Concertos UFRJ: Wagner 200 anos

Foto: Reprodução
wagner300
Wagner fotografado por Franz Hanfstaegel, Munique 1871.

A edição desta semana de Concertos UFRJ homenageia Richard Wagner – compositor alemão cujo bicentenário de nascimento se comemora este ano. Embora sua produção inclua lieders (canções), sonatas para piano, sinfonias, um poema sinfônico, entre outras experiências, foi na ópera, ou drama musical como preferia chamar, que se desenvolveu plenamente sua capacidade artística inovadora.

A edição desta semana de Concertos UFRJ homenageia Richard Wagner – compositor alemão cujo bicentenário de nascimento se comemora este ano. Embora sua produção inclua lieders (canções), sonatas para piano, sinfonias, um poema sinfônico, entre outras experiências, foi na ópera, ou drama musical como preferia chamar, que se desenvolveu plenamente sua capacidade artística inovadora. Com Wagner, a linguagem e a própria concepção do gênero, sua função e o papel do compositor na música sofrerão uma profunda transformação que impactará as gerações seguintes.

 

Wagner nasceu no dia 22 de maio de 1813 em Leipzig, no leste da Alemanha. Desde criança tomou gosto pelas artes. Além da música, apreciava o teatro e a literatura, artes que o acompanharam por toda a vida. Autodidata em larga medida, começou a estudar piano e contraponto aos 11 anos.

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20130520|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

 

Cursou a Faculdade de Música de Leipzig, um dos principais centros musicais da época, mas abandonou-a antes de se formar.

Foi nesta época que começou a compor seus primeiros trabalhos em ópera. Entretanto, Die Feen (As Fadas), de 1833-1834, Das Liebesverbot (A proibição de amar), de 1835-1836, foram malsucedidos e praticamente não são mais montados. A seguir veio Rienzi, escrita entre 1838 e 1840. A obra retornou à cena ao longo do séc. XX e sua abertura é eventualmente ouvida em concertos sinfônicos.

 

Mas a primeira ópera do compositor que entrou para o repertório e estabeleceu sua reputação como grande criador foi Der fliegende Holländer (O Holandês Voador; ou Le Vaisseau Fantôme, O Navio Fantasma), que estreou em Dresden em 1843. Ópera em três atos, ambientada em uma aldeia da Noruega, conta a história de um navegador holandês que, punido por blasfemar contra Deus, se vê condenado a vagar pelos sete mares até encontrar o amor verdadeiro e uma mulher que lhe seja plenamente fiel. Desta obra, o programa apresentou a famosa abertura, na interpretação da Orquestra Filarmônica de Viena e regência de Karl Böhm.

 

Outra abertura muito executada em concertos é a de Tannhäuser, estreada também em Dresden em 1845. Tannhäuser é uma ópera que adota ainda a divisão tradicional em árias e conjuntos. A interpretação veiculada foi novamente a da Orquestra Filarmônica de Viena conduzida por Karl Böhm.

 

Além de compositor, Wagner foi autor de extensa obra literária, a começar pelos libretos de suas óperas, que ele mesmo escrevia, e considerava poemas. Suas ideias estéticas o colocam entre os maiores teóricos de todos os tempos. Wagner acreditava que a pintura, a música e a poesia haviam alcançado o limite de suas evoluções e que, para inovar, seria necessário combinar essas linguagens em uma Gesamtkunstwerk – o conceito de obra de arte total, ou integral, apresentado pela primeira vez no artigo “Arte e Revolução”, de 1849. Apenas a ópera, em sua opinião, seria capaz de almejar esse ideal.

 

Foto: Reprodução
bayreuth
O teatro construído pelo compositor na Colina Verde (Grüner Hügel), também chamada de “Colina Sagrada” pelos wagnerianos.

Outro elemento adotado por Wagner, ainda que não inteiramente original, foi leitmotiv, ou motivo condutor, que detalhou no texto “Ópera e drama”, de 1850. Um elemento musical recorrente, como um acorde ou uma melodia, associado a determinado personagem ou situação dramática. Wagner usou o leitmotiv pela primeira vez em Der fliegende Holländer e em todas as suas óperas posteriores.

 

O seu mais ambicioso projeto, o ciclo de quatro óperas baseadas na mitologia germânica que compõem o ciclo de Der Ring des Nibelungen (O Anel do Nibelungo) está impregnado destes conceitos. Composto por Das Rheingold (O Ouro do Reno) (1853-1854), Die Walküre (A Valquíria) (1854-1856), Siegfried (1856-1857 e 1864-1871) e Götterdämmerung (Crepúsculo dos Deuses) (1869-1874), levou vinte e seis anos para ser completado e requer, no total, cerca de quinze horas para ser executado.

 

Essas ideias estéticas exigiram um novo espaço cênico para se desenvolverem, o famoso Bayreuth Festspielhaus (Teatro do Festival de Bayreuth), construído especialmente para encenar suas obras. Em sua inauguração, em 1876, realizou-se a primeira apresentação integral de O Anel. Wagner tomou como base um projeto do grande arquiteto Gottfried Semper, originalmente proposto para uma sala de ópera em Munique. A construção foi possível mediante uma doação generosa do rei Luís II da Baviera, protetor e mecenas de Wagner.

 

O teatro tem excelente acústica e capacidade para quase dois mil lugares. Sua mais conhecida peculiaridade é o fosso coberto que torna a orquestra invisível ao público. Uma ideia do próprio Wagner, para que os espectadores prestassem atenção apenas ao drama que se desenrolava no palco, sem se distrair com os movimentos do maestro e dos músicos.

 

Foi porém com Tristan und Isolde (Tristão e Isolda), composta entre 1857 e 1859 e baseada em uma lenda medieval narrada por Gottfried Von Strassburg, que Wagner levou mais longe suas ideias revolucionárias. O chamado Acorde de Tristão, logo nos primeiros compassos da obra, resume seu conteúdo dramático e, sem função harmônica tonal claramente definida, radicaliza tendências presentes no romantismo do século XIX. Com ele Wagner abala definitivamente os alicerces de quase três séculos de música e prepara a transgressão seguinte. A dissolução da tonalidade pelo cromatismo em Tristão e Isolda dará impulso às pesquisas dos compositores da Escola de Viena (Schoenberg, Berg e Webern) e de outros no século XX.

 

Com a interpretação da Orquestra Estatal de Dresden (Staatskapelle Dresden), da qual, aliás, Wagner foi regente titular a edição apresentou este famoso Prelúdio e, a seguir, a “Morte de Amor”, da mesma ópera. A gravação tem o maestro Giuseppe Sinopoli à frente da orquestra e conta como a soprano Cheryl Studer.

 

Finalizou o programa, a conhecida “Cavalgada das Valquírias”, do terceiro ato de Die Walküre (A Valquíria). A obra foi estreada em 1870 e que constitui a segunda parte de sua tetralogia.

 

Wagner faleceu no auge da fama em 13 de fevereiro de 1883, na cidade de Veneza, devido a problemas cardíacos. “Triste, triste, triste. Wagner é morto!”, lamentou o compositor italiano Giuseppe Verdi, considerado por muitos como seu antípoda estético e cujos 200 anos de nascimento também são comemorados em 2013. Foi enterrado em Bayreuth, em um túmulo construído no jardim se sua residência.

 

Após a morte de um grande músico, sua biográfica e opiniões costumam perder importância, ofuscadas pela grandeza de sua obra. Não foi o caso de Wagner. O espectro de seu nacionalismo foi apropriado (e distorcido) pelo nazismo nos anos 30 do século passado. Idolatrado por Hitler, o compositor foi convertido em expressão do verdadeiro espírito do Terceiro Reich e exemplo da superioridade do intelecto germânico, com as consequências trágicas que todos conhecemos.

 

Não parece possível ainda dissociar Wagner desses acontecimentos, nem de seu antissemitismo, expresso por exemplo no opúsculo de 1850, Das Judenthum in der Musik (O judaísmo na música), em que ataca Meyerbeer e Mendelssohn. Talvez por muito tempo nossa recepção do compositor permaneça, em larga medida, condicionada por eles.

***

 

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Obras para oboé em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
oboe190a

A edição desta semana de Concertos UFRJ reprisa o programa dedicado ao oboé ? instrumento de sonoridade rica em harmônicos e notas agudas penetrantes,  usualmente responsável pela afinação da orquestra. O repertório apresenta obras de Carl Philipp Emanuel Bach, W. A. Mozart e Breno Blauth, que cobrem momentos diversos da trajetória do oboé e, ao mesmo tempo, evidenciam suas potencialidades sonoras.

A edição desta semana de Concertos UFRJ reprisa o programa dedicado ao oboé ? instrumento de sonoridade rica em harmônicos e notas agudas penetrantes,  usualmente responsável pela afinação da orquestra. O repertório apresenta obras de Carl Philipp Emanuel Bach, W. A. Mozart e Breno Blauth, que cobrem momentos diversos da trajetória do oboé e, ao mesmo tempo, evidenciam suas potencialidades sonoras.

 

Programa radiofônico, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, os Concertos UFRJ vão ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. A produção e a apresentação são de André Cardoso, docente da Escola de Música e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ).

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20130318|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

      

História

 

O Oboé foi incorporado à orquestra em meados do século XVII, quando desfrutou de grande popularidade entre compositores como Antonio Vivaldi, Johann Sebastian Bach, Alessandro Marcello, Georg Friedrich Händel, Wolfgang Amadeus Mozart, Robert Schumann e Richard Strauss.  Considerado um dos instrumentos de sopro de técnica mais difícil, requer grande controle respiratório e relativamente altas pressões de sopro, além de sofisticado controle labial das vibrações da palheta, por meio da chamada embocadura.

 

Durante a Renascença os instrumentos tocados com palheta dupla formavam uma família muito diversificada. Eram as bombardas. Existiam em diferentes tamanhos e tessituras. Dependendo do país e do registro (grave, médio ou agudo), as bombardas recebiam diferentes nomes. Na Itália eram conhecidas como ciaramellas e em Portugal como charamelas. No Syntagma Musicum de Michael Praetorius, um importante tratado sobre música do século XVII, são identificados diferentes tamanhos de bombardas desde a soprano com aproximadamente 65 cm de comprimento até a contrabaixo, um instrumento gigantesco que media quase três metros.

 

As bombardas ou charamelas produziam o som da mesma forma, ou seja, através da vibração de uma palheta dupla. Eram construídas em uma peça única de madeira, terminando em uma campana. Outra característica era a chamada pirouette, que consistia em um pequeno tubo onde ficava parcialmente encapssulada uma palheta e no qual o músico apoiava os lábios. Segundo Praetorius a sonoridade da charamela se assemelhava ao “grasnar de um ganso”. O oboé, assim como o fagote, descendem desses instrumentos.

 

O oboé surgiu na França na segunda metade do século XVII e deriva da charamela soprano. A palavra francesa – hautbois – que designava o instrumento e que deu origem à designação do instrumento, significa literalmente “madeira alta”. A origem do oboé está relacionada com a prática musical da corte de Luiz XIV, em especial de um de seus conjuntos musicais, a Grande Ecurie du Roi, o conjunto de sopros do qual faziam parte músicos versáteis que, além de instrumentistas, eram compositores e construtores de instrumentos. A Jean Hotteterre, um desses músicos e artesãos atuantes, é atribuída a invenção do novo instrumento.

 

Foto: Reprodução
f_oboes

O corpo do oboé foi dividido em três partes e os furos foram estreitados e realinhados. Mas a principal inovação com relação à charamela foi a abolição da pirouette e a colocação de uma palheta de largura menor encaixada na parte externa superior do instrumento. O som passou a ser produzido pelo contato direto dos lábios do músico com a palheta, o que proporcionava um som mais delicado e refinado.

 

A partir da segunda metade do século XVII o oboé se tornou um instrumento fundamental para a formação da sonoridade da orquestra barroca. O primeiro registro de sua participação na orquestra se deu no ballet “L’amour balade” de Lully em 1657. O protótipo do oboé barroco, entretanto, só foi definido nas duas últimas décadas do século XVII, com a primeira descrição técnica do instrumento feita por Bartolomeo Bismantova em sua “Regole del oboé”, publicada em 1688. Outra referência importante foi a publicação em Londres em 1695 daquele que é considerado o primeiro método para oboé, cuja autoria é atribuida a John Bannister.

 

Repertório do Programa

 

A edição destacou três obras. A Sonata para oboé em Sol Menor de Carl Philipp Emanuel Bach na interpretação de Alfredo Bernardini, oboé; Harald Hoeren, cravo; e Nicholas Selo, violoncelo. O Concerto para oboé Dó Maior, de W. A. Mozart, K. 314, com Randall Wolfgang como solista da Orpheus Chamber Orchestra. Movimentos: Allegro Aperto, Adagio Non Troppo, e Rondo, Allegretto. O Concertino para oboé e cordas Breno Blauth com o solista Alexandre Ficarelli e a Orquestra Bachiana Brasileira sob a direção de Ricardo Rocha. São três movimentos Animado, Andante e Vivo.

***

 

Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Concertos UFRJ: música para alaúde

Imagem: Reprodução
osmusuicoscaravaggio190
Os Músicos (detalhe), de Caravaggio. O rosto do alaudista é do pintor.

A edição desta semana de Concertos UFRJ aborda o alaúde, instrumento de cordas dedilhadas que descende de um antepassado conhecido como ud, introduzido no Ocidente, quando da ocupação da Península Ibérica pelos mouros (711-1492). O nome, como tantas outras palavras de origem árabe, incorporou o artigo, presente na expressão al’ud, quando passou às línguas europeias.

A edição desta semana de Concertos UFRJ aborda o alaúde, instrumento de cordas dedilhadas que descende de um antepassado conhecido como ud, introduzido no Ocidente, quando da ocupação da Península Ibérica pelos mouros (711-1492). O nome, como tantas outras palavras de origem árabe, incorporou o artigo, presente na expressão al’ud, quando passou às línguas europeias.

 

Muito popular na Idade Média, Renascença e no Barroco, serviu tanto como instrumento solista, como no acompanhamento de cações. Permaneceu em destaque até o início da era clássica (Haydn escreveu para ele), mas logo caiu em desuso, perdendo para o piano a primazia como instrumento doméstico.

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20130506|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

 

Se o ocaso do instrumento data do início do séc. XIX na Europa ocidental, diversos tipos de alaúdes sobreviveram em tradições musicais do sudeste europeu, norte da África e Oriente Médio. No início do séc. XX o interesse crescente pela música histórica trouxe-o de volta às salas de concerto. Um revivalismo que ganhou novo impulso com o movimento de música antiga dos anos 1950 e continua até nossos dias.

 

Compositores e repertório

 

John Dowland (1563–1626) foi um músico inglês do período renascentista, contemporâneo de William Shakespeare, tendo trabalhado na corte do rei Christian IV da Dinamarca e na de James I da Inglaterra. Hoje é lembrado sobretudo por sua produção vocal composta para acompanhamento de alaúde. Do compositor, o programa pinçou “Can she excuse my wrongs”, com o contratenor Andreas Scholl e o alaudista Andreas Martin.

 

Sylvius Leopold Weiss (1687-1750) nasceu em Grottkau, próximo a Breslau, e viveu no final do período barroco, tendo sido contemporâneo do grande mestre J. S. Bach. Importante alaudista do seu tempo, além de sua cidade natal, trabalhou em Roma e em Dresden. Weiss foi um dos compositores mais prolixos da música para alaúde, com um catálogo de cerca de 600 obras, a maioria delas agrupada sob forma de partitas ou suítes. Com Hopkinson Smith, o programa apresentou a Partita em Ré Menor em sete movimentos: fantasia, allemande, courante, gavotte, sarabande, minueto e giga.

 

Por fim o programa levou ao a suite BWV 1012 em Ré Maior, de Johann Sebastian Bach (1685-1750), uma transcrição para alaúde que o próprio músico fez de sua famosa suíte no 6, para violoncelo. Com sete movimentos (prelúdio, allemande, courante, sarabande, gavotte I, gavotte II e giga), a interpretação foi, novamente, do grande alaudista norte-americano Hopkinson Smith.

 

***

 

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

OSUFRJ interpreta compositores barrocos italianos

Foto: Ana Liao
osufrj2012sec
O concerto foi realizado na belíssima igreja da Antiga Sé.

A edição desta semana de Concertos UFRJ apresenta a gravação ao vivo do espetáculo de encerramento da temporada 2012 da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ). Realizado no dia 10 de dezembro na Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no Centro do Rio, destacou obras de Schiassi, Manfredini, Corelli, Locatelli e Torelli – compositores italianos do período barroco.

A edição desta semana de Concertos UFRJ apresenta a gravação ao vivo do espetáculo de encerramento da temporada 2012 da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ). Realizado no dia 10 de dezembro na Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no Centro do Rio, destacou obras de Schiassi, Manfredini, Corelli, Locatelli e Torelli – compositores italianos do período barroco.

 

Todas a obras incluídas no programa foram escritas para o Natal, um prática muito comum entre os compositores barrocos, sobretudos os provenientes da Itália, que escreveram inúmeras peças instrumentais para este período. A inclusão de um movimento conhecido como Pastoral, as caracteriza. A denominação remete a uma reelaboração da música praticada por camponeses e expressa, em larga medida, aquela atmosfera rústica, não só por seu rítmico próprio, como pela imitação das sonoridades dos seus instrumentos, através de melodias desenvolvidas sobre notas pedais e do eco que produziam ao serem tocados nos vales rodeados de montanhas.

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20130429|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

 

Outra marca do barroco, adotam a forma de concerto grosso, então um gênero muito apreciado, e que se caracteriza pelo contraste da sonoridade de um grupo de instrumentos solistas com o tutti da orquestra.

 

O concerto da OSUFRJ foi dirigido pelo violinista Felipe Prazeres e contou com diversos solistas, todos músicos da orquestra.

 

Compositores, obras e solistas

 

Gaetano Maria Schiassi (1698-1754) é, infelizmente, um compositor pouco conhecido. Nasceu em Bolonha em 1698 e boa parte de sua obra de perdeu. A Sinfonia Pastorale “per il santissimo natale di nostro Jesu”, é uma das poucas que existe edição moderna e foi composta provavelmente antes de sua partida para Lisboa, em meados da década de 1730. Na capital portuguesa, onde veio a falecer, ocupou o prestigioso cargo de músico da Capela Real. A sinfonia possui quatro movimentos (Adagio, Allegro, Largo spicatto e Andante). Os solistas, Felipe Prazeres, Adonhiran Reis e Denise Pedrassoli, violinos; Jessé Pereira, viola; e Mateus Ceccato, violoncelo. No cravo, Eduardo Antonello.

 

Francesco Manfredini (1680-1748) nasceu em Pistoia e foi discípulo de Giuseppe Torelli. A pastoral em seu Concerto Grosso, op. 3 no 12, em Dó Maior, foi colocada como movimento de abertura. Os movimentos são, portanto, Largo (Pastorale per il Santissimo Natale), Largo e Allegro. Os solistas, Felipe Prazeres, Denise Pedrassoli, violinos; e Mateus Ceccato, violoncelo.

 

O Concerto Grosso, op. 6, no 8, de Arcagelo Corelli (1653-1713) foi escrito em cinco movimentos: Vivace-Grave, Allegro, Adagio-Allegro-Adagio, Vivace e Allegro-Largo. O último, uma pastoral, normalmente é excluído quando não é executado no período natalino.  Os solistas da gravação são Felipe Prazeres e Adonhiran Reis, violinos; e Mateus Ceccato, violoncelo.

 

Já o Concerto op. 1 no 8, em Fá Menor, de Pietro Locatelli (1695-1709), músico que nasceu em Bérgamo estudou com Corelli, tem a forma de sonata da chiesa, alternando movimentos lentos e rápidos. São eles Largo, Grave, Vivace-Adagio, Grave-Adagio, Largo andante, Andante-Adagio e Pastorale (Largo andante). Os solistas, Felipe Prazeres e Adonhiran Reis, violinos; Jessé Pereira, viola; e Mateus Ceccato, violoncelo.

 

Escrito na tonalidade de Ré Menor, o concerto op. 8, no 6, de Giuseppe Torelli (1658-1709) encerra o programa. Violonista e compositor nascido na cidade de Verona, esta é uma de suas últimas obras e foi publicada postumamente. Sua obra mais executada hoje em dia, é presença constante nos concertos natalinos. Os três movimento são Grave-Vivace-Adagio, Largo e Vivace. Felipe Prazeres e Adonhiran Reis, violinos, e Mateus Ceccato, violoncelo, são os solistas. 

***

 

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Radamés Gnattali: Flauta, piano e violão

Foto: Reprodução
radames190
CD destaca produção camerística do compositor.

A edição desta semana de Concertos UFRJ chama atenção para o recém lançado CD “Radamés Gnattali: flauta, piano e violão”, uma das iniciativas que marcam os 25 anos da morte do compositor. As seis peças selecionadas, registarem momentos importantes do seu repertório solo e de câmara deste músico que transitou nas fronteiras do popular com o clássico.

A edição desta semana de Concertos UFRJ chama atenção para o recém lançado CD “Radamés Gnattali: flauta, piano e violão”, uma das iniciativas que marcam os 25 anos da morte do compositor. As seis peças selecionadas, registarem momentos importantes do seu repertório solo e de câmara deste músico que transitou nas fronteiras do popular com o clássico.

 

Com incentivos da Lei Rouanet e do Ministério da Educação, a homenagem ao foi idealizada pela CPFL Cultura, programa da empresa paulista de geração e distribuição de eletricidade, a partir da série “Mozart & Radamés: afinidades e contrapostos”, apresentada pela Rádio Cultura de São Paulo. Os interprestes são o violonista Paulo Porto Alegre, o flautista Rogério Wolf e a pianista Rosana Civile.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20130422|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

A distribuição do CD é gratuita para bibliotecas, universidades, escolas de música e institutos culturais. O pedido pode ser feito até o mês de maio pelo telefone (19) 3756-8000 ou pelo e-mail cpflcultura@cpfl.com.br. A requisição deve ser em papel timbrado com a assinatura de representante da instituição. O público em geral também poderá ter acesso à obra, disponível para download na internet.

 

Radamés: popular e erudito


Quando chegou ao Rio em 1924 o gaúcho Radamés tinha pouco mais de 18 anos e carregava na bagagem, além de sólida formação pianística, o desejo de ingressar no seleto circuito das salas de concerto da capital do país. As vicissitudes da vida e a necessidade de sobrevivência o levaram, porém, aos cafés e cinemas da noite carioca. E, a seguir, às rádios e aos estúdios. Nesse ambiente, o músico, que começava a se interessar pela composição, conhecerá os grandes “pianeiros” de seu tempo e chorões famosos como Ernesto Nazareth e Pixinguinha.

 

O Brasil perdeu um virtuose, mas ganhou um compositor e arranjador que marcará tanto a música popular como a música de concerto. A entrada, em 1936, de Radamés Gnatalli para a rádio Nacional, a princípio como pianista e depois como arranjador, é um marco nessa trajetória. Sua formação e experiência anteriores foram fundamentais para a renovação e enriquecimentos dos arranjos da música popular e para todo o desenvolvimento posterior do gênero. Paralelamente, desenvolveu uma carreira brilhante como compositor e pianista, com frequência sendo solista de suas próprias obras.

 

Intérpretes

 

Foto: Reprodução
radamesnoleopoldo
Gnattali em gravação no Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música.

Paulo Porto Alegre é violonista, arranjador e compositor. Nasceu em 1953, em São Paulo. Foi aluno de Isaías Sávio, Abel Carlevaro, Miguel Angel Girollet e Eduardo Fernandez. Estudou composição com com Sérgio Vasconcellos Correa, Hans Joachim Koellreuter e Phillipe Manoury, e foi o vencedor do V Concurso Internacional de Violão Palestrina e III Concurso Internacional de Violão do Festival Villa-Lobos. Já se apresentou por todo Brasil Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha e China.  É membro fundador do Trio Opus 12 de violões e do Núcleo Hespérides – Música das América.  Leciona na Escola Municipal de Música de São Paulo e na Escola de Música do Estado de São Paulo (EMESP).

 

Rogério Wolf graduou-se pela Faculdade Santa Marcelina. Estudou com Renato Axelrud e Jean-Noel Saghaard. Participou de cursos e master-classes ministradas por James Galway, James Walker, András Adorjan, Pierre-Yves Artaud e Jeanne Baxtresser e outros flautistas importantes. Atuou por mais de 25 anos como primeira flauta da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) e da Sinfônica Brasileira (OSB). Apresentou-se em países como a Eslovênia, Alemanha, Finlândia, Rússia, Estados Unidos, Paraguai, Costa Rica, Argentina e em várias cidades do Brasil. Lecionou no Conservatório Superior de Genebra e, atualmente, é professor da Escola Superior de Música da Faculdade Cantareira e no Instituto Baccarelli, ambos em São Paulo.

 

Rosana Civile é graduada em piano pela Universidade de São Paulo (USP), onde foi aluna de Caio Pagano. Frequentou máster-classes no Brasil, Itália e Espanha. Atua como solista, camerista e recitalista nas principais salas de concerto no Brasil e se apresentou em recitas solos na França, Suíça, Bélgica e Alemanha. Atualmente é pianista do Teatro Municipal de São Paulo e professora da Escola Municipal de Música da capital paulista.

 

Repertório

 

O programa destacou do repertório do CD a Sonatina para flauta e violão escrita por Radamés em 1959 e gravada originalmente nos Estados Unidos pelo violonista Laurindo Almeida e o flautista Martin Rotterman; a Sonatina para flauta e piano composta 1974, que no seu terceiro movimento homenageia Pixinguinha; a Pequena Suíte para Violão, última obra escrita para o instrumento pelo autor e dedicada a Turíbio Santos; a Brasiliana no 5 para piano, obra de 1949; e a Brasiliana no 13 para violão, de 1983, também dedicada a Turíbio Santos.

***

 

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

 

Radamés Gnattalli (1906-1988): Flauta, piano e violão

Violão: Paulo Porto Alegre

Flauta: Rogério Wolf

Piano: Rosana Civile

 

cdradamesflautaviolaopiano300

 

1-3: Sonatina flauta e violão (1959)

1- Cantando com simplicidade

2- Adagio

3- Movido

 

4-6: Sonatina violão e piano (1957)

4- Allegro Moderato

5- Saudoso

6- Ritmado

 

7-9: Sonatina em ré maior para flauta e piano (1974)

7- Allegro Moderato

8- Expressivo

9- Lembrando Pixinguinha

 

10-12: Pequena Suíte para Violão (1985)

10- Pastoril

11-  Toada

12- Frevo

 

13- Brasiliana no 5 para piano (1949)

 

14-16: Brasiliana no 13 para violão (1983)

14- Samba-bossa nova

15- Valsa

16- Choro

Música para viola e piano em Concertos UFRJ

Foto: Divulgação
barbarawestphal190
Barbara Westphal conheceu a música brasileira para viola em 1981.

A edição desta semana de Concertos UFRJ destaca o CD “Brazilian Music for Viola & Piano” da violista alemã Barbara Westphal acompanhada pelo pianista italiano Christian Ruvolo. Lançado em 2010 no mercado internacional pelo Centaur, o repertório é integralmente dedicado à aos compositores brasileiros do século XX.

A edição desta semana de Concertos UFRJ destaca o CD “Brazilian Music for Viola & Piano” da violista alemã Barbara Westphal acompanhada pelo pianista italiano Christian Ruvolo. Lançado em 2010 no mercado internacional pelo Centaur, selo independente norte-americanos especializado em música de concerto, o repertório é integralmente dedicado à aos compositores brasileiros do século XX.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20130415|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

O repertório brasileiro para viola, aliás, se desenvolveu bastante no período, em especial sob influência da corrente nacionalista. Contribui para isso a presença entre nós de dois importantes músicos, Geza Kiszely e Perez Dvorek, que incentivaram muito a produção para o instrumento.

 

Ao todo, oito peças. “Brasiliana”, de Edino Krieger; “Três Valsas Brasileiras”, de Francisco Mignone; “Appassionato, Cantilena e Toccata”, de Osvaldo Lacerda; “Sonatina”, de Ernst Mahle; “Canção Sertaneja” e “Encantamento”, de Mozart Camargo Guarnieri; “O Canto do Cisne Negro”, de Heitor Villa-Lobos; e “Sonata”, de Brenno Blauth. Destas, o programa apresentou as quatro primeiras e a última.

 

Barbara tomou contato pela primeira vez com este repertório há trinta anos, quando participou do Festival Internacional de Campos do Jordão e, logo a seguida, conheceu o Conservatório de Tatuí, importante escola de música do interior paulista.

 

Barbara Westphal estudou em Londres e Nova York e obteve seu diploma de concerto com Itzhak Perlman e Michael Tree (Guarneri Quartett). Em 1983, ganhou o Concurso ARD, Munique, e o prestigioso Prêmio Busch. Como solista e camerista, se apresentou na Europa, Estados Unidos e América do Sul. De 1978 a 1985 foi violista do Delos Quartetts. Em 1997 fundou, com a violinista Ani Kavafian e violoncelista Gustav Rivinius, o Trio da Salò que se apresentou pela primeira vez no Festival “Incontri in Terra di Siena”, Itália. Suas gravações, que incluem as Sontas para Viola de Brahm (com Ursula Oppens), as Sontas para Viola de Max Reger e as seis Suites solo de J. S. Bach, foram recebidas com elogios pela imprensa especializada. Como educadora, leciona desde 1989 na Universidade de Lübeck (Alemanha), e realiza master classes na Europa e nos Estados Unidos. Barbara tem sido regularmente convidada para intergrar o júri de importantes certames internacionais.

 

christianruvoloChristian Ruvolo estudou piano e composição em Milão, Itália, e em Freiburg, Alemanha, com Andrea Di Renzo, Vitaly Margulis e Murray Perahia. Em 1993, ganhou o primeiro prêmio de pianista correpetidor do Teatro alla La Scala e, a seguir, trabalhou como músico deste teatro. Como convidado integrou importantes festivais de música na Europa, Ásia e América. Sua carreira como solista inclui apresentações na Itália, Alemanha, França, Reino Unido, Estados Unidos, China, Coréia do Sul e Brasil. Já como um músico de câmara, tocou com conjuntos e artistas de renome, entre eles o clarinetista Sabine Meyer, o Trio di clarone e a Orquestra de Câmara de Heilbronn de Wurttemberg. Desde de 2000, leciona na Academia de Música de Lübeck.

 

***

 

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

 

 

BRAZILIAN MUSIC FOR VIOLA & PIANO


Barbara Westphal (viola) • Christian Ruvolo (piano)

 

capacdviolaepiano300

 

Brasiliana

Edino Krieger

 

Tres Valsas Brasileiras
Francisco Mignone

1. Valsa lenta

2. Suave e delicado

3. Vivo e com Entusiasmo

 

Appassionato, Cantilena e Toccata
Osvaldo Lacerda

1. Appassionato

2. Cantilena

3. Toccata

 

Sonatina
Ernest Mahle

1. Andante

2. Vivace

 

Canção Sertaneja

Camargo Guarnieri

 

Encantamento

Camargo Guarnieri

 

O Canto do Cisne Negro

Heitor Villa-Lobos

 

Sonata
Brenno Blauth

1. Dramático

 

2. Evocativo

3. Agitado

 

Ana Vidovic interpreta o Concerto de Aranjuez com a OSUFRJ

Foto: Ana Liao
Ana Vidovic
Vidovic com a OSUFRJ no III Festival Internacional de Violão da UFRJ.

Atendendo a pedidos a edição desta semana de Concertos UFRJ reprisa a segunda parte do recital da violonista croata Ana Vidovic no encerramento do III Festival Internacional de Violão da UFRJ.

Atendendo a pedidos a edição desta semana de Concertos UFRJ  reprisa a segunda parte do recital da violonista croata Ana Vidovic no encerramento do III Festival Internacional de Violão da UFRJ. Acompanhada pela Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) e sob a direção do maestro Tobias Volkmann, Vidovic interpretou o famoso Concerto de Aranjuez, do compositor espanhol Joaquín Rodrigo. A gravação ao vivo foi realizada no dia 27 de outubro de 2012 no Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música.

 

O programa completa edição que levou ao ar a primeira parte do recital em que Vidovc, uma das maiores virtuoses da atualidade, tocou peças de Joaquim Turina, Fernando Sor, Bach e William Walton.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20130311|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

Concerto de Aranjuez


Talvez a obra para violão e orquestra mais executada, o Concerto de Aranjuez é uma das maiores criações para o instrumento escritas no século passado. Composto no início de 1939, quando Rodrigo estava em Paris, distante de sua amada Espanha então conflagrada pelas guerra civil, e no epicentro de uma Europa prestes a sucumbir à Segunda Guerra Mundial, tem como inspiração os belos jardins do Palácio Real de Aranjuez, originalmente construído como residência de primavera de Filipe II de Espanha e redesenhado em meados do século XVIII para Fernando VI.

 

Foi a primeira peça que compôs para violão e orquestra. Sua estreia ocorreu em 9 de novembro de 1940, no Palácio da Música Catalã, em Barcelona, tendo como solista Regino Sáinz de la Maza y Ruiz, a quem a obra é dedicada. A orquestra, a Filarmônica de Barcelona liderada na ocasião por César Mendoza Lasalle.

 

O concerto está dividido em três movimentos (Allegro con spirito, Adagio e Allegro gentile) e, como afirma o autor, tenta capturar “a fragrância das magnólias, o cantar dos pássaros e o jorro das fontes” dos jardins de Aranjuez. Ainda segundo Rodrigo, o primeiro movimento é “animado por um espírito e um vigor sem que nenhum dos dois temas interrompa seu ritmo incansável”, o segundo “representa um diálogo entre guitarra e instrumentos de sopro (corne inglês, fagote, oboé, trompa, etc.)”, e o último “lembra uma dança cortesã em que a combinação de tempo duplo e triplo mantém um ritmo tenso até a barra de fechamento”.

 

A orquestração é bastante leve e o violão, que raramente confronta o conjunto da formação, dialoga com diversos instrumentos como o corne inglês no segundo movimento, uma das melodias mais inspiradas do compositor e que ganhou inúmeras versões autônomas.

 

Rodrigo e sua esposa Victoria mantiveram silêncio por muitos anos sobre as fontes do segundo movimento, o que fez crescer a suspeita de que houvesse sido sugerido pelo bombardeio de Guernica, em 1937. Em sua autobiografia, Victoria afirma entretanto que é uma evocação dos dias felizes da lua de mel, ao mesmo tempo, que uma resposta à tristeza da perda do primeiro filho do casal.

Fotos: Ana Liao

Ana VidovicAna Vidovoc

Recuerdos de la Alhambra

 

Após o Concerto de Aranjuez, Vidovic tocou como bis o famosa Recuerdos de la Alhambra(Memórias da Alhambra), do compositor espanhol Francisco Tárrega (1852 –  1909). Tárrega, como muitos músicos de sua época, combinou a tendência romântica europeia com elementos do folclore espanhol, o que transparece na obra, escrita em 1896.

 

Fantasía para un gentilhombre

 

Encerrando o programa, Concertos UFRJ levaram ao ar mais uma obra de Joaquín Rodrigo, a Fantasía para un gentilhombre. Rodrigo a compôs em 1954, a pedido de Andrés Segovia, o gentilhombre do título. O próprio Segovia a estreou em 5 de março de 1958, em San Francisco, EUA, com a San Francisco Symphony conduzida por Enrique Jordá. Seus quatro movimentos (Villano y Ricercare; Españoleta y Fanfare de la Caballería de Nápoles; Danza de las Hachas; e Canario) são baseados em danças curtas para violão solo de autoria do compositor espanhol do século XVII, Gaspar Sanz. A interpretação veiculada foi a do violonista Narciso Yepes com a Orquestra de Câmara Inglesa dirigida por García Navarro.

 

* * *

 

Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, o programa radiofônico Concertos UFRJ vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado pelo professor André Cardoso, as edições passadas podem ser acompanhadas no podcast, audio sob demanda, da Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

Concertos UFRJ: 150 anos de Ernesto Nazareth

Reprodução
Ernesto_Nazareth_idoso
Foto de Nazareth já com idade avançada.

A edição desta semana de Concertos UFRJ comemora os 150 anos de nascimento de Ernesto Nazareth – um dos músicos brasileiros mais importantes. Definido por Mário de Andrade como “dotado de uma extraordinária originalidade, porque transita com fôlego entre a música popular e erudita, fazendo-lhe a ponte, a união, o enlace”, o compositor é figura fundamental da chamada Belle Époque carioca.

A edição desta semana de Concertos UFRJ comemora os 150 anos de nascimento de Ernesto Nazareth – um dos músicos brasileiros mais importantes. Definido por Mário de Andrade, expoente do nosso modernismo, como “dotado de uma extraordinária originalidade, porque transita com fôlego entre a música popular e erudita, fazendo-lhe a ponte, a união, o enlace”, o compositor é figura fundamental na efervescente cena cultural da chamada Belle Époque carioca, como ficaram conhecidas os primeiros anos do século XX.

 

Filho de Vasco Lourenço da Silva Nazareth, despachante aduaneiro, e Carolina Augusta da Cunha, Ernesto Júlio de Nazareth nasceu na cidade do Rio de Janeiro, aos 20 de março de 1863 na Rua do Bom Jardim, atual Marques de Sapucaí, que ficava no Morro do Pinto, entre os bairros de Santo Cristo e Cidade Nova. Em 1874, após o falecimento de sua mãe e primeira professora de piano, passou a receber lições de Eduardo Rodolpho de Andrade Madeira, amigo da família, e, mais tarde, de Charles Lucièn Lambert, afamado professor negro, de New Orleans, radicado no Rio.

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20130325|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

 

Ernesto Nazareth viveu em um momento de grande efervescência política, de afirmação nacional e de incorporação criativa de formas musicais de curso internacional. Não por acaso seu nome está ligado ao chamado “tango brasileiro” de batidas diferentes do tradicional, e ao choro, que ganhara os primeiros adeptos ainda nas últimas décadas do Império. Suas inovações musicais refletem este clima de mudança e contribuíram para levar a música brasileira a extratos sociais que privilegiavam até então gêneros europeus, como a polca e a mazurca.

 

Em 1877, com apenas 14 anos, compôs sua primeira música, a polca-lundu “Você bem sabe”, editada no ano seguinte. Em 1881, a polca “Não caio n’outra!!!”, seu primeiro grande sucesso, que teve diversas reedições. Em 1893, o tango “Brejeiro” foi publicado pela Casa Vieira Machado e despertou enorme interesse, sendo republicado mais tarde na França e nos Estados Unidos. As primeiras gravações datam de 1902 com a Banda do Corpo de Bombeiros que, sob a regência de Anacleto de Medeiros, registrou o tango “Está Chumbado” ? considerado por Mário de Andrade uma obra prima “cuja rítmica é um pileque de expressividade impagável”. Outra gravação pioneira foi a de 1905 do cantor Marcos Pinheiro para “Brejeiro”, que com letra de Catulo da Paixão Cearense foi rebatizado com o título “O sertanejo enamorado”.

 

O piano foi, sem dúvida, o grande meio de expressão de Nazareth. O termo pejorativo “pianeiro”, pelo qual passou a ser conhecido, não faz justiça a um criador que soube conciliar as danças típicas de salão com ecos de Chopin, compositor admirado por ele, e que produziu uma obra absolutamente original e, em muitos casos, de grande dificuldade técnica.

 

Nazareth fez fama tocando nas salas de cinema da cidade, em bailes e cerimônias sociais. Como pianista do Odeon, atraiu personalidades ilustres que iam ao cinema apenas para ouvi-lo. Entre elas, Villa-Lobos, que dedicou a Nazareth o Choros nº 1, Arthur Rubinstein, e Darius Milhaud, secretário da embaixada francesa no Brasil durante 1ª Guerra Mundial, que encantado com sua música usou alguns temas de Nazareth no ballet “O Boi no Telhado” e na suíte “Saudades do Brasil”. Foi em homenagem à esta sala de exibição que o compositor escreveu sua obra mais famosa o conhecido tango “Odeon”.

 

Foto: Reprodução
ErnestoNazarethaopiano400
Nazareth no piano Sanzin que foi presenteado ao compositor por admiradores paulistas.

A influência do repertório para piano do romantismo europeu pode ser percebido em obras como “Adieu”, que Nazareth chamou de um romance sem palavras. Já as conexões com a música popular são evidentes pelo conteúdo musical, pelos títulos das suas obras e, como no caso de “Ameno Resedá”, que escreveu em 1913 em homenagem ao famoso rancho carnavalesco carioca, pelas referências culturais implícitas.

 

Em duas ocasiões Nazareth se apresentou no Instituto Nacional de Música, hoje Escola de Música da UFRJ. A primeira, em 1908, a convite do então diretor Alberto Nepomuceno. A segunda, em 1922, convidado pelo compositor Luciano Gallet, que no programa destacou que sua participação era uma forma de “conhecer o que é nosso”.

 

Em 1926 o compositor embarcou em uma turnê pelo estado de São Paulo que devido ao sucesso acabou se prolongando por onze meses.  Na capital, foi homenageado na Sociedade de Cultura Artística e no Teatro Municipal de São Paulo, com uma conferência de Mário de Andrade. Nela, Mário afirma que “muitas das composições deste mestre de dança brasileira são criações magistrais em que a força conceptiva, a boniteza da invenção melódica, a qualidade expressiva estão dignificadas por uma perfeição de forma e equilíbrio surpreendente”.

 

Nazareth realizou em 1932outra turnê de concertos, agora pelo Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai. Em Montevidéu sofreu séria crise nervosa, que o obrigou a retornar. A gravidade do seu quadro neurológico em decorrência da sífilis fez com que fosse internado no Hospício D. Pedro II, onde funciona hoje o campus da Praia Vermelha da UFRJ, e, oito meses mais tarde, na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá. De lá fugiu em 1º de fevereiro de 1934, vindo a falecer, possivelmente no mesmo dia, afogado nas águas da represa que ainda existe na floresta que circundava o manicômio. Seu corpo foi encontrado no dia 4 e sepultado no dia seguinte, no Cemitério de São Francisco Xavier. O compositor tinha 70 anos.

 

Repertório da Edição

 

O programa apresentou a obra do compositor em quatro blocos. No primeiro, Artur Moreira Lima, um dos mais destacados interpretes de Nazareth, executa os tangos “Escovado”, “Carioca” e “Escorregando” e a valsa “Expansiva”. No segundo, o pianista interpreta os tangos “Odeon” e “Brejeiro” e a mazurca “Mercedes”. Em seguida Moreira Lima interpretou “Adieu” e Marcelo Prates, o “Ameno Resedá”.

 

Por último, a versão de Radamés Gnattali para “Fon-fon”, “Improviso”, “Pairando”, “Elegantíssima” e o famoso “Apanhei-te, cavaquinho”. A interpretação é do próprio Radamés e de Aida Gnattali em gravação original feita para a Rádio MEC em 1960.

.

***

 

Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Obras escritas para oboé em Concertos UFRJ

Foto: Reprodução
oboe190a

A edição desta semana de Concertos UFRJ destaca peças dedicadas ao oboé ? instrumento de sonoridade rica em harmônicos e notas agudas penetrantes,  usualmente responsável pela afinação da orquestra. O programa apresenta obras de Carl Philipp Emanuel Bach, W. A. Mozart e Breno Blauth, que cobrem momentos diversos da trajetória do oboé e, ao mesmo tempo, evidenciam suas potencialidades sonoras.

A edição desta semana de Concertos UFRJ destaca peças dedicadas ao oboé ? instrumento de sonoridade rica em harmônicos e notas agudas penetrantes,  usualmente responsável pela afinação da orquestra. O programa apresenta obras de Carl Philipp Emanuel Bach, W. A. Mozart e Breno Blauth, que cobrem momentos diversos da trajetória do oboé e, ao mesmo tempo, evidenciam suas potencialidades sonoras.

 

Programa radiofônico, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, os Concertos UFRJ vão ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. A produção e a apresentação são de André Cardoso, docente da Escola de Música e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ).

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20130318|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

      

História

 

O Oboé foi incorporado à orquestra em meados do século XVII, quando desfrutou de grande popularidade entre compositores como Antonio Vivaldi, Johann Sebastian Bach, Alessandro Marcello, Georg Friedrich Händel, Wolfgang Amadeus Mozart, Robert Schumann e Richard Strauss.  Considerado um dos instrumentos de sopro de técnica mais difícil, requer grande controle respiratório e relativamente altas pressões de sopro, além de sofisticado controle labial das vibrações da palheta, por meio da chamada embocadura.

 

Durante a Renascença os instrumentos tocados com palheta dupla formavam uma família muito diversificada. Eram as bombardas. Existiam em diferentes tamanhos e tessituras. Dependendo do país e do registro (grave, médio ou agudo), as bombardas recebiam diferentes nomes. Na Itália eram conhecidas como ciaramellas e em Portugal como charamelas. No Syntagma Musicum de Michael Praetorius, um importante tratado sobre música do século XVII, são identificados diferentes tamanhos de bombardas desde a soprano com aproximadamente 65 cm de comprimento até a contrabaixo, um instrumento gigantesco que media quase três metros.

 

As bombardas ou charamelas produziam o som da mesma forma, ou seja, através da vibração de uma palheta dupla. Eram construídas em uma peça única de madeira, terminando em uma campana. Outra característica era a chamada pirouette, que consistia em um pequeno tubo onde ficava parcialmente encapssulada uma palheta e no qual o músico apoiava os lábios. Segundo Praetorius a sonoridade da charamela se assemelhava ao “grasnar de um ganso”. O oboé, assim como o fagote, descendem desses instrumentos.

 

O oboé surgiu na França na segunda metade do século XVII e deriva da charamela soprano. A palavra francesa – hautbois – que designava o instrumento e que deu origem à designação do instrumento, significa literalmente “madeira alta”. A origem do oboé está relacionada com a prática musical da corte de Luiz XIV, em especial de um de seus conjuntos musicais, a Grande Ecurie du Roi, o conjunto de sopros do qual faziam parte músicos versáteis que, além de instrumentistas, eram compositores e construtores de instrumentos. A Jean Hotteterre, um desses músicos e artesãos atuantes, é atribuída a invenção do novo instrumento.

 

Foto: Reprodução
f_oboes

O corpo do oboé foi dividido em três partes e os furos foram estreitados e realinhados. Mas a principal inovação com relação à charamela foi a abolição da pirouette e a colocação de uma palheta de largura menor encaixada na parte externa superior do instrumento. O som passou a ser produzido pelo contato direto dos lábios do músico com a palheta, o que proporcionava um som mais delicado e refinado.

 

A partir da segunda metade do século XVII o oboé se tornou um instrumento fundamental para a formação da sonoridade da orquestra barroca. O primeiro registro de sua participação na orquestra se deu no ballet “L’amour balade” de Lully em 1657. O protótipo do oboé barroco, entretanto, só foi definido nas duas últimas décadas do século XVII, com a primeira descrição técnica do instrumento feita por Bartolomeo Bismantova em sua “Regole del oboé”, publicada em 1688. Outra referência importante foi a publicação em Londres em 1695 daquele que é considerado o primeiro método para oboé, cuja autoria é atribuida a John Bannister.

 

Repertório do Programa

 

A edição destacou três obras. A Sonata para oboé em Sol Menor de Carl Philipp Emanuel Bach na interpretação de Alfredo Bernardini, oboé; Harald Hoeren, cravo; e Nicholas Selo, violoncelo. O Concerto para oboé Dó Maior, de W. A. Mozart, K. 314, com Randall Wolfgang como solista da Orpheus Chamber Orchestra. Movimentos: Allegro Aperto, Adagio Non Troppo, e Rondo, Allegretto. O Concertino para oboé e cordas Breno Blauth com o solista Alexandre Ficarelli e a Orquestra Bachiana Brasileira sob a direção de Ricardo Rocha. São três movimentos Animado, Andante e Vivo.

***

 

Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.

 

Ana Vidovic interpreta o Concerto de Aranjuez com a OSUFRJ

Foto: Ana Liao
Ana Vidovic
Vidovic com a OSUFRJ no III Festival Internacional de Violão da UFRJ.

A edição desta semana de Concertos UFRJ destaca a segunda parte do recital da violonista croata Ana Vidovic no encerramento do III Festival Internacional de Violão da UFRJ. Acompanhada pela Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) e sob a direção do maestro Tobias Volkmann, Vidovic interpretou o famoso Concerto de Aranjuez, do compositor espanhol Joaquín Rodrigo.

A edição desta semana de Concertos UFRJ destaca a segunda parte do recital da violonista croata Ana Vidovic no encerramento do III Festival Internacional de Violão da UFRJ. Acompanhada pela Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) e sob a direção do maestro Tobias Volkmann, Vidovic interpretou o famoso Concerto de Aranjuez, do compositor espanhol Joaquín Rodrigo. A gravação ao vivo foi realizada no dia 27 de outubro de 2012 no Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música.

 

O programa completa edição que levou ao ar a primeira parte do recital em que Vidovc, uma das maiores virtuoses da atualidade, tocou peças de Joaquim Turina, Fernando Sor, Bach e William Walton.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

{mp3}concerto20130311|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h, tem “Concertos UFRJ” na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção .

Concerto de Aranjuez


Talvez a obra para violão e orquestra mais executada, o Concerto de Aranjuez é uma das maiores criações para o instrumento escritas no século passado. Composto no início de 1939, quando Rodrigo estava em Paris, distante de sua amada Espanha então conflagrada pelas guerra civil, e no epicentro de uma Europa prestes a sucumbir à Segunda Guerra Mundial, tem como inspiração os belos jardins do Palácio Real de Aranjuez, originalmente construído como residência de primavera de Filipe II de Espanha e redesenhado em meados do século XVIII para Fernando VI.

 

Foi a primeira peça que compôs para violão e orquestra. Sua estreia ocorreu em 9 de novembro de 1940, no Palácio da Música Catalã, em Barcelona, tendo como solista Regino Sáinz de la Maza y Ruiz, a quem a obra é dedicada. A orquestra, a Filarmônica de Barcelona liderada na ocasião por César Mendoza Lasalle.

 

O concerto está dividido em três movimentos (Allegro con spirito, Adagio e Allegro gentile) e, como afirma o autor, tenta capturar “a fragrância das magnólias, o cantar dos pássaros e o jorro das fontes” dos jardins de Aranjuez. Ainda segundo Rodrigo, o primeiro movimento é “animado por um espírito e um vigor sem que nenhum dos dois temas interrompa seu ritmo incansável”, o segundo “representa um diálogo entre guitarra e instrumentos de sopro (corne inglês, fagote, oboé, trompa, etc.)”, e o último “lembra uma dança cortesã em que a combinação de tempo duplo e triplo mantém um ritmo tenso até a barra de fechamento”.

 

A orquestração é bastante leve e o violão, que raramente confronta o conjunto da formação, dialoga com diversos instrumentos como o corne inglês no segundo movimento, uma das melodias mais inspiradas do compositor e que ganhou inúmeras versões autônomas.

 

Rodrigo e sua esposa Victoria mantiveram silêncio por muitos anos sobre as fontes do segundo movimento, o que fez crescer a suspeita de que houvesse sido sugerido pelo bombardeio de Guernica, em 1937. Em sua autobiografia, Victoria afirma entretanto que é uma evocação dos dias felizes da lua de mel, ao mesmo tempo, que uma resposta à tristeza da perda do primeiro filho do casal.

Fotos: Ana Liao

Ana VidovicAna Vidovoc

Recuerdos de la Alhambra

 

Após o Concerto de Aranjuez, Vidovic tocou como bis o famosa Recuerdos de la Alhambra(Memórias da Alhambra), do compositor espanhol Francisco Tárrega (1852 –  1909). Tárrega, como muitos músicos de sua época, combinou a tendência romântica europeia com elementos do folclore espanhol, o que transparece na obra, escrita em 1896.

 

Fantasía para un gentilhombre

 

Encerrando o programa, Concertos UFRJ levaram ao ar mais uma obra de Joaquín Rodrigo, a Fantasía para un gentilhombre. Rodrigo a compôs em 1954, a pedido de Andrés Segovia, o gentilhombre do título. O próprio Segovia a estreou em 5 de março de 1958, em San Francisco, EUA, com a San Francisco Symphony conduzida por Enrique Jordá. Seus quatro movimentos (Villano y Ricercare; Españoleta y Fanfare de la Caballería de Nápoles; Danza de las Hachas; e Canario) são baseados em danças curtas para violão solo de autoria do compositor espanhol do século XVII, Gaspar Sanz. A interpretação veiculada foi a do violonista Narciso Yepes com a Orquestra de Câmara Inglesa dirigida por García Navarro.

 

* * *

 

Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, o programa radiofônico Concertos UFRJ vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado pelo professor André Cardoso, as edições passadas podem ser acompanhadas no podcast, audio sob demanda, da Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.