Festival de Reinauguração do órgão Tamburini: concerto de Alexandre

Foto: Ana Liao
Rachid durante sua apresentação em 20 de abril.

A edição desta semana de Concertos UFRJ apresenta o segundo programa da série dedicada ao festival de reinauguração do Órgão Tamburini que reuniu, em abril, alguns dos mais importantes instrumentistas brasileiros da atualidade na Escola de Música. A atração é o concerto gravado ao vivo de Alexandre Rachid.

A edição desta semana de Concertos UFRJ apresenta o segundo programa da série dedicada ao festival de reinauguração do Órgão Tamburini que reuniu, em abril, alguns dos mais importantes instrumentistas brasileiros da atualidade na Escola de Música. A atração é o concerto gravado ao vivo de Alexandre Rachid, docente da disciplina na instituição.

 

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Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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Rachid executou um repertório que incluiu obras emblemáticas da produção para órgão, a começar pelo “Prelúdio e Fuga em mi menor”, BWV 548, J. S. Bach – uma das mais importantes e extensas escrita pelo mestre do barroco alemão. Não por acaso o musicólogo Philipp Spitta a definiu como uma sinfonia em dois movimentos para o instrumento. Por sua grandiosidade e vigor, um desafio para qualquer organista.

 

A segunda peça do programa também marca o repertório do órgão: a “Fantasia em Lá maior” (1878), do belga César Frank em 1878, organista da igreja de Santa Clotilde, professor do Conservatório de Paris e um dos mais importantes compositores do século XIX.

 

Por fim duas composições mais contemporâneas. A primeira, “Mestre Valentim no Largo do Carmo” homenageia o famoso escultor barroco brasileiro e foi escrita por Ricardo Tacuchian especialmente para ocasião. A segunda, as “Variações sobre um tema de Natal”, de Marcel Dupré, foi composta em 1923, a partir de uma antiga canção natalina francesa.

 

Tamburini

 

Único órgão de tubos integrado a uma sala de concertos na cidade do Rio de Janeiro, fato raro no País, foi construído na Itália pela tradicional Fabbrica D’Organi Giovani Tamburini, que assina os instrumentos do Vaticano. Instalado em 1954, possui 4.620 tubos, quatro manuais, pedaleira e 52 registros reais, cuja disposição foi projetada pelo grande músico italiano Fernando Germani (1906-1998).

 

 

Durante muitas décadas serviu não só à formação de instrumentistas brasileiros, como foi tocado por grandes organistas internacionais, como o próprio Germani, Karl Richter (1926-1981) e Pierre Cocherreau (1924-1984). Em 2009, teve início a reforma que duraria dois anos, durante os quais o Tamburini foi completamente desmontado, restaurado e modernizado.

 

Alexandre Rachid

 

Organista, pianista e compositor, Rachid nasceu no Rio de Janeiro e é Bacharel e Mestre em Órgão pela UFRJ, com Tese sobre “Messe de La Pentecôte” de Olivier Messiaen para Órgão, na classe da Profª Drª Gertrud Mersiovsky. Bacharel em Composição na classe da Profª Drª Marisa Rezende.

 

Medalha de Ouro em Órgão, pela UFRJ, com louvor e por unanimidade; finalista do Concurso Internacional de Improvisação ao Órgão e ao Piano, de Montbrison (França); Compôs a obra “Ave Maria”, para Coro e Orquestra, para ser executada por ocasião da estada do Papa João Paulo II no Rio de Janeiro, tendo sido executada em estreia mundial no dia 30 de junho de 1997, com a Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ e Coro da Universidade Católica de Petrópolis sob a regência do maestro Ernani Aguiar.

 

Participou do Concurso Internacional “Queen Elisabeth” na Bélgica, com a obra “Rondó Brilhante” para piano e orquestra, com estreia mundial pela Orquestra Sinfônica da UFRJ no dia 23 de outubro de 2000, sob a regência do maestro André Cardoso. Sua obra “Variações sobre um Tema Chinês”, para piano, foi estreada na China, no Grande Teatro da Universidade de Pequim, em 07 de novembro de 2007, pela pianista brasileira radicada em Londres, Clélia Iruzun.

 

Doutor em Música (Composição Musical) pela UNIRIO, tendo sido orientado pelo renomado compositor Prof. Dr. Ricardo Tacuchian. Compôs o Primeiro Concerto para Órgão e Orquestra do Brasil. Atualmente é Professor Adjunto de Órgão na Escola de Música da UFRJ.

 

* * *

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Repertório do progama

 

J. S. BACH (1685-1750)

Prelúdio e Fuga em Mi menor BWV 548

CÉSAR FRANCK (1822-1890)

 

Fantasia em Lá maior (1878)

RICARDO TACUCHIAN (1939)

Mestre Valentim no Largo do Carmo (2012 – Estreia Mundial)

MARCEL DUPRÉ (1886-1971)

 

Variations sur un vieux Noël Op.20

Concertos UFRJ: Carmela, de Araújo Vianna

Foto: Reprodução
Heitor_Vila-Lobos_(c._1922)
Vianna marcou a cultura musical do Sul do país.

Carmela, de Araújo Vianna, é o destaque desta semana de Concertos UFRJ. Personalidade musical mais importante de sua geração no Rio Grande do Sul, o compositor escreveu mais uma ópera e peças apreciáveis para piano, para canto e piano, para instrumentos de cordas e para orquestra.

Carmela, de Araújo Vianna, é o destaque desta semana de Concertos UFRJ. Personalidade musical mais importante de sua geração no Rio Grande do Sul, o compositor escreveu mais uma ópera e peças apreciáveis para piano, para canto e piano, para instrumentos de cordas e para orquestra.

 

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Araújo Vianna

 

José de Araújo Vianna nasceu em Porto Alegre em 1871 e, seguindo tradição familiar, estudou música desde criança, tornando-se um pianista e camerista atuante na vida cultural da cidade. Co-fundador da Orquestra Filarmônica Portoalegrense (1887), devido ao interesse pela composição, viajou em 1893 para Milão, Itália, onde estudou no Real Conservatório com Amintore Galli (1845-1919) e Vincenzo Ferroni (1858-1934) e, posteriormente, em Paris, com o compositor francês Jules Massenet (1842-1912). Retornou ao Brasil  quatro anos depois e se estabeleceu na capital gaúcha. Fundou então o Clube Haydn — instituição que desempenhou um papel importante no desenvolvimento da musica gaúcha. Excelente pianista preferiu se dedicar mais ao magistério e, eventualmente, ao acompanhamento de cantores. Realizou diversas viagens a Buenos Aires, São Paulo, além do Rio.

 

Em 1902 estreou a ópera “Carmela” no Teatro São Pedro, Porto Alegre, que  foi novamente encenada, agora no Teatro Lírico, do Rio de Janeiro, em 1906. Bem acolhida pelo público da então capital da república, alcançou mais quatro récitas. O compositor mereceu ainda um concerto dedicado a suas obras de câmara no Instituto Nacional de Música (INM), precursor da atual Escola de Música da UFRJ.

 

Em 1908 foi nomeado diretor do Conservatório de Porto Alegre, cargo do qual se licenciou anos depois por motivos de saúde.  Em 1909 viajou em tratamento para a França, retornando já quase paralítico. Em 1913 apresentou uma nova ópera, em três atos, “O Rei Galaor”, em versão de concerto no salão do Jornal do Comércio, no Rio de Janeiro, sob a regência do maestro Provesi. A obra somente foi estreada em sua versão cênica em 1922, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, após a morte do compositor, ocorrida em 1916. Academia Brasileira de Música o escolheu como patrono da cadeira nº 34.

 

Carmela

 

A primeira ópera do compositor permaneceu muitos anos sem ser ouvida, já que a partitura,bem como as partes instrumentais, se perderam. Apenas o manuscrito da redução para piano foi encontrado. A partir dele o maestro Ion Bressan, revisor da edição completa das obra de Vianna, a orquestrou novamente — versão apresentada por Concertos UFRJ. Deve-se o libreto a Leopoldo Brígido (1876-1947), poeta, jornalista e dramaturgo, e a versão italiana a Ettore Malagutti (1871-1925), pintor, desenhista, poeta e pianista ítalo-brasileiro.

 

A ação, em um ato, transcorre em uma aldeia de pescadores perto de Nápoles. Ruffo avista um barco que atraca na Ilha de Capri. Dele descem o Padre e Carmela, que vem visitar a mãe. Após o desembarque ele zomba de Renzo e do amor que este sente pela jovem. O Padre o repreende, louva a bondade dela e afirma que Renzo é homem digno. Logo mais o Padre consola Carmela e pergunta as causas dos seus sofrimentos. Ela responde que são consequências de uma infância marcada por pai bêbado que maltratava a mãe. Renzo suplica que Carmela aceite seu amor, mas a ela insiste que em seu coração há lugar apenas para a dor.

 

Após a saída de Carmela e do Padre. os pescadores se reúnem na praia ao som de uma tarantella. Ruffo, bêbado, volta a implicar com Renzo e insinua conhecer segredos de Carmela. É, então, desafiado por Renzo que, na luta, acaba traiçoeiramente apunhalado pelas costas. Mortalmente ferido clama por Carmela, que é trazida ao local. Desesperada, ela implora por sua vida e revela que sempre o amou. Renzo, tomado de profunda alegria, morre nos braços da amada.

 

A gravação apresentada traz nos papéis principais Adriana de Almeida, soprano, como Carmela; Juremir Vieira, tenor, como Renzo; Carlos Carzoglio, barítono, como Ruffo; e Ariel Cazes, como Padre. O Coro e a Orquestra são da Sinfônica da Porto Alegre (Ospa) dirigidos pelo maestro Ion Bressan.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Trilhas sonoras brasileiras em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
Heitor_Vila-Lobos_(c._1922)
Villa-Lobos foi um dos músicos brasileiros que se interessou pelo cinema.

A edição passada de Concertos UFRJ abordou a música para o cinema, com destaque para peças Gershwin e Prokofiev incluídas em trilhas sonoras de obras famosas. Nesta semana a atração é a música de concerto brasileira composta para as telas. No programa, duas suítes construídas a partir de trilhas anteriores: “Descobrimento do Brasil”, de Heitor Villa-Lobos, escrita para o filme homônimo de Humberto Mauro; e “Villa-Rica”, de Camargo Guarnieri.

A de Concertos UFRJ abordou a música para o cinema, com destaque para peças Gershwin e Prokofiev incluídas em trilhas sonoras de obras famosas. Nesta semana a atração é a música de concerto brasileira composta para as telas. No programa, duas suítes construídas a partir de trilhas anteriores: “Descobrimento do Brasil”, de Heitor Villa-Lobos, escrita para o filme homônimo de Humberto Mauro; e “Villa-Rica”, de Camargo Guarnieri.

 

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Descobrimento do Brasil

 

“Descobrimento do Brasil”, produzido em 1936, é um filme de Humberto Mauro (1897-1983), pioneiro do cinema brasileiro que influenciará a geração do chamado Cinema Novo, nos anos 1960. Em forma de documentário ficcional, narrado a partir de textos extraídos da Carta de Pero Vaz de Caminha, conta a chegada da frota portuguesa às costas brasileiras, em 1500. Para a cena da primeira missa, o cineasta reproduziu o conhecido quadro de Victor Meirelles. “Descobrimento do Brasil” representou o Brasil no Festival de Veneza de 1938.

 

O filme foi patrocinado pelo Instituto Nacional do Cinema Educativo (Ince), a primeira instituição voltada para esta área criada no país. A proposta, transformar o cinema em instrumento avançado de educação. O órgão foi fundado em 1936 e estava subordinado ao Ministério da Educação e Saúde Pública, cujo ministro era Gustavo Capanema. Seu primeiro diretor foi Edgard Roquette-Pinto, antropólogo e positivista identificado com o Estado Novo, que o dirigiu até 1947. Subjacente, o projeto da construção de um país “extraordinário”, forjado de cima para baixo, a partir do Estado, onde a natureza seria, mais uma vez, signo da nossa grandiosidade.

 

“Descobrimento do Brasil” é, portanto, um épico que conta uma história oficial, bem a gosto da ditadura varguista, embora tenha sido elogiado por ninguém menos que Graciliano Ramos, escritor que de forma alguma pode ser associado a esta matriz política. “Temos enfim um trabalho sério, um trabalho decente: a carta de Pero Vaz reproduzida em figuras, com admiráveis cenas, especialmente as que exibem multidão”, afirmou. A produção alacançou um grande êxito sendo largamente exibida.

 

A trilha sonora de Heitor Vila-Lobos (1887-1059), por sua vez, ressalta o caráter grandioso do filme. Da obra original, com duração de 90 minutos, o compositor extraiu mais tarde quatro suítes, sendo a última delas a mais comumente executada de forma independente nas salas de concertos.

Imagens: Reprodução
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O épico de Humberto Mauro foi restaurado em 1997 e está novamente disponível para os cinéfilos e estudiosos do cinema.

Dividida em duas partes; a primeira, “Procissão da Cruz”, remete ao momento em que os portugueses, após o desembarque, caminham pela nova terra. O coro masculino, que canta em latim, contrasta com o misto que entoa melodias originais indígenas recolhidas por Roquette Pinto. Na segunda, denominada “Primeira Missa no Brasil”, textos tradicionais eclesiásticos, como o “Tantum Ergo”, hino medieval atribuído a Tomás de Aquino, e “Kyrie”, uma das partes da missa, são sobrepostos às vozes femininas, que figuram as índias. Elas entoam sons onomatopaicos, à maneira de vocábulos tupis. Recurso, aliás, que Villa-Lobos adotará outras vezes, como no seu “Noneto” e no Choros no 10, “Rasga o Coração”.

 

A interpretação veiculada foi a do maestro Roberto Duarte à frente do Coro Filarmônico Eslovaco e da Orquestra Sinfônica da Rádio Eslovaca da Bratislava.

 

Suíte Villa-Rica

 

A Suíte Villa-Rica, do paulista Camargo Guarnieri, foi estruturada a partir de trechos da trilha sonora do filme “Rebelião em Villa-Rica”, produzido em 1957 pelos irmãos José Geraldo e José Renato Pereira, que desenvolveram carreira voltada para as tradições culturais de seu estado natal, Minas Gerais.

 

Foto: Reprodução
CamargoGuarnieri
Villa-Rica teria sido o único trabalho de Guarnieri para um longa-metragem.

O enredo conta a história (ficcional, mas baseada em fatos reais) de uma revolta de estudantes mineiros nos anos 1940, durante o Estado Novo, fazendo analogia desses acontecimentos com os da Inconfidência Mineira. Decorridos quase dois séculos, na mesma cidade e nos mesmos logradouros e edifícios históricos, um grupo de estudantes da Escola de Minas e Metalurgia de Ouro Preto, a antiga Villa-Rica, rebela-se contra a tentativa de transferência da faculdade para outra cidade e passa a conspirar contra os atos arbitrários da instituição. O líder estudantil é conhecido como Xavier e são seus companheiros o poeta Gonzaga, estudante, noivo de Marília, a musa inspiradora dos novos inconfidentes. O diretor da faculdade, Furtado, decreta o aumento das anuidades e a cobrança dos atrasados devidos pelos estudantes. Seus atos provocam uma onda de revoltas, que resulta na tentativa de ocupação da faculdade pelos universitários.

 

Da trilha original, Guarnieri (1907-1993) aproveitou dez números para a organização de sua suíte, mas reestruturou a ordem dos movimentos de modo a adequá-los a uma sala de concerto. A linguagem nacionalista típica do compositor é evidente. Estão presentes a seresta, a valsa e até um baião, com destaque para os solos de flauta, oboé e clarineta. A peça é instrumentada para grande orquestra, com a adição de instrumentos rítmicos brasileiros na seção da percussão. Todo o material temático é original, com exceção do quinto movimento, que aproveita uma melodia folclórica mineira. A estreia aconteceu no Rio de Janeiro em 1958, executada pela Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), com regência do próprio Guarnieri.

 

Já no programa, foi interpretada pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), sob a batuta de John Neschling.

 

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O mundo das trilhas sonoras em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
Prokofiev
Prokofiev em Nova York, 1918.

O programa desta semana destaca duas peças que fizeram parte de trilhas sonoras de filmes famosos e, ao mesmo tempo, entraram para o repertório  de concerto: “Um americano em Paris”, de George Gershwin; e “Alexander Nevsky”, de Serguei Prokofiev. Obras contrastantes, tanto quanto aos aspectos formais e musicais, como pelas circunstâncias em que foram criadas e intenções subjacentes.

O programa desta semana destaca duas peças que fizeram parte de trilhas sonoras de filmes famosos e, ao mesmo tempo, entraram para o repertório de concerto: “Um americano em Paris”, de George Gershwin; e “Alexander Nevsky”, de Serguei Prokofiev. Obras contrastantes, tanto quanto aos aspectos formais e musicais, como pelas circunstâncias em que foram criadas e intenções subjacentes.

 

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Gershwin

 

“Um americano em Paris” foi composto por encomenda da Orquestra Filarmônica de Nova York, em 1928, como uma espécie de poema-sinfônico que, segundo Gershwin, procura representar as impressões de um norte-americano ao conhecer a Cidade Luz. Temas característicos evocam o turista passeando pelos Champs-Elysées, sentando em um café no Quartier Latin em uma tarde parisiense, flanando pela capital francesa. Em certo momento, um blues nostálgico evoca os Estados Unidos, para logo a seguir ser interrompido por um charleston que retoma o clima frenético de Paris. É uma música leve, brilhante e contagiante, típica do autor da “Rapsody in Blue”.

 

Mais de duas décadas depois, em 1951, Vincent Minnelli incorporou várias canções de Gershwin à trilha sonora de um filme que dirigiu, protagonizado por Geny Kelly e Leslie Caron. Entre elas, “Um americano em Paris”, música adotada com certas liberdades para o número de dança central, o clímax da obra, que dura 16 minutos.  O musical, considerado um dos 25 melhores da história do cinema norte-americano, acabou recebendo o mesmo título da composição de Gershwin e ganhou nada menos que seis estatuetas do Oscar, incluindo as de melhor filme e melhor trilha. A gravação apresentada em Concertos UFRJ foi a da Orquestra Sinfônica de Chicago com a regência de James Levine.

 

Prokofiev

 

Já a cantata “Alexander Nevsky”, de Serguei Prokofiev, seguiu um percurso inverso. O compositor primeiro escreveu a trilha sonora para o filme de mesmo nome de Sergei Eisenstein e, mais tarde, extraiu dela sete movimentos para compor a peça. São duas obras grandiosas, o filme e a música. Curiosa parceria entre dois gênios, que colaborariam ainda nas duas partes de “Ivan, o Terrível”. Prokofiev ia todas as noites à casa de Eisenstein assistir às tomadas do dia e adequar a partitura. Por outro lado, há cenas, como confessou Eisenstein, que foram propositadamente montadas de acordo com a música de Prokofiev.

Fotograma: Reprodução
EisensteinBatalhaNoGelo  
Início da famosa sequência da Batalha do Gelo no filme de Eisenstein.

 

Como muitos dos melhores filmes de Eisenstein, “Alexander Nevsky” foi concebido como alegoria à situação política da União Soviética, então sob ameaça da Alemanha de Hitler. A trama se passa no século XIII. Em 1242, a Rússia sofria constantes invasões dos cavaleiros teutônicos, que haviam dominado a cidade Pskov, quando o príncipe Alexander Nevsky (vivido por Nicolay Cherkassov) se engaja na resistência armada e é aclamado comandante.

 

Depois de vários fracassos Nevsky e seu exército de camponeses conseguem finalmente vencer as tropas inimigas na batalha do Lago Peipus (conhecida como “A Batalha do Gelo”). Numa sequencia hoje considerada antológica, o heroísmo das tropas russas é sublinhado pela magnífica música de Prokofiev: o ímpeto guerreiro da cena permitiu que compusesse uma de suas melodias e orquestrações mais “bárbaras”.

 

Ironicamente, porém, o filme foi retirado de circulação, a mando de Stalin, por ocasião da assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop, em 1938, logo após ser finalizado. Em 1941, com a invasão dos exércitos nazistas, a situação política mudou drasticamente e a obra voltou às telas com enorme sucesso, tanto na URSS como internacionalmente.

 

Em 1939 Prokofiev reuniu alguns dos trechos principais de sua composição dando a ela o formato de uma cantata (Op. 78) para solo de mezzo-soprano, coro e orquestra; como, aliás, a costuma ser executada nas salas de concertos. Das 21 partes originais, o compositor selecionou sete: “A Rússia sob domínio mongol”; “A canção de Alexandre Nevsky”; “Os cavaleiros teutônicos em Pskov”; “As armas do povo russo”; “A Batalha do Gelo”; “Os campos da morte” e “A entrada de Alexandre Nevsky em Pskov”. A interpretação veiculada foi a de Elena Obraztsova, com o Coro e a Orquestra da Sinfônica de Londres, sob direção de Claudio Abbado.

 

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A música mexicana em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
Arturo Marques
Arturo Marquez, um dos compositores abordados no programa.

Um passeio pela música mexicana é a proposta desta semana de Concertos UFRJ. Muito diversificada, a produção do país bebe em diferentes matrizes culturais, em especial nas tradições dos povos indígenas da região e nas de origem europeia. No programa, obras de compositores como Manuel Ponce, Silvestre Revueltas, Carlos Chaves e Arturo Marquez, entre outros.

A música dos compositores latino-americanos foi tema de Concertos UFRJ em duas ocasiões. A focou os compositores venezuelanos. O programa desta semana convida a um passeio pela música mexicana que, bastante diversificada, comporta uma gama de diferentes matrizes culturais, em especial a das tradições dos povos indígenas da região e as de origem europeia.

 

Felipe Villanueva e Juventino Rosas

 

Felipe Villanueva, violinista e compositor, nasceu em 1862 e faleceu, ainda jovem, em 1893. Apesar do pouco tempo de vida deixou várias composições orquestrais e peças de fôlego, entre elas algumas óperas. A “Vals Poético”, apresentada pelo programa com a Orquestra Festival do México sob a regência de Enrique Bátiz, é a mais conhecida delas. Possui uma melodia fluente e evocativa, sendo uma das poucas a se manter no repertório.

 

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Como Villanueva, Juventino Rosas teve vida curta. Nasceu em 1868 e faleceu com 26 anos em 1894. Suas valsas agradam bastante ainda hoje e costumam ser executadas em concertos populares, ao lado das de Johann Strauss. Entre elas, o programa destacou “Sobre las olas” (Sobre as ondas). A interpretação, mais uma vez, coube à Orquestra Festival do México sob a regência de Enrique Bátiz.

 

Manuel Ponce

 

Apesar no sucesso internacional se sua canção “Estrellita”, Manuel Ponce é  reconhecido por sua vasta produção para o violão. Ponce nasceu no estado de Zacatecas, em 1882, e morreu em 1948. Um dos mais importantes compositores nacionalistas mexicanos, adotou com frequência elementos da música popular. De Manuel Ponce Concertos UFRJ pinçaram a gravação do primeiro movimento da “Sonatina Meridional” com o violonista francês Gerard Abiton.

 

Silvestre Revueltas

 

No século XX o México foi dos países latino-americanos onde a escola nacionalista mais floresceu. O compositor Silvestre Revueltas, um dos mais originais a seguir esta vertente, produz uma obra marcada por impressionante variedade rítmica. Nasceu em 1899 no estado de Durango e estudou no Conservatório Nacional de Música da Cidade do México e, posteriormente, na Faculdade de Música de Chicago. Organizou festivais de música contemporânea em seu país e ocupou posições importantes na vida musical mexicana. Faleceu prematuramente em 1940.

 

“Sensemayá” (canto para matar uma serpente), certamente sua composição mais importante, toma por base um poema de mesmo nome do poeta cubano Nicolás Guillénente. Os ritmos marcados em compassos de sete tempos dão à obra um impulso irresistível. “Sensemayá” foi apresentada na versão da Orquestra Filarmônica de Nova York, tendo à frente o famoso maestro Leonard Bernstein.

 

Blas Galindo

 

Nascido em 1910 em uma aldeia remota na região de Jalisco, Blas Galindo começou relativamente tarde seus estudos musicais. O talento e a dedicação fizeram, porém, com que dominasse em pouco tempo uma grande variedade de técnicas composicionais. Foi diretor do Conservatório Nacional de Música da Cidade do México e membro da Academia Mexicana de Artes. Sua peça mais conhecida “Sones de Mariachi”, escrita para o Museu de Arte Moderna de Nova York, utiliza temas tradicionais mexicanos. O programa levou ao ar a interpretação de Enrique Bátiz com a Orquestra Festival do México.

 

Carlos Chaves

 

Compositor mexicano de maior projeção no século XX, Carlos Chaves viveu entre 1899 e 1978. Sua “Sarabanda para cordas” faz parte da suíte do ballet “La Hija de Cólquide”, escrita em 1943 para a companhia de Martha Graham. A versão, mais uma vez, a da Orquestra Festival do México com o maestro Enrique Bátiz.

 

Pablo Moncayo

 

“Huapango”, de José Pablo Moncayo, talvez seja a peça de autor mexicano mais executada pelas orquestras em todo o mundo. O compositor nasceu na cidade de Guadalajara em 1912 e, em uma viagem na companhia de Blas Galindo à região de Alvarado, recolheu canções de ritmos variados do povo de Huapango, que desenvolveu posteriormente numa partitura onde esses temas populares passeiam por toda a orquestra, com destaque para os solos de trompete e trombone. A gravação que foi ao ar trouxe o maestro Maximiano Valdes à frente da conhecida Orquestra Sinfônica Simon Bolívar da Venezuela.

 

Arturo Marquez


O último compositor abordado, Arturo Marquez, é um dos maiores da atualidade latino-americana.  Nasceu em 1950 e, ao longo da carreira, recebeu inúmeros prêmios internacionais e condecorações em seu país. Sua formação musical inclui estudos no México, nos Estados Unidos e na França.

 

No início dos anos 1990 começou a escrever sua série de “Danzones” em que utiliza temas cubanos e da região mexicana de Veracruz como base. A mais executada dessas peças, a Danzón no. 2, acabou popularizada pela Orquestra Sinfônica Simón Bolívar da Venezuela que, em suas tournées pelos Estados Unidos e Europa com o maestro Gustavo Dudamel, a executou com frequência. A interpretação veiculada foi, porém outra, a Orquestra Sinfônica de Minería, sob a direção de José Arcam.

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Mário Tavares em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
Mário Tavares
Tavares na Alemanha, em frente à ca­­sa de Beethoven.

Concertos UFRJ desta semana relembram a carreira e a obra do maestro Mário Tavares, um dos mais importantes regentes brasileiros da segunda metade do século passado e compositor engajado na estética nacionalista. De origem nordestina, sua vida profissional se desenvolveu principalmente no Rio, cidade para onde se transferiu nos anos 1940.

Concertos UFRJ desta semana relembram a carreira e a obra do maestro Mário Tavares, um dos mais importantes regentes brasileiros da segunda metade do século passado e compositor engajado na estética nacionalista. De origem nordestina, sua vida profissional se desenvolveu principalmente no Rio, cidade para onde se transferiu nos anos 1940.

 

Mário Tavares nasceu em 1928 em Natal, Rio Grande do Norte. De uma família de músicos, já aos sete anos, estudava violoncelo com o professor Tommaso Babini. Com 16, ingressou na orquestra sinfônica do Recife, Pernambuco.

 

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Já no Rio, cursou violoncelo, composição, instrumentação e regência na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, atual Escola de Música da UFRJ, onde estudou, entre outros, com Francisco Mignone. Aqui, em 1947, ingressou, como violoncelo concertino, na OSB, onde ficou até 1960, participando ainda de sua comissão artística.

 

Em 1957 fundou a orquestra de câmara da Rádio MEC, dirigindo-a até 1968. E, após aperfeiçoamento, de 1958 a 1960, com o maestro chileno Victor Tevah, foi nomeado regente titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal no Rio de Janeiro, cargo que desempenhou por 38 anos até sua aposentadoria em 1998.

 

Conduziu também alguns dos mais famosos solistas nacionais e internacionais como Aldo Parisot, Nelson Freire, V. Ghiorgiu, Giorgy Sandor, Mtslav Rostropovich, Paula Seibel e Nina Beylina, e foi o principal maestro no Festival Internacional da Canção Popular da TV Globo, de 1967 a 1975 e do Festival de Música Contemporânea, de 1969 a 1970.

 

Considerado pela crítica como um dos mais autorizados intérpretes e divulgadores da obra sinfônica de Villa-Lobos, regeu, entre outras, a estreia mundial do “Gênesis”, e as primeiras audições de “Floresta do Amazonas”, “Rudá” e da “Fantasia Concertante” para orquestra de violoncelos. Além disso, por 16 anos teve a frente dos festivais e concursos internacionais do Museu Villa-Lobos.

 

Mário Tavares também conduziu várias primeiras audições de outros importantes autores brasileiros, a exemplo das óperas “O chalaça” (1976) e “Sargento de milícias” (1978), de Francisco Mignone, “Gabriela”, bailado de Ronaldo Miranda (1983), “Romance de Santa Cecília”, oratório de Edino Krieger.

 

Sua carreira internacional o levou a países da Europa e América Latina, além dos Estados Unidos. Algumas de suas obras conquistaram prêmios importantes. Em 1959, o oratório “Ganguzama” obteve o primeiro lugar do concurso dedicado ao cinquentenário do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Outras premiaçõe incluem os concursos de música de câmara da Rádio MEC, também em 1859, o de música para bailado da secretaria de cultura do então Estado da Guanabara, em 1963, e o do quarto centenário da cidade do Rio de Janeiro, em 1965, com a cantata “Rio, a Epopeia do Morro”.

 

Além de membro honorário vitalício de várias orquestras estrangeiras, tornou-se membro da Academia Brasileira de Música em 1988, ocupando a cadeira 30, cujo patrono é Alberto Nepomuceno.

 

Em 1995 recebeu o Prêmio Nacional da Música do Ministério da Cultura na categoria regente e em 1998, por ocasião do seu aniversário de 70 anos, foi homenageado com um concerto especial dedicado a suas obras, evento promovido pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro e pela Escola de Música da UFRJ, instituição na qual foi professor visitante e da qual recebeu o título de doutor honoris causa em 2002, ano de sua morte.

 

Das suas obras, o programa destacou “Potiguara”, na interpretação da Orquestra de Câmara da Rádio MEC, tendo o próprio Mário Tavares como regente; o “Quinteto para instrumentos de Sopro”, com o Quinteto Villa-Lobos; o “Concertino para flauta, fagote e orquestra de cordas”, com Eduardo Monteiro (flauta), Aloysio Fagerlande (fagote) e a Orquestra Sinfônica da UFRJ sob o comando de André Cardoso. Finalizando, edição mostrou a gravação ao vivo (2010) do seu “Divertimento para 11 instrumentos de sopro” com o Quinteto Experimental de Sopros da UFRJ em apresentação no Castelo de Gottesaue em Karlsruhe (Alemanha) que contou com a participação de alunos da Universidade de Karlsruhe.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Concertos UFRJ: Così fan tutte, de Wolfgang Amadeus Mozart

Reprodução
Mozart
Mozart, retrato de Christian Ludwig Vogel, 1783.

Aproveitando que o projeto Ópera na UFRJ leva à cena, a partir do dia 05 de julho, Così fan tutte, de W. A. Mozart, Concertos UFRJ desta semana destacam alguns trechos do primeiro ato deste divertidíssimo “dramma giocoso” – criação emblemática do compositor austríaco, uma das personalidades mais originais da música de todos os tempos

Aproveitando que o projeto Ópera na UFRJ leva à cena, a partir do dia 05 de julho, Così fan tutte, de W. A. Mozart, Concertos UFRJ desta semana destacam alguns trechos do primeiro ato deste divertidíssimo “dramma giocoso” – criação emblemática do compositor austríaco, uma das personalidades mais originais da música de todos os tempos.

 

A produção operística de Mozart (1756-1791) chegou ao ápice em parceria com o libretista Lorenzo Da Ponte. A dupla nos legou três títulos que representam o melhor da produção do século XVIII: Le nozze di Figaro, Così fan tutte e Don Giovanni.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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O compositor possuía uma habilidade especial para caracterizar musicalmente cada personagem, sentimentos e situações dramáticas. O libreto de Così fan tutte, ossia La scuola degli amanti (“Assim fazem todas, ou A escola dos amantes”, em italiano), que em uma abordagem superficial pode parecer frívolo ou desprovido de interesse, é, na verdade um presente para a criatividade dos intérpretes. A alternância de situações dramáticas exige dos cantores nuances de interpretação e capacidade para contrastar os sentimentos reais, que mudam ao longo da trama, com momentos de paródia e disfarce, típicos da ópera buffa e cujas raízes mergulham na tradição do teatro popular e da Commedia dell’arte.

 

Há personagens riquíssimos. O cético e malicioso Don Alfonso, manipulador das demais e capaz de explorar como ninguém as fragilidades humanas; as irmãs Dorabella e Fiordiligi, que se deixam seduzir menos ou mais facilmente; Guglielmo e Ferrando, os amantes convictos da fidelidade de suas amadas e que acabam desiludidos; e, por fim, Despina, a empregada cúmplice de Don Alfonso sempre pronta a tirar proveito de qualquer situação. A trama, que envolve a troca dos casais, momentos de sedução, traição e reconciliação, de certa forma, deixa mais dúvidas que certezas, pois, apesar de reconciliados, paira sobre eles certa sombra de dúvida. Afinal, como faz questão de afirmar Don Alfonso: por hábito, vício ou necessidade do coração ASSIM FAZEM TODAS (ou todos!).

 

A gravação ao vivo no Teatro Comunale, de Ferrara, 1992, traz o maestro John Eliot Gardiner a frente do The English Baroque Soloists e do Coro Monteverdi. Os solistas são Amanda Roocroft, como Fiordiligi, Rodney Gilfry, como Guglielmo, Rosa Mannion, como Dorabella, Rainer Trost, como Ferrando, Eirian James, Despina, e Carlos Feller, como Don. Alfonso.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Così fan tutte

 

Wolfgang Amadeus Mozart
Libreto de Lorenzo Da Ponte

CD

Personagens

 

 

Fiordiligi (dama de Ferrara e noiva de Guglielmo): soprano

Dorabella (irmã de Fiordiligi e noiva de Ferrando): mezzo-soprano

Guglielmo (jovem oficial militar): barítono

Ferrando (jovem oficial militar): tenor

Despina (criada das irmãs Fiordiligi e Dorabella): soprano

Don Alfonso (amigo solteirão): baixo

 

Ato I


Cena 1

A cena abre num café de Nápoles. Dois jovens oficiais, Ferrando e Guglielmo, louvam a fidelidade das suas noivas – as irmãs Dorabella e Fiordiligi – diante do ceticismo do seu amigo Don Alfonso, para quem a constância feminina é na verdade um mito: nunca ninguém viu, só se ouve falar. Os jovens reagem às provocações de Don Alfonso ofendidos, mas acabam por aceitar uma aposta do velho amigo, comprometendo-se a seguir rigorosamente seu plano durante um dia inteiro para comprovar ou não a fidelidade de suas amadas.

 

Cena 2

Num jardim à beira-mar em sua casa de campo, Fiordiligi e Dorabella contemplam os retratos dos seus bem-amados e se gabam da sua felicidade nutrida pelo amor aos jovens oficiais. Entra Don Alfonso, com dissimulada preocupação, para anunciar às duas irmãs uma grave notícia: Ferrando e Guglielmo foram convocados e partirão para a guerra. Nesse momento entram os dois jovens, vestidos para a suposta viagem; os casais despedem-se com promessas de eterna lealdade, enquanto Don Alfonso contém a custo o riso diante desta patética cena de despedida. Ao som de uma marcha com coro partem Ferrando e Guglielmo, deixando as jovens inconsoláveis.

 

Cena 3

No salão da casa, Despina, camareira das irmãs, queixa-se da dureza de seu trabalho enquanto prepara para suas amas um chocolate quente. Estas entram, aos prantos, querendo morrer de desgosto. Despina fica espantada com tamanha reação das patroas, e diz a elas que devem aproveitar e se divertir com outras companhias na ausência dos amados, pois os dois – na verdade todos os homens, ainda mais soldados – não se manterão fiéis a elas. Despina sai de cena seguida pelas duas patroas, furiosas com tais comentários. Don Alfonso entra e lamenta, cinicamente, a tristeza das duas irmãs e a ingenuidade dos crédulos rapazes que agora, disfarçados, devem conquistar a esposa um do outro sem que estas percebam suas verdadeiras identidades. O velhaco teme, no entanto, que, sem a ajuda da camareira, ela possa estragar sua farsa; nada que algumas moedas não possam comprar a aceitação de Despina em colaborar com seu plano. Sob disfarce de albaneses, Ferrando e Guglielmo cortejam de imediato cada um a noiva do outro. As irmãs e Despina não os reconhecem e as duas nobres ofendem-se e não cedem aos galanteios dos estranhos amigos de Don Alfonso, saindo energeticamente de cena. Guglielmo e Ferrando ficam mais do que nunca convencidos da lealdade das suas amadas, ao que Don Alfonso lembra que eles devem permanecer sob suas ordens até o fim do dia.

 

Cena 4

Fiordiligi e Dorabella estão no jardim, lamentando a ausência dos esposos, quando os albaneses e Don Alfonso surgem manifestando desespero diante a frieza das jovens perante suas declarações amorosas.  Os jovens simulam a ingestão de um veneno e, enquanto Fiordiligi e Dorabella exprimem a sua aflição por tal gesto, Despina, a pedido de Don Alfonso, sai em busca de um médico para curar os jovens apaixonados. Chega o doutor – é Despina sob um improvisado disfarce -, que encena uma cura, mais improvisada ainda, com um metal cujo magnetismo liberta os pacientes de todos os males. Aproveitando a simpatia que sentem ter despertado nas jovens com a sua suposta tentativa de suicídio, Ferrando e Guglielmo pedem-lhes um beijo, mas este pedido é recusado com altivez.

 

Ato II


Cena 1

Despina tenta convencer suas amas de que devem corresponder sem remorsos ao amor dos dois albaneses, explicando-lhes que uma mulher tem de saber, desde os quinze anos, a arte de manipular quem elas quiserem. Quando a criada sai, as duas irmãs confessam uma à outra que começam a sentir algum interesse pelos falsos albaneses e cada uma delas escolhe aquele que mais lhe agrada: Dorabella prefere o albanês moreno (Guglielmo), enquanto Fiordiligi simpatiza com o albanês louro (Ferrando).

 

Cena 2

Novamente no jardim, Ferrando e Guglielmo fazem uma serenata às duas irmãs. Às suas declarações de amor juntam-se os argumentos favoráveis de Don Alfonso e Despina, o que surte algum efeito. A sós com Guglielmo, Dorabella cede por fim às suas propostas amorosas, e aceita mesmo que este lhe ofereça um pingente em forma de coração e substitua o medalhão com o retrato de Ferrando que até agora trazia consigo. Ferrando, por sua vez, declara também o seu amor a Fiordiligi, mas esta ainda mantém sua recusa. Os dois amigos encontram-se e partilham o resultado das suas investidas. Face à traição de Dorabella, Ferrando quer se vingar, mas Guglielmo o detém. Don Alfonso intervém dizendo restar ainda mais um teste a ser feito com as moças.

 

Cena 3

A sós com Despina, Dorabella reconhece que ama o albanês/Guglielmo. Fiordiligi entra em seguida, revolta-se com a atitude da irmã, mas admite com desgosto que ela própria ama o albanês/Ferrando, assim como ama ainda Guglielmo. Dorabella consola-a, explicando-lhe que não há maneira de resistir ao amor e sai com a criada. Fiordiligi fica só e resolve resistir às suas próprias inclinações, vestir um uniforme de soldado e juntar-se a Guglielmo no campo de batalha. Estes preparativos são, contudo, surpreendidos por Ferrando, disfarçado, que decide tentar de novo conquistar a jovem. Neste novo encontro, Fiordiligi já não consegue mais resistir e cede às declarações de Ferrando. Guglielmo e Ferrando, a sós com Don Alfonso, percebem que foram traídos. O amigo procura consolá-los afirmando que Fiordiligi e Dorabella não são exceções e que é assim que fazem todas as mulheres. Chega Despina anunciando que as duas irmãs estão prontas a desposar os dois albaneses e se prontifica a ir buscar o notário para celebrar a cerimônia.

 

Cena 4

Despina acaba de preparar toda a cerimônia. Os dois casais de noivos entram, são saudados pelo coro de criados e sentam-se à mesa. Don Alfonso apresenta o notário, mais uma vez Despina disfarçada, que celebra o casamento com uma grandiloquência jurídica que ninguém entende. Uma vez assinado o contrato matrimonial, ouve-se o coro militar, o mesmo da partida dos oficiais. Desesperadas, as irmãs pedem para os albaneses se esconderem, e isso permite que Don Alfonso anuncie o regresso iminente dos dois noivos que haviam partido para a guerra. Ferrando e Guglielmo entram assumindo as suas verdadeiras identidades e são recebidos com grande embaraço por Fiordiligi e Dorabella. Percebem Despina ainda vestida de notário e, ao verem os contratos matrimoniais, acusam as duas irmãs de traição. Don Alfonso intervém então para explicar que agora que a verdade foi reposta e que a ingenuidade expressa pelos amantes no início de toda a aventura ficou bem evidente, não há razão para que não se dê uma reconciliação geral, com base na compreensão das fraquezas e limitações humanas.

Concertos UFRJ em clima de Rio+20

Foto: Reprodução
Respighi
Respighi, como muitos outros compositores, se inspirou na natureza.

Aproveitando o interesse despertado pela Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorrerá de 20 a 22 de junho na cidade, Concertos UFRJ destacam nesta semana diferentes formas de representação musical da natureza.

Aproveitando o interesse despertado pela Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorrerá de 20 a 22 de junho na cidade, Concertos UFRJ destacam nesta semana diferentes formas de representação musical da natureza. No programa, obras de Dvorak, Respighi, Smetana e Villa-Lobos mostram como as florestas, rios, mares e animais do planeta vêm fascinando, desde sempre, criadores das mais variadas orientações e inclinações estéticas.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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A Abertura “No reino da natureza”, op. 91, escrita em 1891 e estreada no ano seguinte em Praga pelo compositor checo do período romântico Antonín Dvo?ák (1841-1904) foi primeira obra selecionada pelo programa. Tendo sido suscitada pelas emoções de uma caminhada solitária por prados e bosques da sua amada Boêmia, é a primeira parte de uma trilogia que escreveu e inclui ainda a Abertura Carnaval, op. 92, e Othello, op. 93. A interpretação, a do regente Rafael Kubelik, à frente da Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara.

 

Já o italiano Otorino Respighi (1879-1936), que além de compositor foi um  musicólogo importante, escreveu em 1927 uma suíte para pequena orquestra intitulada “Gli Uccelli” (Os Pássaros) tomando como base temas de músicos ingleses, franceses e italianos do século XVII. Após um prelúdio, Respighi desenvolve os movimentos intitulados A Pomba, baseado em melodia do francês Jacques Gallot, A galinha, inspirado em conhecido tema de Rameau, O Rouxinol, de autor anônimo inglês e O Cuco, a partir de uma toccata do também italiano Bernardo Pasquini. A gravação selecionada foi a da famosa Academia de Saint Martin in the fields, conduzida pelo seu fundador, o maestro e violinista Neville Marriner.

 

Como os pássaros, os rios suscitaram inúmeras criações musicais. O Reno, na Alemanha, aparece em diversas obras de Schumann e Wagner, o Danúbio, na Áustria, dá nome a uma das mais conhecidas valsas de Strauss e para um desfile de barcos no Tâmisa, em Londres, Haendel escreveu sua famosa Música Aquática. Desta diversificada produção, Concertos UFRJ pinça o poema sinfônico “Vltava” (O Moldavia), que o compositor tcheco Bed?ich Smetana escreveu em 1874 como parte do seu ciclo de seis peças intitulado “Má Vlast” (Minha Terra). Criado quando já padecia de completa surdez, o que o aproxima de mestres como Ludwig van Beethoven e Fauré, nos primeiros compassos as flautas traduzem o murmúrio dos filetes de água dos riachos que se unem para formar a cabeceira do rio que, aos poucos, se vai adensando. A partitura, de cunho descritivo, sugere o seu curso por diferentes regiões do país: surgem as caçadas nos bosques e um casamento camponês em ritmo de dança popular. O movimento inicial é retomado, mas de forma turbulenta, exprimindo corredeiras que desembocam em cachoeiras. Já perto do fim, quando da chegada do Moldavia à Praga, o tema ganha uma orquestração grandiosa, para logo a seguir, em um diminuendo encantador, os violinos solitários indicarem que ele segue seu curso até se perder no horizonte. A  Orquestra Filarmônica de Viena, sob a direção de James Levine, apresenta a obra.

 

A exuberante paisagem brasileira não poderia ficar de fora de em um programa dedicado à natureza. Assim, com os votos de que a Rio+20 traga avanços efetivos e a certeza de que somente um desenvolvimento sustentável poderá garantir uma saída digna para o nosso planeta e as vidas que nele habitam, Concertos UFRJ encerram a edição da semana com o poema sinfônico “Alvorada na Floresta Tropical” escrito por Heitor Villa-Lobos (1887-1959) em 1953. Afinal, ninguém melhor do que nosso maior compositor cantou de forma tão original o esplendor de nossas matas, rios e gentes. A gravação, datada de 1954, foi a da Orquestra de Louisville, tendo à frente o maestro Robert Whitney.

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Concertos UFRJ: a música colonial do Rio de Janeiro

Reprodução
Sigismund von Neukomm
Neukomm foi um dos primeiros a valorizar a música popular do Brasil.

Concertos UFRJ encerram a série de quatro programas dedicada a musica no Brasil do período colonial. Nas edições anteriores foram abordadas as experiências de Minas Gerais, do Nordeste e de São Paulo, nesta semana o destaque são os compositores que viveram na virada do século XVII para o XVII no Rio de Janeiro.

Concertos UFRJ encerram a série de quatro programas dedicada a musica no Brasil do período colonial. Nas edições anteriores foram abordadas as experiências de , nesta semana o destaque são os compositores que viveram na virada do século XVII para o XVII no Rio de Janeiro – cidade elevada em 1763 à condição de capital da colônia por iniciativa do polêmico ministro português Marques de Pombal.

 

podcast

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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Infelizmente, quase nada restou do que aqui se escreveu na primeira metade dos setecentos, o que dificulta a compreensão da vida cultural da cidade e não permite uma avaliação mais cuidadosa de sua qualidade. São conhecidos os nomes de  alguns compositores, como Antônio Nunes de Siqueira, Salvador José de Almeida Farias e o Manuel da Silva Rosa, mas as sua obras acabaram perdidas. De Silva Rosa, por exemplo, a pesquisa musicológica conseguiu recuperar apenas uma peça para coro, que não foi, porém, gravada.

 

A obra carioca mais antiga com registro fonográfico parece ser a Antífona “Tota Pulcra es Maria”, de José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), compositor que já mereceu um de Concertos UFRJ. Escrita em 1783, quando o contava apenas 16 anos e destinada à novena de Nossa Senhora da Conceição, é a primeira partitura que se conhece deste músico extraordinário. O manuscrito, que faz parte do acervo da Biblioteca da Escola de Música da UFRJ, prevê um soprano solo, uma flauta solista e orquestra de cordas. A gravação veiculada foi a do conjunto Vox Brasiliensis dirigido por Ricardo Kanji.

 

Marcos Portugal (1762-1830), que se estabeleceu na cidade em 1811, a serviço do Príncipe-Regente, e aqui permaneceu mesmo após a partida de Dom João VI, representa um capítulo à parte. Sua influência foi enorme e marcou a cena musica como nenhum músico de seu tempo, além de estabelecer um padrão estético para os contemporâneos. Concertos UFRJ dedicaram recentemente dois à sua obra, aproveitando as comemorações, em 2012, dos 250 anos de seu nascimento. Portugal se destacou na Europa, sobretudo, como compositor de ópera. No Rio, acabou se dedicando mais música sacra. Dessa produção de cunho religioso sobressai o Requiem que escreveu em 1816 para os funerais de Dona Maria I. Desta obra, o programa apresentou os quatro números iniciais. A interpretação, a da Cia. Bachiana Brasileira, com a Orquestra Sinfônica da UFRJ dirigida pelo maestro Ricardo Rocha regendo.

 

O compositor e pianista austríaco Sigismund von Neukomm (1778-1858) foi um dos muitos músicos atraídos pelo florescimento cultural provocado pela presença da Corte. Veio com a comitiva do Duque de Luxemburgo, diplomata francês, e aqui ficou de 1816 a 1821 até retomar a vida de músico-errante, sempre curioso de países e terras estranhas. Entre nós escreveu peças de gêneros então pouco praticados, como a música de câmara, e foi pioneiro no aproveitamento de melodias populares brasileiras, a exemplo de sua fantasia L’amoureux, para flauta e pianoforte em três movimentos, de 1819. A obra desenvolve um tema de Joaquim Manoel Gado da Câmera, músico popular de quem, aliás, fará mais tarde a harmonização de 20 modinhas. A interpretação levada ao ar foi a de Rozana Lancelotti, ao pianoforte, e Ricardo Kanji, à flauta.

 

Encerrando a edição desta semana, o programa apresentou os duetos concertantes que Gabriel Fernandes da Trindade (c.1799-1854) escreveu para tocar com seu professor Francesco Ignacio Ansaldi, um italiano com quem estudou violino por indicação do Príncipe-Regente. Outro exemplo de música de câmara praticada na sociedade carioca, a composição data provavelmente de 1814. O programa apresentou dois movimentos do primeiro dueto, na interpretação do duo formado por Maria Ester Brandão e Koiti Watanabe.

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Do clássico ao choro em Concertos UFRJ

Foto: Divulgação
mariahelena-b
Maria Helena de Andrade, piano sem preconceitos.

A edição desta semana de Concertos UFRJ reprisa o especial dedicado ao lançamento do importante CD “Brasil: do clássico ao choro”, de Maria Helena de Andrade. Sem preconceitos, a pianista convida a um passeio por diferentes fazes e estilos da nossa música.

A edição desta semana de Concertos UFRJ reprisa o especial dedicado ao lançamento do importante CD “Brasil: do clássico ao choro”, de Maria Helena de Andrade. Sem preconceitos, a pianista convida a um passeio por diferentes fazes e estilos da nossa música.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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Natural de Belém, Maria Helena diplomou-se em piano pelo Conservatório Carlos Gomes (CONSCG) daquela cidade, em 1965. Mais tarde transferiu-se para o Rio, a fim de continuar os estudos. Aqui se aperfeiçoou com Oriano de Almeida, Homero de Magalhães e Glória Maria da Fonseca Costa. Mestre em Música pela UFRJ, em 1984, foi aluna de Jacques Klein e Heitor Alimonda, tendo defendido tese sobre Francisco Mignone, que escreveu uma suíte especialmente para servir de tema à sua pesquisa.

 

Como solista e camerista, exerce intensa atividade, atuando, com sucesso, nas mais renomadas salas de concerto do país, além de se apresentar em diversos países da Europa, nos Estados Unidos e no México. Foi durante anos professora da Escola de Música e, atualmente, leciona dos Seminários de Música ProArte. Integra também, com Sônia Maria Vieira, o Duo Pianístico da UFRJ e, com Aizik Geller e Maria Célia Machado, o Trio D’Ambrosio. Ao longo da carreira recebeu inúmeros prêmios, medalhas e títulos.

 

O CD “Brasil: do clássico ao choro” é uma produção da série Música no Museu, com apoio do governo do Rio de Janeiro, através da sua secretaria de cultura. Das 22 faixas, o programa apresentou Seguida, de Francisco Mignone; quatro miniaturas da série Guia Prático, de Villa-Lobos; Hommage à Chopin, do mesmo compositor, escrita em 1949 sob encomenda da Unesco por ocasião do centenário de morte do grande mestre do piano do séc. XIX; Dança Negra, de 1946, e o Ponteio 49, do ciclo de 50 peças para piano de Camargo Guarnieri.

 

De caráter mais popular, a Valsa Nina e o Choro Manhoso de Edino Krieger; e Brejeiro, Odeon e Apanhei-te, cavaquinho, de Ernesto Nazareth – autor que, na virada do séc. XIX para o XX usou as danças de salão europeias e o pianismo de Chopin para construir uma obra que é quase sinônimo de brasilidade e com forte sotaque carioca.  Por fim, uma das nossas mais conhecidas melodias: Tico-tico no fubá, de Zequinha de Abreu, música que encerra o CD em grande estilo.

 

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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BRASIL: DO CLÁSSICO AO CHORO

 

Maria Helena de Andrade

 

cddoclassicoaochoro300

 

ALBERTO NEPOMUCENO
Suíte Antiga, op. 11.
1. Prelúdio, 1:30
2. Minueto, 4:56
3. Ária, 4:26

FRANCISCO MIGNONE
Seguida
4. Temperando, 2:09
5. Outra lenda sertaneja, 2:51
6. Beliscando forte, 2:19
7. Valsa que não é de esquina, 3:51
8. Batuque batucado, 2:31

VILLA-LOBOS
Guia Prático
9. A maré encheu, 2:11
10. Sinh’Aninha, 0:44
11. Pai Francisco, 1:08
12. Na corda da Viola, 2:08
Hommage à Chopin
13. Nocturne, 2:33
14. Ballade, 5:24

CAMARGO GUARNIERI
15. Dança Negra, 4:16
16. Ponteio no 49 (Torturado), 2:22

EDINO KRIEGER

17. Nina (Valsa), 2:58
18. Choro Manhoso, 1:41

ERNESTO NAZARETH
19. Brejeiro, 2:13
20. Odeon, 2:47
21. Apanhei-te, cavaquinho, 2:23

ZEQUINHA DE ABREU
22. Tico-tico no fubá, 2:33