A Música e Shakespeare

Reprodução
shekespeare190
As peças do dramaturgo  serviram de inspiração para vários compositores.

A música ao longo do tempo permaneceu aberta a outras manifestações artísticas, em especial à literatura. Se a música foi tema de romances, crônicas e poesias, inúmeras obras inspiraram compositores e forneceram a base para libretos, letras de canções, roteiros de balés e poemas sinfônicos.

A música ao longo do tempo permaneceu aberta a outras manifestações artísticas, em especial à literatura. Se a música foi tema de romances, crônicas e poesias, inúmeras obras inspiraram compositores e forneceram a base para libretos, letras de canções, roteiros de balés e poemas sinfônicos. Os Concertos UFRJ desta semana dão prova deste diálogo ao alinhar algumas peças sinfônicas que tomaram a obra de Shakespeare, o maior dramaturgo e poeta inglês de todos os tempos, como ponto de partida. Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, o programa conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, pela emissora, na sintonia 94,1 FM.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20110815|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

 

De todos os escritores, talvez sejam as obras William Shakespeare (1564-1616) as que mais alimentaram a criatividade de compositores e músicos, independente da nacionalidade e da personalidade estética. Ainda hoje, suas peças são revisitadas e adaptadas para a televisão e o cinema. Rossini (1792-1868) foi daqueles que se rendeu à magia do poeta. Seu Otelo, baseado na peça homônima, retoma a história do mouro de Veneza que, casado com a bela Desdêmona, se deixa levar pelos ardis de Iago e acaba consumido pelo ciúme.

 

Da tragédia à comédia. A trama inusitada, a mistura dos planos humano e maravilhoso, assim como um lirismo atravessado por uma comicidade divertida fizeram de Sonho de uma Noite de Verão fonte para óperas e peças sinfônicas, como o caso da música incidental composta em 1826 por Felix Mendelssohn (1809-1847). Outro exemplo, agora do compositor francês Claude Debussy (1862-1918) para o Rei Lear. Obra, infelizmente, inacabada, pois o autor escreveu apenas dois números: as Fanfarras de abertura e a música para o Sono do Rei Lear.

 

O programa termina com dois outros exemplos de aproveitamento musical da obra de Shakespeare. As indecisões e ambiguidades do amargurado príncipe da Dinamarca servirão de material para o compositor romântico Niels Gade (1817-1890) escrever a abertura de concerto Hamlet, op. 37, de 1861. Já os jovens apaixonados de Verona, cujo amor sucumbiu ao ódio ancestral, que devorava os Capuleto e os Montechio, encantaram uma infinidade de criadores. Entre eles, Tchaikovsky (1840-1893) que em 1869 escreveu sua Fantasia Abertura Romeu e Julieta. O tema principal, que representa o amor, é curiosamente dividido em duas partes que significam a paixão e a ternura. Elas aparecem nessa ordem em seguida são reapresentadas em forma invertida com a ternura antecedendo a paixão e levando a um clímax de grande intensidade e beleza. Por fim, o tema do ódio irrompe e anuncia a morte dos amantes.

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Peças do Programa

 

• Gioachino Rossini, abertura da ópera “Otelo” com a orquestra filarmônica Nacional e a regência de Ricardo Chailly.
• Felix Mendelssohn, Abertura da música incidental para “Sonho de uma noite de verão” com a Orquestra Sinfônica de Londres e a regência de Cláudio Abbado.
• Claude Debussy, Música incidental para “Rei Lear” com a Orquestra da Rádio e Televisão Francesa e a regência de Jean Martinon.
• Niels Gade, “Hamlet” abertura de concerto op. 37, com a Orquestra Filarmônica de Rheinland-Pfalz e a direção de Ole Schmidt.
• Piotr Ilitch Tchaikovsky, Abertura Fantasia Romeu e Julieta, com a Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e a regência de Antal Dorati.

Concertos UFRJ: Osvaldo Lacerda

Foto:Divulgação
OsvaldoLacerda
Para Lacerda a linguagem da música era nacional.

Uma homenagem a Osvaldo Lacerda, que faleceu recentemente, aos 84 anos, é a proposta de Concertos UFRJ desta semana que faz um passeio pela obra do compositor, pianista e professor.

Uma homenagem a Osvaldo Lacerda, que faleceu recentemente, aos 84 anos, é a proposta de Concertos UFRJ desta semana que faz um passeio pela obra do compositor, pianista e professor – expoente do nosso nacionalismo musical. Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, pela emissora, na sintonia 94,1 FM.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20110808|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

  

Natural de São Paulo, Osvaldo Costa de Lacerda nasceu em 1927 e cresceu em um ambiente familiar musical. Iniciou sua formação aos nove anos de idade, estudando piano com Ana Veloso de Resende, Maria dos Anjos Oliveira Rocha e José Kliass. De 1945 a 1947, harmonia com Ernesto Kierski e, de 1952 a 1962, composição com Camargo Guarnieri, sendo que este o incentivou a ter aulas com outros compositores, a fim de compreender a composição de outras perspectivas. Foi assim que, em 1963, conseguiu uma bolsa de estudos da Fundação Guggenheim para estudar nos Estados Unidos com Aaron Copland e Vittorio Giannini. Representou o Brasil, em 1965, no Seminário Interamericano de Compositores, realizado na Universidade de Indiana e no III Festival Interamericano de Música, em Washington, DC.

 

O retorno ao Brasil foi marcado pela participação em um embate estético lendário, que pautaria boa parte da criação musical no país na segunda metade do século 20. Ao lado de Guarnieri, ele defendeu a ideia de uma produção musical que levasse em consideração o espírito brasileiro. Lacerda sempre entendeu que a música, não importa a roupagem estilística ou harmônica, deveria possuir as características próprias da música brasileira. Isso o levou à formação de um arcabouço teórico segundo o qual, dizia, a música não era uma linguagem universal. “A linguagem é sempre nacional, podendo ser compreendida universalmente. Essa percepção faz toda a diferença.”

 

Lacerda incentivou o ensino e o desenvolvimento musical de jovens através da participação em organizações como a Mobilização Musical da Juventude Brasileira, o Departamento de Divulgação da Música Brasileira, a Sociedade Paulista de Arte, bem como a Sociedade Pró-Música Brasileira. Dedicou-se também intensamente ao ensino da música, na qualidade de professor de teoria elementar, solfejo, harmonia, contraponto, análise musical, composição e orquestração. Seus livros “Compêndio de Teoria Elementar da Música”, “Exercícios de Teoria Elementar da Música”, “Curso Preparatório de Solfejo e Ditado Musical”, e “Regras de Grafia Musical” são adotados em inúmeras escolas de música do Brasil e de Portugal.

 

Há, na obra de Osvaldo Lacerda, uma preocupação com o canto, e, sobretudo, com o canto de caráter nacional. Vai, portanto, buscar inspiração no folclore e na religiosidade popular. Foi com este espírito nacionalista que se empenhou em trabalhar com música sacra, tendo inclusive atuado como consultor junto à Comissão Nacional de Música Sacra de 1966 a 1970, propondo a introdução da música brasileira na liturgia da Igreja Católica.

 

Ao longo da vida ganhou inúmeros prêmios de música e composição. Entre eles, o prêmio “Melhor Obra Sinfônica”, em 1994, com “Cromos” para piano e orquestra; o Prêmio “Guarani 1997: Personalidade do ano”, outorgado pela Secretaria do Estado da Cultura e o “Grande Prêmio da Música 1997” da Associação Paulista dos Críticos de Arte, com o “Trio para violino, violoncelo e piano”, obra de 1970.

 

Em 1982 se casou com sua antiga aluna, a pianista Eudóxia de Barros.

 

Osvaldo Lacerda tornou-se também professor da Escola Municipal de Música de São Paulo, cargo no qual se aposentou em 1992.

 

Faleceu em 18 de julho de 2011, deixando vaga a cadeira nº 09 da Academia Brasileira de Música, cujo patrono é Tomaz Cantuária.

 

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Peças do Programa

 

• Osvaldo Lacerda, Poemeto, com Pauxy Gentil-Nunes, flauta, flauta, e André Carrara, piano.
• Osvaldo Lacerda, Ponteio no 3, com Belkiss Carneiro de Mendonça, piano.
• Osvaldo Lacerda, Brasiliana no 5, Desafio, Valsa, Lundú e Cana-Verde, com Eudóxia de Barros.
• Osvaldo Lacerda, Variações sobre o tema “Carneirinho Carneirão”, com James Ryon, oboé, e Mark George, piano.
• Osvaldo Lacerda, Appassionato, Cantilena e Toccata, com Barbara Westpha, viola, Christian Ruvolo, piano.
• Osvaldo Lacerda, Trio (1970), com o Trio Brasileiro, formado por Erich Lehninger, violino, Watson Clis, violoncelo e Gilberto Tinetti, piano.
• Osvaldo Lacerda, Quatro Peças Modais para Orquestra de Cordas, I. Dórico, II. Pentatônico, III. Lídio e IV. Mixilídico, com a Cia. Bachiana Brasileira, sob a regência de Ricardo Rocha.

Concertos UFRJ: Especial de aniversário

partitura190

Há um ano o programa Concertos UFRJ ia ao ar pela primeira vez. Para comemorar o aniversário desta parceria da Escola de Música (EM) com a Rádio Roquette Pinto, nada melhor do que um apanhado das peças que foram ouvidas nas suas mais de 50 edições. Para o maestro André Cardoso, docente da EM e seu produtor, o programa já se consolidou apesar do pouco tempo. E “não só por divulgar gravações exclusivas, mas por oferecer também um espaço privilegiado aos compositores e músicos brasileiros”, acrescenta.

Há um ano o programa Concertos UFRJ ia ao ar pela primeira vez. Para comemorar o aniversário desta parceria da Escola de Música (EM) com a Rádio Roquette Pinto, nada melhor do que um apanhado das peças que foram ouvidas nas suas mais de 50 edições. Para o maestro André Cardoso, docente da EM e seu produtor, o programa já se consolidou apesar do pouco tempo. E “não só por divulgar gravações exclusivas, mas por oferecer também um espaço privilegiado aos compositores e músicos brasileiros”, acrescenta.

 

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20110802|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

Voltando ao início desta trajetória, o especial de aniversário reapresentou a extraordinária interpretação de Nelson Freire, maior pianista brasileiro da atualidade, do Noturno, Op. 9, no. 2, de Frédéric Chopin (1810-1849). O compositor polonês, do qual na ocasião se comemorava o bicentenário de nascimento, foi tema da edição de estreia.

 

Mas a pauta de Concertos UFRJ não privilegiou apenas o repertório tradicional, em que sobressai em geral a música europeia que vai do barroco ao romantismo, com umas poucas incursões na do início do século passado. A produção brasileira e nossos compositores, em particular os contemporâneos, tiveram nela um lugar importante. Entre outros, programas foram dedicados a padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), mestre de capela de D. João VI e a personalidade musical mais importante do período colonial; a Ernani Aguiar, um dos mais importantes criadores da atualidade; a Murillo Santos; e a Francisco Mignone (1897-1986) – este último escolhido para inaugurar a série “Grandes Mestres da UFRJ”, que mensalmente homenageia um docente da instituição.

 

Programas temáticos, especiais de óperas e formações integradas por alunos da Escola de Música também frequentaram com assiduidade o cardápio do primeiro ano de Concertos UFRJ.

 

Por fim, cabe mencionar a importância concedida ao violão, instrumento que transita com a desenvoltura tanto pelas mais elegantes salas de concertos como pelas mais descontraídas das nossas festas populares. Ponto alto desta presença foram as gravações dos recitais oferecidos pelos convidados internacionais do festival Violão: 30 anos na UFRJ, evento que comemorou, no ano passado, três décadas de implantação do bacharelo do instrumento na universidade.

 

O programa “Concertos UFRJ” vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, pela rádio Roquette Pinto, na sintonia 94,1 FM. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Peças do Programa

 

• Frédéric Chopin, Noturno, Op. 9, no. 2, com Nelson Freire.
• Padre José Maurício Nunes Garcia, Salmo 116 “Laudate Dominum”, com o Ensemble Turicum sob a direção de Luis Alves da Silva.
• Ernani Aguiar, Instantes, no. 2, para cordas em quatro movimentos: Moderato Fluente, Boi Mofado, Cantilena e Ronda. Gravação da Orquestra de Câmara do Sesi Minas.
• Murillo Santos, Valsa Elegante, com o pianista Roberto Szidon.
• Francisco Mignone, Valsas de Esquina nos. 1 e 2, com o pianista Arthur Moreira Lima.
• J. S. Bach, Concerto de Brandenburgo no. 1, com a Academia de Saint Martin-in-the-fields sob a direção de Neville Marriner.
• Henry Purcell, “Lamento de Dido” e coro final da ópera Dido e Eneas, soprano Ann Murray, Coro Arnold Schoenberg, dirigido por Erwin Ortner, e Concentus Musicus de Viena, sob a regência de Nikolaus Harnoncourt.
• Edino Krieger, Serenata a 5, com o Quinteto Experimental de Sopros da UFRJ formado por Milher Moraes na flauta, Juliana Bravin no oboé, Diogo Lozza na clarineta, Carlos Bertão no fagote e Alessandro Jeremias na trompa.
• Augustin Barrios, La Catedral, com Ana Vidovic.

“Colombo”, de Carlos Gomes

Reprodução
carlosgomes190
AS OBRAS de Carlos Gomes carecem de edições críticas.

“Colombo”, de Carlos Gomes (1836-1896), é a atração o último programa de julho de Concertos UFRJ. Nomeado um Poema Vocal-Sinfônico pelo autor, para atender às normas do concurso para o qual o trabalho foi escrito, a obra apresenta, porém, a estrutura e as características de uma ópera e tem sido, com alguma frequência, montada sob esta forma.

“Colombo”, de Carlos Gomes (1836-1896), é a atração o último programa de julho de Concertos UFRJ. Nomeado um Poema Vocal-Sinfônico pelo autor, para atender às normas do concurso para o qual o trabalho foi escrito, a obra apresenta, porém, a estrutura e as características de uma ópera e tem sido, com alguma frequência, montada sob esta forma.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20110725|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

 

Última obra lírica de Carlos Gomes, foi escrita para as comemorações do quarto centenário da viagem de Colombo. Um concurso selecionaria uma cantata a ser executada durante a “Exposição Universal de Chicago”, nos Estados Unidos, mas o compositor acabou não a enviando. Ofereceu-a, porém, ao comitê organizador das Festas Colombianas da cidade de Gênova que, entretanto, preferiu uma peça de Alberto Franchetti.

 

A estreia mundial ocorreu em 12 de outubro de 1892, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, tendo sido recebida com frieza. Foi Villa-Lobos (1887-1959), atento às características dramáticas da partitura, o primeiro encená-la como ópera, em 1936, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na verdade, a segunda audição da peça, que não havia sido novamente executada.

 

O libreto de “Colombo” é atribuído a certo Albino Falanca, que seria o pseudônimo do escritor e político Aníbal Falcão (1859-1900), a quem Carlos Gomes encomendou o argumento da obra. Essa não é, porém, a única hipótese. O musicólogo Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, por exemplo, afirma que o texto é de Angelo Zanardini, que havia colaborado anteriormente com o compositor. Por fim, há a possibilidade de a autoria ser do próprio Gomes.

 

Uma curiosidade, em carta a Escragnole Dória, datada de seis de junho de 1892, o compositor fala com humor da obra, apesar das dificuldades por que passava: “Já sabes que não era possível deixar passar este centenário colombiano sem dar sinal de vida. O tal ‘nhô-Colombo’ andou em 1492 agarrando macacos pelo mato e metendo medo na gente. Eu, porém, que sou meio ‘home’, meio ‘macaco velho’, acabo de me vingar dele, pois agarrei no tal ‘nhô-Colombo’ e botei-o em música, desde o Dó mais grave até a nota mais aguda da rua da amargura. Estou vingado, arre diabo…!”.

 

A versão veiculada traz, nos papéis principais, Inácio De Nonno (barítono), como Colombo, Carol McDavit (soprano), como Isabel de Castela, Fernando Portari (tenor), como Fernando de Aragão, e Maurício Luz (baixo), como Frade. Coro e Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ (OSUFRJ), estão sob a regência de Ernani Aguiar. A gravação, pelo Selo Fonográfico UFRJ/Música, é 1998 e ganhou no mesmo ano o prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), como “Melhor CD”, e o SHARP de 1999, como “Melhor CD, Categoria Erudito”.

 

O programa radiofônico Concertos UFRJ é resultado de uma parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto. A série conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ), e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, pela Roquette Pinto, na sintonia 94,1 FM.  Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Colombo


Poema Vocal-Sinfônico

 

Antônio Carlos Gomes, música.

Albino Falanca, libreto.

colombo250

Personagens

 

Colombo, descobridor Genovês, barítono.

Isabel de Castela, rainha de Espanha, soprano.

Fernando de Aragão, rei de Espanha, tenor.

Frade, baixo.

 

Coro e Orquestra

 

Parte I

 

Próximo ao Convento de La Rabiba. Noite fria e escura. O vento sopra a intervalos. O mar murmura ao longe. Canto longínquo de pescadores. Coros internos no Convento.

 

Em uma noite fria e escura Colombo procura o caminho para o convento onde espera encontrar consolo para a decepção de não realizar o sonho de descobrir novas terras. Ao longe um coro altivo de pescadores, que não temem sair ao mar com o mau tempo, contrasta com o desânimo de Colombo. Em momento de desespero pede que o mar seja seu túmulo definitivo. Ouve então uma “Ave Maris Stella” e o som do órgão do convento que o acalmam. Pede por fim que a “divina fé” o sustente nesse momento difícil e bate à porta do convento. Atende um frade que lhe pergunta o que quer, a quem Colombo diz que deseja “luta, perigo e glória” e sonha descobrir um novo mundo além do Atlântico. O diálogo prossegue e Colombo lhe confessa que sua vontade de partir em busca de novas terras se deve a uma decepção amorosa. Canta a ária “Era um tramonto d’oro” que diz que seu amor “parecia a primeira flor desabrochada nos jardins do Senhor”. Mas que “aquele sonho de amor tornou-se uma ilusão”, pois ao voltar de uma viagem não mais a encontrou. O Frade aconselha-o a refugiar-se no convento, mas Colombo recusa e pede que o leve à Corte para expor aos Reis suas ideias. O frade concorda, porém alerta que Colombo poderá encontra a morte. Empolgado responde que encontrará a vitória. No interior do convento é entoado um “Te Deum”.

 

Parte II


No Palácio Real

 

Na Corte, o povo celebra a vitória contra os Mouros. Mães e esposas dos soldados festejam o fim da guerra. O Rei Fernando conclama todos para que peguem em armas toda vez que for necessário para a glória da Espanha e libertação das Terras Sagradas. Isabel, louvando a coragem e beleza do marido, inicia o dueto romântico que, após réplica de Fernando, termina com Isabel pedindo que ele acredite no instinto da mulher que o ama, pois assim vencerá. Entram Colombo e o Frade que pede a rainha que “ouça a voz de um profeta”. Colombo começa a descrever seu sonho de um “mundo sublime e ignorado” perante um Rei descrente e o povo que exclama ser tal a “visão de um louco” uma “aberração”. Isabel, impressionada com as palavras de Colombo, afirma que ele é um profeta enviado do céu. Fernando, por sua vez, não está convencido, diz que não pode ceder a tal tentação e que Colombo delira. A multidão está dividida e diante do impasse e dúvida de Fernando, Isabel pede que confie em Colombo, a quem finalmente o Rei decide fornecer marujos e navios. Entusiasmados, todos proclamam a glória do soberano.

 

Parte III

 

Em alto mar.

 

A bordo da caravela Santa Maria, Colombo e a tripulação estão em plena calmaria. Um pequeno interlúdio orquestral descreve o ambiente inerte. Os marinheiros já estão descrentes do sucesso da viagem. Subitamente o tempo muda, o mar se agita e começa a tempestade. A tripulação se desespera acreditando ser a “ira do céu” e que Colombo os levará à morte. Clamam para que conduza o navio em direção norte. Colombo se nega afirmando que não terão a salvação se forem em tal direção e pede que não tenham medo e confiem nele, suplicando a clemência de Deus. A tempestade vai se abrandando e volta a calmaria. Os marinheiros tornam a ter esperanças. Ao longe, ouve-se um tiro de canhão e uma voz grita “Terra!”. Surpresos, todos a bordo agradecem a Deus: “Hosana! Salve! Glória ao Senhor!”.

 

Parte IV

 

Na Ilha

 

Os índios executam suas danças. O clima de suspense é criado pelos instrumentos graves descrevendo o desembarque dos espanhóis e as desconfianças dos nativos. É executada a “Dança Espanhola”, um solo de trompete em ritmo de “habanera”. Termina com a volta da “Dança Indígena”.

 

Na Baía de Barcelona

 

Nova cena, na Baía de Barcelona, descreve o retorno de Colombo, sendo recebido pelo povo ao som de sinos e fanfarras.

 

No Palácio Real

 

Na Corte, Isabel recebe Colombo saudando a vitória do reino de Castela. Este, por sua vez, se diz cumpridor da promessa feita e mostra um cortejo de índios. Ouve-se novamente um trecho da “Dança Indígena”. Fernando saúda-o como “imortal conquistador”. Isabela inicia o “Hino ao Novo Mundo” e todos exclamam: “Salve, ó Terra Ocidental. Primogênita serás de uma nova humanidade

Concertos UFRJ: Música de Câmara

camara190

A edição de Concertos UFRJ do dia 18 de julho aborda mais uma vez a música de câmara, um dos gêneros mais complexos e que exige dos instrumentistas, ao mesmo tempo, uma sensibilidade refinada e um domínio técnico apurado. No programa, obras de Beethoven e Gabriel Fauré.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20110718|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

A edição de Concertos UFRJ do dia 18 de julho aborda mais uma vez a música de câmara, um dos gêneros mais complexos e que exige dos instrumentistas, ao mesmo tempo, uma sensibilidade refinada e um domínio técnico apurado. No programa, obras de Beethoven e Gabriel Fauré. Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, pela emissora, na sintonia 94,1 FM.

 

Forma adequada a pequenos espaços, a produção de câmara possibilitou durante séculos uma maneira de amigos e parentes, reunidos em pequenos conjuntos, fazerem e ouvirem música no aconchego do lar. Não raro, as residências das famílias relativamente abastadas dedicavam um cômodo da casa à música no qual, quase sempre, sobressaia um piano, base para boa parte desse repertório. Embora a vida contemporânea tenha solapado os fundamentos sociais desta forma de escuta e de prática musical, grande parte da produção de câmara, em especial a do final do séc. XVII e a do séc. XIX, guarda certo matiz característico.

 

É o caso do trio em Sol maior para violino, viola e violoncelo, Op. 9, no 1, de Ludwig van Beethoven (1770-1827), uma de primeiras incursões do compositor alemão no gênero. Composto entre 1796 e 1798, tem quatro movimentos: Adagio-allegro con brio; Adagio ma non tanto; Scherzo, alegro; e Presto. A gravação veiculada foi a do Trio de Zurique, formado por Boris Livschitz, violino; Zvi Livschitz, viola; e Mikael Hakhnazarian, cello.

 

O conhecido quarteto no 1, em Dó menor, para piano e trio de cordas, Op. 15, de Gabriel Fauré (1845-1924), foi a segunda peça do programa.  Escrito em 1876–79 e revisado em 1883, apresenta quatro movimentos – Allegro molto moderato; Scherzo, Allegro vivo; Adagio; e Allegro molto. A interpretação, de Emanuel Ax, piano, Isaac Stern, violino, Yo-Yo Ma, cello, e Jaime Laredo, viola.

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

Concertos UFRJ: Heitor Alimonda

 Foto: Reprodução
Alimonda190
Heitor Alimonda (1922-2002)

Heitor Alimonda, um dos grandes pianistas brasileiros de sua geração, é a atração desta semana dos Concertos UFRJ. Resultado de uma parceria da Escola de Música com a rádio Roquette Pinto, o programa vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, pela emissora, na sintonia 94,1 FM.

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20110711|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

Heitor Alimonda, um dos grandes pianistas brasileiros de sua geração, é a atração desta semana dos Concertos UFRJ. Resultado de uma parceria da Escola de Música com a rádio Roquette Pinto, o programa vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, pela emissora, na sintonia 94,1 FM.

 

Heitor Alimonda nasceu em Araraquara, no interior de São Paulo, em 1922, e estudou no Conservatório Dramático e Musical, na capital daquele estado, concluindo o curso em 1941. Foi também aluno de Magda Tagliaferro e Tomás Terán, no Brasil, de Olga Samarof, no Conservatório de Filadélfia, de Bruno Seidloffer, em Viena, e de Denise Lassimone, na Royal Academy of Music em Londres.

 

Alimonda se destacou no início da carreira como intérprete do grande repertório romântico para piano e de compositores brasileiros. Mais tarde fez sucesso como camerista, seja em duo com suas irmãs Lydia e Alteia Alymonda, seja acompanhando diversos cantores. Foi fundador do “Ars Barroca”, no qual atuou como cravista, e do “Sexteto do Rio”, vencedor do Concurso Internacional Villa-Lobos de 1972.

 

Compês obras para piano solo, e para diversas formações de câmara, além de algumas peças para orquestra. No terreno didático o seu livro “O ensino do Piano”, em 10 cadernos, se tornou um marco do ensino musical no país.

 

O programa apresenta uma seleção de memoráveis interpretações de Alimonda: “Reverie” de Claude Debussy; acompanhando ao piano o tenor José Hue em quatro das Canções de Amor (Acalanto da Rosa, Amor em Lágrimas, Balada da Flor da Terra e Ouve o Silêncio) de Cláudio Santoro sobre texto de Vinícius de Moraes; com o clarinetista Jose Botelho e o fagotista Noel Devos, a Fantasia Concertante para clarineta, fagote e piano, na final do Concurso Villa-Lobos de 1972. Por fim, os três primeiros de uma série de 12 Prelúdios para piano compostos por Cláudio Santoro entre 1957 e 1963; e como solista da Orquestra Sinfônica do Paraná, sob regência do maestro Roberto Duarte, executando as Valsas Humorísticas de Alberto Nepomuceno.

 

Heitor Alimonda tornou-se, em 1975, Cidadão Honorário do Rio de Janeiro devido aos serviços prestados à cultura da cidade. Em 1992, após 30 anos de docência, se aposentou como professor titular da EM. Dois anos mais tarde, recebeu o título de Professor Emérito da UFRJ. Faleceu em 2002.

 

Concertos UFRJ são apresentados por André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ). As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: .

Especial Ana Vidovic, segunda parte

 Foto: Paulo Pedrassoli
vidovic190b
Ana Vidovic, concerto no Leopoldo Miguez, 2010

A segunda parte do recital da violonista croata Ana Vidovic, em gravação ao vivo no Salão Leopoldo Miguez, no dia 12 de dezembro de 2010, foi a atração desta semana dos “Concertos UFRJ”.

Foto: Paulo Pedrassoli
vidoci300
podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20110704|250|20| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

A segunda parte do recital da violonista croata Ana Vidovic, em gravação ao vivo no Salão Leopoldo Miguez, no dia 12 de dezembro de 2010, foi a atração desta semana dos “Concertos UFRJ” – programa radiofônico produzido pela Escola de Música em parceria com a rádio Roquette Pinto, sintonia 94,1 FM. O registro foi feito por ocasião do festival Violão na UFRJ: 30 anos, que comemorou a criação de um dos primeiros bacharelados no instrumento do país. Vidovic, último músico internacional a subir ao palco, encerrou com brilhantismo o evento.

 

Vidovic nasceu na cidade de Karlovac, Croácia, em 1980, e foi criança prodígio. Começou a estudar violão aos cinco anos, inspirada por seu irmão. Aos 11 anos, já fazia apresentações internacionais, e aos 13 tornou-se o mais jovem estudante na National Music Academy em Zagreb, onde foi aluna de Istvan Romer. Sua reputação na Europa rendeu-lhe um convite para estudar no Peabody Conservatory em Baltimore, nos Estados Unidos, com Manuel Barrueco, onde se formou em 2003.

 

Na do concerto ela apresentou peças de Bach, Albeniz, Tárrega, Antonio Lauro e canções populares transcritas por Toru Takemitsu. Na segunda, começou executando a Sonata para violão em ré maior op. 77 do compositor espanhol Mário Castelnuovo Tedesco (1895-1968), conhecida também como “Ommagio a Boccherini”. Escrita em 1934, possui quatro movimentos: Allegro com Spirito, Andantino quasi canzona, Tempo di minueto e Vivo e energico.

 

A seguir, Ana Vidovic nos brindou com uma interpretação respecial de “La Catedral, a mais conhecida peça de Augustin Barrios (1885-1944). Composta em 1921, e inspirada em Bach, ela apresenta três movimentos: Prelúdio, Andante Religioso e Allegro solene. Além de famoso por suas apresentações ao vivo, em que, com frequência, usava trajes guaranis típicos, o paraguaio Augustín Barrios foi um dos pioneiros das gravações e suas composições, impregnadas em geral de forte caráter romântico, marcaram a produção latino-americana para o instrumento.

 

Encerrando a apresentação, Vidovic ofereceu dois bis. O primeiro, a “Serenata Espanhola” do compositor catalão Joaquim Malats (1872-1912). Escrita originalmente para piano foi transcrita para o violão por Francisco Tárrega e, desde então, assegurou lugar de relevo no repertório para o instrumento. O segundo, a conhecida “Cavatina” do compositor inglês Stanley Myeers (1930-1993) – peça escrita para a trilha sonora do filme “O franco atirador”, 1978, estrelado por Robert de Niro.

 

Aproveitando o restinho de tempo, o programa levou ao ar ainda duas peças de Enrique Granados (1867-1916), “La Maja de Goya” e “Valsas Poéticas”, ambas na interpretação do violonista inglês Juliam Bream.

Concertos UFRJ são apresentados por André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ). As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: .

“Il campanello di notte”, de Donizetti

Reprodução
GaetanoDonizetti190
Donizetti, em momento difícil, escreve uma de suas óperas mais divertidas.

“Il campanello di notte”, ou “A campainha da noite”, divertidíssima ópera em um ato de Gaetano Donizetti, é o destaque da edição de Concertos UFRJ veiculada no dia 27 de junho. 

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20110627|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

“Il campanello di notte”, ou “A campainha da noite”, divertidíssima ópera em um ato de Gaetano Donizetti, é o destaque da edição de Concertos UFRJ veiculada no dia 27 de junho.  Produzido pela Escola de Música em parceria com a rádio Roquette Pinto, o programa de uma hora de duração é apresentado por André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ), e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

 

Curiosamente “Il campanello di notte” foi escrito em um período particularmente doloroso na vida de Donizetti. Acabara de perder a mãe e o pai, a esposa dera à luz uma criança natimorta, e, para agravar as circunstâncias, o cólera assolava Nápoles, cidade em que residia. O libretto é do próprio compositor e se baseia em um vaudeville francê intitulado “La Sonnette de nuit”, de autoria de Leon Levy Brunswick e Mathieu Barthélemy.

 

A ópera estreou no Teatro Nuovo em 1º de junho, quando da reabertura das casas de espetáculos fechadas por causa da epidemia e alcançou logo um imenso triunfo, o que obrigou o compositor a escrever, às pressas, outra farsa em um ato, intitulada “Betly”. No ano seguinte, por ocasião da reprise da peça no Teatro del Fondo, também em Nápoles, Donizetti transformou os diálogos em recitativos e abandonou o dialeto local em que – de acordo com as convenções em vigor – se expressava Don Annibale.

 

Essas mudanças visaram atingir um público mais amplo e, na verdade, a ópera fez notável carreira em vários países antes de desaparecer do repertório, no final do século XIX. Seu eclipse foi, porém, menor do que outras obras do compositor e, felizmente, desde que foi redescoberta na década de 1950,  vem sendo encenada com frequência.

 

O enredo é simples, como, aliás, sugere este tipo de espetáculo. Enrico, fanfarrão e boêmio, é apaixonado por Serafina, mas esta se casa com Don Annibale, o boticário. A farmácia funciona na própria residência de Don Annibale, que, por lei, é obrigado a atender a todos que procuram seus serviços a qualquer hora do dia ou da noite. Don Annibale sairá de viagem, para Roma, no dia seguinte às núpcias. Sabendo disso, Enrico passará toda a noite tentando evitar que o casamento se consuma.

 

Domenico Gaetano Maria Donizetti nasceu em Bérgamo, em 29 de Novembro de 1797, e foi um dos mais fecundos compositores italianos de ópera do período do romântico, tendo escrito mais de setenta delas. Apesar de oriundo de uma família pobre e sem tradições no mundo da música, logo se destacou pelo talento. Donizetti iniciou os seus estudos com Simon Mayr em Bérgamo e, em seguida com Mattei em Bolonha. Suas primeiras obras são religiosas e escritas num estilo restrito. Em 1814 regressa a Bergamo ficando responsável pela música na Igreja de Santa Maria Maggiore. Em 1818 é representada sua primeira ópera, “Enrico di Borgogna”, em Veneza. O sucesso veio, dez anos mais tarde, com “Esule di Roma”, estreada em 1828 em Nápoles. Embora mais conhecido por suas peças dramáticas, deixou uma produção significativa em gêneros como quartetos de cordas e peças orquestrais. Faleceu em 1848, aos 50 anos.

 

A gravação de “Il campanello di notte” traz Agnes Baltza, Enzo Dara, Angelo Romero, Carlo Gaifa e Biancamaria Casoni como solistas e a orquestra Sinfônica de Viena, sob a regência de Gary Bertini.

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Sinopse de Il campanello di notte

 

Gaetano Donizetti, múisca e libreto

IlCampanello

Personagens

 

Serafina, jovem noiva, soprano.

Don Annibale di Pistacchio, um boticário, seu marido, baixo.

Spiridione, empregado de Don Annibale, tenor.

Madama Rosa, tia da Serafina, mezzo-soprano.

Enrico, primo de Serafina, barítono.

 

A ação se se passa em Foria, um subúrbio de Nápoles.

 

Ato único

 

Don Annibale Pistachio, um idoso boticário, inventor de pílulas contra a tosse e a asma, está radiante, pois conseguiu se casar com a jovem e bela Serafina. Durante a festa de casamento, Enrico um rapaz fanfarrão e boêmio, primo de Serafina, planeja atrapalhar a noite de núpcias do casal por ter sido preterido.

 

Para colocar seu plano em prática faz um trato com um empregado do velho boticário, o senhor Spiridione. Começam tentando adiar ao máximo o término da festa, oferecendo vinho a todos além de propor brindes e danças. Don Annibale, por sua vez, deseja encerrá-la para ficar a sós com a esposa. É que no dia seguinte seguirá em viagem para Roma, onde permanecerá por um mês.

 

Enrico adota então outra estratégia. Por lei todo paciente deve ser atendido pessoalmente pelo boticário durante a noite, bastando para tal tocar sua campainha. Durante a madrugada, Enrico se faz passar por diferentes “clientes” do velho boticário. Sendo assim, batem a porta, sucessivamente, um francês afeminado e resfriado, um cantor de ópera rouco e um marido preocupado com sua mulher cega e paralítica.

 

Enrico faz soar a campainha (Il Campanello) de Don Annibale durante toda a madrugada, o que impede o velho farmacêutico consumar seu casamento.

 

Ao amanhecer, Enrico aparece, agora sem disfarces, mas para lembrar ao boticário que o coche está a sua espera. Don Annibale, sem alternativas, se vê obrigado a se despedir da esposa, enquanto Enrico promete substituí-lo em sua ausência.

Especial Ana Vidovic

 Foto: Paulo Pedrassoli
vidoci300
Ana Vidovic, concerto no Leopoldo Miguez, 2010

Mais um recital gravado ao vivo no Salão da Leopoldo Miguez da Escola de Música é o destaque da edição que foi ao ar em 20 de junho dos “Concertos UFRJ” – programa radiofônico produzido pela Escola de Música em parceria com a rádio Roquette Pinto, sintonia 94,1 FM.

Foto: Paulo Pedrassoli
vidoci300
podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20110620|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

Mais um recital gravado ao vivo no Salão da Leopoldo Miguez da Escola de Música é o destaque da edição que foi ao ar em 20 de junho dos “Concertos UFRJ” – programa radiofônico produzido pela Escola de Música em parceria com a rádio Roquette Pinto, sintonia 94,1 FM. Desta vez, a apresentação da extraordinária violonista croata Ana Vidovic, em dezembro do ano passado, no festival Violão na UFRJ: 30 anos. Último artista internacional a subir ao palco, Vidovic fechou com chave de ouro o evento, que comemorou a criação de um dos primeiros bacharelados em violão do país. Serão dois programas dedicados a ela.

 

Ana Vidovic nasceu em 1980, em Karlovac, na Croácia. Criança prodígio, começou a tocar violão aos cinco anos, inspirada por seu irmão. Aos 13 tornou-se a mais jovem aluna da prestigiosa Academia Nacional Musical em Zagreb, onde estudou com Istvan Romer. Mais tarde, teve Manuel Barrueco como professor no Conservatório de Peabody, em Baltimore, Estados Unidos, onde se formou em 2003.

 

Desde 1988, quando Ana Vidovic subiu ao palco pela primeira vez, foram mais de mil apresentações em cidades como Londres, Paris, Viena, Salzburgo, Roma, Budapeste, Pequim, Toquio, Seul, Kuala Lumpur, Jacarta, Varsóvia, Tel Aviv, Oslo, Toronto, São Francisco. No Brasil ela esteve pela primeira vez em 2008, em Terezina. Voltou dois anos depois para concertos nas cidades de Maringá, São Paulo e Rio de Janeiro.

 

Hoje Ana Vidovic é uma das maiores virtuoses do instrumento e ganhou um número impressionante de prêmios em concursos internacionalmente prestigiados, como o Albert Agostinho em Bath, Inglaterra; o Fernando Sor, em Roma, Itália; o Eurovisão de Jovens Artistas; o Printemps de la Guitare, na Bélgica;, o Young Concert Artists International Auditions, em Nova York; e o Concurso Francisco Tárrega, na Espanha.

 

Com seu talento excepcional Ana Vidovic, ainda muito jovem, gravou obras de Bach, Giuliani, Sor e Torrobaainda para a Croatia Records. Após conquistar o primeiro prêmio no Concurso Tárrega de 1998, assinou contrato de exclusividade com a gravadora Naxos. O selo lançou mundialmente um CD em que Vidovic interpreta obras de Bach, Ponce e Willian Walton, e, logo depois, outro de sua série que busca registrar as obras completas de Moreno Torroba.

 

Ana Vidovic começou a apresentação no Leopoldo Miguez com a famosa Partita BWV 1006 de J. S. Bach, em seis movimentos (Prelúdio, Lourée, Gavotte, Minueto I e II, Bourée e Giga); e, a seguir, interpretou quatro canções populares transcritas pelo compositor japonês Toru Takemitzu: Secret Love, uma canção de Sammy Fain composta para o filme “Calamity Jane”, de 1954; “Over the Rainbow”, famosíssima canção de Harold Arlen de “O mágico de OZ”; e “Yesterday” e “Michele”, da dupla John Lennon e Paul McCartney. Prosseguindo a apresentação executou Recuerdos de la Alhambra,  do espanhol Francisco Tárrega (1852-1909), um dos mais importantes compositores para o instrumento; e, logo depois, Asturias do compositor Espanhol Isaac Albeniz. Encerrando a primeira parte do recital da violonista croata, três peças do venezuelano Antonio Lauro: El Marabino, Vals Venezolano no 2 e Vals Venezolano no 3.

 

Concertos UFRJ são apresentados por André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ). As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

Homenagem a Cyro Pereira

 Foto: Divulgação
cyropereira-190b
Cyro Pereira, entre o popular e o erudito.

A edição de “Concertos UFRJ” do dia 13 de junho faz uma comovida homenagem ao maestro Cyro Pereira, recentemente falecido – criador extraordinário que transitou com desenvoltura entre a música de concerto e a popular

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20110613|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

A edição de “Concertos UFRJ” do dia 13 de junho faz uma comovida homenagem ao maestro Cyro Pereira, recentemente falecido – criador extraordinário que transitou com desenvoltura entre a música de concerto e a popular. Produção e apresentação de André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ), o programa é resultado de uma parceria da EM com a rádio Roquette Pinto e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, pela emissora, na sintonia 94,1 FM.

 

O maestro, compositor, arranjador e pianista Cyro Marin Pereira era gaúcho, da cidade de Rio Grande, onde nasceu em 1929. Seu primeiro arranjo orquestral data de 1947. Chegou a São Paulo nos anos 1950, onde não demorou a ser reconhecido como compositor e arranjador de talento. Trabalhou no rádio e, já na década de 60, na TV. Destacou-se como diretor de orquestra durante os famosos festivais da canção promovidos pela TV Record. Na mesma emissora participou de programas musicais importantes, como o “Fino da Bossa”, comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues. Ao longo da carreira recebeu diversos prêmios como compositor e arranjador, entre eles o Troféu Roquete Pinto em duas ocasiões, em 1957 e em 1967; o de compositor do ano, pela prefeitura de São Paulo, em 1962; o do Festival Onda Nueva, Venezuela, 1972; e o Carlos Gosmes, do governo do Estado de São Paulo, em 1996. A obra de Cyro Pereira obteve alcance internacional, inclusive por meio das composições em jequibau, ritmo criado por ele em parceria com Mário Albanese.

 

Em razão da sua extensa experiência, foi convidado em 1899 para lecionar orquestração no curso de graduação em música popular da Unicamp, permanecendo como docente da universidade por dez anos. Em 1990, assumiu a função de compositor residente da recém-criada Orquestra Jazz Sinfônica. Iniciativa dos músicos Arrigo Barnabé e Eduardo Gudin, ela reúne numa só formação, por assim dizer, a orquestra tradicional e a big-band, e tem o desafiador objetivo de resgatar a tradição das grandes orquestras de rádio e dar tratamento sinfônico à MPB.

 

Fazendo uma mescla original de temas oriundos da MPB e de desenvolvimentos temáticos e variações, típicos da música de concerto, as obras de Cyro Pereira não são, em geral, meros arranjos, mas composições independentes que reelaboram um vasto material popular.

 

No programa, uma seleção de obras do compositor – todas em gravações com a Jazz Sinfônica. A Fantasia para piano e orquestra sobre temas de Ernesto Nazareth, que recebeu em 1964 o prêmio da Academia Brasileira de Música, recebe a interpretação de Claudio Richerme, ao piano, e regência Mário Valério Zaccaro; e, sob a condução de João Maurício Galindo, Aquarela de Sambas e Jobiniana, esta última a partir de temas de Tom Jobim. Já com próprio Cyro Pereira à frente da orquestra, Poema para Jobim, 1995, com Paulo Braga ao piano; Solito, com Sérgio Burgani, clarineta, e Marcelo Ghelfi, piano; Cuidado com o Degrau, com Roberto Araújo ao corne inglês; e O Fino do Choro, obra de 1991, com Júlio Cerezo Ortiz, violoncelo, Luca Raele, clarineta, e Benito Suarez Sanches, ao oboé.

 

O compositor ganhou em 2005 uma biografia, de autoria do jornalista Irineu Franco Perpetuo. Intitulada “Cyro Pereira, Maestro”, foi publicada pela DBA Editora.

 

Cyro Pereira faleceu aos 81 anos, vítima de câncer, em nove de junho de 2011.

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.