Concertos UFRJ: CD reúne obras de Edino Krieger para orquestra de

Foto: Divulgação
edino190
Obra para cordas do compositor ga­nha interpretação da OCSL.

Concertos UFRJ destacam esta semana o mais novo CD da Orquestra de Câmara Solistas de Londrina (OCSL). Intitulado “Retratos Brasileiros” e integralmente dedicado à obra de Edino Krieger, que além de compositor e músico é produtor e crítico musical, foi gravado em 2011 e lançado recentemente. O disco reúne peças escritas durante os anos 1950 para orquestra de cordas, o chamado período nacionalista de Krieger.

Concertos UFRJ destacam esta semana o mais novo CD da Orquestra de Câmara Solistas de Londrina (OCSL). Intitulado “Retratos Brasileiros” e integralmente dedicado à obra de Edino Krieger, que além de compositor e músico é produtor e crítico musical, foi gravado em 2011 e lançado recentemente. O disco reúne peças escritas durante os anos 1950 para orquestra de cordas, o chamado período nacionalista de Krieger.

 

Este é o quinto CD da orquestra e conta com patrocínio da Petrobrás e da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Criada em 1998, a OCSL é atualmente composta por treze excelentes instrumentistas de Londrina que têm como proposta a divulgação da música de câmara, com especial atenção para a produção brasileira. A direção musical é de Evgueni Ratchev, violinista que comanda o grupo e atua como seu spalla.

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Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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Edino Krieger

 

Considerado um dos maiores músicos da atualidade, Edino Krieger nasceu em Brusque, Santa Catarina, em 1928. Sua formação inicial foi feita com o pai, o também compositor Aldo Krieger. O violino foi o seu instrumento, tendo feito diversas apresentações ainda menino. Após um recital, quando tinha 14 anos, Edino Krieger ganhou uma bolsa do governo do estado para vir para o Rio e estudar no Conservatório Brasileiro de Música, onde foi aluno de Hans Joaquim Koellreuter. Em 1948 foi escolhido em concurso para estudar com Aaron Copland, no Berkshire Music Center de Massachussets, Estados Unidos, onde assistiu aulas também com Darius Milhaud. Em seguida estagiou por um ano na Juilliard School of Music de Nova Iorque, na classe de composição de Peter Mennin. Após os estudos nos Estados Unidos, Krieger voltou ao Brasil e iniciou uma atividade como produtor na Rádio MEC e de crítico no jornal A Tribuna da Imprensa.

 

Edino Krieger estudou também na Royal Academy of Music de Londres, orientado por Lennox Berkeley e na qualidade de bolsista do Conselho Britânico.

 

A obra do compositor se desenvolveu a partir de uma estética impressionista, expressa, por exemplo, no “Improviso para flauta solo”, de 1944, para chegar ao serialismo de obras como “Trio de Sopros”, de 1945. A partir de 1952, o serialismo cede lugar dá lugar a uma experimentação mais aprofundada das formas e linguagens brasileiras.

 

Seu catálogo é significativo e inclui obras para orquestra sinfônica e de câmara, oratórios, música de câmara, obras para coro e para vozes e instrumentos solistas, além de partituras incidentais para teatro e cinema. Elas têm sido executadas com frequência no Brasil e no exterior, inclusive por orquestras do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Bahia, Belo Horizonte, Liege, Bruxelas, Paris, Londres, Munique, Buenos Aires, Cordoba, Nova Iorque, Filadelfia, Washington, Colônia, Tóquio e outras.

 

Ocupa a cadeira número 34 da Academia Brasileira de Música, que tem como patrono José de Araujo Vianna.

 

Obras

 

OCSLO programa apresentou cinco obras do CD. A primeira, “Música para cordas”, foi inicialmente escrita para piano na cidade de Teresópolis, em 1952, durante o 3o Curso Internacional de férias Pro-Arte, ocasião em que Edino estudou com Ernst Krenek. Posteriormente transcrita para orquestra de cordas, é uma das últimas em que utiliza a técnica serial.

 

Seguiram-se o seu “Andante para cordas”, transcrição de 1956 do segundo movimento do “Quarteto de cordas no 1, composto em Londres no ano anterior; e o seu “Divertimento para Cordas” ? peça de caráter mais neoclássico.

 

Prosseguindo audição foram apresentados o “Divertimento para cordas em três movimentos (Allegretto, Seresta, que tem por subtítulo “Homenagem a Villa-Lobos” e, Variações e Presto) e “Brasiliana”, para viola e orquestra de cordas, de 1960, e inspirada em um aboio nordestino que o compositor ouviu num festival de cantoria. Muito executada, mereceu transcrições para violino de Guerra-Peixe e para sax alto por Paulo Moura. O violista Jairo Chaves atua como solista da gravação.

 

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Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Concertos UFRJ: “Responsórios Fúnebres” de Nunes Garcia ganha

Foto: Divulgação
Ernani Aguiar
Ernani Aguiar rege coro e orques­tra na primeira gravação da obra.

A edição desta semana de Concertos UFRJ apresenta a primeira gravação mundial dos Responsórios Fúnebres de José Maurício Nunes Garcia, o mais importante compositor brasileiro do período colonial. Lançado no final de agosto, a intepretação é do Coral Porto Alegre com orquestra especialmente reunida para a ocasião e regência do maestro Ernani Aguiar.

A edição desta semana de Concertos UFRJ apresenta a primeira gravação mundial dos Responsórios Fúnebres de José Maurício Nunes Garcia, o mais importante compositor brasileiro do período colonial. Lançado no final de agosto, a intepretação é do Coral Porto Alegre com orquestra especialmente reunida para a ocasião e regência do maestro Ernani Aguiar, docente da Escola de Música (EM). Patrocinaram a iniciativa o Ministério da Cultura e a estatal Petrobrás.

 

Criado em 1996 sob a orientação do maestro Aguiar e da professora Gisa Volkmann, sua atual diretora artística e técnica, este é o quarto CD do Coral Porto Alegre que contabiliza um repertório bastante amplo que abrange a música à capella, a produção coral-sinfônica, a música sacra acompanhada de órgão e inclui participações em espetáculos operísticos. Os interessados em adquiri-lo devem consultar o site do grupo.

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Como muitos compositores do período após sua morte a obra de José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830) conheceu um ocaso que perdurou até o início do século passado, quando voltou a ser valorizada. Durante este período uma parte importante das partituras do compositor foi descartada ou desprezada como obsoleta, inadequada ao gosto do público contemporâneo. Muitas obras, entretanto, mantiveram uma circulação ainda que restrita por meio de cópias feitas à mão por músicos de outras localidades do Brasil em passagem pelo Rio, cidade em que Nunes Garcia viveu e criou. Felizmente, muitas dessas transcrições sobreviveram aos originais e vêm sendo recuperadas pelo trabalho minucioso de musicólogos e pesquisadores em acervos particulares e públicos existentes em diversos estados do Brasil.

 

É o caso dos Responsórios Fúnebres, cujo único exemplar conhecido pertence no arquivo da Orquestra Ribeiro Bastos na cidade de São João Del Rei, em Minas Gerais. A formação, que remonta a grupos musicais atuantes naquela cidade em meados do séc. XVIII, abriga um importante conjunto de manuscritos, constituído principalmente de obras destinadas às celebrações religiosas de sua responsabilidade, como também inúmeras partituras de músicas de salão do final do séc. XIX e início do XX. Em partes individuais, de copista desconhecido e sem datação, a atribuição da autoria dos Responsórios não deixa margem a dúvidas, porque tanto a música como a orquestração são inegavelmente mauricianas.

 

O conjunto é formado pelo coro a quatro vozes, uma flauta, duas clarinetas, duas trompas e cordas. José Maurício optou por não incluir solistas, o que não deixa de curioso se considerarmos a qualidade dos cantores à sua disposição, sobretudo depois de 1808. O coro torna-se então o grande protagonista da peça. A textura é essencialmente homofônica, com alguns poucos momentos polifônicos ou de movimentação das vozes em trabalho imitativo, como nos 5o e 6o responsórios. Destacam-se também alguns solos dos instrumentos de sopro, como a flauta no 1o responsório e a clarineta no 4o, e os grandes uníssonos nas cordas, de grande efeito dramático.

 

O texto usado por José Maurício é o do Ofício dos Defuntos, para o qual, aparentemente, não compôs música para o Invitatório, a antífona introdutória antes do primeiro responsório. Outra curiosidade em relação ao texto está no 9o responsório. No Liber Usualis consta o Libera me Domine de viis infernis. Na cópia manuscrita disponível encontramos o Libera me Domine de morte aeterna, comumente usado nos Sufrágios do ritual das encomendações, ou seja, a missa de réquiem. Embora não conheçamos as circunstâncias de sua criação os Responsórios Fúnebres são, inegavelmente, uma das grandes obras de José Maurício.

 

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Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

O barroco coral é atração em Concertos UFRJ

Reprodução
Claudio Monteverdi
Claudio Monteverdi, c. 1640, retrata­do por Bernardo Strozzi.

Duas edições atrás o programa abordou o barroco, estilo musical que, na música, se originou na Itália e desconstruiu a simetria e o equilíbrio, próprios do renascimento, em favor de uma arte que explora as tensões e valoriza o contraste. Está semana Concertos UFRJ retornam ao tema. O foco, porém, é agora a profícua produção sacra coral dos compositores da península.

Duas edições atrás o abordou o barroco, estilo musical que, na música, se originou na Itália e desconstruiu a simetria e o equilíbrio, próprios do renascimento, em favor de uma arte que explora as tensões e valoriza o contraste. Está semana Concertos UFRJ retornam ao tema. O foco, porém, é agora a profícua produção sacra coral dos compositores da península – uma característica geral e não apenas da produção daquele país, cabe mencionar, pois os embates entre os mundos da reforma e da contrarreforma marcaram profundamente a cultura do período.

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No programa, obras de quatro compositores, dos mais significativos, Monteverdi, Caldara, Vivaldi e Albinoni. Do primeiro, um importante artífice da transição da renascença para o barroco, o programa apresentou o moteto “Adoramus Te Christe”, composto em 1620 para seis vozes. Obra para coro a capella, ou seja, sem a participação de instrumentos, nela a polifonia, típica da do momento anterior, já é menos marcante e dá lugar a uma movimentação mais paralela das vozes.

 

O texto do Magnificat, retirado do Evangelho de São Lucas, relatada a visita de Maria a sua prima Isabel. Um dos mais conhecidos cânticos marianos, serviu de base à inspiração de diversos compositores. Entre eles Antonio Caldara, compositor italiano, que viveu entre 1670 e 1736. Mais conhecido pela produção operística, sua música sacra, entretanto, merece a mesma atenção.

 

Antonio Vivaldi, que foi objeto de atenção no programa dedicado à vertente instrumental do barroco, escreveu dois Glórias, ou seja, música para a segunda parte do ordinário da missa. São as peças sacras mais conhecidas do compositor. Ambos datam do início do século XVIII. O primeiro deles, que a edição levou ao ar, recebeu o número de catálogo RV 588 e foi composto provavelmente no período em que foi professor e diretor de música na Ospedale della Pietá, em Veneza, um orfanato para moças que ganhou fama pela qualidade de suas atividades musicais. O texto do Glória é dividido em diferentes partes em forma de cantata, onde os trechos corais se alternam com árias e duetos.

 

Para encerrar, o programa veiculou outro Magnificat, o de Tomaso Albinoni, violinista e compositor que viveu entre 1671 e 1751 em Veneza, um dos centros musicais mais importantes do período.

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Repertório da Edição


• Adoramus Te Christe, de Claudio Monteverdi, com o coro da Abadia de Westminster e direção de Sthefen Cleobury.
• Magnificat, de Antonio Caldara, com o soprano Marta Szucs, o contralto Klara Takacs, o tenor Dénes Gulyás, o baixo Tamás Bátor, o Coro Madrigal de Budapest, a orquestra de cordas de Budapest e a direção de Ferenc Szekeres.
• Glória, RV588, de Antonio Vivaldi, com os sopranos Lynda Russel e Patrizia Kwella, o mezzo soprano Anne Wilkens, o tenor Kenneth Bowen, o coro do Saint John College de Cambridge, a orquestra WREN e a direção de George Guest
• Magnificat, de Tomaso Albinoni, com o soprano Marta Szucs, o contralto Klara Takacs, o tenor Dénes Gulyás, o baixo Tamás Bátor, o Coro Madrigal e a orquestra de cordas de Budapeste sob a direção de Ferenc Szekeres

Concertos UFRJ: Cornell University Glee Club

Foto: Reprodução
ScottTucker
Scott Tucker esteve à frente do coro masculino do CUGC por 17 anos.

Concertos UFRJ resgatam na edição desta semana uma preciosidade: a apresentação em 2004 do coro masculino do Cornell University Glee Club na Escola de Música (EM). Tendo à frente o maestro Scott Tucker, que o dirigiu até março de 2012, o repertório apresentado no Salão Leopoldo Miguez incluiu música de concerto, popular, folclórica e peças contemporâneas.

Concertos UFRJ resgatam na edição desta semana uma preciosidade: a apresentação em 2004 do coro masculino do Cornell University Glee Club na Escola de Música (EM). Tendo à frente o maestro Scott Tucker, que o dirigiu até março de 2012, o repertório apresentado no Salão Leopoldo Miguez incluiu música de concerto, popular, folclórica e peças contemporâneas.

 

Populares grêmios universitários norte-americanos, os Glee Clubs costumam manter conjuntos musicais integrados por alunos e ex-alunos da instituição a que se filiam. O Cornell University Glee Club (CUGC), fundado em 1868 na Universidade de Cornell, localizada em Ithaca, Nova York, é um dos mais importantes e seu coro já excursionou por diversos países da Europa, Ásia e América Latina, incluindo, em 2004, pela primeira vez, o Brasil.

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O concerto, que abriu com o grupo executando “Bawo Thixo Somandla”, canção tradicional sul-africana, mostrou um pouco de tudo. Entre os destaques duas obras de Ernani Aguiar: a estreia mundial da “Missa Brevis II”, escrita em honra a São Maximiliano Kolbe, e o “Salmo 150”, uma das peças brasileiras para coro mais difundidas.

 

Da produção contemporânea internacional, o CUGC cantou obras de Sthefen Paulus, Stephen Chapman, Franz Biebl.

 

Sthefen Paulus, um dos mais atuantes compositores americanos da atualidade, contabiliza em seu catálogo cerca de 450 obras, entre música para orquestra, coro, conjuntos de câmara, voz solo, teclado e ópera. Recebeu encomendas das principais orquestras americanas e sua obra coral foi objeto de mais de cinquenta gravações. Uma das mais executadas, “Shall I Compare Thee to a Summer’s Day”, escrita em 2002 por solicitação do The Glee Harvard Club Foundation e que toma por base o Soneto no. 26 de Shakespeare, foi a apresentada pelo grupo.

 

Como Paulos, Stephen Chapman também é um destacado compositor norte-americano. Nascido em 1950 em Minessota, atualmente leciona na Universidade de British Columbia em Vancouver, Canadá. Da sua obra foi selecionada “Reconciliation”, para coro masculino e solo de flugelhorn. Obra de 1997, escrita a partir de versos Walt Whitman.

 

Já Franz Biebl é alemão e, nascido em 1906, na cidade de Pursruck na Baviera, foi prisioneiro de guerra do exército norte-americano entre 1944 e 1946. A peça escolhida pelo CUGC “Ave Maria” tem um história curiosa. Escrita em 1964 para uma competição de coros, permaneceu praticamente desconhecida até que Biebl convidou em 1970 o CUGC, então em tournée pela Europa com o maestro Thomas Sokol, para um um programa de música coral na Rádio Bávara do qual era produtor. Biebl entregou a Sokol diversas obras suas que passaram, com o tempo, a integrar o repertório do grupo. Entre elas a “Ave Maria”, que se tornou popular e entrou no repertório de outros conjuntos norte-americanos. Com o sucesso, o compositor escreveu outras duas versões, uma para coro feminino e outra para coro misto. Franz Biebl faleceu no ano de 2001.

 

No concerto na EM, o CUGC também apresentou “Lambscapes”, composição bem humorada escrita por Eric Lane Barnes e que mistura efeitos teatrais, canto gregoriano, música gospel, e recursos onomatopaicos com acompanhamento de piano, e “Ride the Chariot” e “A that good News”, dois spirituals, gênero de canção com temas religiosos ou sociais, cantado a várias vozes que surgiu no século XIX, retratando as aspirações de igualdade dos negros norte-americanos.

 

No terreno da música popular a grande surpresa foi a inclusão no concerto da conhecida canção “Cio de Terra” de Chico Buarque e Milton Nascimento.

 

Por fim, o Cornell University Glee Club cantou as belíssimas “Quatro Pequenas Orações de São Francisco de Assis”. Escritas em 1948 pelo compositor francês Francis Poulenc são uma das mais importantes composições do repertório para coro masculino à capella da atualidade.

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Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Repertório da Edição


Cornell University Glee Club (CUGC),

Scott Tucker, regente. 


• Bawo thixo somandla, canção tradicional sul-africana.
• Missa Brevis II, Ernani Aguiar.
• Salmo 150, Ernani Aguiar.
• Shall I Compare Thee to a Summer’s Day, Sthefen Paulus.
• Reconciliation, Stephen Chapman.
• Ave Maria, Frnaz Biebl.
• Lambscapes, Eric Lane Barnes.
• Cio da Terra, Chico Buarque e Milton Nascimento.
• Ride the Chariot, spiritual tradicional.
• A That good News, spiritual tradicional.
• Quatro pequenas orações de São Francisco de Assis, Francis Poulenc.

Concertos UFRJ: Barroco italiano

Reprodução
Vivaldi
Vivaldi, em gravura de François Morellon la Cave, 1725.

Concertos UFRJ destacam esta semana o barroco, período que a historia da música costuma delimitar entre os anos 1600 e 1750, e que os estudos contemporâneos caracterizam mais como uma continuidade, ainda que reelaborada, dos padrões e pressupostos estéticos anteriores. Os mesmos modelos da Antiguidade Clássica, interpretados agora de forma diversa. O foco são os compositores da Itália, país em que o estilo nasceu.

Concertos UFRJ desta semana destacam o barroco, que, na historia da música, costuma ser delimitado entre os anos 1600 e 1750.  Período que vai do nascimento da ópera e das primeiras obras-primas do gênero, com Monteverdi, até a morte de J. S. Bach. Um século e meio em que, segundo os estudos contemporâneos, predominou mais a continuidade reelaborada dos padrões estéticos anteriores do que propriamente a ruptura com eles. Os mesmos modelos da Antiguidade Clássica, interpretados agora de forma diversa.

 

Afinal, havia algo de precário no pensamento renascentista. O equilíbrio, a simetria e a contenção que seus intelectuais e artistas propugnavam não era um produto da época, mas um ideal sobreposto (e imposto) a ela. Não poderia sobreviver aos impactos de um mundo cada vez mais desigual e em franco processo de transformação. Deveria, como aconteceu, ceder lugar a uma arte mais consentânea, baseada em contrastes e na valorização do excesso.

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No século em meio da vigência do estilo, o regime estamental, forjado no final da Idade Média, permanecerá como paradigma social, ainda que domine a sociedade urbana e o crescimento da economia mercantilista, baseada no comércio, fortaleça uma burguesia cada vez mais ambiciosa.  Legitimadas por direito divino, as monarquias absolutistas dominarão a cena política, enquanto a cultura artística ficará marcada pelas tensões entre o espírito da reforma e da contrarreforma.

 

Do ponto de vista do seu lugar na ordem social, os criadores culturais continuarão dependendo do sistema tradicional de mecenato: a igreja, os reis, a nobreza e alguns burgueses refinados serão os principais promotores das obras musicais e artísticas. Mas os criadores culturais – os músicos em especial – vão aos poucos abrindo mão da generalidade renascentista e se tornando, para o bem e para o mal, especialistas.

 

O barroco nasceu na Itália, país que desde a Renascença havia se tornado polo de atração de inúmeros artistas e referência para as demais nações do continente. Se os modelos estéticos continuam os mesmos, as formas puras, uniformes, equilibradas e idealizadas do período anterior dão lugar a emoção, a exuberância, a grandiosidade e a opulência. O artista se vê livre para experimentar novas formas e em sua vontade de expressão recorre aos efeitos teatrais, à distorção e à assimetria das formas e da ornamentação.

 

Apesar da origem peninsular, o barroco é heterogêneo e a ausência de uniformidade se manifesta na formação de estilos nacionais, locais e mesmo individuais, uma diversidade que torna extremamente complexas definições para a música e as artes em geral no período.

 

Seus principais representantes do barroco italiano, que ganhou características católicas, se opondo à Reforma que se formara na Alemanha, foram o pintor Caravaggio, o escultor Bernini, o arquiteto Borromini e, na música, Vivaldi. O programa mostra um pouco desta rica diversidade elegendo obras de seis compositores do período.

 

Reprodução
Arcangelo Corelli Francesco Geminiani
Albinonib Francesco_Manfredini
Acima, Corelli e Francesco Geminiani. Abaixo, Albinoni e Francesco Manfredini.

Arcangelo Corelli


Arcangelo Corelli (1653–1713) foi mais conhecido à época como um grande virtuose do violino, instrumento que, segundo o maestro Nicolaus Harnoncourt, encarna como nenhum outro o espírito do barroco. Embora sua produção integral resuma-se a seis antologias, sua escrita instrumental é admirada pelo refinamento harmônico e estilo brilhante, tendo sido referência para outros compositores, entre eles Johann Sebastian Bach e Georg Friedrich Haendel.

 

Pouco se sabe acerca da vida de Corelli, a não ser que a maior parte de sua carreira transcorreu em Roma, onde foi patrocinado por aristocratas e nobres. Como virtuose, contribuiu para consolidar novas técnicas de interpretação e, como professor, teve entre seus alunos Francesco Geminiani e Antonio Vivaldi. Como compositor, é conhecido, sobretudo, por seus doze concerti grossi, que representaram então uma nova forma de composição.

 

Francesco Geminiani


Francesco Geminiani (1687-1762) foi um compositor, maestro, violinista virtuose, além de importante teórico da música. Aluno de Alessandro Scarlatti, Carlo Ambrogio Lonati e Arcangelo Corelli, assumiu em 1711 o cargo de maestro em Nápoles. Em 1714, quando em Londres para uma série de concertos como violinista, acabou chamando a atenção do conde de Essex e fixando residência na cidade, trabalhando, além de intérprete, como compositor e professor. Na sua produção se destacam as sonatas para violino e baixo contínuo e os sete concerti grossi, em que introduziu a viola como parte do concertino.

 

Albinoni

 

Tomaso Albinoni (1671-1751) nasceu na República de Veneza. Famoso em sua época como compositor de óperas, atualmente é mais admirado por sua música instrumental. Graças a seu talento melódico e estilo pessoal foi tão popular na quanto Corelli e Vivaldi.

 

Albinoni foi um dos primeiros compositores a escrever concertos para violino solo. Sua música instrumental atraiu a atenção de Johann Sebastian Bach, que escreveu pelo menos duas fugas sobre temas de Albinoni e constantemente usava seus baixos como exercícios de harmonia. Grande parte do trabalho de Albinoni perdeu-se, porém, durante o bombardeio de Dresden, durante a Segunda Guerra Mundal. Sabe-se, porém, que compôs cerca de oitenta óperas, das quais não resta quase nada, além de trinta cantatas, das quais só uma sobreviveu. O que nos chegou foi sua produção instrumental, que havia sido publicada, e na qual se destacam os seus concertos para oboé, outro instrumento muito valorizado no período.

 

Giacomo Facco

 

Giacomo Facco (1676-1753), outro violinista e, ao mesmo tempo compositor, teve sua obra redescoberta pelo musicólogo italiano Uberto Zanolli, em 1962. Publicou em Amsterdã uma série de 12 concertos para violino, cordas e órgão em dois volumes (1716-1719), antes de partir para Espanha, país em que faleceu e onde ocupou importantes cargos, muitos dos quais acabou perdendo devido a intrigas de concorrentes. Compôs, então, além de numerosas obras sacras para a Capela Real de Madrid, provavelmente perdidas com o incêndio de 1734, óperas, um melodrama em estilo italiano e, pelo menos, uma zarzuela.

 

Francesco Manfredini

 

Francesco Manfredini (1680-1762) foi discípulo de Giuseppe Torelli, famoso compositor e violinista italiano e figura de destaque no desenvolvimento do concerto grosso. Muito do que Manfredini compôs acabou perdido, apenas 43 trabalhos publicados e um punhado de manuscritos são conhecidos. Os de maior destaque são o seu Concerto de Natal, Op. 3, e sua coleção de seis sonatas, editada em Londres em 1764.

 

Antonio Vivaldi

 

O padre Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741) é, sem dúvida, o mais importante compositor do barroco italiano.

 

Reprodução
KarlsplatzAntonio_Vivaldi400
VeneziaCalledellaPietaLapideVivaldi400
Acima, somente uma placa posta em 1978 lembra a presença e morte de Vivaldi em Viena. Abaixo, placa em memória do compositor ao lado da igreja e academia da Pietà, em Veneza, onde Vivaldi foi maestro por muitos anos (1703-1740).

Conhecido como “il prete rosso” (“o padre ruivo”) por seus cabelos ruivos,  compôs quase 800 obras, entre as quais cerca de 500 concertos e mais de 40 óperas. É, porém, apreciado pelo público de hoje por sua série de concertos para violino e orquestra intitulada “Le quattro stagioni” (“As Quatro Estações”).

 

A música de Vivaldi é particularmente inovadora, rompendo com a tradição consolidada em esquemas e dando brilho à estrutura formal e rítmica do concerto, através da procura de contrastes harmônicos, da invenção de melodias e trechos originais. Ademais, Vivaldi era francamente capaz de compor música não acadêmica, apara ser apreciada por um público amplo.

 

Entretanto, tal como muitos outros músicos da época, terminou sua vida na pobreza, pois sua obra não agradava mais aos gostos das novas gerações. Como resultado, ficou praticamente esquecido até o início do século passado, quando foi redescoberto devido, sobretudo, aos de Alfredo Casella, que em 1939 organizou a agora histórica Semana Vivaldi.

 

Desde então, as obras do compositor obtiveram sucesso universal e, com o advento da “interpretação historicamente informada”, foram catapultadas novamente ao estrelato.

 

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Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Repertório da Edição


• Arcangelo Corelli, Concerto Grosso op. 6 no 1 em Ré Maior. Academia de Saint Martin in the Fields com direção de Neville Marriner.
• Francesco Geminiani, Concerto Grosso em ré menor op. 2 no 3. Conjunto Tafelmusik e a direção de Jeanne Lamon
• Tomaso Albinoni, Concerto op. 9 no 6 em Sol maior para dois oboés, cordas e contínuo. Solistas Heinz Holiger e Maurice Bourgue como o conjunto I Musici.
• Giacomo Facco, Concerto a Cinco op. 1 no 11 em Sol Maior. Ensemble Albalonga e direção de Anibale Cetrangolo.
• Francesco Manfredini, Concerto Grosso op. 3 no 12 em Dó maior. Conjunto I Musici com Pina Carmirelli e Pasquale Pellegrino nos violinos concertinos e Francesco Strano no violoncelo concertino.
• Antônio Vivaldi, Concerto em Ré Menor RV 565. Concerto Koln.

Concertos UFRJ: Nelson Freire, brasileiro (reprise)

Foto: Divulgação
nelsonfreire_17
Especial dedicado ao recente CD do pianista.

Atendendo a pedidos, Concertos UFRJ desta semana reprisou o programa anterior dedicado ao CD “Nelson Freire: Brasileiro – Villa-Lobos & Friends”, álbum recentemente lançado nos Estados Unidos e na Europa pela gravadora Decca.

Atendendo a pedidos, Concertos UFRJ desta semana reprisou o programa anterior dedicado ao CD “Nelson Freire: Brasileiro – Villa-Lobos & Friends”, álbum recentemente lançado nos Estados Unidos e na Europa pela gravadora Decca e distribuído no Brasil pela Universal Music. A partir de uma escolha bastante pessoal de peças curtas, quase miniaturas, Freire nos oferece uma celebração à música brasileira, ao mesmo tempo em que traça um panorama da nossa produção para piano solo entre o final do século XIX e o começo do século XX.

 

Freire é, sem dúvida, o músico brasileiro de maior sucesso em todo o mundo. Seus recitais em Paris, Londres, Viena, e outros respeitáveis centros musicais, fazem dele um dos pianistas mais aclamados. No entanto, apesar da fama e das solicitações que costuma receber do exterior, tem tocado com frequência nas principais salas de concerto do país e com as nossas mais importantes orquestras.

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

  

Como o título sugere grande parte do álbum é dedicado à produção de nosso maior compositor. Mais da metade das 30 faixas são de Heitor Villa–Lobos (1887-1959). Não é, porém, a primeira vez que o músico grava suas obras. Na década de 1970, Freire nos deu um excelente LP (depois remasterizado em CD) dedicado exclusivamente a Villa-Lobos, contendo peças significativas como o “Rudepoema”, a “Prole do Bebe nº 1” e “As Três Marias”.

 

O texto do encarte é de Manoel Corrêa do Lago, musicólogo membro da Academia Brasileira de Música (ABM), para quem o piano ocupa posição de destaque na produção de Villa-Lobos. O pesquisador contabiliza nove obras para o instrumento e orquestra, dentre as quais cinco concertos, peças de grandes proporções, como o “Rude Poema” e “Choros no 5”, e diversas coleções inspiradas no cancioneiro popular infantil, algumas das quais o CD registra.

 

“Brasileiro” abre com sete dos oito movimentos de “Carnaval das Crianças”, coleção que retrata personagens típicas do carnaval carioca que Villa-Lobos conheceu na juventude. A obra, originalmente escrita para piano solo, será retrabalhada pelo compositor em 1929 dando origem à conhecida “Momoprecoce”, para piano e orquestra, executada diversas vezes por Freire. Se, como observa Corrêa Lago, a série é permeada pelo impressionismo francês, dicção que o intérprete faz questão de sublinhar, por outro usa ritmos bem brasileiros, entre os quais o da marcha-rancho.

 

O CD apresenta ainda outras oito obras breves de Villa-Lobos, destacando itens célebres como os “Choros nº 5 – Alma Brasileira”, que pertence a monumental série de 14 peças, composta nos anos de 1920 para as mais diversas formações instrumentais; “Valsa da Dor”, de 1932, que curiosamente sobrepõe uma melodia em compasso binário a um acompanhamento ternário; “Saudades das selvas brasileiras”, escrita em 1927; e “A Lenda do Caboclo”, que evoca a música do sertão, acompanhada pela viola.

 

A última peça do compositor é a pouco conhecida “New York Skyline Melody”, 1940, escrita a partir de uma foto de prédios de Manhattan, Nova York.

 

As outras faixas mostram obras extremamente interessantes de Camargo Guarnieri (1907–1993), que segundo Corrêa do Lago “é um daqueles compositores do século XX ainda a serem descobertos fora do Brasil”, Claudio Santoro (1919-1989), Francisco Mignone (1897-1986), Lorenzo Fernández (1897-1948), Barrozo Neto (1881-1941), Henrique Oswald (1852-1931) e Alexandre Levy (1864-1892).

 

* * *

Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

CD

Nelson Freire: Brasileiro.

Villa-Lobos & friends

 

Nelson Freire, pianista
Decca 478 3533

 

Faixas


Villa-Lobos, Heitor ? O ginete do Pierrozinho (Carnaval das crianças no 1).
Villa-Lobos, Heitor ? O chicote do diabinho, (Carnaval das crianças no 2).
Villa-Lobos, Heitor ? A manha de Pierrete, (Carnaval das crianças no 3).
Villa-Lobos, Heitor ? Os guizos do dominozinho, (Carnaval das crianças no 4).
Villa-Lobos, Heitor ? As peripécias do trapesiozinho, (Carnaval das crianças no 5).
Villa-Lobos, Heitor ? As traquinices do mascarado Mignon, (Carnaval das crianças no 6).
Villa-Lobos, Heitor ? A gaita de um precoce fantasiado, (Carnaval das crianças no 7).
Villa-Lobos, Heitor ? Choros no 5, “Alma brasileira”.
Villa-Lobos, Heitor ? A maré encheu, (Guia Pratico, for piano, Álbum 1/2).
Villa-Lobos, Heitor ? Valsa da dor.
Villa-Lobos, Heitor ? Saudades das selvas brasileiras, no 2.
Villa-Lobos, Heitor ? Pobre cega, (Cirandas no 5; “Toada de rede”).
Villa-Lobos, Heitor ? A canoa virou, (Cirandas no 14).
Villa-Lobos, Heitor ? A Lenda do Caboclo.
Guarnieri, Mozart C. ? Danca negra.
Guarnieri, Mozart C. ? Ponteio, no 24.
Guarnieri, Mozart C. ? Toccata.
Oswald, Henrique ? Valse Lenta.
Levy, Alexandre Pierre ? Tango Brasileiro.
Netto, Barrozo ? Minha Terra.
Fernândez, Oscar Lorenzo ? Três estudos em forma de Sonatina.
Villa-Lobos, Heitor ? A gatinha de papelão, (A Prole do bebe).
Santoro, Claudio ? Paulistanas.
Santoro, Claudio ? Toccata.
Villa-Lobos, Heitor ? New York Skyline Melody.
Mignone, Francisco ? Valsa elegante.
Mignone, Francisco ? Quatro Pecas Brasileiras.
Mignone, Francisco ? Congada.

Concertos UFRJ: Nelson Freire, brasileiro

Foto: Divulgação
nelsonfreire_17
Especial dedicado ao recente CD do pianista.

A edição desta semana de Concertos UFRJ apresenta uma seleção de faixas do CD “Nelson Freire: Brasileiro – Villa-Lobos & Friends”, álbum recentemente lançado nos Estados Unidos e na Europa pela gravadora Decca e distribuído no Brasil pela Universal Music. A partir de uma escolha bastante pessoal, Freire nos oferece, ao mesmo tempo, uma celebração à música brasileira e um panorama da nossa produção para piano solo.

A edição desta semana de Concertos UFRJ apresenta uma seleção de faixas do CD “Nelson Freire: Brasileiro – Villa-Lobos & Friends”, álbum recentemente lançado nos Estados Unidos e na Europa pela gravadora Decca e distribuído no Brasil pela Universal Music. A partir de uma escolha bastante pessoal de peças curtas, quase miniaturas, Freire nos oferece uma celebração à música brasileira, ao mesmo tempo em que traça um panorama da nossa produção para piano solo entre o final do século XIX e o começo do século XX.

 

Freire é, sem dúvida, o músico brasileiro de maior sucesso em todo o mundo. Seus recitais em Paris, Londres, Viena, e outros respeitáveis centros musicais, fazem dele um dos pianistas mais aclamados. No entanto, apesar da fama e das solicitações que costuma receber do exterior, tem tocado com frequência nas principais salas de concerto do país e com as nossas mais importantes orquestras.

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20120903|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

  

Como o título sugere grande parte do álbum é dedicado à produção de nosso maior compositor. Mais da metade das 30 faixas são de Heitor Villa–Lobos (1887-1959). Não é, porém, a primeira vez que o músico grava suas obras. Na década de 1970, Freire nos deu um excelente LP (depois remasterizado em CD) dedicado exclusivamente a Villa-Lobos, contendo peças significativas como o “Rudepoema”, a “Prole do Bebe nº 1” e “As Três Marias”.

 

O texto do encarte é de Manoel Corrêa do Lago, musicólogo membro da Academia Brasileira de Música (ABM), para quem o piano ocupa posição de destaque na produção de Villa-Lobos. O pesquisador contabiliza nove obras para o instrumento e orquestra, dentre as quais cinco concertos, peças de grandes proporções, como o “Rude Poema” e “Choros no 5”, e diversas coleções inspiradas no cancioneiro popular infantil, algumas das quais o CD registra.

 

“Brasileiro” abre com sete dos oito movimentos de “Carnaval das Crianças”, coleção que retrata personagens típicas do carnaval carioca que Villa-Lobos conheceu na juventude. A obra, originalmente escrita para piano solo, será retrabalhada pelo compositor em 1929 dando origem à conhecida “Momoprecoce”, para piano e orquestra, executada diversas vezes por Freire. Se, como observa Corrêa Lago, a série é permeada pelo impressionismo francês, dicção que o intérprete faz questão de sublinhar, por outro usa ritmos bem brasileiros, entre os quais o da marcha-rancho.

 

O CD apresenta ainda outras oito obras breves de Villa-Lobos, destacando itens célebres como os “Choros nº 5 – Alma Brasileira”, que pertence a monumental série de 14 peças, composta nos anos de 1920 para as mais diversas formações instrumentais; “Valsa da Dor”, de 1932, que curiosamente sobrepõe uma melodia em compasso binário a um acompanhamento ternário; “Saudades das selvas brasileiras”, escrita em 1927; e “A Lenda do Caboclo”, que evoca a música do sertão, acompanhada pela viola.

 

A última peça do compositor é a pouco conhecida “New York Skyline Melody”, 1940, escrita a partir de uma foto de prédios de Manhattan, Nova York.

 

As outras faixas mostram obras extremamente interessantes de Camargo Guarnieri (1907–1993), que segundo Corrêa do Lago “é um daqueles compositores do século XX ainda a serem descobertos fora do Brasil”, Claudio Santoro (1919-1989), Francisco Mignone (1897-1986), Lorenzo Fernández (1897-1948), Barrozo Neto (1881-1941), Henrique Oswald (1852-1931) e Alexandre Levy (1864-1892).

 

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Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

CD

Nelson Freire: Brasileiro.

Villa-Lobos & friends

 

Nelson Freire, pianista
Decca 478 3533

 

Faixas


Villa-Lobos, Heitor ? O ginete do Pierrozinho (Carnaval das crianças no 1).
Villa-Lobos, Heitor ? O chicote do diabinho, (Carnaval das crianças no 2).
Villa-Lobos, Heitor ? A manha de Pierrete, (Carnaval das crianças no 3).
Villa-Lobos, Heitor ? Os guizos do dominozinho, (Carnaval das crianças no 4).
Villa-Lobos, Heitor ? As peripécias do trapesiozinho, (Carnaval das crianças no 5).
Villa-Lobos, Heitor ? As traquinices do mascarado Mignon, (Carnaval das crianças no 6).
Villa-Lobos, Heitor ? A gaita de um precoce fantasiado, (Carnaval das crianças no 7).
Villa-Lobos, Heitor ? Choros no 5, “Alma brasileira”.
Villa-Lobos, Heitor ? A maré encheu, (Guia Pratico, for piano, Álbum 1/2).
Villa-Lobos, Heitor ? Valsa da dor.
Villa-Lobos, Heitor ? Saudades das selvas brasileiras, no 2.
Villa-Lobos, Heitor ? Pobre cega, (Cirandas no 5; “Toada de rede”).
Villa-Lobos, Heitor ? A canoa virou, (Cirandas no 14).
Villa-Lobos, Heitor ? A Lenda do Caboclo.
Guarnieri, Mozart C. ? Danca negra.
Guarnieri, Mozart C. ? Ponteio, no 24.
Guarnieri, Mozart C. ? Toccata.
Oswald, Henrique ? Valse Lenta.
Levy, Alexandre Pierre ? Tango Brasileiro.
Netto, Barrozo ? Minha Terra.
Fernândez, Oscar Lorenzo ? Três estudos em forma de Sonatina.
Villa-Lobos, Heitor ? A gatinha de papelão, (A Prole do bebe).
Santoro, Claudio ? Paulistanas.
Santoro, Claudio ? Toccata.
Villa-Lobos, Heitor ? New York Skyline Melody.
Mignone, Francisco ? Valsa elegante.
Mignone, Francisco ? Quatro Pecas Brasileiras.
Mignone, Francisco ? Congada.

Concertos UFRJ: “Il ballo delle ingrate”, de Monteverdi

Reprodução
Primeiro_retrato_de_Monteverdi
{magnify}images/stories/noticias/Primeiro_retrato_de_Monteverdi.jpg|Reprodução{/magnify} primeiro retrato conhecido do músico, c. 1597, Ashmolean Museum.

A edição desta semana de Concertos UFRJ convida a um delicioso passeio pelos primórdios da ópera. Em destaque “Il ballo delle ingrate” (A dança das senhoras ingratas, em tradução livre), obra escrita por Monteverdi em 1608. O libreto é de Ottavio Rinuccini, nobre e poeta italiano do final do Renascimento.

A edição desta semana de Concertos UFRJ convida a um delicioso passeio pelos primórdios da ópera. Em destaque “Il ballo delle ingrate” (A dança das senhoras ingratas, em tradução livre), obra escrita por Monteverdi em 1608 para as celebrações do casamento de Francesco Gonzaga (filho do seu patrono, o Duque Vincenzo de Mântua) e Margarida de Saboia. O libreto é de Ottavio Rinuccini, nobre e poeta italiano do final do Renascimento.

 

Na estreia o Duque e filho chegaram a integrar o elenco. Monteverdi compôs ainda para a mesma ocasião a música para o prólogo de jogo “Guarini L’idropica” e a ópera “L’Arianna”, a partir outro libreto de Rinuccini.  Aliás, deve-se ao poeta o texto do que muitos consideram a primeira ópera: “Dafne” (1597), com música de Jacopo Peri.

podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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O italiano Claudio Monteverdi (1567-1643) é, com justiça, considerado uma das personalidades modulares da história da música ocidental. Em suas óperas e madrigais desenvolveu um estilo em que a orquestra além de acompanhar as vozes, desempenha um papel independente no desenvolvimento dramático. É o chamado concertato, cujo significado deriva do verbo italiano concertare e significa entrar em acordo. Essa abordagem se manifesta, sobretudo, nas obras do quinto ao oitavo livro de madrigais seculares publicados pelo compositor entre 1605 e 1638. No último, intitulado “Madrigali Guerrieri, et amorosi”, apresenta uma incrível variedade de peças destinadas a diferentes formações, duas das quais marcaram o desenvolvimento dos gêneros musicais representativos: “Il combattimento di Tancredi e Clorinda” e o “Il ballo delle ingrate”.

 

Nelas elaborou uma nova forma de recitativo, o concitato (ou excitado), onde as cordas acompanham as vozes com notas repetidas em figurações rápidas para ressaltar os momentos marcantes do curso dramático. Suas grandes inovações para a orquestra foram a emancipação do conjunto em relação às partes vocais e o desenvolvimento da escrita instrumental. “Il ballo delle ingrate” é ainda uma composição hibrida, em que se mesclam elementos da ópera, do ballet e do madrigal ? uma espécie de ballet semidramático em que os recitativos assumem grande relevo, como, aliás, típico das primeiras óperas.

 

A versão impressa provavelmente contém revisões que o musicólogo Paolo Fabbri acredita foram feitas para as comemorações da coroação do imperador Fernando III, em 1636. A súbita morte do antecessor teria obrigado Monteverdi, sob pressão dos acontecimentos, a reelaborar o material de o “Ballo delle ingrato”. A escrita virtuosística para o baixo Plutão denuncia, por exemplo, mais o estilo das suas últimas produções do que a simplicidade do seu famoso “L’Orfeo” (1607), “favola in musica” considerada pela crítica a primeira obra-prima do gênero operístico.

 

A versão veiculada no programa trouxe Patrizia Vaccari (soprano), no papel de Cupido; Gloria Banditelli (mezzo-soprano), como Vênus; Antonio Abete (baixo), como Plutão; e Maura Pederzoli (soprano), como uma das senhoras ingratas. Sergio Vartolo conduz a Orquestra da Capela Musical de São Petrônio de Bolonha.

 

* * *

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

 

Il ballo delle ingrate

 

Claudio Monteverdi

Ottavio Rinuccini, libreto

monteverdi-ballo-delle-ingrateCD

Personagens

 

Venere(Vênus), soprano
Amore(Cupido), soprano
Plutone (Plutão), baixo
Uma ingrata, soprano

 

Ação

 

A ação se passa a entrada do Inferno

 

Ato único

 

Vênus e Cupido visitam Plutão, o rei do submundo, e se queixam de que as flechas do arco de Cupido não são mais eficazes com as senhoras de Mântua que estão, uma a uma, desprezando seus amantes.

 

Cupido pede então a Plutão que traga do submundo os espíritos daquelas que rejeitaram em vida o amor, para mostrar o que está destinada a elas na outra vida. Plutão concorda e os espíritos das senhoras ingratas entram a dançar “duas a duas… com passos graves”. Plutão canta uma advertência para as mulheres da plateia e, quando os espíritos, retornam ao submundo, um deles entoa um lamento, por deixar o ar “puro e sereno”.

Concertos UFRJ: Così fan tutte, de Wolfgang Amadeus Mozart

Reprodução
Mozart
Mozart, retrato de Christian Ludwig Vogel, 1783.

Concertos UFRJ reprisam esta semana o especial dedicado à Così fan tutte, divertidíssimo “dramma giocoso” em dois atos de W. A. Mozart – criação emblemática do compositor austríaco, uma das personalidades mais originais da música de todos os tempos.

Concertos UFRJ reprisam esta semana o especial dedicado à Così fan tutte, divertidíssimo “dramma giocoso” em dois atos de W. A. Mozart – criação emblemática do compositor austríaco, uma das personalidades mais originais da música de todos os tempos.

 

A produção operística de Mozart (1756-1791) chegou ao ápice em parceria com o libretista Lorenzo Da Ponte. A dupla nos legou três títulos que representam o melhor da produção do século XVIII: Le nozze di Figaro, Così fan tutte e Don Giovanni.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

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O compositor possuía uma habilidade especial para caracterizar musicalmente cada personagem, sentimentos e situações dramáticas. O libreto de Così fan tutte, ossia La scuola degli amanti (“Assim fazem todas, ou A escola dos amantes”, em italiano), que em uma abordagem superficial pode parecer frívolo ou desprovido de interesse, é, na verdade um presente para a criatividade dos intérpretes. A alternância de situações dramáticas exige dos cantores nuances de interpretação e capacidade para contrastar os sentimentos reais, que mudam ao longo da trama, com momentos de paródia e disfarce, típicos da ópera buffa e cujas raízes mergulham na tradição do teatro popular e da Commedia dell’arte.

 

Há personagens riquíssimos. O cético e malicioso Don Alfonso, manipulador das demais e capaz de explorar como ninguém as fragilidades humanas; as irmãs Dorabella e Fiordiligi, que se deixam seduzir menos ou mais facilmente; Guglielmo e Ferrando, os amantes convictos da fidelidade de suas amadas e que acabam desiludidos; e, por fim, Despina, a empregada cúmplice de Don Alfonso sempre pronta a tirar proveito de qualquer situação. A trama, que envolve a troca dos casais, momentos de sedução, traição e reconciliação, de certa forma, deixa mais dúvidas que certezas, pois, apesar de reconciliados, paira sobre eles certa sombra de dúvida. Afinal, como faz questão de afirmar Don Alfonso: por hábito, vício ou necessidade do coração ASSIM FAZEM TODAS (ou todos!).

 

A gravação ao vivo no Teatro Comunale, de Ferrara, 1992, traz o maestro John Eliot Gardiner a frente do The English Baroque Soloists e do Coro Monteverdi. Os solistas são Amanda Roocroft, como Fiordiligi, Rodney Gilfry, como Guglielmo, Rosa Mannion, como Dorabella, Rainer Trost, como Ferrando, Eirian James, Despina, e Carlos Feller, como Don. Alfonso.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Così fan tutte

 

Wolfgang Amadeus Mozart
Libreto de Lorenzo Da Ponte

CD

Personagens

 

 

Fiordiligi (dama de Ferrara e noiva de Guglielmo): soprano

Dorabella (irmã de Fiordiligi e noiva de Ferrando): mezzo-soprano

Guglielmo (jovem oficial militar): barítono

Ferrando (jovem oficial militar): tenor

Despina (criada das irmãs Fiordiligi e Dorabella): soprano

Don Alfonso (amigo solteirão): baixo

 

Ato I


Cena 1

A cena abre num café de Nápoles. Dois jovens oficiais, Ferrando e Guglielmo, louvam a fidelidade das suas noivas – as irmãs Dorabella e Fiordiligi – diante do ceticismo do seu amigo Don Alfonso, para quem a constância feminina é na verdade um mito: nunca ninguém viu, só se ouve falar. Os jovens reagem às provocações de Don Alfonso ofendidos, mas acabam por aceitar uma aposta do velho amigo, comprometendo-se a seguir rigorosamente seu plano durante um dia inteiro para comprovar ou não a fidelidade de suas amadas.

 

Cena 2

Num jardim à beira-mar em sua casa de campo, Fiordiligi e Dorabella contemplam os retratos dos seus bem-amados e se gabam da sua felicidade nutrida pelo amor aos jovens oficiais. Entra Don Alfonso, com dissimulada preocupação, para anunciar às duas irmãs uma grave notícia: Ferrando e Guglielmo foram convocados e partirão para a guerra. Nesse momento entram os dois jovens, vestidos para a suposta viagem; os casais despedem-se com promessas de eterna lealdade, enquanto Don Alfonso contém a custo o riso diante desta patética cena de despedida. Ao som de uma marcha com coro partem Ferrando e Guglielmo, deixando as jovens inconsoláveis.

 

Cena 3

No salão da casa, Despina, camareira das irmãs, queixa-se da dureza de seu trabalho enquanto prepara para suas amas um chocolate quente. Estas entram, aos prantos, querendo morrer de desgosto. Despina fica espantada com tamanha reação das patroas, e diz a elas que devem aproveitar e se divertir com outras companhias na ausência dos amados, pois os dois – na verdade todos os homens, ainda mais soldados – não se manterão fiéis a elas. Despina sai de cena seguida pelas duas patroas, furiosas com tais comentários. Don Alfonso entra e lamenta, cinicamente, a tristeza das duas irmãs e a ingenuidade dos crédulos rapazes que agora, disfarçados, devem conquistar a esposa um do outro sem que estas percebam suas verdadeiras identidades. O velhaco teme, no entanto, que, sem a ajuda da camareira, ela possa estragar sua farsa; nada que algumas moedas não possam comprar a aceitação de Despina em colaborar com seu plano. Sob disfarce de albaneses, Ferrando e Guglielmo cortejam de imediato cada um a noiva do outro. As irmãs e Despina não os reconhecem e as duas nobres ofendem-se e não cedem aos galanteios dos estranhos amigos de Don Alfonso, saindo energeticamente de cena. Guglielmo e Ferrando ficam mais do que nunca convencidos da lealdade das suas amadas, ao que Don Alfonso lembra que eles devem permanecer sob suas ordens até o fim do dia.

 

Cena 4

Fiordiligi e Dorabella estão no jardim, lamentando a ausência dos esposos, quando os albaneses e Don Alfonso surgem manifestando desespero diante a frieza das jovens perante suas declarações amorosas.  Os jovens simulam a ingestão de um veneno e, enquanto Fiordiligi e Dorabella exprimem a sua aflição por tal gesto, Despina, a pedido de Don Alfonso, sai em busca de um médico para curar os jovens apaixonados. Chega o doutor – é Despina sob um improvisado disfarce -, que encena uma cura, mais improvisada ainda, com um metal cujo magnetismo liberta os pacientes de todos os males. Aproveitando a simpatia que sentem ter despertado nas jovens com a sua suposta tentativa de suicídio, Ferrando e Guglielmo pedem-lhes um beijo, mas este pedido é recusado com altivez.

 

Ato II


Cena 1

Despina tenta convencer suas amas de que devem corresponder sem remorsos ao amor dos dois albaneses, explicando-lhes que uma mulher tem de saber, desde os quinze anos, a arte de manipular quem elas quiserem. Quando a criada sai, as duas irmãs confessam uma à outra que começam a sentir algum interesse pelos falsos albaneses e cada uma delas escolhe aquele que mais lhe agrada: Dorabella prefere o albanês moreno (Guglielmo), enquanto Fiordiligi simpatiza com o albanês louro (Ferrando).

 

Cena 2

Novamente no jardim, Ferrando e Guglielmo fazem uma serenata às duas irmãs. Às suas declarações de amor juntam-se os argumentos favoráveis de Don Alfonso e Despina, o que surte algum efeito. A sós com Guglielmo, Dorabella cede por fim às suas propostas amorosas, e aceita mesmo que este lhe ofereça um pingente em forma de coração e substitua o medalhão com o retrato de Ferrando que até agora trazia consigo. Ferrando, por sua vez, declara também o seu amor a Fiordiligi, mas esta ainda mantém sua recusa. Os dois amigos encontram-se e partilham o resultado das suas investidas. Face à traição de Dorabella, Ferrando quer se vingar, mas Guglielmo o detém. Don Alfonso intervém dizendo restar ainda mais um teste a ser feito com as moças.

 

Cena 3

A sós com Despina, Dorabella reconhece que ama o albanês/Guglielmo. Fiordiligi entra em seguida, revolta-se com a atitude da irmã, mas admite com desgosto que ela própria ama o albanês/Ferrando, assim como ama ainda Guglielmo. Dorabella consola-a, explicando-lhe que não há maneira de resistir ao amor e sai com a criada. Fiordiligi fica só e resolve resistir às suas próprias inclinações, vestir um uniforme de soldado e juntar-se a Guglielmo no campo de batalha. Estes preparativos são, contudo, surpreendidos por Ferrando, disfarçado, que decide tentar de novo conquistar a jovem. Neste novo encontro, Fiordiligi já não consegue mais resistir e cede às declarações de Ferrando. Guglielmo e Ferrando, a sós com Don Alfonso, percebem que foram traídos. O amigo procura consolá-los afirmando que Fiordiligi e Dorabella não são exceções e que é assim que fazem todas as mulheres. Chega Despina anunciando que as duas irmãs estão prontas a desposar os dois albaneses e se prontifica a ir buscar o notário para celebrar a cerimônia.

 

Cena 4

Despina acaba de preparar toda a cerimônia. Os dois casais de noivos entram, são saudados pelo coro de criados e sentam-se à mesa. Don Alfonso apresenta o notário, mais uma vez Despina disfarçada, que celebra o casamento com uma grandiloquência jurídica que ninguém entende. Uma vez assinado o contrato matrimonial, ouve-se o coro militar, o mesmo da partida dos oficiais. Desesperadas, as irmãs pedem para os albaneses se esconderem, e isso permite que Don Alfonso anuncie o regresso iminente dos dois noivos que haviam partido para a guerra. Ferrando e Guglielmo entram assumindo as suas verdadeiras identidades e são recebidos com grande embaraço por Fiordiligi e Dorabella. Percebem Despina ainda vestida de notário e, ao verem os contratos matrimoniais, acusam as duas irmãs de traição. Don Alfonso intervém então para explicar que agora que a verdade foi reposta e que a ingenuidade expressa pelos amantes no início de toda a aventura ficou bem evidente, não há razão para que não se dê uma reconciliação geral, com base na compreensão das fraquezas e limitações humanas.

Concertos UFRJ comemoram aniversário da Escola de Música

Cartaz

A edição desta semana de Concertos UFRJ repercute as comemorações dos 164 anos da Escola de Música destacando um punhado de compositores que foram, em diversas épocas e circunstâncias, alunos ou docentes da instituição e que oferece ao mesmo tempo um panorama de parte significativa da trajetória da música no Brasil.

A edição desta semana de Concertos UFRJ repercute as comemorações dos 164 anos da Escola de Música destacando um punhado de compositores que foram, em diversas épocas e circunstâncias, alunos ou docentes da instituição e que oferece ao mesmo tempo um panorama  de parte significativa da trajetória da música no Brasil. No programa, obras de Carlos Gomes, Joaquim Calhado, Patápio Silva, Anacleto de Medeiros, Leopoldo Miguez, Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno, Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone e Ronaldo Miranda.

 

Mais antiga instituição do gênero, Escola remonta ao Conservatório Imperial de Música do Rio de Janeiro, cuja aula inaugural data de 13 de agosto de 1848. Com a república passou a se chamar Instituto Nacional de Musica que, durante o Estado Novo, acabou incorporado a então Universidade do Brasil, com o nome de Escola Nacional de Música.  A atual designação remonta a 1965, quando a universidade passou a se chamar UFRJ. Em 1980, implantou o primeiro curso de pós-graduação em música do país.

 

podcast

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

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Carlos Gomes

 

Carlos Gomes (1836-1896) foi, sem dúvida, o mais famoso aluno do então Conservatório Imperial, onde se aperfeiçoou vindo de sua cidade natal Campinas, em São Paulo. No Rio, antes de se estabelecer na Itália e fazer sucesso no Teatro alla Scala de Milão com seu “Il Guarany, escreveu duas óperas durante seu período de estudos com o professor Gioachino Gianinni. A primeira, “Noite no Castelo”, em 1861, e a segunda “Joana de Flandres”, de 1863, ambas cantadas em português e que acabaram lhe valendo uma bolsa de estudos na Europa.

 

Dessa produção inicial, deste que foi o mais importante músico brasileiro do período romântico, a edição destacou a abertura de “Joana de Flandres”, com a Orquestra Sinfônica Brasileira sob a batuta de Yeruham Scharovsky.

 

Joaquim Calhado, Patápio Silva e Anacleto de Medeiros

 

Muitos vínculos ligam alunos e docentes do Conservatório à gênese do que hoje é conhecido como música popular brasileira. Em especial ao choro, gênero carioca formado na segunda metade do séc. XIX a partir da música instrumental de salão e com base em danças europeias. É o caso Joaquim Callado (1848-1888), professor de flauta e um dos melhores instrumentistas de seu tempo, de quem o programa pinçou a famosa “Flor Amorosa”. A versão escolkhida, a de Andrea Ernst Dias, que na gravação tocou flautim, flautas e flauta baixo, acompanhada pelo pandeiro de Beto Cazes.

 

Outro flautista de renome, Patápio Silva (1880-1907), segue trajetória semelhante. Considerado um dos maiores virtuoses do seu tempo, faleceu, como Callado, precocemente aos 27 anos. Dele, o programa apresentou “Zinha”, na interpretação de Andrea Ernst Dias na flauta e Maria Tereza Madeira ao piano.

 

Formando pelo Conservatório em 1886, Anacleto de Medeiros (1866-1907) jogou também papel relevante no desenvolvimento dos gêneros populares urbanos. Anacleto fundou, dirigiu e regeu inúmeras bandas, tendo contribuído de maneira significativa para a fixação dessa formação no Brasil. A do Corpo de Bombeiros se tornou particularmente famosa sob seu comando, chegando a gravar alguns discos pioneiros ainda no início do século XX. Não por acaso, ao Corpo de Bombeiros o compositor dedicou em homenagem aos 50 anos da corporação o conhecido dobrado “Jubileu”, que Concertos UFRJ apresentaram na interpretação da Banda Sinfônica Municipal de Nova Odessa sob a direção de Marcelo Jardim.

 

República musical: Miguez, Oswald e Nepomuceno

 

Com a república o conservatório acabou sendo reformulado. Reinaugurado em 1890 como Instituto Nacional de Musica (INM), para seu primeiro diretor foi nomeado o Leopoldo Miguez. Dele o programa mostrou a “Canção para uma menina”, op. 24, para orquestra de câmera com a Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) e a regência de André Cardoso.

 

Da mesma geração, o compositor carioca Henrique Oswald, um disputado professor de piano e, entre 1903 e 1906, também diretor do INM, é especialmente conhecido por suas obras de câmara. Entre elas, “Serrana”, trio para violino, violoncelo e piano escrito em 1925, veiculado na versão do Trio Aquarius formado por Ricardo Amado no violino, Ricardo Santoro no violoncelo e Flávio Augusto no piano.

 

Outro representante desta nascente república musical, o cearense Alberto Nepomuceno estudou na Alemanha e, ao retornar, foi nomeado professor de órgão do INM, do qual assumiu a direção em 1906, sucedendo Oswald. Da época de estudos em Berlim é a sua “Suíte Antiga”, composta para piano e, mais tarde, transcrita para orquestra de cordas, versão apresentada com a Camerata Fukuda de São Paulo e regência de Celso Antunes. São três movimentos: Minueto, Ária e Rigaudon.

 

Heitor Villa-Lobos

 

As primeiras décadas do século XX são já marcadas pela geração nacionalista e modernista. Seu mais importante representante, Heitor Villa-Lobos, embora de formação em grande parte autodidata, cursou aulas de harmonia com Frederico Nascimento no INM. O seu “Choros” no 7, conhecido como settimino, para grupo de câmera formado por flauta, oboé, clarineta, fagote, saxofone, violino e violoncelo, data de 1924 eestreou no Salão Leopoldo Miguez em 17 de setembro de 1925. A versão veiculada traz os músicos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).

 

Mignone e Miranda

 

Francisco Mignone, que foi professor de regência, é outro músico de relevo ligado à Escola de Música. Um dos mais importantes e prolíficos compositores brasileiros do século passado, o programa destacou sua “Modinha” para violoncelo e piano com o violoncelista Ricardo Santoro e a pianista Miriam Grosmam.

 

O último compositor lembrado, Ronaldo Miranda, foi aluno de composição, discípulo do maestro Henrique Morelenbaun e, posteriormente, professor da instituição, da qual recentemete se aposentou. A peça selecionada, suas “Variações sobre um tema de Anacleto de Medeiros”, une de certa forma dois pontos da trajetória dos 164 anos da instituição. Composta por Miranda para piano a quatro mãos a peça foi apresentada com duo formado por Patrícia Bretas e Josiane Kevorkian.

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Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.