogos considera o mais importante dos muitos que exerceram o ofício nas Minas Gerais daquele período. Nasceu por volta dos anos 1740 e atuou como organista e compositor em Diamantina, Vila Rica e nas cidades da região. Com o declínio do ciclo do ouro acabou vindo para o Rio de Janeiro em 1800, onde se tornou organista da Igreja do Carmo, na atual Praça XV. Aqui faleceu em 1805.

 

Suas obras foram resgatadas nos anos 40 do século XX pelo musicólogo teuto-uruguaio Francisco Curt Lange, quando pesquisava manuscritos nos antigos arquivos das irmandades mineiras. O programa apresenta duas delas: a Antífona de Nossa Senhora Salve Regina, uma das primeiras recolhidas; e o Te Deum Alternado para coro e orquestra, peça de maior envergadura que combina trechos cantados em gregoriano com partes compostas por Mesquita. As interpretações foram, respectivamente, a do Coral Ars Nova da Universidade Federal de Minas Gerais e orquestra de músicos convidados sob a direção de Carlos Alberto Pinto Fonseca, e a da Camerata Barroca de Caracas tendo como solista o barítono Esteban Cordero e direção de Isabel Palácios.

 

Dias de Oliveira

 

Na região atuou também outro importante compositor brasileiro do período colonial, Manuel Dias de Oliveira que nasceu por volta do ano de 1734 na Vila de São José , atual Tiradentes. Foi mestre de capela e músico militar. Muitas de suas obras foram preservadas, das quais a mais executada é o Magnificat para coro e orquestra que o programa apresentou na versão do Coral Ars Nova da Universidade Federal de Minas Gerais, orquestra de músicos convidados e a direção de Carlos Alberto Pinto Fonseca.

 

Castro Lobo

 

Fora do círculo da produção sacra uma das poucas obras conhecidas do período é a Abertura em Ré do Padre João de Deus Castro Lobo, compositor que nasceu na cidade de Vila Rica em 1794 e faleceu precocemente na vizinha Mariana em 1832. A partitura foi resgata há pouco mais de 30 anos de forma inusitada por Harry Crowl, quando pesquisava um acervo de banda.

 

Ela está dividida em duas partes, sendo a primeira um movimento lento em forma de introdução onde se destaca o grande solo de violoncelo. A segunda, um allegro. A versão transmitida foi da Orquestra Barroca do 17o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora sob a direção de Luiz Otávio de Souza Santos.

 

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Música norte-americana em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
Geraldine Farrar
Copland é um dos compositores destacados no programa.

Concertos UFRJ reprisam nesta semana a edição dedicada à música norte-americana, uma das mais ricas e diversificadas do mundo, mas que apenas a partir do século passado começa a ganhar maior relevância no plano da produção destinada a concerto. Em destaque, no programa, obras de quatro compositores fundamentais deste período: George Gershwin, Samuel Barber, Leonard Bernstein e Aaron Copland.

A música norte-americana é, sem dúvida, uma das mais ricas em termos de diversidade, sendo o jazz, o pop e o musical os gêneros internacionalmente mais difundidos. No plano da música de concerto, os EUA fomentam hoje uma das mais importantes cenas artísticas, com grandes casas de óperas, salas de concerto e algumas das melhores orquestras do planeta. No terreno da criação, entretanto, contribuem de maneira relevante somente a partir do século passado. Em destaque, no programa, peças de George Gershwin, Samuel Barber, Leonard Bernstein e Aaron Copland.

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Gershwin

George Gershwin (1898-1937), nascido Jacob Gershowitz, formou com seu irmão mais velho Ira, letrista da maioria de suas obras vocais e teatrais, uma dupla que renovou os musicais da Broadway. Gershwin teve também pretensões na música de concerto, tendo escrito uma das mais conhecidas obras do reportório para piano e orquestra – a Rhapsody in Blue, que foi orquestrada por Ferde Grofé para a jazz band de Paul Whiteman. Grofé faria dela mais duas versões: uma em 1926, outra em 1942.

Na primeira apresentação pública no Aeolian Hall, Nova Iorque, o próprio compositor atuou como solista e estiveram presentes a audição nomes como Stravinsky, Rachmaninov e Leopold Stokowski. A versão veiculada trouxe a Orquestra Sinfônica de Chicago e James Levine como pianista e regente.

Barber

Outro compositor norte-americano relevante foi Samuel Barber, que viveu entre 1910 e 1891. Em 1936, com apenas 26 anos, escreveu um quarteto de cordas, cujo segundo movimento transcreveu para orquestra de cordas e intitulou “Adaggio para Cordas”. Em 1938, o grande maestro Arturo Toscanini estreou a nova versão com a orquestra da NBC, e a peça se tornou uma das mais conhecidas de Barber, tendo sido incluída trilha sonora de Platoon, filme de Oliver Stone.

A edição de Concertos UFRJ apresentou a versão da Filarmônica de Los Angeles, tendo a frente Leonard Bernstein.
 

Bernstein

Além de grande maestro, Leonard Bernstein (1918-1990) foi também um dos mais importantes compositores dos EUA e deixou obras fundamentais como os musicais West Side Story (1957) e On the Town (1944), três sinfonias, e os Chichester Psalms (1965), entre outras.

O programa destaca uma de suas obras sinfônicas mais executadas, a abertura do musical Candide (1956), baseado na obra homônima do filósofo ilustrado Voltaire. Na versão veiculada, o próprio compositor dirige a Filarmônica de Los Angeles.

Copland

O último compositor abordado foi Aaron Copland (1900-1990), contemporâneo de Barber e Bernstein. Copland nasceu no Brooklyn, Nova Iorque, descendente de judeus lituanos, e deixou uma obra vigorosa em que sobressaem as brilhantes composições sinfônicas, especialmente os ballets.

Na década de 1940, que foi, sem dúvida, a mais produtiva e que lhe rendeu granjeou fama mundial, Copland recebeu uma encomenda do Ballet Russo de Monte Carlo, para o qual escreveu o ballet Rodeo. Coreografado por Agnes de Mille s obra é composto por cinco números de grande força rítmica e orquestração brilhante em que são elaborados vários temas folclóricos norte-americanos.  

Na versão sinfônica, cuja interpretação da Orquestra Sinfônica de Saint Louis sob a regência de Leonard Slatkin o programa apresentou, um dos números é omitido e os outros desenvolvidos na forma de suíte: “Buckaroo Holiday”, “Corral Nocturne”, “Piano Interlude & Saturday Night Waltz” e “Hoe-Down”.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Beethoven: Cristo no Monte das Oliveiras

Reprodução
Beethoven por Hornemann
Retrato do compositor de autoria de Christian Hornemann, c. 1803.

A atração desta semana de Concertos UFRJ é o oratório “Cristo no Monte das Oliveiras” de Ludwig van Beethoven. Obra que dramatiza um momento repleto de significados da narrativa mítico-religiosa da paixão, morte e ressureição de Jesus, que o imaginário cristão rememora na Semana Santa. Período que se inicia com o chamado Domingo de Ramos, com sua entrada triunfal, acompanhado dos discípulos, em Jerusalém e termina no domingo seguinte com a Páscoa.

A atração desta semana de Concertos UFRJ é o oratório “Cristo no Monte das Oliveiras” de Ludwig van Beethoven. Obra que dramatiza um momento repleto de significados da narrativa mítico-religiosa da paixão, morte e ressureição de Cristo, que o imaginário cristão rememora na Semana Santa. Período que se inicia com o chamado Domingo de Ramos, ccom sua entrada triunfal, acompanhado dos discípulos, em Jerusalém e termina no domingo seguinte com a Páscoa.

 

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Segundo essa tradição, na quinta-feira, após a ceia em que anuncia sua morte iminente, Jesus sobe o Monte das Oliveiras para meditar e orar. Consciente do destino que o aguarda, enfrenta uma longa noite de dúvidas, aflições e angústias que culmina no beijo de Judas Iscariotes e em sua prisão pelas tropas romanas. No amanhecer da sexta-feira, será açoitado, condenado e, a seguir, morto.

 

O oratório “Christus am Ölberge” (em português, “Cristo no Monte das Oliveiras”), op. 85, de Beethoven (1770-1827) resgata o episódio do Jardim das Oliveiras. O libreto é de autoria do poeta Franz Xaver Huber, com quem o compositor colaborou ativamente. A obra foi concluída em poucas semanas, no final de 1802, logo após ter escrito o famoso Testamento de Heilligenstadt – carta dirigida à seus irmãos Karl e Johann, na qual, sob o impacto dos primeiros sinais de surdez, afirma sua convicção na música como redentora de todos os males. A estreia aconteceu do ano seguinte, em 5 de abril, no Theater an der Wien, em Viena. Mais tarde o compositor reviu a partitura para publicação pela Breitkopf & Härtel. Os quase dez anos que se passaram entre a composição e a publicação resultaram na atribuição de um número de opus relativamente elevado a ela.

 

O oratório está marcado para soprano, tenor, baixo, coro e orquestra. O tenor representa Jesus, o soprano um serafim (anjo) e o baixo Pedro,  o apóstulo. A obra começa de forma dramática com a agonia de Jesus que canta um recitativo e ária cujo texto diz “Toda a minha alma dentro de mim estremece”. Prossegue com o canto do serafim que afirma a bondade divina e a salvação dos justos, a que se segue um coro de júbilo. Após um dueto e breve recitativo, se houve o coro masculino em tempo de marcha, que configura a chegada dos soldados e o tumulto que se segue. No diálogo com Pedro, Jesus o convence a não resistir. No número final, após uma breve introdução orquestral, um coro de anjos canta uma Aleluia, com o qual a peça termina.

 

A gravação apresentada é a de 1992 e traz o tenor James Anderson, como Jesus; o soprano Monica Pick-Hieronimi, como o serafim; e o baixo Victor van Halem, como Pedro. Os músicos e o coro são da Orquestra Nacional de Lyon, tendo Serge Baudo como regente.

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As óperas de Marcos Portugal

Marcos Portugal
Miniatura do compositor, autor anônimo, c.1790-1795.

A atração desta semana de Concertos UFRJ é a segunda, e última,  parte do especial Marcos Portugal – compositor luso-brasileiro, cujos 250 anos de nascimento são comemorados em 2012.

A atração desta semana de Concertos UFRJ é a segunda, e última, parte do especial Marcos Portugal – compositor luso-brasileiro, cujos 250 anos de nascimento são comemorados em 2012. Em destaque, sua vasta produção dramática que conquistou uma celebridade verdadeiramente internacional, mas experimentou, depois, longo período de ocaso. Felizmente, porém, ela vem sendo resgatada nos últimos anos por musicólogos do calibre de David Cranmer e António Jorge Marques e, cada vez mais, objeto de novas encenações e de gravações cuidadosas.

 

   
 
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De 1792 a 1800, Marcos Portugal (1762-1830) viveu em Nápoles, Itália, onde compôs mais de 20 óperas de muito sucesso, encenas não só naquela cidade, mas em Veneza, Florença, Milão e em toda a Europa. Um bom exemplo da produção desta época é a “farsa giocosa per musica” em um ato “Le Donne Cambiate” (As Damas Trocadas), composta em 1797 e montada pela primeira vez em Veneza. O programa apresentou sua abertura, na versão da City Of London Sinfonia, tendo a frente Álvaro Cassuto, talvez o regente português de maior repercussão internacional na atualidade e responsável pela gravação de diversas obras do compositor. 

Após regressar a Lisboa, Marcos Portugal foi nomeado diretor do Teatro São Carlos de Lisboa, função que dividia com Valentino Fioravanti. Ao compositor cabia o repertório sério, enquanto seu colega italiano cuidava da produção bufa. É desta época sua “La morte de Semiramide”, que estreou em dezembro de 1801. Com a Orquestra Clássica do Porto, conduzida por Meir Minsky, Concertos UFRJ apresentou a abertura da obra. 

Marcos Portugal foi também um notável compositor de ópera bufas. Muitas delas extremamente bem sucedidas e, todas, no melhor estilo napolitano. É o caso de “Il Duca Di Foix”, escrita em 1805, cuja abertura o programa destacou. A interpretação, mais uma vez, foi a de Álvaro Cassuto e da Orquestra Algarve. 

No advento das invasões francesas, a Corte portuguesa acaba se refugiando no Rio de Janeiro, aonde chega em março de 1808. Cerca de dois anos e meio mais tarde D. João VI ordena que o compositor atravesse o Atlântico para o “ir servir” no Brasil. Nesta cidade não criou nenhuma ópera nova, limitando-se a remontar as escritas no período europeu, muitas das vezes no Teatro Real de São João, construído à imagem do São Carlos de Lisboa e inaugurado em 1813. Foi o caso de “Lo spazzacamino”, título em italiano para “O Basculho de Chaminé”, cujo manuscrito se encontra preservado na biblioteca da Escola de Música da UFRJ. 

A ópera, que tem libreto de Giuseppe Maria Foppa, estreou em 1794 e foi um dos maiores sucessos do compositor, tendo sido logo levada à Veneza e mesmo à distante Rússia. É uma peça ligeira, escrita nos moldes da “comédia de enganos”, e o enredo narra as confusões em que se mete um jovem marquês que, duvidando da fidelidade daqueles que o rodeiam, resolve trocar de roupas com um humilde limpador de chaminés… Em 2001, ela ganhou sua primeira gravação mundial completa, a cargo da Orchestra da Camera Milano Classica, conduzida pelo incansável maestro Álvaro Cassuto, e tendo como solistas Ilaria Torciani, Silvia Lorenzi, Sergio Spina, Andrea Porta, Claudio Zancopè, Daniele Cusari. Deste histórico registro, o programa apresentou o primeiro ato. 

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