Curso de Piano: Conceito 5 na avaliação MEC/INEP

Após avaliação, no período compreendido entre 31 de maio a 02 de junho, o Curso de Graduação em Piano da Escola de Música da UFRJ recebeu o Conceito 5 no critério que apreciou seu Projeto Pedagógico, ou seja, que julgou sua organização didático-pedagógica e que, em último termo,  assegura as competências necessárias aos seus egressos, ampliando-lhes  as oportunidades no campo de ação profissional e, por conseguinte, abrindo-lhes novas oportunidades no mercado de trabalho.

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  Docentes comemoram resultado da avaliação

Foi também ao Curso de Piano conferido o conceito 5 ao ser examinada a qualificação de seu corpo docente, uma vez observadas suas titulações e produção acadêmica, assim como obteve o conceito 5 no critério que avalia a interação da coordenação desse curso com o corpo discente e docente, sua  eficiência e sua pró-atividade.

 A coordenadora do Curso, Tamara Ujakova, atribuiu à colaboração de vários professores e o apoio total da Direção da Escola esse excelente resultado e disse que todos, sem exceção, corpo docente, discente e técnico contribuíram para que o Curso de Piano da Escola de Música da UFRJ alcançasse o conceito 5.

 Em acréscimo, colocou em evidência o comprometimento do Diretor da Escola, Ronal Silveira, da docente Inês Rufino Martins Jarque e dos docentes David Alves, Leandro Taveira Soares e Yahn Wagner com os objetivos do curso.  

“O Ensaio de Ópera” e “A Cartomante”: Projeto Ópera na UFRJ leva

O Projeto Ópera na UFRJ, uma das mais longevas iniciativas culturais da Universidade, levará um duplo espetáculo aos palcos do Rio de Janeiro em 2023. Serão duas óperas apresentadas em sequência: “O Ensaio de Ópera”, de Albert Lortzing; e “A Cartomante”, de Eduardo Frigatti.

2023 Cartaz eletroonico final   opera23Segundo o maestro André Cardoso, que participará da regência de ambas, “O Ensaio de Ópera” é um divertido singspiel que aposta na metalinguagem para desenvolver uma comédia sobre o próprio universo operístico. “‘Die Opernprobe’ é do compositor alemão Albert Lortzing (1801-1851), pouco executado no Brasil. Trata-se de um singspiel, ou seja, um gênero teatral que alterna diálogos falados e trechos cantados. É uma história divertida, que tem a ópera como assunto central, na qual um nobre, apaixonado pelo gênero, coloca seus empregados para encenar um espetáculo. Será cantada e dialogada em português, com o título de ‘O Ensaio de Ópera’”, explica o maestro.

“Em seguida será a vez de ‘A Cartomante’, uma ópera de Eduardo Frigatti, compositor brasileiro residente na Polônia. Será uma estreia mundial, ou seja, a primeira vez que aópera será encenada. Baseada em famoso conto de Machado de Assis, a ópera foi uma das finalistas do concurso instituído em 2022 pelo Fórum Brasileiro de Ópera”, completa André Cardoso.

A direção-geral fica a cargo de Lenine Santos, que descreve a produção de um evento de tal porte como desafiadora, mas satisfatória. “A experiência de produzir duas óperas este ano, num espetáculo dinâmico, complexo e metalinguístico, foi repleta de desafios que fomos superando a cada dia. ‘O Ensaio de Ópera’ é uma comédia sobre o próprio métier operístico e o amor a esse gênero. Será seguido pela estreia de ‘A Cartomante’, uma clássica tragédia urbana brasileira, que tem potencial musical e dramático para permanecer no repertório dos grandes teatros. Estamos muito felizes com o resultado que o esforço coletivo nos trouxe”, comenta o diretor.

A itinerância é uma parte importante do projeto. O intuito é levar a produção nascida na Universidade a outras cidades e comunidades, seja com os espetáculos completos, como acontecerá na Escola de Música e na Cidade Universitária, seja com versões menores, acompanhadas por piano, em eventos e palcos mais econômicos. As datas inicialmente agendadas para as récitas são as seguintes: 22/06 (19h), 23/06 (19h), 24/06 (17h) e 25/06 (17h) no Salão Leopoldo Miguez, na Escola de Música da UFRJ; e 03/07 (13h) no Auditório do Centro de Tecnologia da UFRJ, na Cidade Universitária, na Ilha do Fundão. A entrada é franca.

As apresentações acontecem num contexto de forte retomada cultural e, especificamente, de um grande reavivamento do gênero operístico no Brasil. O momento atual é marcado por várias estreias de óperas nacionais que tratam de temas históricos, literários e dramáticos brasileiros se sucedendo em várias cidades e regiões do país, atraindo uma população jovem e talentosa para os palcos líricos.

Fruto de uma parceria que envolve quatro unidades da UFRJ (Escola de Música, Escola de Comunicação, Escola de Belas Artes e Fórum de Ciência e Cultura), o Projeto Ópera na UFRJ demanda grande integração institucional. A realização de um evento de tamanha envergadura é viabilizada através da participação de professores e alunos de áreas como artes cênicas, cenografia, direção teatral, figurino, indumentária, música, produção, visagismo, regência coral e orquestral, além de mais de 150 elementos da

Orquestra Sinfônica da UFRJ, apenas para citar alguns envolvidos. O Projeto Ópera na UFRJ une-se para essa produção ao Projeto Sistema Nacional de Orquestras Sociais (Sinos). Resultado da parceria Arte de Toda Gente, entre a Funarte e a UFRJ, o Projeto Sinos tem como escopo principal a capacitação de regentes, instrumentistas, compositores e educadores musicais, oferecendo suporte aos projetos sociais de música com foco no desenvolvimento das orquestras-escolas em todo o Brasil.

A iniciativa também conta com o apoio de: Casa da Ciência; Circuito Proart; Faperj; Politécnica UFRJ; PPGM; Promus; Universidade Federal de Juiz de Fora/ Pró-Música.

Escola de Música da UFRJ fica na Rua do Passeio, 98, Centro, Rio de Janeiro. O Auditório do Centro de Tecnologia da UFRJ fica na Avenida Athos da Silveira Ramos 149, Bloco A, Cidade Universitária, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro.

 Ficha Técnica 

PROJETO ÓPERA NA UFRJ 2023 apresenta
“O ENSAIO DE ÓPERA” e “A CARTOMANTE”
(Um espetáculo duplo de ópera – díptico)

Direção Geral: Lenine Santos
Direção junto à Extensão e Funarte: Homero Velho
Direção junto ao Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ: Andrea Adour
Setor Artístico da Escola de Música da UFRJ: Marcelo Jardim
Orquestra Sinfônica da UFRJ

O Ensaio de Ópera
Música e libreto: Albert Lortzing (1801-1851)
Versão em português: Helen Heinzle Sathler
Regentes: Glauco Fernandes / André Cardoso
Direção cênica: José Henrique Moreira
Assistente de Direção e movimento: Marcellus Ferreira
Preparação musical: Inácio de Nonno
Pianista preparadora: Caroline Barcellos

Elenco:
HÄNCHENN: Carolina Morel / Jacqueline Rezende
ADOLPH: Gustavo Ballesteros / Marcus Gerhard
JOHAN: Paulo Maria / Cristóbal Rioseco
LOUISE: Duda Espírito Santo / Renata Vianna

CONDESSA: Julia Riera / Giovanna Toscano

VELHO BARÃO: Renato Lima/ Daniel Zanatta
MARTIN: Carlos Côrtes / Daniel Zanatta
CHRISTOPHER: Moisés Hills / Paulo Maria
CONDE: Renato Lima / Carlos Côrtes

A Cartomante
Música e libreto: Eduardo Frigatti
Regente: Thiago Santos / André Cardoso
Direção Cênica: Antônio Ventura
Assistentes de direção: Kamilla Ferreira e Vinícius Dratovsky
Preparação musical: Lenine Santos/ Homero Velho
Pianistas preparadores: José Sacramento / Cecília Fabião / Thalyson Rodrigues

Elenco:
CAMILO: Rodrigo Barcelos / Marcos Vinicius Lima
RITA: Leticia Peixoto de Moraes / Dani Sardinha 

CARMEN: Kássia Lima / Mariana Leandro 

VILELA: Iago Cirino / Felipe Corrêa

CARTOMANTE: Vivian Fróes / Daniela Moreira

Produção executiva: Fabricia Medeiros / André Garcez
Orientador de figurino: Leo Jesus
Figurinistas: Carla Teixeira e Carlos Almeida
Assistentes de figurino: Beatriz Gandra, Nícolas Rodrigues e Stephanie Guimarães
Estagiáros de figurino: Denise Silva, Lorena Couto, Raquel Costa e Thaís Frossard.
Orientadora de Cenografia: Andréa Renk
Cenógrafas: Julia Conde / Yasmin Barbosa de Macedo
Luz: SUAT – Sistema Universitário de Apoio Teatral
Cenotécnica: Humberto Junior

 

Ação estratégica da EM viabilizou restauração de acervo histórico nas

O ano passado foi marcante para a Escola de Música da UFRJ. Ao longo de 2022, um conjunto de documentos que integram o acervo da Biblioteca Alberto Nepomuceno (BAN) ganhou o noticiário nacional em função das celebrações do bicentenário da independência. Considerados verdadeiras joias da Escola, os manuscritos em questão não registram notas, pausas e claves quaisquer: são as partituras originais dos Hinos Nacional, da Bandeira, da Independência e da Proclamação da República.

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Ainda em abril de 2022, pela primeira vez, os documentos raros deixaram as dependências da instituição. Sob escolta da Polícia Militar, o material seguiu de avião para Belo Horizonte, onde foi recebido em uma cerimônia oficial que contou com os Dragões da Independência. Junto das composições históricas e símbolos nacionais, constavam também o Hino da Feliz Aclamação de D. João VI e Estrela do Brasil, além de outros documentos que integraram o processo de construção das respectivas melodias.

Inicialmente, uma parte do acervo foi exibida ao público na exposição “Já Raiou a Liberdade: Hinos do Brasil”, no Palácio da Liberdade, antiga sede administrativa do governo e residência oficial dos governadores de Minas Gerais. O restante do material seguiu para o Arquivo Público Mineiro, instituição nacionalmente reconhecida pelo trabalho de recuperação estética de documentos antigos.

Lá uma equipe técnica, em conjunto com especialistas da Escola de Belas Artes da UFRJ, atuou na remoção manchas e do amarelecimento natural do material, e também na recomposição do papel das partituras, que se tornou quebradiço por conta do passar do tempo. Além disso, pequenos rasgos também foram preenchidos com enxertos através de um processo mecânico de higienização.

“Recuperar e resguardar esses documentos é trazer ao presente a memória viva para que outros brasileiros possam conhecer os símbolos que nos unem como nação”, disse na ocasião o maestro Marcelo Jardim, vice-diretor da Escola de Música da UFRJ.

Em contrapartida pelo trabalho, as partituras ficaram expostas na antiga sede do governo de Minas até o fim de agosto. A iniciativa, que abriu as comemorações do Bicentenário da Independência, foi organizada pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) em parceria com o programa Arte de Toda Gente, da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e UFRJ, com curadoria da Escola de Música.

De Minas Gerais, os hinos seguiram para Brasília, onde a partir de setembro de 2022, ficaram expostos no Palácio do Planalto. Na exposição “Hinos do Brasil”, além de conferir as partituras, o público também teve a oportunidade de ouvir um duo de piano e flauta executar as peças ao vivo, além de um repertório com obras relacionadas.

Para Ronal Silveira, diretor da Escola de Música da UFRJ, a iniciativa marcou um novo momento de percepção e valorização do nosso patrimônio. “Um povo se reconhece de várias formas, e o símbolo da música pátria inspira este pertencimento, que é, muitas vezes, apenas subliminar. Restaurar e expor este material de grande valor histórico é permitir a valorização da nossa cultura, promovendo a consciência de ser brasileiro”, enfatizou.

No início de novembro, durante a Rio Innovation Week, foi lançada também uma versão virtual da exposição, que pode ser acessada através do endereço a seguir: http://artedetodagente.com.br/hinosdobrasil. No final de 2022, agora plenamente restaurado e pronto para outros séculos de história, o acervo retornou ao seu lar: a Escola de Música da UFRJ.

Sobre os hinos

O hino mais antigo que foi restaurado é de 1816 – Estrela do Brasil, de José Joaquim de Souza Negrão, que fora dedicado ao príncipe D. Pedro. O mais recente é o Hino à Bandeira, de 1906, de Francisco Braga, sobre poema de Olavo Bilac. Diversas curiosidades cercam as partituras. Uma delas é que a obra mais antiga se assemelha a uma ária de ópera e foi composta por Marcos Portugal, que foi o professor de música de Dom Pedro I. O outro manuscrito é a composição original do imperador, que, na tarde de 7/9/1822, musicou os versos do jornalista, político e poeta Evaristo Ferreira da Veiga e Barros. Aliás, a composição se tornou o primeiro hino do país, logo após o grito do Ipiranga. Mas teve vida curta, pois, a partir da abdicação de Pedro I, outro hino antilusitano conquistou os brasileiros.

Essa foi a primeira versão do atual Hino Nacional Brasileiro, composta em 1831 por Francisco Manuel da Silva e com letra de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva. Seus versos retratavam a insatisfação com os portugueses do primeiro império. Por muito tempo, ficou conhecido como “7 de abril” – a data da abdicação – e depois levou o nome de “Marcha Triunfal” até ganhar nova letra, em 1841, quando da coroação de Pedro II. Dessa vez, os versos exageravam nos elogios ao soberano que nasceu no país e vigorou até o golpe que o derrubou, em 1889.

O governo que se instalou sob a liderança do marechal Manuel Deodoro da Fonseca organizou um concurso público para escolher um novo hino, empenhado em solapar os legados monárquicos e substituí-los por símbolos nacionais republicanos. Quem ganhou a disputa foi Leopoldo Américo Miguez, à época diretor da Instituto Nacional de Música, antecessor da Escola de Música da UFRJ, com o hino que diz “Liberdade, liberdade / abre as asas sobre nós”. Reza a lenda que o marechal Deodoro decidira-se por manter a antiga melodia, uma vez que a população a cantava entusiasmada em festas, antes de serem os hinos tão associados a solenidades e ao militarismo.

Segundo texto publicado no site do Senado Federal, nos festejos do segundo mês da Proclamação da República, no Palácio Itamaraty, sede da Presidência, o ministro da Guerra, Benjamin Constant, apresentou a Deodoro os argumentos pela conservação do antigo hino. Aos primeiros acordes da antiga melodia, que era tocada com vigor pelos músicos que se apresentavam no Itamaraty, o público que acompanhava as celebrações entrou em pânico, acreditando se tratar de uma senha para a deflagração de um contragolpe para derrubar Deodoro e restabelecer a monarquia.

O governo provisório autenticou a antiga música, mas a letra não. Ela então passou a ser executada por instrumentos. Em 1906, outro diretor do Instituto Nacional de Música, o maestro Alberto Nepomuceno, percebeu diferenças na execução do hino pelas bandas militares durante a posse do presidente Afonso Pena. Ele decidiu comparar com a partitura original, composta no início do império pelo maestro Francisco Manoel da Silva, mas depois convenceu Afonso Pena a realizar um novo concurso público para a escolha de novos versos para o hino.

O poeta Joaquim Osório Duque-Estrada escreveu o poema que encantou o diretor do Instituto Nacional de Música. Alberto Nepomuceno decidiu imprimir várias cópias da letra, enviando-as para escolas e quartéis de todo o país, para que, mesmo sem ser oficial, começasse a ser aprendida por todos. Todavia, só em 1922, à véspera das celebrações pelo centenário da independência e sob gestão do presidente Epitácio Pessoa, os versos do poeta Duque-Estrada foram reconhecidos por meio do decreto nº 4.559, de 21 de agosto de 1922, enquanto a versão corrente do hino foi oficializada como símbolo nacional pela lei nº 5.700, de 1º de setembro de 1971, publicada no Diário Oficial (suplemento) de 2 de setembro de 1971.

* com informações de Sidney Coutinho e Conexão UFRJ

Música e Saúde: sinergia inovadora na Escola de Música

São duas as importantes iniciativas que a Escola de Música colocou recentemente à disposição da sociedade do Rio de Janeiro nesse primeiro semestre de 2023, com continuidade nos anos vindouros.

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Uma, o atendimento através de estudos e práticas terapêuticas da Musicoterapia às crianças do Curso de Musicalização Infantil, que foram identificadas pelos docentes com alguma necessidade de cuidados especiais.

A outra iniciativa é o Curso de Atualização de Formação Continuada para Educadores Musicais direcionado aos que buscam saber das diferentes questões que se encontram relacionadas à diversidade, ou para aqueles que já enfrentam os desafios dessas diferentes questões no dia-a-dia de seus trabalhos.

Gabriela Koatz, bacharel em Flauta Transversa e em Musicoterapia pelo Conservatório Brasileiro de Música, e especialista em Atenção Integral à Saúde Materno-Infantil pela Maternidade-Escola/ UFRJ, com vasta experiência no campo de atuação em Musicoterapia adquirida em um hospital pediátrico, nos Centros de Reabilitação da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, em Vila Isabel e em São Conrado, e, no Centro de Atenção Psicossocial da infância e Adolescência e também no Hospital-Dia e no Centro de Doença de Alzheimer e outros transtornos mentais do envelhecimento do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, é, agora,  a musicoterapeuta da Escola de Música e tem sob sua responsabilidade o desenvolvimento do trabalho terapêutico através da música junto às crianças do já citado curso com Síndrome de Down e Transtorno do Espectro do Autismo e a coordenação do curso mencionado.

Desse trabalho terapêutico a algumas estereotipias, diferente daquilo que alguns possam pensar, Gabriela explicou que o tratamento realizado com a Musicoterapia, não necessariamente se efetiva com músicas que conhecemos através das estações de rádios, ou outros meios de divulgação.

E que, embora, às vezes, canções de um repertório pré-estabelecido possam ser utilizadas, a depender do desenvolvimento do processo terapêutico, a base do tratamento é estabelecida nos improvisos e nos estímulos sonoros. Isso porque, ainda segundo ela, esse processo consiste na construção junto com o paciente das etapas da complexidade da música, pois já se sabe que quanto mais estruturada for a música, mais complicada  será a interação do paciente com ela. Assim como, também é de domínio público que se o paciente produzir uma música mais estruturada, ele já se encontra num estágio mais avançado do tratamento.

A respeito das áreas nas quais a Musicoterapia atua, Gabriela fez saber que seus resultados encontram-se demonstrados nas áreas da Saúde, da Educação e na da Assistência Social, uma vez que os meios empregados por esse campo de conhecimento promovem o bem-estar do paciente, a partir do trabalho que realiza na subjetividade, na identidade do indivíduo para que se reconheça como tal e se afirme com suas particularidades, necessidades, qualidades e até mesmo com suas fragilidades, já que essas são comuns a todos os seres humanos.

Destacou que a Musicoterapia atua também na organização do sistema nervoso central, regulando estereotipias, como por exemplo, no transtorno de espectro autista e na diminuição de crises convulsivas. E lembrou que a eficácia da Musicoterapia no controle da dor em pacientes hospitalizados, no desenvolvimento motor e no desenvolvimento da linguagem, estão a tempos, além da prática, demonstrados em estudos. 

Da outra iniciativa proposta pela Escola de Música que conta com o seu trabalho de coordenação, ou seja, o Curso de Atualização de Formação Continuada para Educadores Musicais , Gabriela informou que o curso teve seu início no mês de maio e está sendo ministrado, no Prédio 2 da Escola de Música, às quintas-feiras, no horário das 11:00 às 13:00h, com término desse primeiro módulo ao final do mês de junho e que o segundo módulo terá seu início na metade do mês de agosto e encerramento ao final do mês de setembro.

No programa do curso, os estudos abarcam os desafios em sala de aula para a inclusão de alunos que tenham algum tipo de transtorno, de deficiência, ou, ainda porque se encontram em estado de vulnerabilidade social, ou vulnerabilidade de gênero que, ultimamente, ainda em acordo a Gabriela Koatz, tem surgido em salas de aulas com aqueles que, desde a infância se identificam com gêneros diferentes.

Todas essas condições que atravessam muito a sociabilidade em salas de aulas e que envolvem a aceitação desses indivíduos pela instituição e pela turma são objetos do estudo desse curso, uma vez que por serem considerados, entre aspas, diferentes, terminam por não alcançarem o desenvolvimento esperado e necessário, uma vez que sendo discriminados não conseguem se incluírem na sala de aula e muito menos prestar atenção ao que o professor ensina. Para além de todos esses temas, o programa do curso abrange também as questões da legislação que trata da educação inclusiva, assim como abarca algumas questões patológicas.

Dada a grande procura por esse curso e a incompatibilidade apontada por muitos educadores entre o dia e horário que está sendo ministrado e seus respectivos trabalhos, foi por ela informado que, em 2024, a idéia é formar novas turmas em  outros horários e dias.

Histórias que o Projeto Ópera contou e outras que irá contar

Contar e ouvir histórias são atividades que o ser humano mantém de forma ininterrupta desde os rituais pré-históricos. Estão aí as séries e filmes nos serviços de streaming prestados por diferentes empresas, o compartilhamento de experiências vivenciadas por milhares de pessoas nos stories e feeds das mídias sociais da internet, assim como permanecem no ar as novelas das emissoras de TVs, impondo a milhares de pessoas no Brasil e no exterior um tipo de lazer, num horário a todos imposto.

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  Estreia da ópera O Engenheiro em Porto Alegre. Da esq. para dir.: Marcelo Jardim, coordenador dos projetos em parceria com a FUNARTE, o barítono David Marcondes que interpretou André Rebouças, André Cardoso, coordenador do SINOS, e o compositor Tim Rescala.

Mas, se esses espaços virtuais são criações relativamente recentes para que histórias possam ser contadas de novas maneiras, não podemos esquecer que no mundo da música sempre existiu um lugar dedicado à contação de histórias que, desde o final da Renascença, mantém a arte do canto como forma de as histórias serem contadas: a ópera.

E, por assim ser, o maestro André Cardoso, Coordenador do Projeto Ópera, com vista à incorporação de novos títulos desse gênero musical ao Repertório do Sistema Nacional de Orquestras Sociais- SINOS-, e objetivando a recuperação de óperas históricas através de suas  revisões,  orquestrações e editorações, transferiu a compositores, maestros e musicólogo de diferentes regiões do país a realização desses objetivos.

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  Elenco de O Basculho da Chaminé.
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Das solicitações feitas a compositores brasileiros, são quatro os novos títulos de óperas de câmara: O Engenheiro, O Machete, O Cabeça de Cuia e Candinho. Destes títulos, O Engenheiro com libreto e música de Tim Rescala-RJ-, que conta a história de vida do engenheiro André Rebouças; sua relação de amizade com a família imperial; sua posição em defesa da monarquia e sua opção pelo exílio, já foi incorporada ao Repertório SINOS, uma vez que sua estréia aconteceu nos dias 17 e 18 de outubro de 2021, no Theatro São Pedro de Porto Alegre. E depois, em uma segunda produção realizada pelo Projeto Ópera na UFRJ, foi encenada no ano de 2022, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e nas cidades de Petrópolis-RJ- e Juiz de Fora-MG-

A ópera O Machete com libreto e música do compositor André Mehmari-RJ-, inspirada em um conto homônimo de Machado de Assis, publicado no Jornal das Famílias em 1878, conta a vida do protagonista Inácio Ramos, um violoncelista que se torna melancólico e desinteressado de seu instrumento musical frente ao sucesso que Barbosa,  uma outra personagem, obtém nos saraus executando as melodias populares em seu machete (cavaquinho). No desenvolvimento  das ações, depois de ser abandonado pela esposa que foge com Barbosa, Inácio Ramos, por fim, enlouquece.  

Finalizada a sua composição, O Machete tem récitas marcadas para 22, 23, 24 e 25 de junho, no Theatro São Pedro-SP-.

Candinho é título da ópera de João Guilherme Ripper, professor do Departamento de Composição da Escola de Música da UFRJ. Nela, após pesquisa dos escritos, desenhos e pinturas de Candido Portinari, misturando a realidade com a ficção, o compositor conta a história da infância desse artista que se tornou um ícone da sua geração e detentor de reconhecimento internacional.

A ópera Candinho também foi concluída e será produzida em 2024.

Ao atender a encomenda feita pelo maestro André Cardoso, o compositor Eli-Eri Moura, professor de composição da Universidade da Paraíba optou por recuperar a lenda do  Cabeça de Cuia. Lenda que conta a história do jovem Crispim que enlouqueceu, após a mãe lhe amaldiçoar antes de morrer e acabou se afogando no Rio Parnaíba.

No libreto, o compositor estabelece um diálogo entre essa lenda da tradição popular do Estado do Piauí e a história da personagem Ismália do poema de mesmo nome do poeta mineiro Alphonsus de Guimaraens, que também, como Crispim, enlouquece e se joga da torre de uma igreja.

Essa ópera se encontra em processo de composição.

Das três óperas históricas cujo processo de revisão, orquestração e editoração coube aos maestros Mateus Araújo, Roberto Duarte e ao musicólogo Davi Crammer, duas delas já foram encenadas: A Noite de São João e O Basculho da Chaminé.

Depois que a partitura em seu formato original se perdeu, e, da ópera A Noite de São João ter restado apenas um manuscrito da redução de canto e piano, por encomenda do Sistema Nacional de Orquestras Sociais- SINOS-, o maestro Mateus Araujo produziu uma orquestração, para que essa ópera pudesse ser executada em seu formato original.

E, então, depois de mais de um século de sua estréia, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro em 1860, essa ópera que conta a história do amor secreto entre Carlos e Inês e da ajuda do santo no dia a ele consagrado, teve sua reestréia em dezembro de 2022, com regência do maestro Emanuele Baldini e direção cênica de Rosana Orsini, no Teatro Procópio Ferreira, do Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos Campos, em Tatuí-SP-.

Foi o musicólogo David Cranmer o responsável pela editoração do manuscrito original da ópera O Basculho da Chaminé, cujo manuscrito original faz parte do acervo da Biblioteca Alberto Nepomuceno, da Escola de Música da UFRJ. Essa ópera, que tem a música de Marcos Portugal e libreto de Giuseppe Maria Foppa, foi transmitida ao vivo pelo site da Orquestra de Ouro Preto em 2021. E, em 2022,em uma segunda produção,  a história do Barão de Monte Albor, que troca de identidade com o limpador de chaminés por desconfiar da fidelidade de sua esposa e da lealdade de seus criados, foi encenada presencialmente na Casa de Ópera de Ouro Preto-MG com regência do maestro Silvio Viegas e direção cênica de Juliano Mendes.

A outra ópera cujo manuscrito original faz também parte do acervo da Biblioteca Alberto Nepomuceno é Pelo Amor, exemplo da ópera brasileira do período romântico que conta a história da condessa Malvina, que não suportando a morte do marido se suicida. A música é do compositor Leopoldo Miguéz e o libreto de Coelho Netto, que definiu essa ópera em dois atos como um poema dramático. Sob a responsabilidade do maestro Roberto Duarte, essa ópera se encontra em processo de revisão e editoração.

Biblioteca Alberto Nepomuceno da UFRJ divulga normas para consulta e

A Direção da Escola de Música anuncia à comunidade acadêmica interna e externa a aprovação, pela Egrégia Congregação da Escola de Música da UFRJ, no dia 25 de novembro de 2022, das Normas para consulta e reprodução do acervo de obras raras, partituras manuscritas e documentos históricos da Biblioteca Alberto Nepomuceno da UFRJ, que passam com isso a regular a política de preservação e pesquisa deste que é um dos mais importantes acervos da área da América Latina, referencial para pesquisas no campo da musicologia. A aprovação do documento representa a conclusão de um trabalho empreendido por sucessivas composições da Comissão da Biblioteca Alberto Nepomuceno a partir de 2013, quando, por iniciativa da então bibliotecária chefe Dolores Brandão, e com apoio da Direção da Escola de Música, teve início o debate em torno da definição de critérios e diretrizes para consulta e reprodução de itens da BAN, elementos constituintes de uma política permanente de digitalização e preservação de seu acervo.

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Tendo passado pelo rigoroso escrutínio da Procuradoria Federal junto à UFRJ, que emitiu parecer quanto à legalidade e conveniência de suas disposições (processo UFRJ no 23079.070282/2013-47), o conjunto de dispositivos contidos nas normas que passam a vigorar em 2023 abrangem, entre outros aspectos, condições para consulta de obras raras, partituras manuscritas e documentos históricos, condições para saídas temporárias de itens do acervo e condições para reprodução de documentos. Delineando regras claras para a divulgação ou publicação de produtos bibliográficos, técnicos e/ou artísticos derivados ou fazendo uso de reproduções de itens do acervo da BAN, e ainda sanções, em caso de descumprimento, as Normas para consulta e reprodução do acervo de obras raras, partituras manuscritas e documentos históricos da Biblioteca Alberto Nepomuceno da UFRJ fixam, também, especificações técnicas e prazos de entrega das reproduções solicitadas.

Estabelecendo importante distinção entre finalidade acadêmica e finalidade comercial da reprodução de documentos da BAN, as normas incluem formulário específico para solicitação de reprodução, modelo obrigatório de termo de responsabilidade e, finalmente, tabela de emolumentos elaborada pela Comissão da Biblioteca Alberto Nepomuceno nos limites da orientação fornecida pela Procuradoria Federal junto à UFRJ. Colaborando com os objetivos de inclusão social, democratização do acesso e pesquisa do acervo, as Normas para consulta e reprodução do acervo de obras raras, partituras manuscritas e documentos históricos da Biblioteca Alberto Nepomuceno da UFRJ trazem a previsão de isenção parcial ou mesmo integral dos emolumentos, para solicitações de reprodução com fins de pesquisa acadêmica, no âmbito de projetos de pesquisa conduzidos por pesquisadores vinculados a instituições de ensino superior ou de pesquisa.

Pelo empenho com que se destacou em todo o processo, a Direção da Escola de Música da UFRJ agradece à Comissão da Biblioteca Alberto Nepomuceno e, muito especialmente, a Dolores Brandão e à bibliotecária chefe da BAN Suelen Dias.

A luta e música de Spírito Santo: uma história de Notório Saber

No dia 15 de maio, tendo por início da cerimônia o horário das 16:30h, no Salão Leopoldo Miguéz da sua Escola de Música, a Universidade Federal do Rio de Janeiro fará a outorga do  título de Notório Saber a Spírito Santo (Antonio José do Espírito Santo).

Da concessão desse título, que tem por fundamento legal o Parágrafo Único do Artigo 66 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional do Brasil- LDB- é importante tornar público que, ao completar, em agosto do ano corrente 175 anos de existência e de transmissão do ensino musical em nosso país, foi a primeira vez que a Escola de Música, por meio do memorial contido no Processo de Número 23079.213255/2022-46  solicitou ao Conselho Universitário da UFRJ,  seu órgão máximo de deliberação,  que o título fosse concedido a uma pessoa.

   Nadejda Costa
 
   
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Como é que você vai conhecer uma sociedade e procurar transformá-la, se você está trancado em uma redoma de vidro? O saber vem do céu, da Europa?

Spírito Santo

É igualmente importante assinalar que ao passar a posse de Spírito Santo esse título, que possui nível de equivalência às suas titulações formais como, por exemplo, o doutorado, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a mais antiga instituição do ensino musical no Brasil, proclama sua constatação ao conhecimento que foi por ele sistematizado sem a orientação de professores e, portanto, marcado pela sua ausência nas salas de aulas e centros de pesquisa das universidades brasileiras.

Mas, o curioso a respeito desse fato é que, antes mesmo dessa cerimônia, esse conhecimento já se fazia presente na própria comunidade acadêmica da UFRJ, assim como nas comunidades acadêmicas da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG-, na da Universidade de São Paulo- USP-, na da Universidade Federal da Bahia-UFBA-, na da Universidade Federal Fluminense UFF-, através da obra que tem por título Do Samba ao funk do Jorjão: ritmos, mitos e ledos enganos no enredo de um samba. Obra que se fez referência para que teses de doutorado, dissertações de mestrado, artigos científicos e capítulos de outras obras pudessem ser elaborados nos mais diferentes campos do conhecimento: Música, História Social, Educação, Dança, Ciência da Informação etc.

Sobre a trajetória da constituição do conhecimento de Spírito Santo que, além de escritor, pesquisador da cultura brasileira e/ou africana é também músico, lutier, ativista anti-racista, e multiinstrumentista, são três os fatores que de forma irrestrita se entrelaçam e merecem ser destacados. 

Um deles foi entender ao se interessar pela música africana, quando ainda muito jovem, que nela existiam sons impossíveis de serem executados no Brasil pela ausência dos respectivos instrumentos. O outro fator de importância fundamental foi o de ter sido aluno de Guerra-Peixe e com ele ter aprendido o que é uma pesquisa de campo e sua importância. No terceiro fator, mesmo que em ordem cronológica distinta, dois fatos contribuíram para a adoção de uma visão de mundo que impulsionaram o seu fazer e seu vivenciar o mundo: sua prisão na Ilha Grande durante a ditadura militar no Brasil e a experiência adquirida com o fato de ter morado na Europa.

Para enveredar no ofício de músico, como autodidata que sempre foi, fez uso de metodologias diversas: pesquisou em gravuras do século XIX, estudou obras raras e dispersas de pesquisadores que registraram instrumentos musicais africanos, entre os quais Alexandre Rodrigues Ferreira e Joaquim Candido Guillobel, além de consignar por escrito memórias de diferentes pessoas. E, junto a essa pesquisa da música africana, nos anos de 1970, foram três as referências que o abasteceram de inspiração no empreendimento da fabricação de instrumentos.

A primeira delas, Walter Smetak, um tcheco que se instalou em Salvador, fabricando instrumentos musicais de cordas; a outra, o etnomusicólogo  chamado Andrew Tracey que com o pai, Hugh Tracey fundou  em Soweto uma fábrica de lamefones e a terceira referência, o Uakti, grupo brasileiro de música instrumental conhecido por utilizar instrumentos musicais não convencionais.

 Da prisão desse homem negro, que aconteceu em período muito anterior àquele que como músico chegou a Europa e lá viveu trabalhando, e, é agora agraciado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro com um título que raramente é por ela outorgado, é importante assinalar que as décadas contidas entre os anos de 1969 e 1989 não impediram que sua consciência e, consequentemente, sua visão de mundo fossem alteradas de forma muito semelhantes nas duas ocasiões.

Na raiz de tal modificação de sua visão de mundo, Spírito Santo relatou que, a oportunidade de conviver com pessoas de classes sócio-econômicas diferentes à sua durante o tempo em que esteve preso e naquele que viveu na Europa fez com que frente aos desafios impostos, o seu olhar para o mundo fosse ampliado de tal forma que sua crença na educação se fortaleceu e em si mesmo passou a enxergar a obrigação de criar possibilidades de saídas para os jovens sitiados em contextos contaminados pelas drogas e tráfico.

E que foi com essa alteração de consciência que, a partir de sua prisão, adotou o ideário das lutas contra o racismo e, em sua volta ao nosso país passou a estabelecer diálogos com doutores de diferentes áreas de conhecimento do Brasil e do exterior, sendo por eles considerado nas trocas de saberes, o que terminou por gerar a já citada obra que trata da possível história da música africana no Brasil.

Foi também amparado por essa visão de mundo adquirida no períodos citados que, após a realização de um trabalho em uma peça teatral com a atriz Zezé Mota na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, apresentou ao Edital Comunidade Solidária a sua proposta da Oficina Musikfabrik e com ela, quando ainda as cotas raciais não haviam sido instituídas no ensino superior, muitos de seus alunos, que lá receberam os ensinos de luteria e etnomusicologia, puderam também constatar a partir das interações vivenciadas com estudantes da Zona Sul do Rio de Janeiro que,  em outros contextos se faziam presentes oportunidades que em muito divergiam daquelas nos quais se encontravam sitiados. E a partir dessa compreensão terminaram o segundo grau e ingressaram em universidades.

O ímpeto adquirido na Europa de fortalecer sua pesquisa com o estudo de outros elementos que não só os instrumentos musicais, mas também de outras áreas do saber, como por exemplo a antropologia, terminou por fazer com que fosse convidado a coordenar um grupo de artistas no Vale do Paraíba do Sul em um belíssimo projeto de Darcy Ribeiro, onde deu início à formação de  um rico e precioso acervo de gravações orais e de filmes que, nos dias atuais, por meio de um processo que se encontra bem adiantado será doado ao Arquivo Nacional.

As pesquisas, que tiveram seu prolongamento nesse último período citado, deram a ele a certeza de que não só a escravidão, não só a cultura africana, mas também, a cultura geral brasileira possuem relações muito fortes com as malhas dos rios. Daí, desde então, está desenvolvendo uma tese que tem por título Mídias Líquidas, já que pela ausência de estradas no passado os fatos culturais do continente africano e os do Brasil foram expandidos nas margens dos cursos dos rios.

Ao responder sobre ter sido ou não doloroso o caminho que percorreu de forma solitária para aquisição de seu conhecimento, disse que sempre foi movido por uma compulsão natural e muito prazerosa na busca de informações precisas que sempre superou as dificuldades provocadas pela ausência de patrocínio.

 

Gestão 2023-2027: Apenas una chapa se inscreve para eleições

Apenas una chapa encabeçada pelo atual Diretor da Escola, Ronal Silveira (foto), se inscreveu. na consulta à comunidade para escolha da próxima direção da instituição, gestão 2023-2027. Marcelo Jardim concorre a Vice-diretor.

   Reprodução
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A votação acontecerá nos dias 21, 22 e 23 de junho, das 9h às 17h, pelo Sistema de votação eletrônica da UFRJ – Helios (site: https://votacao.ufrj.br).

Para Ronal a gestão que se encerra foi positiva. Embora, afirma, a pandemia tenha provocado uma mudança de rota muito grande ao que havia sido planejado no início de sua gestão em 2019, algumas das dificuldades administrativas se transformaram em outras alternativas como, por exemplo, as questões de tecnologia e EaD que agora fazem parte da rotina da Escola. 

O professor destacou que pertende seguir com a compra de mais instrumentos, computadores e periféricos para melhor estruturar as necessidades da Escola. E dos projetos futuros afirmou que seguirá adiante com a ideia de transformar o prédio principal num Centro Cultural, bem como   seguir com as contrapartidas do VIVA UFRJ para a unidade, objetivando a construção do prédio novo e a restauração dos antigos, que espera serem concluídos na sua nova administração.

Do ponto de vista das atividades acadêmicas, explanou sobre a necessidade da reestruturação de todos os cursos de graduação, seja por novos PPCs ou ajustes mais simples, visando melhoramentos e adaptações às realidades e necessidades profissionais dos egressos, além da criação do doutorado profissional e o aumento das opções em atividades de extensão.

Em acréscimo destacou a importância de a Escola seguir também com os acordos institucionais e de cooperação técnico/científicas que aumentaram muito em número e abrangência nos últimos quatro anos. E trazendo à lembrança o redimensionamento da Escola de Música no contexto nacional com os projetos UFRJ/FUNARTE, disse acreditar que o espaço alcançado deve ser ainda mais ampliado nos próximos quatro anos, tornando a nossa Escola de Música um exemplo de acessibilidade e interiorização das suas atividades culturais e acadêmicas.

Finalizou dizendo que, todas essas ideias e projetos já em andamento visam, em primeiro lugar, melhorar as condições de trabalho e estudo de todos que fazem parte da nossa comunidade acadêmica.  A Escola de Música conquistou um lugar no Brasil há quase dois séculos e vai manter esse lugar, aliando a tradição, a história,  a vontade de atualizar todos os processos, meios e estruturas, com a nossa principal vocação que é ensinar música.

EM e Musicoterapia celebram Dia da Luta Antimanicomial

Em 30/05, às 18h, o Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música da UFRJ será palco de apresentações de música e de dança em celebração ao Dia da Luta Antimanicomial. A iniciativa é fruto de um consórcio que envolve a EM/UFRJ e o curso de Graduação em Musicoterapia, além do Instituto de Psiquiatria, a Maternidade Escola e o Departamento de Arte Corporal e Terapia Ocupacional.

A entrada é gratuita.

O endereço é Rua do Passeio, 98, Centro.

Da pandemia à Harmonia: programa nascido no auge da crise alcança

Ainda muito e muito antes da pandemia, a Escola de Música da UFRJ já possuía um corpo de servidores docente com formação acadêmica de excelência e capacidade técnica com grau de elevação suficiente para aplicar nas atividades de ensino, nas atividades de criação, nas atividades que envolvam discussões de interesse comum e nas performances o resultado de suas respectivas pesquisas.

E, por assim ser, quando em março de 2020, a Fundação Nacional das Artes – FUNARTE- apresentou a proposta de uma parceria cujo resultado do trabalho fosse, particularmente, capaz de prover os meios de aperfeiçoamento necessários àqueles que do mundo das artes fazem parte com vista a auxiliá-los na superação daquele período sombrio, essa centenária Escola pôde, em setembro daquele mesmo ano, colocar à disposição da FUNARTE e da sociedade brasileira, o maior programa gratuito de Educação a Distância- EaD- do país.

2023 75ce6a31 446e 43a0 aec4 ccef86f9b6b3 (1)Planejado pelos docentes  Marcelo Jardim, André Cardoso, Ronal Silveira e pela docente Maria José Chevitarese, no programa inicialmente apresentado constavam três projetos: O Projeto Bossa Criativa, com escopo voltado ao patrimônio cultural abarcando tudo aquilo que configuram as suas manifestações na arquitetura, na música, na literatura, no teatro, nas artes visuais, na dança , na culinária, etc.; junto a ele o Projeto SINOS – Sistema Nacional de Orquestras Sociais- tendo por intento o apoio às iniciativas de educação musical alicerçada no ensino coletivo de instrumentos e na formação de jovens orquestras de cunho social ; e o Projeto Um Novo Olhar– UNO-, voltado à acessibilidade cultural e ao canto coral infantil.

Uma vez aprovado o programa e verificada a sua extensão e especificidades de cada um desses projetos, um número significativo de docentes, discentes  e técnicos das universidades de todo Brasil foram convidados para deles participarem de modo a tornarem efetiva a conexão entre o que as universidades produzem a partir do tripé Ensino, Pesquisa e Extensão e o desenvolvimento de uma política pública junto a instituições municipais, estaduais e federais.

E quando instituído o programa e verificada a sua dimensão no âmbito da democratização da cultura, da diversidade e difusão das artes de modo inclusivo, a ele foi dado o nome de Arte de Toda Gente.

PHOTO 2023 04 07 08 44 29E, se, no ano de 2020, os Cursos de Capacitação a seguir elencados de: Instrumentos de Orquestra, Cavaquinho, Figurino: a pele criativa da cena, Introdução a Regência, Introdução ao Coro Infantil, Gestão Cultural: captação de recursos em projetos, Artes Visuais, Dança, Literatura/Acessibilidade, Introdução a Musicografia em Braile, Elaboração de Projetos Culturais com foco em leis de incentivo, Violão de Sete Cordas, que foram oferecidos e ministrados de forma on-line por profissionais  de elevados níveis,  provocaram surpresa pela magnitude do número de 4 mil e quatorze (4.014) pessoas que por esses cursos foram certificados, cabe noticiar, mesmo que com poucos exemplos, o resultado de outras linhas de trabalho que do Projeto Bossa Criativa, do Projeto SINOS e  do Projeto UNO fizeram parte.

PHOTO 2023 04 27 11 50 13Assim, pelo fato de o Projeto Bossa Criativa ter como suporte oito (8) municípios e um (1) espaço arquitetônico certificados pela UNESCO como Patrimônios da Humanidade – Brasília-DF-, complexo arquitetônico da Pampulha em Belo Horizonte -MG-, Olinda- PE-, Ouro Preto- MG-, Paraty-RJ-, Rio de Janeiro -RJ-, São Luis- MA-,São Cristóvão -SE- e São Miguel das Missões,e, ter como propósito desenvolver as atividades educacionais e da economia criativa a partir de suas diversas manifestações artísticas, oriundas de diferentes saberes que são vivenciadas por distintos grupos, etnias e classes sociais, a escolha do exemplo para constar nesta matéria volta-se para A Grande EnCIRCOpédia Virtual.

Tal escolha deve-se ao fato de ter sido realizada por trinta (30) famílias ou comunidades circenses, que sabemos todos fazer parte da cartografia das manifestações artísticas do nosso país, mas que pela própria natureza da arte que realizam, raramente, podem receber das instituições governamentais o apoio que outras classes de artistas, eventualmente, conseguem receber.

Marcelo Jardim, Coordenador deste projeto e Coordenador Geral do Programa Arte de Toda Gente, em entrevista, esclareceu que o número de famílias anteriormente previsto para realização dessa enciclopédia circense ficou reduzido ao número citado, em razão de grande parte das troupes circenses não possuírem a documentação necessária às suas inclusões em possíveis apoios institucionais e ganho de visibilidade fora dos limites dos rincões brasileiros que, via de regra, têm nos circos a única forma de acesso às pequenas mostras de todas as linguagens da arte que dos espetáculos dos circos fazem parte.

LOGO SINOS PNG POSITIVOInspirada no livro homônimo, de Sula Mavrudis e tendo dela recebido a curadoria, os vídeos que compõem a Grande EnCIRCOpédia Virtual foram formalizados sob a forma de verbetes, nos quais estão registrados os saberes por séculos acumulados  que tratam dos fundamentos teóricos das personagens do circo, das dificuldades que devem ser superadas para que possam ser executados os movimentos dos números cênicos etc. e que , por tradição são repassados de forma oral de geração a geração.

No Projeto Sistema Nacional de Orquestras Sociais– SINOS, além dos citados cursos de capacitação de instrumentistas, regentes e educadores musicais; da edição de uma revista; da publicação e disponibilização gratuita de partituras de obras na página do projeto, condizentes às suas respectivas interpretações por jovens orquestras, foi constatado que se fazia necessário a atualização do repertório da música orquestral. Dessa comprovada necessidade, a partir de critérios técnicos muito bem definidos, o coordenador do projeto, André Cardoso, encomendou novas obras a sessenta compositores de todo Brasil.

   Nadejda Costa
 
  Alexandre Schubert

Do resultado dessas encomendas, trazemos a público um fato singular que testemunha o quanto se fazia necessário a atualização da música orquestral: após a Orquestra Sinfônica da UFRJ ter gravado a obra Brasilianas nº 4, de Alexandre Schubert, em tempo muito reduzido, essa obra não só transpôs diferentes fronteiras estaduais como também atravessou a fronteira nacional, como sinalizam os registros já computados de sua interpretação por essas diferentes formações orquestrais, aqui relacionadas : JugendSinfonieOrchester Schuwerin, da Alemanha, Orquestra Sinfônica do Paraná,  e por músicos da Camerata Movidos a Cordas, Taubaté- SP-, da Universidade Federal do Piauí, do Conservatório Estadual Cora Pavan, em MG, do Espaço Musical CriAAR, de Uberaba-MG-, e do Centro Suzuki de Goiania.

2023 infantil CHEVITARESE (1) 1Sobre o Projeto Um Novo Olhar– UNO-, independente do valor e dos resultados alcançados com o trabalho de André Vidal- DF-, Ana Lúcia Gaborim-MS-, Andrea Adour-RJ-, Cristiane Ferronato-RS-, Isabela Sekeff-DF-, Juliana Melleiro-RJ-, Lúcia Passos-RS-, Luis Gustavo Laureano-SP-, Maria José Chevitarese-RJ -, Paulo Paraguassu-ES-, Silmara Drezza-SP- e Vladimir Silva-PB- nos cursos de capacitação, não se pode deixar de dar destaque a três outros trabalhos desenvolvidos por este projeto que se expressam como verdadeiros divisores de água no ensino do canto coral infantil.

Isso porque, diferente do maestro André Cardoso que verificou a inevitável exigência da atualização do repertório da música orquestral brasileira, da editoração e revisão de partituras de obras escritas no passado e da necessidade de conceder livre acesso a todas elas, a regente Maria José Chevitarese que já havia constatado não existir, até então, na língua portuguesa nenhum material bibliográfico que tratasse do tema do canto coral, organizou com sua equipe, fez publicar e colocar também gratuitamente na página do Projeto UNO, a obra Aprimorando meu coro infantil.

 Também ciente de não haver no Brasil nenhuma editora que se dedique a publicação de partituras para coros infantojuvenis, a partir do planejamento da professora Juliana Melleiro  que, igualmente faz parte do corpo docente da Escola de Música da UFRJ, foram colocadas na página do projeto à disposição dos profissionais de todo Brasil que desenvolvem seus trabalhos com o canto coral, setenta (70) partituras.

Na comprovação do anseio dos profissionais do canto coral infantil de todo Brasil pela apropriação dos saberes relacionados ao tema, essa matéria é finalizada dando destaque ao seguinte fato:  uma vez organizado e transmitido virtualmente, o I Congresso Internacional de Música Coral Infantojuvenil : Um Novo Olhar atingiu a marca de dois mil (2000) participantes.