Concertos UFRJ: Guerra-Peixe

Foto: Divulgação
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Gerra-Peixe: (1914-1993): pesquisador, professor e ensaísta.

A obra de Gerra-Peixe, um dos maiores compositores brasileiros, é o tema da edição desta semana de Concertos UFRJ. Uma homenagem ao músico nos vinte anos de seu falecimento, ocorrido em 1993. Apresentado por André Cardoso, docente e diretor da Escola de Música (EM), o programa é resultado de uma parceria da UFRJ com a rádio Roquette Pinto e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

A obra de Gerra-Peixe, um dos maiores compositores brasileiros, é o tema da edição desta semana de Concertos UFRJ. Apresentado por André Cardoso, docente e diretor da Escola de Música (EM), o programa é resultado de uma parceria da UFRJ com a rádio Roquette Pinto e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

 

 

 

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Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
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Filho de imigrantes portugueses de origem cigana, César Guerra-Peixe nasceu em Petrópolis, RJ, em 18 de março de 1914. Seu pai, instrumentista amador, o iniciou na música e com 11 anos ingressa na Escola de Música Santa Cecília, da sua cidade natal, onde se desenvolve em piano e violino. Em 1943, é aprovado no Instituto Nacional de Música, atual EM, estudando violino com Paulina d’Ambrósio e harmonia com Newton Pádua, de quem foi aluno também no Conservatório Nacional de Música e a quem deve grande parte de sua formação inicial como compositor.

 

As partituras desse período, compostas segundo o modelo da melodia brasileira, foram quase todas destruídas mais tarde pelo próprio autor. Forma-se me 1944 e biscando novos horizontes passa a frequentar aulas particulares com Hans-Joachim Koellreutter – músico alemão recém-chegado que difundiu no Brasil as propostas das vanguardas europeias, em especial as do dodecafonismo. Nessa época, participava ativamente do grupo Música Viva, que incluía, além do próprio Koellreutter, Cláudio Santoro, Edino Krieger e Eunice Katunda, entre outros, e que teve um papel importante na atualização do meio musical do país.

 

Nessa atmosfera efervescente, Guerra-Peixe passa a compor obras de caráter mais universal e conforme os pressupostos da nova estética que o fazem conhecido mais amplamente. Entretanto, após buscar sem sucesso conciliar as técnicas dodecafônicas com a tradição brasileira, e já muito influenciado pelas ideias de Mário de Andrade, acaba aderindo ao nacionalismo. A Suíte para orquestra de cordas, composta em 1949 e com os movimentos propositadamente bem brasileiros Maracatu, Pregão, Modinha e Frevo, assinala essa virada estética e programática. A partir daí, o material folclórico, em especial o nordestino, ganha cada vez mais relevo na sua produção, facilitado por sua transferência para o Recife, o que lhe permite realizar pesquisas de campo, aproveitadas ao longo dos anos 50 em suas obras. Editado pela Ricordi, parte desse material foi publicado em 1955 sob o título Maracatus do Recife.

 

Guerra-Peixe trabalhou como arranjador, compôs trilhas para cinema, e realizou incursões no campo da música popular brasileira. Ao mesmo tempo, desenvolveu intensa atividade como docente, contribuindo para formar toda uma geração de novos compositores. Foi professor da Escola de Música da UFMG, da Escola de Música Villa-Lobos e, nos últimos anos de vida, da Escola de Música da UFRJ, instituição em que havia se formado.

 

O ano de 1976 inaugura a última fase de sua trajetória musical, na qual a afirmação nacionalista já não se expressa sob a forma direta do recurso a configurações musicais populares. O folclore não é, entretanto, abandonado, mas superado, como faz questão de assinalar. Permanece como substrato inconsciente a partir do qual se forjam valores e elementos estéticos que guiam o trabalho do compositor, agora com mais liberdade.

 

O compositor nos deixou em 24 de novembro de 1993. Os interessados podem conhecer um pouco mais da sua vida e da sua obra no site do Projeto Guerra-Peixe.

 

***

 

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

 

Suor Angelica, de Puccini

 Foto: Reprodução
Geraldine Farrar
Geraldine Farrar encarna a per­so­na­gem título na estreia em 1918.

Suor Angelica, ópera em um ato do compositor italiano Giacomo Puccini, é a atração desta semana de Concertos UFRJ.

Suor Angelica, ópera em um ato do compositor italiano Giacomo Puccini, é a atração desta semana de Concertos UFRJ. Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, o programa vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM, sob o comando de André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ).

 

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Puccini, que viveu entre 1858 e 1924, foi um dos mais importantes compositores de ópera de todos os tempos e suas obras marcantes, como La Boheme, Madama Buterfly, Manon Lescaut, Tosca e Turandot, estão entre as mais encenadas. Em 1918 Puccini escreveu três óperas breves em um ato que reuniu sob o nome de Il Trittico: Il Tabarro (O Capote), Suor Angelica e Gianni Schichi. Elas formam uma unidade e foram destinadas pelo autor a serem encenadas em um mesmo espetáculo, como ocorreu na estreia em 14 de dezembro de 1918 no Metropolitan Opera House de Nova York, mas que nem sempre aconteceu nas montagens ao longo dos anos.

 

Já tivemos oportunidade de ouvir em Concertos UFRJ que é a única ópera cômica de Puccini. Suor Angelica, por seu turno, é um drama com libreto de Giovacchino Forzano, responsável também pelos versos de Gianni Schichi, e foi a última ópera efetivamente terminada pelo compositor. Turandot, que deixou inacabada, seria concluída por Franco Alfano.

 

Todas as vozes da peça são femininas. Os sopranos em geral parecem gostar muito do papel de Suor Angelica, desde que Geraldine Farrar o encarnou na récita de estreia. Entre as cantoras que se destacaram como a sofrida freira estão Mirella Freni, Renata Scotto, Katia Ricciarelli, Renata Tebaldi, Ilona Tokody, Lucia Popp, Joan Sutherland, Cristina Gallardo-Domâs, Victoria de los Angeles. Já Beverly Sills confessa em sua autobiografia que o desgaste provocado pela enorme carga emocional da personagem fez com que a riscasse do seu repertório. Curiosamente, o antagonista da trama, a Tia Principessa, é o único papel de relevo escrito para contralto por Puccini.

 

A história se passa num convento na Itália, no final do século XVII. A freira Angélica foi condenada à reclusão pela família por ter tido um filho ilegítimo. Com o tempo, acaba conquistando a simpatia de todos e torna-se uma especialista em plantas medicinais, com as quais alivia as aflições das suas irmãs. Apesar dos anos, Angélica não consegue esquecer o filho, arrancado aos seus braços em idade tão tenra. Sua tia, uma princesa, chega de repente ao convento e anuncia que o filho havia morrido. Desesperada, Angélica se envenena. Lembrando-se, porém, de que esse gesto é um pecado mortal, reza fervorosamente à Madonna, que aparece com seu filho morto e a conduz ao céu. A gravação veiculada traz nos papéis principais Cristina Gallardo-Domás como Suor Angélica, Bernadette Manca Di Nissa como Tia Principessa e Felicity Palmer como Abadessa. O coro é o London Voices e a Orquestra Filarmonia é dirigida por Antonio Pappano.

 

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Sinopse de Suor Angélica

 

Giacomo Puccini

Giovacchino Forzano, libreto

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Personagens

 

Irmã Angélica, uma freira, soprano

A Tia Principessa, tia de Angélica, uma princesa, contralto

A Abadessa, mezzo-soprano

Irmã Monitora, mezzo-soprano

Mestra das Noviças, contralto

Irmã Genoveva, soprano

Irmã Osmina, mezzo-soprano

Irmã Dulcina, mezzo-soprano

Irmã Enfermeira, mezzo-soprano

2 Irmãs de Caridade, soprano e mezzo-soprano

2 Noviças, soprano e mezzo-soprano

2 Irmãs leigas, soprano e mezzo-soprano

 

A ação se passa num convento, na Itália, no final do século XVII.

 

Ato único

 

Angélica é uma jovem de família aristocrática que teve um filho solteira. Para puni-la sua família decidiu encerrá-la num convento. Passados muitos anos, apesar da vida religiosa forçada Angélica conquistou todas as irmãs por sua doçura e bondade. Com seu trabalho no convento se tornou uma especialista em ervas e plantas medicinais com as quais trata de todas as irmãs. A aparente tranquilidade da vida enclausurada não traz, porém, paz ao coração amargurado de Angélica pelo desejo ardente de rever o filho arrancado de seus braços ao nascer.

 

Os sinos anunciam as seis horas da tarde. Na capela as freiras cantam uma Ave Maria. Quando saem da capela, a Irmã Monitora lhes dá permissão para que tenham sua recreação vespertina. Angélica prepara um unguento para acalmar a dor de uma reclusa. A Irmã Genoveva pergunta se a Irmã Bianca Rosa, que morreu e repousa no cemitério do convento, não desejaria um pouco de água fresca sobre seu túmulo. Angélica responde que os mortos não têm desejos; só os vivos os têm. No céu, todos os desejos são satisfeitos. A Irmã Monitora argumenta que, para as freiras, nem sequer quando vivas lhes é permitido ter desejos. A conversa é interrompida pela chegada de duas irmãs que viram uma carruagem estacionar junto ao portão. A Abadessa vem anunciar a Angélica que sua Tia Principessa a aguarda na sala de visitas.

 

A Tia é uma mulher de aparência distinta, mas fria e intimidadora. Impassível, ela anuncia que, desde a morte dos pais de Angélica, ficou encarregada de tomar todas as decisões na família, inclusive a partilha dos bens. A irmã mais jovem de Angélica, Anna, está para se casar, e é preciso que Angélica assine alguns papéis. Angélica pergunta com quem se casará sua irmã e sua Tia responde que será com alguém que se dispõe a esquecer a vergonha por ela causou à família. Angélica diz que entregou sua vida à Virgem, mas que uma única coisa não pode entregar: seu filho que não vê há sete anos. Ao ser perguntada pelo destino da criança a Tia, após longo silêncio, responde que o menino morreu já faz dois anos de uma grave doença, ao que Angélica cai ao solo como se atingida por um golpe mortal.

 

À noite, sozinha no jardim, Angélica canta a belíssima ária “Senza mamma, o bimbo, tu sei morto!” e recolhe algumas ervas que põe na boca e começa a mascar. Olha para as estrelas e parece ouvir a voz do filho que a chama. É então que se dá conta de que ingeriu uma erva venenosa. Faz uma fervorosa prece à Virgem, suplicando que a perdoe. Ouve-se um coro de anjos, e a própria Virgem desce do céu, trazendo nos braços seu filho que vem abraçar a mãe.

Música de Natal em Concertos UFRJ

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Natal e música se completam. Muitas foram as obras compostas para a ocasião ao longo dos séculos. O programa desta semana destaca duas delas, uma de J. S. Bach, outra de José Maurício Nunes Garcia.

Natal e música se completam. Muitas foram as obras compostas para a ocasião ao longo dos séculos. O programa desta semana destaca duas delas, uma de J. S. Bach, outra de José Maurício Nunes Garcia.

 

 

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Magnificat (também conhecida como Canção de Maria) é um cântico entoado (ou recitado) na liturgia cristã. O texto do cântico vem diretamente do Evangelho segundo Lucas, onde é recitado pela Virgem Maria na ocasião da Visitação de sua prima Isabel. Na narrativa, após saudar Isabel, que está grávida daquele que será chamado João Batista, a criança se mexe no útero da mãe. Quando esta louva Maria por sua fé, ela entoa o Magnificat como resposta.

 

O Magnificat em ré maior, BWV 243, é uma das principais obras vocais de Johann Sebastian Bach (1685-1750) e foi composta para orquestra, coro de cinco partes e solistas. Bach escreveu em 1723 uma versão inicial em mi bemol maior, para as Vésperas do Natal em Leipzig, que continha diversos textos natalinos. Após algumas reformulações, uma nova versão, que é a costuma ser executada, teve sua estreia na Igreja de São Tomás (Thomaskirche) de Leipzig, em dois de julho de 1733, então o feriado da Visitação.

 

A obra se divide em doze partes, que podem ser agrupadas em três movimentos; cada um começa com uma ária e é concluído pelo coro que desenvolve um tema em forma de fuga. A versão veiculada no porgranma foi a de John Eliot Gardiner à frente do Coro Montoverdi e do English Baroque Soloists. Nancy Argenta e Patrizia Kwella, sopranos; Charles Brett, contratenor; Anthony Rolfe Johnson, tenor; e David Thomas, baixo; são os solistas.

 

A segunda peça do programa foi a Missa Pastoril para a Noite de Natal do Padre José Maurício Nunes Garcia (1767 -1830), que foi mestre de capela de D. João VI no Brasil e o principal compositor brasileiro do período colonial.  A obra foi originalmente escrita em 1808 em uma versão para coro e órgão e reformulada em 1811, tendo sido orquestrada então para um conjunto de dois naipes de violas, violoncelos e contrabaixos. A ausência dos violinos confere a obra um colorido especial que reforça seu caráter pastoral em um ritmo em compasso composto característico. Se destaca também uma clarineta concertante que perpassa toda a obra. A versão é a do grupo suíço Ensemble Turicum, dirigido pelo contratenor brasileiro Luís Alves da Silva.

 

Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, Concertos UFRJ vão ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM, sob o comando de André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ). As edições do programa  podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

Concertos UFRJ: Nelson Macedo

Foto: Reprodução
Capa
A obra do compositor agrada bastante aos instrumentistas que vêm dedicando  gravações a ela.

A edição desta semana de Concertos UFRJ é dedicada ao compositor brasileiro Nelson Macedo que completou 80 anos em 2011. O programa contou com a participação do músico que falou um pouco de sua obra e de sua trajetória.

A edição desta semana de Concertos UFRJ é dedicada ao compositor brasileiro Nelson Macedo que completou 80 anos em 2011. O programa contou com a participação do músico que falou um pouco de sua obra e de sua trajetória.

 

 

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Nelson Macedo é baiano, da cidade de Rui Barbosa e nasceu em seis de março de 1931. Seus estudos musicais começaram aos 18 anos, no Instituto de Música da Bahia, após uma experiência inicial como escultor. Em 1953 ele se transferiu para o Rio de Janeiro onde se tornou aluno da Escola de Música da UFRJ, na então Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil. Nela, estudou com grandes mestres como Paulina D’Ambrósio, violino e viola, regência com Eleazar de Carvalho e com Paulo Silva, a quem atribui “totalmente” sua formação como compositor.

 

Após concluir o curso, Nelson Macedo ganhou uma bolsa de estudos que o levaria a Paris, onde estudou com Serge Collot, Etienne Ginot e Jacques Ripoche. De volta ao Brasil ingressou como violinista na Orquestra Sinfônica Brasileira e, posteriormente, como violista na Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

 

A formação como violinista e a carreira como músico de orquestra abriram caminho para a escrita para cordas, de tal forma que Macedo dedicou grande parte de sua produção a este tipo de instrumento. Outra motivação, as parcerias musicais que originaram peças destinadas a amigos instrumentistas.

 

Nelson participou de iniciativas como a criação do Coral “Artis Canticum” e a orquestra “Os Cameristas”. Sua militância também foi intensa no Sindicato dos Músicos e na AMAR, Associação de Músicos Arranjadores e Regentes, e na COOMUSA, uma cooperativa de músicos. Outra experiência interessante que contou com seu entusiasmo, a Escola Brasileira de Música em 1986 – fundada com objetivo de desenvolver metodologias de ensino a partir da música brasileira.

Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, Concertos UFRJ vão ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM, sob o comando de André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ). As edições do programa  podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Repertório do Programa

1.  Nelson Macedo, Variações sobre um tema anônimo do século XIX, com Mário Ulhoa.

2.  Nelson Macedo, “Valsa da Dor”, com o clarinetista José Botelho e o pianista e compositor Radamés Gnattali.

3.  Nelson Macedo, “Suíte Indígena”, com o violinista Daniel Guedes e a pianista Kátia Balousier. Os movimentos são: Para-pora-iema; Sucuri; Taru Jampym e Dança Antropofágica.

4.  Nelson Macedo, “Fantasia Capricho”, com Dilson Florêncio no sax alto e a pianista Valéria Gazire.

5.  Nelson Macedo, “Trio Brasileiro” para flauta, cavaquinho e violão de Nelson de Macedo com Andréa Ernest Dias na flauta, Jayme Vignole no cavaquinho e Bartholomeu Wiese no violão. Os movimentos são: Lento/Allegro; Variações e Rondó Frevo.

6.  Nelson Macedo, “Cinco Canções de Amor”: Busco a quem achar não posso, com texto de Gregório de Matos; A luz do meu caminho, com texto de Mário Lessa; Canção de Menina, com texto de Manoel de Barros; Volta, com texto de Manuel Bandeira; e Dois e dois: quatro, com poesia de Ferreira Gullart. Os intérpretes são Adriana Clis, mezzo soprano, e Mário Ulhoa no violão.

7.  Nelson Macedo, “O canto de Simeão” para violoncelo e violão com Márcio Mallard no violoncelo e Mário Ulhoa no violão.

Três famílias de músicos

Reprodução
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Giovanni Gabrieli, músico de uma das famílias abordadas no programa.

Concertos UFRJ já dedicaram toda uma edição aos Bach, um clã que gerou inúmeros músicos importantes em um período que vai do barroco, no séc. XVI, a meados do séc. XIX. Apesar de, inegavelmente, representarem a mais espetacular concentração de talento jamais registrado em uma família, não foram o único caso na história do Ocidente.

Concertos UFRJ já dedicaram toda uma edição aos Bach, um clã que gerou inúmeros músicos importantes em um período que vai do barroco, no séc. XVI, a meados do séc. XIX. Apesar de, inegavelmente, representarem a mais espetacular concentração de talento jamais registrado em uma família, não foram o único caso na história do Ocidente. O programa desta semana destaca compositores de sobrenome Gabrieli, Scarlatti e Stamitz – outras três dinastias notáveis, as duas primeiras na Itália a outra na Alemanha, que marcaram a trajetória musical.

 

Gabrieli

 

A família italiana Gabrieli produziu dois músicos notáveis ao longo do séc. XVI – Andrea e Giovanni, tio e sobrinho.

 

 

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Andrea Gabrieli (c. 1533-1585) é figura chave na música da alta Renascença. Nasceu em Veneza e sua produção denota a influência dos mestres flamengos, tendo estudado com Adrian Willaert, um dos músicos mais representativos da geração dos compositores nórdicos que migraram para a Itália e transplantaram o estilo para lá.

 

Por volta de 1557/8, Andrea se estabeleceu como mestre de capela da Catedral de São Marcos. Foi um dos expoentes da chamada Escola Veneziana, que cultivou um estilo polifônico e policoral complexo – uma música escrita em muitas vozes, com a participação de um ou mais grupos corais e acompanhamento instrumental, com destque para os metais. Deixou numerosas composições de música sacra (motetos, salmos, missas, um “Glória” a 16 vozes e um outro) e profana (quase 250 madrigais). Dentre suas composições instrumentais sobressaem as tocatas para órgão, as canções, os ricercari e a música de conjunto.

 

Andrea formou seu sobrinho Giovanni Gabrieli (c. 1554-1612), que o sucedeu, como primeiro organista da catedral veneziana, tendo ocupado este cargo até o fim dos seus dias. Salvo um período de quatro anos na corte de Munique, sua carreira transcorreu naquela cidade e sua produção levou a escola musical veneziana ao apogeu, com partituras inovadoras e de grande poder expressivo.

 

Suas 14 Canzone, suas duas Sonate, e sobretudo a coleção de Sa­crae Sym­pho­niae (1597) inauguram uma série de composições elaboradas a partir de diversas e complexas combinações vocais e instrumentais, que vão desde o madrigal sacro até o motete concertado, com inclusão de movimentos e sinfonias, confiados unicamente ao conjunto instrumental. O resultado são obras espetaculares, de uma riqueza sonora e expressiva desconhecida até então.

 

Scarlatti

 

Ainda na Itália, mas já no barroco, outra família de músicos merece destaque – a dos Scarlatti.

 

Reprodução
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Domenico Scarlatti

Foram duas gerações de compositores proeminentes. A primeira, formada pelos irmãos Francesco (1666 – c.1741) e Alessandro Scarlatti (1660-1725). A segunda, pelos filhos do último: Domenico (1685-1757) e Pietro Filippo Scarlatti (1679-1750).

 

 

Da primeira, Alessandro Scarlatti foi sem dúvida o mais importante, sendo um dos inauguradores de chamada Escola Napolitana de ópera, gênero ao qual aportou mais de uma centena de títulos. Além de 150 oratórios e mais de 500 cantatas, produziu também bastante música instrumental, com destaque para as suas sinfonias e seus concerti grossi.

 

Domenico Scarlatti é o expoente da segunda geração de compositores desta família e, embora tenha escrito todo gênero de música, se notabilizou pela enorme produção para teclado. Deixou mais de 500 sonatas para cravo em um estilo mais leve e homofônico que seus contemporâneos barrocos, o que prenuncia o período clássico.

 

A moderna técnica para teclado deve muito à sua influência. Algumas de suas obras possuem uma audácia harmônica tanto no uso de dissonâncias ou aglomeados de acordes, no uso inovador de modulações não convencionais e tonalidades remotas. Scarlatti também foi pioneiro no domínio do ritmo e da sintaxe musical: síncopes e ritmos cruzados são comuns em sua música.

 

Stamitz

 

Já os Stamitz são de origem tcheca que exerceram influência, sobretudo, na cena musical da Alemanha, região para a qual migrou um ramo da família.

 

Reprodução
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Carl Philipp Stamitz

O violinista Johann Stamitz (1717-1757) é amplamente reconhecido, ao lado de Johann Christian Cannabic e Franz Richter, como fundador da chamada de Escola de Mannheim. Um movimento cuja contribuição foi significativa para o estabelecimento da música instrumental pré-clássica e introduziu inovações decisivas, acabando por influenciar compositores mais jovens como Mozart. Apesar de uma vida bastante breve, Johann produziu uma obra extensa e de qualidade: entre elas 72 sinfonias em que adota sistematicamente a forma em quatro movimentos, acrescentando um minueto ou trio aos três até então usuais.  

 

Dos seus filhos, Anton (1750 – 1789/1809) e Carl Philipp Stamitz (1745-1801), ambos compositores, as partituras deste último alcançaram maior notoriedade, sendo ainda hoje executadas com regularidade. Carl foi um dos mais prolíficos compositores da Escola de Mannheim, tendo escrito mais de 50 sinfonias, 38 sinfonias concertantes e 60 concertos. Dessa enorme produção chamam atenção as suas peças para clarineta, instrumento criado uns poucos anos antes e para o qual dedicou produção numerosa e significativa.

 

Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, Concertos UFRJ vão ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM, sob o comando de André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ). As edições anteriores  podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Repertório do Programa

  • Giovanni Gabrieli, Glória a 16, na interpretação do Gabrieli Consort & Players, sob a direção de Paul McCreesh.
  • Giovanni Gabrieli, Jubilate Deo, Coro do King’s College, Cambridge, regência de Stephen Cleobury.
  • Alessandro Scarlatti, Concerto no 3 em Fá Maior, com a Accademia Bizantina sob o comando de Ottavio Dantone.
  • Domenico Scarlatti, Sonata em Lá Maior, K 208, com Gustav Leonhardt.
  • Johann Stamitz, Trio em Lá Maior, Op. 1, no 2, Concertus Musicus Vienna, sob direção de Nikolaus Harnoncourt.
  • Carl Philipp Stamitz, Concerto para clarineta, no 3, em Si Bemol, Sabine Meyer e a Academy of St. Martin-in-the-Fields, sob a regência de Iona Brown.

Lorenzo Fernandez em “Concertos UFRJ”

Foto: Reprodução
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Lorenzo Fernandez (1897-1948)

Concertos UFRJ reprisam a edição dedicada a obra de Lorenzo Fernandez um compositor carioca que, junto com Francisco Mignone, integra a primeira geração de compositores nacionalistas surgida após Villa-Lobos.

Concertos UFRJ reprisam a edição dedicada a obra de Lorenzo Fernandez um compositor carioca que, junto com Francisco Mignone, integra a primeira geração de compositores nacionalistas surgida após Villa-Lobos. Apresentado por André Cardoso, diretor da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ, o programa radiofônico é resultado de uma parceria da UFRJ com a Roquette Pinto e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

 

 

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Oscar Lorenzo Fernandez, filho de pais espanhóis, nasceu no Rio de Janeiro em 1897 e com 20 anos, em 1917, ingressa no Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da UFRJ, onde estudou piano com João Otaviano e iniciou-se em teoria, harmonia, contraponto e fuga com os professores Francisco Braga, Henrique Oswald e Frederico Nascimento, considerado seu mentor artístico.

 

Em 1923, por ocasião de uma doença de Nascimento, assume como substituto a cadeira de Harmonia, Contraponto e Fuga e Composição, situação que se tornou definitiva após dois anos.

 

Vasco Mariz divide a produção de Fernandez em três períodos.  O primeiro, que vai de 1918 a 1922, há influência do impressionismo francês, o uso da bitonalidade e a ausência de temática brasileira. O segundo, de 1922 a 1938, considerado o ponto alto de sua obra, há uma forte presença nacionalista, com a utilização de temas folclóricos, que, sem cair no exotismo fácil, valorizam a presença das etnias branca, negra e índia na formação do Brasil, assim como a modernização do país. Por fim, de 1942 até a sua morte, Fernandez assume um tom mais universalista.

 

Há na produção de Fernandez, ainda segundo Mariz, certa tensão entre o uso racional de temas folclóricos locais e o apelo cosmopolita – o que a torna mais próxima da obra de Alberto Nepomuceno (1864-1920), o fundador do nacionalismo musical brasileiro, que seguiu linhas mais conservadoras na escritura musical, do que propriamente da de Villa-Lobos (1887-1959). Entretanto, isso não impediu que ela fosse apreciada por modernistas da geração heroica do movimento, como Mário Andrade, que assinalou que seu Trio Brasileiro (1924), peça para piano, violino e violoncelo, “revela um artista em plena posse e emprego de sua personalidade poderosa. Nele, Lorenzo Fernandez, inteiramente convertido nos tipos melódicos e rítmicos nacionais, criou uma obra de suma importância que não só marca a etapa definitiva de sua carreira como serve para marar uma data na evolução musical brasileira.”. Nenhuma obra sua, porém, alcançou tanto reconhecimento internacional como o Reisado do Pastoreio (1930), suíte orquestral em três partes que contém o famoso Batuque, que encantou Toscanini e Koussevitzky, e que vem sendo apresentado como peça sinfônica independente, tendo sido gravado por Leonard Bernstein à frente da Filarmônica de Nova York.

 

Compôs canções, suítes sinfônicas, balés, peças para piano, música de câmara, concertos e sinfonias e representou o país várias vezes no exterior, como regente de diversas orquestras e como conferencista. Fernandez também encabeçou importantes associações musicais como a Sociedade de Cultura Musical, a Academia Brasileira de Música e fundou com Villa Lobos, em 1948, o Conservatório Brasileiro de Música

 

O compositor faleceu em 27 de agosto de 1948, aos 50 anos, um dia após ter dirigido com a Orquestra  Sinfônica da Escola de Música o concerto comemorativo ao centenário da instituição.

 

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Repertório do Programa

1. Trio Brasileiro op. 32 (primeiro movimento) com Fritz Jank ao piano, Gino Alfonsi no violino e Calixto Corazza no violoncelo.

2. Suite para Quinteto de sopros com o Quinteto de Sopros da Rádio MEC .

3. Segunda Suite Brasileira para piano com o pianista Miguel Proença.

4. “Velha modinha” com o violonista Fábio Zanon.

5. Sonata Breve com o pianista Miguel Proença.

6. Duas canções: “Toada para você” e “Meu coração” com a a soprano Lia Salgado e ao piano o maestro Alceu Bocchino.

7. Suite Reisado do Pastoreio com a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas sob a regência de Benito Juarez.

8. “Batuque”, terceiro movimento da suite Reisado do Pastoreio com a Orquestra Filarmônica de Nova York e a regência de Leonard Bernste

Família Bach em “Concertos UFRJ”

Imagem: Reprodução
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J. S. BaCH é o ponto mais alto de uma família de músicos talentosos.

O sobrenome Bach está hoje, quase invariavelmente, associado a Johann Sebastian (1685-1750), um dos pilares da tradição musical ocidental. No entanto, a família Bach ofereceu ao mundo outros compositores importantes que, embora não tenham alcançado o patamar do mestre de Leipizig, produziram obras significativas.

 

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Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .
Imagem: Famíla Bach, Toby Edward
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{magnify}images/stories/noticias/bachs_familiy600.jpg|Imagem: Famíla Bach, Toby Edward{/magnify}Como o séc. XIX concebia a famíla Bach.

O sobrenome Bach está hoje, quase invariavelmente, associado a Johann Sebastian (1685-1750), um dos pilares da tradição musical ocidental. No entanto, a família Bach ofereceu ao mundo outros compositores importantes que, embora não tenham alcançado o patamar do mestre de Leipizig, produziram obras significativas. A edição Concertos UFRJ desta semana reprisa o prograna dedicado a este clã notável – exemplo jamais superado de talentos musicais concentrados em uma única família.

A extraordinária dinastia musical da família Bach começou com o trisavô de Johann Sebastian, Veit Bach (c 1550 – 1619), e se extinguiu em meados do séc. XVII com seu neto Wilhelm Friedrich Ernst Bach (1759 – 1845). Durante esse período, mais de 70 dos seus membros, segundo o Dicionário Grove de Música, seguiram carreira musical.

 

Originário de uma região da atual Hungria, Veit Bach, moleiro e músico amador, migrou para a Turíngia, Alemanha Central, por volta de 1545, em decorrência da expulsão dos protestantes. Aí viverá a família Bach, até que os filhos de Johann Sebastian busquem horizontes mais amplos.

 

Das gerações anteriores a Johann Sebastian, o programa destaca os seus tios-avôs e compositores Johannes Hans Bach (1604-1673) e Heinrich Bach (1615-1692).  Heinrich teve vários filhos músicos, sendo o mais proeminente Johann Christoph Bach (1642-1703), organista e cravista da corte, em Eisenach, e primo em segundo grau de J. S. Bach, segundo o qual teria sido “talentoso tanto na invenção de belas ideias quanto na expressão e palavras” e composto em “um estilo galant, cantábile, com uma textura incomumente rica”.

 

Da extensa prole de J. S. Bach, quatro filhos se tornaram compositores. Wilhelm Friedemann Bach (1710-1784), o primogênito, demonstrou desde cedo grande talento, embora não tenha conseguido desenvolver uma carreia estável, o que resultou numa vida errante de músico e educador, não raro marcada por adversidades financeiras. Seu estilo oscilou entre o velho e o novo, com características que, não raro, antecipam a tensão emocional do romantismo, ao lado de elementos barrocos “arcaicos”, intimamente relacionado à estética da escola de organistas do norte da Alemanha do final século XVII. Apesar dessa ambivalência estética deixou boa quantidade de peças de excelente qualidade e foi muito apreciado há seu tempo pela notável capacidade de improvisação.

 

Ao contrário do seu irmão mais velho, o disciplinado Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788) viveu 28 anos como músico de Frederico II, o Grande, e, em 1768, sucedeu a Telemann como diretor musical da corte de Hamburgo. Em vida desfrutou de fama e prestígio. Menos influenciado pela música de seu pai do que seu irmão mais velho e fortemente marcado pelo espírito do movimento pré-romântico Sturm und Drang, produziu partituras cheias de mudanças bruscas de temperamento e notas dissonantes, tornando-se o principal representante do estilo Empfindsamkeit (“sentimentalidade”), que exerceu influência decisiva sobre compositores de gerações posteriores como Haydn e Mozart.

 

Johan Christian Bach (1735-1782) foi o mais novo dos filhos de Johann Sebastian, tendo estudado com o pai e, posteriormente com seu meio-irmão Carl Philipp Emanuel e com seu primo Johann Elias. Em 1754, foi à Itália, aperfeiçoar-se na arte do contraponto com o padre Giovanni Battista Martini e, de 1760 a 1762, trabalhou como organista na catedral de Milão.  Em 1762 transfere-se para Londres, onde alcançou enorme sucesso e ficou conhecido como “o Bach inglês”. Sua música é altamente melódica e estruturada de forma brilhante, destoando da do seu pai e da dos irmãos mais velhos. Ele compôs segundo a estética galant, que incorpora frases balanceadas, com destaque para a melodia e para o acompanhamento, sem muita ênfase na complexidade contrapontística. 

 

O último filho de Johann Sebastian a tornar-se compositor, Johann Christoph Friedrich Bach (1732-1985), estudou com o pai e com seu primo Johann Elias. Em 1750 foi nomeado, pelo Conde Wilhelm de Schaumburg-Lippe, cravista de Bückeburg e em 1759, spalla. Devido à predileção do nobre pela música italiana, se viu obrigado a adaptar-se, ainda assim retendo traços do estilo do pai. Lamentavelmente, uma parte significativa de sua produção foi perdida na Segunda Guerra Mundial.

 

Apresentado por André Cardoso, diretor da EM e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ, a série Concertos UFRJ é resultado de uma parceria da Escola de Música (EM) com a Roquette Pinto e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições anteriores do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

Bandolim na música de concerto

Foto: Divulgação
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Paulo Sá, convidado especial de Concertos UFRJ

Aproveitando o evento Momento Rio Bandolim, que vem chamado atenção para a diversidade e possibilidades do instrumento, Concertos UFRJ reprisam o programa de 29 de novembro de 2010 que foi dedicado a ele. Como convidado, o bandolinista Paulo Sá – professor do recentemente criado bacharelado em bandolim da Escola de Música.

Aproveitando o evento Momento Rio Bandolim, que vem chamado atenção para a diversidade e possibilidades do instrumento, Concertos UFRJ reprisam o programa de 29 de novembro de 2010 que foi dedicado a ele. Como convidado, o bandolinista Paulo Sá – professor do recentemente criado bacharelado em bandolim da Escola de Música (EM).

 

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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A origem do bandolim remonta ao séc. XVI, no sul Itália, região de grande influência árabe, e onde, muitas vezes, sucedeu o alaúde. O bandolim apresenta então diversas formas, já que cada cidade da península acabou desenvolvendo uma configuração própria, que se diferenciava das demais pela forma, número e qualidade das cordas e afinação adotada.

 

A maioria dos autores situam as raízes históricas do bandolim no rabât árabe, bem como na mandora medieval e renascentista. Comumente se distingue dois grupos do instrumento, cada um deles com forma, afinação, técnica de execução e história musical distintas. O bandolim lombardo, milanês, barroco, para o qual Vivaldi (1678-1741) teria composto concertos, é similar a um pequeno alaúde com seis pares de cordas de tripa e, tal como ele, predominantemente tocado com os dedos, sendo que a técnica da execução com palheta somente foi incorporada na segunda metade do séc. XVII e inícios do séc. XVIII. O tipo napolitano, que deu origem ao bandolim contemporâneo, com quatro pares de cordas, designa mais propriamente um instrumento desenvolvido em meados do séc. XVIII.

 

O Bandolim ganhou lugar na música popular nos Estados Unidos, na América Latina e no Japão. No Brasil, o instrumento chegou através de Portugal, onde tem uma longa tradição, e se adequou particularmente bem aos grupos de choro e a outras formações populares.

 

Além de Vivaldi, alguns dos mais importantes compositores da história da música de concerto escreveram para o instrumento, o que é em geral pouco lembrado. Essa nobre linhagem inclui nomes do calibre de Haendel (1685-1759), Mozart (1756-1791), Paisiello (1740-1816), Beethoven (1770-1827), Verdi (1813-1901). No século séc. XX o bandolim foi inserido na formação orquestral por Mahler (1860-1911) em sua 7ª e 8ª Sinfonias e em A Canção da Terra, Schönberg (1874-1951), em sua Serenata Op.24 e Variações Orquestrais Op.31, Webern (1883-1945), em Cinco Peças Orquestrais, Henze (1926), em König Hirsch, e Stravinsky (1882-1971), em Agor.

 

Entre os grandes compositores brasileiros, merece destaque Radamés Gnattali (1906-1988) que escreveu para o instrumento. Cabe mencionar, entretanto, como lembra Paulo Sá, que o bandolim brasileiro, embora com a mesma afinação do bandolim napolitano, possui um formato diferente, que sugere muito a guitarra portuguesa e permite uma sonoridade mais brilhante.

 

Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, Concertos UFRJ vão ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM, sob o comando de André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ). As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Música do Brasil em vozes alemãs

Imagem: Divulgação
Capa do CD
Capa do CD do Kammerchor Apollini et Musis. Clique para ampliar
O programa Concertos UFRJ presenteou seus ouvintes com a divulgação de um CD dedicado à música coral brasileira, recentemente lançado pelo coro de câmara Apollini et Musis, formado por músicos alemães. A gravação recebeu o título de “Saudade”, palavra que, com se costuma dizer, habita apenas os dicionários da língua portuguesa, e representa uma novidade, já que raramente cantores do Velho Continente se dedicam ao nosso repertório.

O programa Concertos UFRJ presenteou seus ouvintes com a divulgação de um CD dedicado à música coral brasileira, recentemente lançado pelo coro de câmara Apollini et Musis, formado por músicos alemães. A gravação recebeu o título de “Saudade”, palavra que, com se costuma dizer, habita apenas os dicionários da língua portuguesa, e representa uma novidade, já que raramente cantores do Velho Continente se dedicam ao nosso repertório.

 

 

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“Apollini et Musis” é composto por membros do Coro da Berliner Staatsoper Unter den Linden, a famosa Ópera Estatal de Berlim, que na primavera de 2006 resolveram se juntar e formar um grupo dedicado à música coral de câmara. O nome remete a uma inscrição no pórtico daquela casa de espetáculos que retrata a cena mitológica em que Apolo, acompanhado das nove Musas, diverte com cantos e danças os demais deuses reunidos no monte Parnaso.

 

Desde que foi criado, os concertos do grupo passaram a compor a programação de música de câmara do teatro, sob a regência de renomados maestros como Dan Ettinger, Robert Heimann, Vinzenz Weissenburger, Michael Wendeberg und Eberhard Friedrich. Nesses cinco anos, atuaram ao lado, entre outros, de Anna Prohaska, Adriane Queiroz, Simone Schröder, Burkhard Fritz, Florian Hoffmann, Hanno Muller-Brachmann, do bandoneonista Lothar Hensel, e de membros da Staatskapelle Berlin.

 

“Saudade – Música Coral do Brasil” é o primeiro CD do coro e foi lançado em outubro, pelo selo Rondeau. O projeto, que nasceu da sugestão do embaixador do Brasil e contou com a colaboração da nossa representação em Berlim, reúne em 55 minutos obras corais que cobrem cerca de duzentos anos da música escrita no País. A regência é de Vincent Weissenburger e a gravação, que foi realizada na Berlin-Wilmersdorf Auenkirche e na Christ Church Berlin-Schöneweide, igrejas da capital alemã, conta com a participação de Jörg Strodthoff ao órgão.

 

O repertório do CD, pela ordem de apresentação das faixas, é o seguinte: de Camargo Garnieri (1907-1993), “Missa Diligite” (Kyrie, Gloria, Sanctus, Agnus Dei); de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), “Duas lendas ameríndias Em Nheengatu” (O lupari e o Menino, O lupari e o Caçador); de Osvaldo Lacerda (1927-2011), “O fulú Lorêrê”; de Ronaldo Miranda, “Belo Belo” e a “Suíte Nordestina” (Morena Bonita, Dendê Trapiá, Bumba chora, Eu vou, eu vou); novamente de Villa-Lobos, a “Bendita Sabedoria” (Sapientia foris predicat, Vas pretiosum labia scientiae, Principium sapientiae, Vir sapiens fortis est, Beatus homo invenit sapientian e Dexteram tuam sic notam sac); Ernani Aguiar (*1950), Psaulmius CL (Salmo 150); e de José Maurício Nunes Garcia, “Gradual para Domingo de Ramos” (Cinco motetos para o tempo da paixão: Tenuisti manum Dexteram Meam, In Monte Oliveti, Domine e Tu Mihi Lavas Pedes, Judas Mercator Pessimus, Sepulto Domino). Mais detalhes no site do grupo.

 

Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, Concertos UFRJ vão ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM, sob o comando de André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ). As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do .

Concertos UFRJ: Osvaldo Lacerda (reprise)

Foto:Divulgação
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Para Lacerda a linguagem da música era nacional.

A edição desta semana de Concertos URJ reprisa a homenagem a Osvaldo Lacerda, que faleceu em julho, aos 84 anos, e faz um passeio pela obra do compositor, pianista e professor.

A edição desta semana de Concertos URJ reprisa a homenagem a Osvaldo Lacerda, que faleceu em julho, aos 84 anos, e faz um passeio pela obra do compositor, pianista e professor – expoente do nosso nacionalismo musical. Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, pela emissora, na sintonia 94,1 FM.

 

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Natural de São Paulo, Osvaldo Costa de Lacerda nasceu em 1927 e cresceu em um ambiente familiar musical. Iniciou sua formação aos nove anos de idade, estudando piano com Ana Veloso de Resende, Maria dos Anjos Oliveira Rocha e José Kliass. De 1945 a 1947, harmonia com Ernesto Kierski e, de 1952 a 1962, composição com Camargo Guarnieri, sendo que este o incentivou a ter aulas com outros compositores, a fim de compreender a composição de outras perspectivas. Foi assim que, em 1963, conseguiu uma bolsa de estudos da Fundação Guggenheim para estudar nos Estados Unidos com Aaron Copland e Vittorio Giannini. Representou o Brasil, em 1965, no Seminário Interamericano de Compositores, realizado na Universidade de Indiana e no III Festival Interamericano de Música, em Washington, DC.

 

O retorno ao Brasil foi marcado pela participação em um embate estético lendário, que pautaria boa parte da criação musical no país na segunda metade do século 20. Ao lado de Guarnieri, ele defendeu a ideia de uma produção musical que levasse em consideração o espírito brasileiro. Lacerda sempre entendeu que a música, não importa a roupagem estilística ou harmônica, deveria possuir as características próprias da música brasileira. Isso o levou à formação de um arcabouço teórico segundo o qual, dizia, a música não era uma linguagem universal. “A linguagem é sempre nacional, podendo ser compreendida universalmente. Essa percepção faz toda a diferença.”

 

Lacerda incentivou o ensino e o desenvolvimento musical de jovens através da participação em organizações como a Mobilização Musical da Juventude Brasileira, o Departamento de Divulgação da Música Brasileira, a Sociedade Paulista de Arte, bem como a Sociedade Pró-Música Brasileira. Dedicou-se também intensamente ao ensino da música, na qualidade de professor de teoria elementar, solfejo, harmonia, contraponto, análise musical, composição e orquestração. Seus livros “Compêndio de Teoria Elementar da Música”, “Exercícios de Teoria Elementar da Música”, “Curso Preparatório de Solfejo e Ditado Musical”, e “Regras de Grafia Musical” são adotados em inúmeras escolas de música do Brasil e de Portugal.

 

Há, na obra de Osvaldo Lacerda, uma preocupação com o canto, e, sobretudo, com o canto de caráter nacional. Vai, portanto, buscar inspiração no folclore e na religiosidade popular. Foi com este espírito nacionalista que se empenhou em trabalhar com música sacra, tendo inclusive atuado como consultor junto à Comissão Nacional de Música Sacra de 1966 a 1970, propondo a introdução da música brasileira na liturgia da Igreja Católica.

 

Ao longo da vida ganhou inúmeros prêmios de música e composição. Entre eles, o prêmio “Melhor Obra Sinfônica”, em 1994, com “Cromos” para piano e orquestra; o Prêmio “Guarani 1997: Personalidade do ano”, outorgado pela Secretaria do Estado da Cultura e o “Grande Prêmio da Música 1997” da Associação Paulista dos Críticos de Arte, com o “Trio para violino, violoncelo e piano”, obra de 1970.

 

Em 1982 se casou com sua antiga aluna, a pianista Eudóxia de Barros.

 

Osvaldo Lacerda tornou-se também professor da Escola Municipal de Música de São Paulo, cargo no qual se aposentou em 1992.

 

Faleceu em 18 de julho de 2011, deixando vaga a cadeira nº 09 da Academia Brasileira de Música, cujo patrono é Tomaz Cantuária.

 

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Peças do Programa

 

• Osvaldo Lacerda, Poemeto, com Pauxy Gentil-Nunes, flauta, flauta, e André Carrara, piano.
• Osvaldo Lacerda, Ponteio no 3, com Belkiss Carneiro de Mendonça, piano.
• Osvaldo Lacerda, Brasiliana no 5, Desafio, Valsa, Lundú e Cana-Verde, com Eudóxia de Barros.
• Osvaldo Lacerda, Variações sobre o tema “Carneirinho Carneirão”, com James Ryon, oboé, e Mark George, piano.
• Osvaldo Lacerda, Appassionato, Cantilena e Toccata, com Barbara Westpha, viola, Christian Ruvolo, piano.
• Osvaldo Lacerda, Trio (1970), com o Trio Brasileiro, formado por Erich Lehninger, violino, Watson Clis, violoncelo e Gilberto Tinetti, piano.
• Osvaldo Lacerda, Quatro Peças Modais para Orquestra de Cordas, I. Dórico, II. Pentatônico, III. Lídio e IV. Mixilídico, com a Cia. Bachiana Brasileira, sob a regência de Ricardo Rocha.