Trio alemão grava música de câmara brasileira

Foto: Divulgação
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Michael Uhde, idealizador do projeto que deu origem ao CD.

O programa Concertos UFRJ, que apresenta no mês de janeiro uma seleção de grandes momentos da temporada 2013, reprisa esta semana a edição dedicada ao CD “Brasilianishe Kammermusic” (Música de Câmara Brasilweira). O projeto, uma iniciativa do conceituado pianista alemão Michael Uhde com duas de suas filhas, a violinista Katharina Uhde e a violoncelista Tatjana Uhde, reúne uma boa amostra da produção de câmara brasileira dos períodos romântico e nacionalista.

O programa Concertos UFRJ, que apresenta no mês de janeiro uma seleção de grandes momentos da temporada 2013, reprisa esta semana a edição dedicada ao CD “Brasilianishe Kammermusic” (Música de Câmara Brasilweira). O projeto, uma iniciativa do conceituado pianista alemão Michael Uhde com duas de suas filhas, a violinista Katharina Uhde e a violoncelista Tatjana Uhde, reúne uma boa amostra da produção de câmara brasileira dos períodos romântico e nacionalista.

 

 
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Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção .
   

A ligação de Michael Uhde com o Brasil é antiga. Docente da Escola Superior de Música de Karlsruhe, Alemanha, da qual é atualmente vice-reitor, visita com frequência nosso país para participar de atividades acadêmicas e artísticas. Como pesquisador, tem grande interesse pela música de câmara brasileira o que o levou a colecionar um grande acervo de partituras e documentos sobre compositores brasileiros.

 

Os três músicos, que desenvolvem isoladamente carreias de sucesso, estiveram recentemente no Brasil, para divulgar o álbum que foi produzido aqui, mas gravado no início do ano em Karlsruhe. O repertório inclui obras significativas de Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri e Luciano Gallet. Ao todo seis peças escritas para violino e piano; para violoncelo e piano; e para violino, violoncelo e piano.

 

O Trio

 

O pianista Michael Uhde nasceu em uma família musical, recebendo as primeiras aulas de seu pai, Jürgen Uhde, pianista e autor de vários livros importantes para a literatura do instrumento. Estudou na Universidade de Música de Freiburg, com Carl Seemann e, como bolsista do Studienstiftung des Deutschen Volkes, com Bruno Canino, no Conservatório G. Verdiem Milão. Apresentou-se por diversos países em inúmeras formações de câmara, a citar, entre elas, os duos com o violoncelista Antonio Meneses e com o violinista Antonio Pellegrini. Colaborou com diversos grupos, tais como o “Schumann Ensemble”, “Ensemble 13 Baden-Baden” e o “Ensemble Recherche”, o que possibilitou a realização de turnês pela Europa, Estados Unidos e América do Sul. Michael Uhde é, desde 1996, catedrático de Piano e Música de Câmara na Universidade de Música de Karlsruhe. Seu prestígio como docente tem lhe valido constantes convites para compor júris de concursos e ministrar cursos em países como Itália, Rússia, Canadá, Suécia, Suíça, Áustria e Noruega.

 

  Foto:  Divulgação
 

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  Família de músicos: Michael, Katharina e Tatjana.

Katharina Uhde estudou na Universidade de Música de Karlsruhe com Josef Rissin e, depois, com Ulf Hoelscher, recebendo os diplomas de artista e de professora, com distinção. Com uma bolsa de estudos Fulbright foi para os Estados Unidos, onde concluiu o doutorado em Artes Musicais na Universidade de Michigan sob a orientação de Stephen Shipps. Participando de extensas atividades como camerista junto ao Quarteto Viktor Ullmann, ganhou competições internacionais, como o “Concertino Praga”, e participou de recitais de música de câmara com Martha Argerich e Ivri Gitlis. Como solista, apresentou-se com diversas orquestras na Europa e nos Estados Unidos, como a Filarmônica de Baden-Baden e a Orquestra da Universidade de Michigan, e, em 2012, com a Orquestra da Universidade de Música de Belgrado e a Sinfonietta Lemberg.

 

As primeiras aulas de violoncelo de Tatjana Uhde começaram com sua mãe Sanja Uhde. Estudou com Martin Ostertag na Universidade de Música de Karlsruhe, e com Philippe Muller no Conservatório Nacional Superior de Música e de Dança de Paris, onde se graduou e obteve o diploma de artista, com distinção. Concluiu seus estudos com Antonio Meneses, na Universidade de Música de Berna. Recebeu o primeiro prêmio no Concurso Internacional de Música de Câmara “Concertino Praga” e o segundo prêmio no prestigioso Concurso Internacional de Violoncelo-Solo “Witold Lutoslawski”, em Varsóvia. Em março de 2013, o Quarteto de Cordas Capriccio, do qual faz parte, recebeu o primeiro prêmio no “Concurso Internacional de Música de Câmera”, em Illzach. Atualmente é violoncelista solista na Ópera Nacional de Paris.

 

* * *

 

Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, o programa radiofônico Concertos UFRJ vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado pelo professor André Cardoso, as edições passadas podem ser acompanhadas no podcast, audio sob demanda, da Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

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Repertório do CD

 

Henrique Oswald

Trio para piano em Ré Maior Op. 28 (1987)

I. Allegro Moderato

II. Scherzo (Presto) – Piú Moderato

III. Adagio

IV. Presto

 

Henrique Oswald

Sonatina em Fá Sustenido Menor para Trio de piano (1908)

Allegro

 

Alberto Nepomuceno

Tarantella para violoncelo com acompanhamento de piano (1908)

Vivo

 

 

Francisco Mignone

Canção sertaneja para violino, violoncelo e piano (1932)

 

Camargo Guarnieri

Canção sertaneja para violino e piano (1928)

Dolentemente

 

Luciano Gallet

Elegia para violoncelo e piano

Lento

Música brasileira para oboé, fagote e piano em Concertos UFRJ

Foto: Ana Liao
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Aloysio: projeto combina pesquisa acadêmica com produção artística.

O programa Concertos UFRJ reprisa a edição dedicada ao CD Música Brasileira para oboé, fagote e piano. O álbum reúne obras de seis compositores nascidos ou radicados no país escritas para esta formação camerística pouco conhecida do grande público, cobrindo um período que vai do século XIX à contemporaneidade.

O programa Concertos UFRJ reprisa a edição dedicada ao CD Música Brasileira para oboé, fagote e piano. O álbum reúne obras de seis compositores nascidos ou radicados no país escritas para esta formação camerística pouco conhecida do grande público, cobrindo um período que vai do século XIX à contemporaneidade.

 

 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
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O álbum foi editado pelo Selo UFRJ Música com patrocínio da Fapej, fundação de fomento à pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. A iniciativa é do fagotista Aloysio Fagerlande, docente da Escola de Música (EM), e integra um projeto mais amplo de pesquisa que visa levantar e discutir a participação desse instrumento na música brasileira de concerto.

 

Em 2011. o professor lançou pelo mesmo selo o CD Música Brasileira de concerto para fagote, reunindo obras para fagote solista de orquestra de câmara de compositores ligados à Escola de Música. Na ocasião, a gravação foi assunto de duas de Concertos UFRJ.

 

Além de Fagerlande, participam o oboísta Luis Carlos Justi, professor da UNIRIO, e a pianista Fany Solter. Embora brasileira, Fany está radicada há muito tempo na Europa, sendo atualmente catedrática de piano da Escola Superior de Música de Karlsruhe (Hochschule für Musik Karlsruhe), Alemanha, instituição da qual foi reitora de 1984 a 2001.

 

O projeto foi contemplado em 2011 com o Edital de Apoio as Artes da do Rio de Janeiro. Ele é fruto também de uma parceria acadêmica da UFRJ e da UNIRIO com a Escola de Música de Karlsruhe. Uma colaboração que, entre outra iniciativas, proporciona o intercâmbio de docentes e estudantes de graduação com aquela instituição e que, desde 2008, realiza o Festival Brasil-Alemanha.

 

Sigismond Neukomm, Amaral Vieira, João Gillherme Ripper, Tim Rescala, Ernest Mahle e Dawid Korenchendler são os compositores registrados no disco.

 

Como destaca Fagerlande, apesar de pouco comum no repertório camerístico, o trio para oboé, fagote e piano ganhou um maior destaque quando Francis Poulenc escreveu em 1926 uma peça para a formação, que se tornou emblemática. A partir daí um maior número de compositores passaram explorar a coloratura do oboé e do fagote, de palheta dupla, que, aliados ao piano, deram um resultado, se não equivalente ao virtuosismo do tradicional trio para violino, violoncelo e piano, pelo menos riquíssimo em sonoridades coloridas e variadas.

 

Em parte inspirados em compositores europeus e americanos algumas obras composta para este grupo de instrumentos começaram a aparecer no repertório nacional. Um tendência que vem aumentando nos últimos anos.

 

Os interessados podem adquirir o CD através do site da Livraria Arlequim.

 

***

 

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: .

 

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Música Brasileira para oboé, fagote e piano

 

Repertório do CD

 

Sigismond Neukomm

Nocturne

 

Amaral Vieira

Episódios, Op. 232

 

João Gillherme Ripper

From My Window no 1

Biking by the Sea (Orla)

Sunset (Anoitecer)

Bossa-Nova

 

Tim Rescala

Trio (2007)

 

Dawid Korenchendler

Serenata

Concertos UFRJ: Especial Guerra-Peixe I

Foto: Reprodução
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Gerra-Peixe, em foto de 1936, no Rio de Janeiro.

O ano será marcado no caso da nossa música de concerto por uma série de datas importantes. Em 2014 se comemoram o sesquicentenário de nascimento de Alberto Nepomuceno (1984-1920) e de Alexandre Levy (1984-1892) e o centenário de nascimento de César Guerra-Peixe, um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos e destacado representante do nosso nacionalismo musical.

O ano será marcado no caso da nossa música de concerto por uma série de datas importantes. Em 2014 se comemoram o sesquicentenário de nascimento de Alberto Nepomuceno (1984-1920) e de Alexandre Levy (1984-1892) e o centenário de nascimento de César Guerra-Peixe, um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos e destacado representante do nosso nacionalismo musical.

 

 

 

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Concertos UFRJ, programa radiofônico produzido pela Roquette Pinto em parceria com a Escola de Música, dedicará especias à obra desses importantes compositores, começando pela de Gerra-Peixe cujo aniversário se comora dia 18 de março. Em destaque no programa as duas suítes sinfônicas (a “Paulista” e a “Pernambucana”) e o “Ponteado”, que escreveu em 1955. Encerra a audição “Moda e rasqueado”, do ano seguinte.

 

Filho de imigrantes portugueses de origem cigana, César Guerra-Peixe nasceu em Petrópolis, RJ, em 18 de março de 1914. Seu pai, instrumentista amador, o iniciou na música e com 11 anos ingressa na Escola de Música Santa Cecília, da sua cidade natal, onde se desenvolve em piano e violino. Em 1943, é aprovado no Instituto Nacional de Música, atual EM, estudando violino com Paulina d’Ambrósio e harmonia com Newton Pádua, de quem foi aluno também no Conservatório Nacional de Música e a quem deve grande parte de sua formação inicial como compositor.

 

As partituras desse período, compostas segundo o modelo da melodia brasileira, foram quase todas destruídas mais tarde pelo próprio autor. Forma-se me 1944 e biscando novos horizontes passa a frequentar aulas particulares com Hans-Joachim Koellreutter – músico alemão recém-chegado que difundiu no Brasil as propostas das vanguardas europeias, em especial as do dodecafonismo.

 

Nessa época, participava ativamente do grupo Música Viva, que incluía, além do próprio Koellreutter, Cláudio Santoro, Edino Krieger e Eunice Katunda, entre outros, e que teve um papel importante na atualização do meio musical do país.

 

  Foto: Reprodução
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  O compositor diante do busto de Alberto Nepomuceno, no Passeio Público, em frente a Escola Música, 1942.

Nessa atmosfera efervescente, Guerra-Peixe passa a compor obras de caráter mais universal e conforme os pressupostos da nova estética que o fazem conhecido mais amplamente. Entretanto, após buscar sem sucesso conciliar as técnicas dodecafônicas com a tradição brasileira, e já muito influenciado pelas ideias de Mário de Andrade, acaba aderindo ao nacionalismo.

 

A Suíte para orquestra de cordas, composta em 1949 e com os movimentos propositadamente bem brasileiros Maracatu, Pregão, Modinha e Frevo, assinala essa virada estética e programática. A partir daí, o material folclórico, em especial o nordestino, ganha cada vez mais relevo na sua produção, facilitado por sua transferência para o Recife, o que lhe permite realizar pesquisas de campo, aproveitadas ao longo dos anos 50 em suas obras. Editado pela Ricordi, parte desse material foi publicado em 1955 sob o título Maracatus do Recife.

 

Guerra-Peixe trabalhou como arranjador, compôs trilhas para cinema, e realizou incursões no campo da música popular brasileira. Ao mesmo tempo, desenvolveu intensa atividade como docente, contribuindo para formar toda uma geração de novos compositores. Foi professor da Escola de Música da UFMG, da Escola de Música Villa-Lobos e, nos últimos anos de vida, da Escola de Música da UFRJ, instituição em que havia se formado.

 

O ano de 1976 inaugura a última fase de sua trajetória musical, na qual a afirmação nacionalista já não se expressa sob a forma direta do recurso a configurações musicais populares. O folclore não é, entretanto, abandonado, mas superado, como faz questão de assinalar. Permanece como substrato inconsciente a partir do qual se forjam valores e elementos estéticos que guiam o trabalho do compositor, agora com mais liberdade.

 

O compositor nos deixou em 24 de novembro de 1993. Os interessados podem conhecer um pouco mais da sua vida e da sua obra no site do Projeto Guerra-Peixe.

 

***

 

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do .

 

 

Repertório do Programa

Suíte Sinfônica nº 1, “Paulista” (1955). Orquestra Estatal de Moscou sob a regência de Eduardo de Guarnieri, a quem a obra é dedicada. Movimentos: I. Cantaretê; II. Jongo; III. Recomenda de almas; IV. Tambu.

 

Suíte Sinfônica nº 2, “Pernambucana” (1955). Orquestra Nacional da Rádio MEC, sob regência do próprio compositor. Movimentos: I. Maracatu ; II. Dança de cabocolinhos ; III. Aboiado ; IV. Frevo.

 

Poentado (1855). Orquestra Estatal de Moscou sob a regência de Eduardo de Guarnieri.

 

Moda e rasqueado (1956). Orquestra de Câmara Solistas de Londrina. Movmentos: I. Moderato ; II. Allegretto moderato.

Vinicius de Moraes em Concertos UFRJ

Foto: Divulgação
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O poeta autografando Arca de Noé, livro infantil que viraria disco (c. 1970).

Concertos UFRJ reproduz a pedidos a edição dedicada Vinicius de Moraes, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro. O programa destaca dois momentos de sua aproximação com a música: a colaboração com Cláudio Santoro e a parceria com Tom Jobim.

Concertos UFRJ reproduz a pedidos a edição dedicada Vinicius de Moraes, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro. O programa destaca dois momentos de sua aproximação com a música: a colaboração com Cláudio Santoro, que resultou em um ciclo notável de canções, e a parceria com Tom Jobim no nascedouro da Bossa Nova, movimento que revolucionou a Música Popular Brasileira. 

   
 
podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
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Com produção e apresentação do professor André Cardoso, Concertos UFRJ é uma parceria da UFRJ com a rádio Roquette Pinto e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

 

Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de outubro de 1913, e faleceu na mesma cidade em em 9 de julho de 1980.  Com apenas 16 anos entrou para a Faculdade de Direito do Catete, onde se formou em 1933, ano em que publicou “O caminho para a distância”, seu primeiro livro. Durante o período de formação acadêmica firmou amizades com boêmios, cujo estilo de vida o atrairia para sempre.

 

Em 1935, recebeu o prêmio Filipe d’Oliveira por “Forma e exegese”. Três anos depois ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxforf. Neste ano publicou “Novos poemas”. Com o inicio da Segunda Guerra Mundial, retornou ao Brasil. Após algumas experiências como jornalista, cronista e crítico de cinema, ingressou em 1943 no Ministério das Relações Exteriores, do qual foi aposentado compulsoriamente em 1969 pelo AI-5 da ditadura militar.

 

Desde sempre impregnada de musicalidade, a poesia de Vinícus transita de uma primeira fase, marcada pelo neo-simbolismo e pela espiritualiade, para um erotismo personalíssimo, dominado por confidências e pleno de sentidos a partir dos anos 1950. A linguagem, por sua vez, abandona paulatinamente os versos caudalosos e difusos das primeiras obras, em famor de uma maior objetividade e coloquialidade, ganhando nesse percurso uma dicção inconfundível. É esse lirismo renovado e renovador que o aproximará dos grandes músicos e compositores da sua geração.

 

Canções de Amor

 

Vinicius de Moraes é mais conhecido pelas parcerias com compositores populares como Tom Jobim, Carlos Lyra, Toquinho e Baden Powell. Ele foi, sem dúvida, um dos expoentes da Bossa Nova ­ movimento surgido na Zona Sul do Rio de Janeiro, no final da década de 1950, que se caracterizou pelo refinamento da harmonia, de influência jazzística e impressionista, sobre uma base essencialmente de samba. No plano da letra – e neste aspecto a contribuição do poeta foi decisiva -, assinala uma virada em favor de um lirismo despojado e maracado pelo cotidiano.

 

  Fotos: Reprodução
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  Acima, Vinicius com a famosa antologia de seus poemas publicada pela Editora Sabiá. Abaixo, com Tom Jobim e o violão (c. 1950).

Mas os poemas de Vinícius de Moraes também serviram de fonte para obras de compositores clássicos brasileiros. O exemplo mais notável são as Canções de Amor, compostas por Cláudio Santoro e contemporâneas ao surgimento da Bossa Nova. A origem dessas canções remonta aos Prelúdios para piano que o compositor começou a escrever ainda na década de 1940. Em 1958 Santoro, morando então em Paris, entrou em contato com Vinícius, que colocou letra em alguns deles. O resultado, um dos mais importantes ciclos de canções da música vocal brasileira.

 

O programa destacou as Canções de Amor na voz especial do tenor Aldo Baldin acompanhado ao piano por Lilian Barreto.

 

Bossa Nova

 

O marco inicial do movimento é o álbum Canção do Amor Demais, com obras assindas por Vinícus e Tom Jobim, e com a insuperável interpretação de Elizeth Cardoso. O LP foi lançado em 1958 pelo antigo selo Festa do produtor Irineu Garcia, um visionário que nos legou um catálogo invejável de gravações de música de concerto e de gravações pioneiras de Bossa Nova.

 

Com o sucesso de Canção do Amor Demais, Garcia investiu em um segundo LP com canções da parceria. Intitulado Por toda a minha vida, como solista foi convidada a cantora lírica Lenita Bruno, conhecida intérprete de operetas em programas da antiga Rádio Nacional. Lenita era casada com o maestro Léo Perachi, arranjador da Nacional e autor das orquestrações do filme Orfeu Negro. Dirigido por Marcel Camus e baseado em peça de Vinicus a produção franco-brasileria ganhou a Palama de Ouro do Festival de Cannes, em 1959, e o Oscar de melhor filme estrangeiro no ano seguinte.

 

Para as melodias de Tom Jobim, de quem aliás havia sido professor, Perachi escreveu arranjos de grande beleza e enorme economia de meios. Na orquestra, músicos do quilate de Radamés Gnattali, ao piano, e Mário Tavares, como um dos violoncelistas. Um verdadeiro recital de canto onde a voz cristalina de Lenita casa perfeitamente com orquestrações inspiradas.

 

Das 13 canções desse álbum histórico, o programa apresentou Estrada Branca, Valsa de Orfeu, Canção do Amor Demais, Eu sei que vou te amar, Canta Canta Mais, Cai a tarde, Sem você e Eu não existo sem você.

 

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O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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Homenagem a Claudio Abbado

Foto: Reprodução
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Abbado (1933-2014), um dos maiores regentes da sua geração.

A edição desta semana de Concertos UFRJ recorda o maestro italiano Claudio Abbado, um dos grandes expoentes da música de concerto, falecido no último dia 20 de janeiro, em Bolonha. “Claudio Abbado morreu serenamente às 8h30, cercado por sua família”, informaram parentes do músico em comunicado. Ele estava com 80 anos e lutava, havia mais de uma década, contra um câncer que o havia levado a cancelar parte de seus compromissos no segundo semestre do ano passado.

A edição desta semana de Concertos UFRJ recorda o maestro italiano Claudio Abbado, um dos grandes expoentes da música de concerto, falecido no último dia 20 de janeiro, em Bolonha. “Claudio Abbado morreu serenamente às 8h30, cercado por sua família”, informaram parentes do músico em comunicado. Ele estava com 80 anos e lutava, havia mais de uma década, contra um câncer que o havia levado a cancelar parte de seus compromissos no segundo semestre do ano passado.

 

   
 
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Abbado foi um dos mais importantes maestros do nosso tempo — diretor musical do La Scala, de Milão, principal regente da Orquestra Sinfônica de Londres, principal maestro convidado da Orquestra Sinfônica de Chicago, diretor musical da Ópera Estatal de Viena, regente principal da Orquestra Filarmônica de Berlim. 

 

O maestro nasceu em Milão, em 1933. Seu pai, violinista e professor do Conservatório Giuseppe Verdi, iniciou o filho na música aos oito anos. Com dezesseis anos cursou piano, composição e regência no Conservatório de Milão, e estudou regência mais tarde, em 1955, com Hans Swarowsky na Academia de Música de Viena. Também frequentou a Academia Chigiana, em Siena. Em 1958 conquistou o prêmio Serge Koussevitsky no Festival de Música de Tanglewood, o que lhe abriu a porta para conduzir óperas na Itália. Em 1963 conquistou também o importante Prêmio Dimitri Mitropoulos para regentes.

 

Abbado assumiu, em 1968, o Scala de Milão, onde passou quase 20 anos como diretor musical e ampliou o repertório da casa, abrindo espaço para obras do século 20.

Nos anos 80, acumulou o posto no Scala com o de diretor da Orquestra Sinfônica de Londres. Da Inglaterra, partiria para Vienal. Na capital austríaca, criou o Wien Modern, festival dedicado à música contemporânea e, à frente da Ópera Estatal de Viena, continuou de certa forma o trabalho iniciado na Itália, combinando um repertório novo com releituras e redescobertas de compositores do passado.

 

Em 1982, foi cotado para substituir Georg Solti à frente da Sinfônica de Chicago, mas acabaria por se tornar principal regente convidado. Em 1989, a imprensa o colocava como nome certo para assumir a Filarmônica de Nova York. Mas, com a morte de Herbert Von Karajan, ele receberia – e aceitaria – o convite para o posto de diretor da Filarmônica de Berlim. Abbado ofereceu ao grupo uma preocupação estilística atenta às recentes correntes de pesquisa, redefiniu sua sonoridade no que diz repertório francês e moderno, e fez de seu ciclo dedicado às sinfonias de Beethoven a base para as interpretações contemporâneas dessas obras.

 

  Foto: Reprodução
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quoteNão sou o chefe dos músicos, nós trabalhamos juntos.quotefim

Conhecido por sua adesão a posições políticas de esquerda, realizou concertos em fábricas e escolas, tentando envolver o público mais amplo no mundo da música clássica. Depois de uma viagem à Venezuela, se tornou um dos maiores incentivadores da Orquestra Sinfônica Simón Bolivar, parte de um programa destinado a tirar jovens da pobreza através da música. Na Itália apoiou, entre outros, projetos sociais para levar música às prisões e pediatrias de hospitais. “A educação musical é, na realidade, a educação do homem”, costumava afirmar.

 

Nos últimos anos, o maestro se dedicou a projetos mais pessoais como o Festival de Lucerna, na Suiça, a Orquestra Jovem Gustav Mahler e a Orquestra Mozart, de Bolonha.

 

Durante sua trajetória recebeu vários prêmios, como o título de Cavalheiro da Grande Croce italiana (1988) e a Cruz da Legião de Honra francesa (1989), além dos títulos honoris causa das Universidades de Ferrara, na Itália, e de Cambridge, no Reino Unido.

Abbado se tornou senador vitalício em agosto de 2013 por uma nomeação do presidente da Itália, Giorgio Napolitano. Em dezembro, renunciou ao seu salário parlamentar para dedicá-lo ao financiamento de bolsas de estudos para jovens músicos de uma escola da pequena cidade de Fiesole, da região da Toscana.

 

Repertório da Audição

 

Entre as inúmeras gravações do maestro, o programa selecionou as suas interpretações da Abertura Prometheus, Op. 43, L. van Beethovem, com a Orquestra Filarmônica de Berlim; da Abertura de Sonhos de uma Noite de Verão, Op. 21, Felix Mendelssohn, com a Orquestra Sinfônica de Londres; da Pavana para uma Princesa Morta, Maurice Ravel, com a Orquestra Sinfônica de Londres, da Suite Suite “O Tenente Kijé”, de Sergei Prokofiev, com a Sinfônica de Chicago; e da Abertura Festival Acadêmico, Op. 80, de Brahms, com a Orquestra Filarmônica de Berlim.

 

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Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

Música brasileira para oboé, fagote e piano em Concertos UFRJ

Foto: Ana Liao
AloysioFagerlande
Aloysio: projeto combina pesquisa acadêmica com produção artística.

O programa Concertos UFRJ, que no mês de janeiro apresenta uma seleção da temporada passada, reprisa a edição dedicada ao CD Música Brasileira para oboé, fagote e piano. O álbum reúne obras de seis compositores nascidos ou radicados no país escritas para esta formação camerística pouco conhecida do grande público, cobrindo um período que vai do século XIX à contemporaneidade.

O programa Concertos UFRJ, que no mês de janeiro apresenta uma seleção da temporada passada, reprisa a edição dedicada ao CD Música Brasileira para oboé, fagote e piano. O álbum reúne obras de seis compositores nascidos ou radicados no país escritas para esta formação camerística pouco conhecida do grande público, cobrindo um período que vai do século XIX à contemporaneidade.

 

 

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Ouça aqui o programa: 

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O álbum foi editado pelo Selo UFRJ Música com patrocínio da Fapej, fundação de fomento à pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. A iniciativa é do fagotista Aloysio Fagerlande, docente da Escola de Música (EM), e integra um projeto mais amplo de pesquisa que visa levantar e discutir a participação desse instrumento na música brasileira de concerto.

 

Em 2011. o professor lançou pelo mesmo selo o CD Música Brasileira de concerto para fagote, reunindo obras para fagote solista de orquestra de câmara de compositores ligados à Escola de Música. Na ocasião, a gravação foi assunto de duas de Concertos UFRJ.

 

Além de Fagerlande, participam o oboísta Luis Carlos Justi, professor da UNIRIO, e a pianista Fany Solter. Embora brasileira, Fany está radicada há muito tempo na Europa, sendo atualmente catedrática de piano da Escola Superior de Música de Karlsruhe (Hochschule für Musik Karlsruhe), Alemanha, instituição da qual foi reitora de 1984 a 2001.

 

O projeto foi contemplado em 2011 com o Edital de Apoio as Artes da do Rio de Janeiro. Ele é fruto também de uma parceria acadêmica da UFRJ e da UNIRIO com a Escola de Música de Karlsruhe. Uma colaboração que, entre outra iniciativas, proporciona o intercâmbio de docentes e estudantes de graduação com aquela instituição e que, desde 2008, realiza o Festival Brasil-Alemanha.

 

Sigismond Neukomm, Amaral Vieira, João Gillherme Ripper, Tim Rescala, Ernest Mahle e Dawid Korenchendler são os compositores registrados no disco.

 

Como destaca Fagerlande, apesar de pouco comum no repertório camerístico, o trio para oboé, fagote e piano ganhou um maior destaque quando Francis Poulenc escreveu em 1926 uma peça para a formação, que se tornou emblemática. A partir daí um maior número de compositores passaram explorar a coloratura do oboé e do fagote, de palheta dupla, que, aliados ao piano, deram um resultado, se não equivalente ao virtuosismo do tradicional trio para violino, violoncelo e piano, pelo menos riquíssimo em sonoridades coloridas e variadas.

 

Em parte inspirados em compositores europeus e americanos algumas obras composta para este grupo de instrumentos começaram a aparecer no repertório nacional. Um tendência que vem aumentando nos últimos anos.

 

Os interessados podem adquirir o CD através do site da Livraria Arlequim.

 

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O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: .

 

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Música Brasileira para oboé, fagote e piano

 

Repertório do CD

 

Sigismond Neukomm

Nocturne

 

Amaral Vieira

Episódios, Op. 232

 

João Gillherme Ripper

From My Window no 1

Biking by the Sea (Orla)

Sunset (Anoitecer)

Bossa-Nova

 

Tim Rescala

Trio (2007)

 

Dawid Korenchendler

Serenata

OSUFRJ executa sinfonias de Haydn

Foto: Ana Liao
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Felipe Prazeres conduziu a OSUFRJ em concerto dedicado a Hydn.

Concertos UFRJ, que está apresentando no mês de janeiro uma seleção de melhores programas da temporada passada, reprisa esta semana a edição dedicada ao concerto que a Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) realizou no dia 05 de março, no Salão Leopoldo Miguez. Na apresentação, que comemorou Dia Nacional da Música Clássica, foram executadas as sinfonias 6, 7 e 8 de Joseph Haydn.

Concertos UFRJ, que está apresentando no mês de janeiro uma seleção de melhores programas da temporada passada, reprisa esta semana a edição dedicada ao concerto que a Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) realizou no dia 05 de março, no Salão Leopoldo Miguez. Na apresentação, que comemorou Dia Nacional da Música Clássica, foram executadas as sinfonias 6, 7 e 8 de Joseph Haydn, compositor que personifica o chamado “classicismo vienense” ao lado de Mozart e Beethoven. As duas primeiras peças foram ao ar em gravação ao vivo.

 

   
 
podcast

Ouça aqui o programa: 

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Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção .
   

Chamado por Mozart de “o pai de todos os compositores”, Haydn (1732-1809) é um dos expoentes da tradição musical. A ele se atribui o estabelecimento do quarteto de cordas e da sinfonia clássica. Ao todo escreveu 104 sinfonias e 68 quartetos. Também produziu concertos para oito instrumentos diferentes; várias missas; dois grandes oratórios, “A criação” e “As estações”; treze óperas em italiano e seis em alemão; inúmeras obras para trios e para piano. Sem mencionar centenas de canções inglesas, escocesas e galesas.

 

Compostas provavelmente no ano 1761, logo após o autor sido contratado pela corte da família Esterházy, na Hungria, as sinfonias nº 6 em Ré Maior (“Le Matin”, A Manhã), nº 7 em Dó Maior (“Le Midi”, O Meio-Dia) e a nº 8 em Sol Maior (“Le Soir”, A Tarde) formam uma espécie de unidade. Não por acaso, foram estreadas em um único concerto.

 

Um dos traços marcantes dessas sinfonias, a presença de instrumentos solistas, as aproximam bastante do antigo concerto grosso, forma de origem barroca. Um afinidade ressaltada pela adoção do baixo contínuo.

 

A sinfonia nº 6 (“Le Midi”) está dividida em quatro movimentos: I – Adagio/Allegro, II – Adagio, III – Menuet, e IV – Finale/Allegro. A introdução evoca o nascer do sol, ao que se segue o allegro em forma sonata com o tema principal sendo exposto pela flauta. O movimento lento reúne apenas os instrumentos de cordas e desenvolve um andante central com solos elaborados de violino e violoncelo, circundados por dois adágios.  O terceiro movimento destaca o solo de flauta e um trio em que dialogam fagote e violoncelo, coadjuvados pelo contrabaixo. Encerra a obra, um alegro com várias passagens concertantes.

 

A gravação traz Andréia Carizzi, violino; Rúbia Siqueira, viola; Gretel Paganini, violoncelo; Tarcísio Silva, contrabaixo; e Paulo Andrade, fagote. Felipe Prazeres, rege a OSUFRJ.

 

A sinfonia seguinte da trilogia, a nº 7 (“Le Midi”), acentua elementos da linguagem barroco, ainda que integrados a um sinfonia clássica. No primeiro movimento, uma Adagio/Allegro, além dos instrumentos solistas, aparecem figuras rítmicas pontuadas e um trabalho contrapontista mais intenso. Um recitativo com violino solo lembra uma cena de ópera com modulações e mudanças de andamento. O movimento seguinte, em adagio, cria um contraste com o anterior pelo caráter sereno e a presença de duas flautas. Ao final do desta parte, Haydn introduz uma cadência em que dialogam violino e violoncelo. Já no trio do quarto movimento, um minueto, destacam-se as trompas e o contrabaixo solista. O quinto, incomum nas obras do período, é um allegro que conclui com curta fanfarra.

 

Os solistas foram Marco Catto e Her Agapito, violinos; Mateus Cecatto, violoncelo; e Rodrigo Favaro, contrabaixo. A regência, uma vez mais esteve a cargo de Felipe Prazeres.

 

Encerra o programa a sinfonia 27, em Sol Maior, de Haydn. Em três movimentos – Allegro molto, Andante: siciliano, e Finale: Presto – a gravação veiculada foi a do maestro Antal Doráti a frente da Orquestra Filarmonia Hungárica.

 

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Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

Trio alemão grava música de câmara brasileira

Foto: Divulgação
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Michael Uhde, idealizador do projeto que deu origem ao CD.

O programa Concertos UFRJ, que apresenta no mês de janeiro uma seleção de grandes momentos da temporada 2013, reprisa esta semana a edição dedicada ao CD “Brasilianishe Kammermusic” (Música de Câmara Brasilweira). O projeto, uma iniciativa do conceituado pianista alemão Michael Uhde com duas de suas filhas, a violinista Katharina Uhde e a violoncelista Tatjana Uhde, reúne uma boa amostra da produção de câmara brasileira dos períodos romântico e nacionalista.

O programa Concertos UFRJ, que apresenta no mês de janeiro uma seleção de grandes momentos da temporada 2013, reprisa esta semana a edição dedicada ao CD “Brasilianishe Kammermusic” (Música de Câmara Brasilweira). O projeto, uma iniciativa do conceituado pianista alemão Michael Uhde com duas de suas filhas, a violinista Katharina Uhde e a violoncelista Tatjana Uhde, reúne uma boa amostra da produção de câmara brasileira dos períodos romântico e nacionalista.

 

 
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A ligação de Michael Uhde com o Brasil é antiga. Docente da Escola Superior de Música de Karlsruhe, Alemanha, da qual é atualmente vice-reitor, visita com frequência nosso país para participar de atividades acadêmicas e artísticas. Como pesquisador, tem grande interesse pela música de câmara brasileira o que o levou a colecionar um grande acervo de partituras e documentos sobre compositores brasileiros.

 

Os três músicos, que desenvolvem isoladamente carreias de sucesso, estiveram recentemente no Brasil, para divulgar o álbum que foi produzido aqui, mas gravado no início do ano em Karlsruhe. O repertório inclui obras significativas de Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri e Luciano Gallet. Ao todo seis peças escritas para violino e piano; para violoncelo e piano; e para violino, violoncelo e piano.

 

O Trio

 

O pianista Michael Uhde nasceu em uma família musical, recebendo as primeiras aulas de seu pai, Jürgen Uhde, pianista e autor de vários livros importantes para a literatura do instrumento. Estudou na Universidade de Música de Freiburg, com Carl Seemann e, como bolsista do Studienstiftung des Deutschen Volkes, com Bruno Canino, no Conservatório G. Verdiem Milão. Apresentou-se por diversos países em inúmeras formações de câmara, a citar, entre elas, os duos com o violoncelista Antonio Meneses e com o violinista Antonio Pellegrini. Colaborou com diversos grupos, tais como o “Schumann Ensemble”, “Ensemble 13 Baden-Baden” e o “Ensemble Recherche”, o que possibilitou a realização de turnês pela Europa, Estados Unidos e América do Sul. Michael Uhde é, desde 1996, catedrático de Piano e Música de Câmara na Universidade de Música de Karlsruhe. Seu prestígio como docente tem lhe valido constantes convites para compor júris de concursos e ministrar cursos em países como Itália, Rússia, Canadá, Suécia, Suíça, Áustria e Noruega.

 

  Foto:  Divulgação
 

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  Família de músicos: Michael, Katharina e Tatjana.

Katharina Uhde estudou na Universidade de Música de Karlsruhe com Josef Rissin e, depois, com Ulf Hoelscher, recebendo os diplomas de artista e de professora, com distinção. Com uma bolsa de estudos Fulbright foi para os Estados Unidos, onde concluiu o doutorado em Artes Musicais na Universidade de Michigan sob a orientação de Stephen Shipps. Participando de extensas atividades como camerista junto ao Quarteto Viktor Ullmann, ganhou competições internacionais, como o “Concertino Praga”, e participou de recitais de música de câmara com Martha Argerich e Ivri Gitlis. Como solista, apresentou-se com diversas orquestras na Europa e nos Estados Unidos, como a Filarmônica de Baden-Baden e a Orquestra da Universidade de Michigan, e, em 2012, com a Orquestra da Universidade de Música de Belgrado e a Sinfonietta Lemberg.

 

As primeiras aulas de violoncelo de Tatjana Uhde começaram com sua mãe Sanja Uhde. Estudou com Martin Ostertag na Universidade de Música de Karlsruhe, e com Philippe Muller no Conservatório Nacional Superior de Música e de Dança de Paris, onde se graduou e obteve o diploma de artista, com distinção. Concluiu seus estudos com Antonio Meneses, na Universidade de Música de Berna. Recebeu o primeiro prêmio no Concurso Internacional de Música de Câmara “Concertino Praga” e o segundo prêmio no prestigioso Concurso Internacional de Violoncelo-Solo “Witold Lutoslawski”, em Varsóvia. Em março de 2013, o Quarteto de Cordas Capriccio, do qual faz parte, recebeu o primeiro prêmio no “Concurso Internacional de Música de Câmera”, em Illzach. Atualmente é violoncelista solista na Ópera Nacional de Paris.

 

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Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, o programa radiofônico Concertos UFRJ vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado pelo professor André Cardoso, as edições passadas podem ser acompanhadas no podcast, audio sob demanda, da Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

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Repertório do CD

 

Henrique Oswald

Trio para piano em Ré Maior Op. 28 (1987)

I. Allegro Moderato

II. Scherzo (Presto) – Piú Moderato

III. Adagio

IV. Presto

 

Henrique Oswald

Sonatina em Fá Sustenido Menor para Trio de piano (1908)

Allegro

 

Alberto Nepomuceno

Tarantella para violoncelo com acompanhamento de piano (1908)

Vivo

 

 

Francisco Mignone

Canção sertaneja para violino, violoncelo e piano (1932)

 

Camargo Guarnieri

Canção sertaneja para violino e piano (1928)

Dolentemente

 

Luciano Gallet

Elegia para violoncelo e piano

Lento

Ana Vidovic interpreta o Concerto de Aranjuez com a OSUFRJ

Foto: Ana Liao
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Vidovic com a OSUFRJ no III Festival Internacional de Violão da UFRJ.

Concertos UFRJ apresentam no mês de janeiro uma seleção de grandes momentos da temporada 2013 do programa. Nesta semana o destaque é a apresentação da violonista croata Ana Vidovic no encerramento do III Festival Internacional de Violão da UFRJ.

Concertos UFRJ apresentam no mês de janeiro uma seleção de grandes momentos da temporada 2013 do programa. Nesta semana o destaque é a segunda parte do recital da violonista croata Ana Vidovic no encerramento do III Festival Internacional de Violão da UFRJ. Acompanhada pela Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) e sob a direção do maestro Tobias Volkmann, Vidovic interpretou o famoso Concerto de Aranjuez, do compositor espanhol Joaquín Rodrigo. A gravação ao vivo foi realizada no dia 27 de outubro de 2012 no Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música.

 

O programa completa edição que levou ao ar a primeira parte do recital em que Vidovc, uma das maiores virtuoses da atualidade, tocou peças de Joaquim Turina, Fernando Sor, Bach e William Walton.

 

 
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Concerto de Aranjuez

 

Talvez a obra para violão e orquestra mais executada, o Concerto de Aranjuez é uma das maiores criações para o instrumento escritas no século passado. Composto no início de 1939, quando Rodrigo estava em Paris, distante de sua amada Espanha então conflagrada pelas guerra civil, e no epicentro de uma Europa prestes a sucumbir à Segunda Guerra Mundial, tem como inspiração os belos jardins do Palácio Real de Aranjuez, originalmente construído como residência de primavera de Filipe II de Espanha e redesenhado em meados do século XVIII para Fernando VI.

 

Foi a primeira peça que compôs para violão e orquestra. Sua estreia ocorreu em 9 de novembro de 1940, no Palácio da Música Catalã, em Barcelona, tendo como solista Regino Sáinz de la Maza y Ruiz, a quem a obra é dedicada. A orquestra, a Filarmônica de Barcelona liderada na ocasião por César Mendoza Lasalle.

 

O concerto está dividido em três movimentos (Allegro con spirito, Adagio e Allegro gentile) e, como afirma o autor, tenta capturar “a fragrância das magnólias, o cantar dos pássaros e o jorro das fontes” dos jardins de Aranjuez. Ainda segundo Rodrigo, o primeiro movimento é “animado por um espírito e um vigor sem que nenhum dos dois temas interrompa seu ritmo incansável”, o segundo “representa um diálogo entre guitarra e instrumentos de sopro (corne inglês, fagote, oboé, trompa, etc.)”, e o último “lembra uma dança cortesã em que a combinação de tempo duplo e triplo mantém um ritmo tenso até a barra de fechamento”.

 

A orquestração é bastante leve e o violão, que raramente confronta o conjunto da formação, dialoga com diversos instrumentos como o corne inglês no segundo movimento, uma das melodias mais inspiradas do compositor e que ganhou inúmeras versões autônomas.

 

Rodrigo e sua esposa Victoria mantiveram silêncio por muitos anos sobre as fontes do segundo movimento, o que fez crescer a suspeita de que houvesse sido sugerido pelo bombardeio de Guernica, em 1937. Em sua autobiografia, Victoria afirma entretanto que é uma evocação dos dias felizes da lua de mel, ao mesmo tempo, que uma resposta à tristeza da perda do primeiro filho do casal.

Fotos: Ana Liao

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Recuerdos de la Alhambra

 

Após o Concerto de Aranjuez, Vidovic tocou como bis o famosa Recuerdos de la Alhambra(Memórias da Alhambra), do compositor espanhol Francisco Tárrega (1852 –  1909). Tárrega, como muitos músicos de sua época, combinou a tendência romântica europeia com elementos do folclore espanhol, o que transparece na obra, escrita em 1896.

 

Fantasía para un gentilhombre

 

Encerrando o programa, Concertos UFRJ levaram ao ar mais uma obra de Joaquín Rodrigo, a Fantasía para un gentilhombre. Rodrigo a compôs em 1954, a pedido de Andrés Segovia, o gentilhombre do título. O próprio Segovia a estreou em 5 de março de 1958, em San Francisco, EUA, com a San Francisco Symphony conduzida por Enrique Jordá. Seus quatro movimentos (Villano y Ricercare; Españoleta y Fanfare de la Caballería de Nápoles; Danza de las Hachas; e Canario) são baseados em danças curtas para violão solo de autoria do compositor espanhol do século XVII, Gaspar Sanz. A interpretação veiculada foi a do violonista Narciso Yepes com a Orquestra de Câmara Inglesa dirigida por García Navarro.

 

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Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, o programa radiofônico Concertos UFRJ vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado pelo professor André Cardoso, as edições passadas podem ser acompanhadas no podcast, audio sob demanda, da Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

Concertos UFRJ: Guerra-Peixe

Foto: Divulgação
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Gerra-Peixe: (1914-1993): pesquisador, professor e ensaísta.

A obra de Gerra-Peixe, um dos maiores compositores brasileiros, é o tema da edição desta semana de Concertos UFRJ. Uma homenagem ao músico nos vinte anos de seu falecimento, ocorrido em 1993. Apresentado por André Cardoso, docente e diretor da Escola de Música (EM), o programa é resultado de uma parceria da UFRJ com a rádio Roquette Pinto e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

A obra de Gerra-Peixe, um dos maiores compositores brasileiros, é o tema da edição desta semana de Concertos UFRJ. Apresentado por André Cardoso, docente e diretor da Escola de Música (EM), o programa é resultado de uma parceria da UFRJ com a rádio Roquette Pinto e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.

 

 

 

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Filho de imigrantes portugueses de origem cigana, César Guerra-Peixe nasceu em Petrópolis, RJ, em 18 de março de 1914. Seu pai, instrumentista amador, o iniciou na música e com 11 anos ingressa na Escola de Música Santa Cecília, da sua cidade natal, onde se desenvolve em piano e violino. Em 1943, é aprovado no Instituto Nacional de Música, atual EM, estudando violino com Paulina d’Ambrósio e harmonia com Newton Pádua, de quem foi aluno também no Conservatório Nacional de Música e a quem deve grande parte de sua formação inicial como compositor.

 

As partituras desse período, compostas segundo o modelo da melodia brasileira, foram quase todas destruídas mais tarde pelo próprio autor. Forma-se me 1944 e biscando novos horizontes passa a frequentar aulas particulares com Hans-Joachim Koellreutter – músico alemão recém-chegado que difundiu no Brasil as propostas das vanguardas europeias, em especial as do dodecafonismo. Nessa época, participava ativamente do grupo Música Viva, que incluía, além do próprio Koellreutter, Cláudio Santoro, Edino Krieger e Eunice Katunda, entre outros, e que teve um papel importante na atualização do meio musical do país.

 

Nessa atmosfera efervescente, Guerra-Peixe passa a compor obras de caráter mais universal e conforme os pressupostos da nova estética que o fazem conhecido mais amplamente. Entretanto, após buscar sem sucesso conciliar as técnicas dodecafônicas com a tradição brasileira, e já muito influenciado pelas ideias de Mário de Andrade, acaba aderindo ao nacionalismo. A Suíte para orquestra de cordas, composta em 1949 e com os movimentos propositadamente bem brasileiros Maracatu, Pregão, Modinha e Frevo, assinala essa virada estética e programática. A partir daí, o material folclórico, em especial o nordestino, ganha cada vez mais relevo na sua produção, facilitado por sua transferência para o Recife, o que lhe permite realizar pesquisas de campo, aproveitadas ao longo dos anos 50 em suas obras. Editado pela Ricordi, parte desse material foi publicado em 1955 sob o título Maracatus do Recife.

 

Guerra-Peixe trabalhou como arranjador, compôs trilhas para cinema, e realizou incursões no campo da música popular brasileira. Ao mesmo tempo, desenvolveu intensa atividade como docente, contribuindo para formar toda uma geração de novos compositores. Foi professor da Escola de Música da UFMG, da Escola de Música Villa-Lobos e, nos últimos anos de vida, da Escola de Música da UFRJ, instituição em que havia se formado.

 

O ano de 1976 inaugura a última fase de sua trajetória musical, na qual a afirmação nacionalista já não se expressa sob a forma direta do recurso a configurações musicais populares. O folclore não é, entretanto, abandonado, mas superado, como faz questão de assinalar. Permanece como substrato inconsciente a partir do qual se forjam valores e elementos estéticos que guiam o trabalho do compositor, agora com mais liberdade.

 

O compositor nos deixou em 24 de novembro de 1993. Os interessados podem conhecer um pouco mais da sua vida e da sua obra no site do Projeto Guerra-Peixe.

 

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