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As peças do dramaturgo serviram de inspiração para vários compositores. |
A música ao longo do tempo permaneceu aberta a outras manifestações artísticas, em especial à literatura. Se a música foi tema de romances, crônicas e poesias, inúmeras obras inspiraram compositores e forneceram a base para libretos, letras de canções, roteiros de balés e poemas sinfônicos. Os Concertos UFRJ desta semana dão prova deste diálogo ao alinhar algumas peças sinfônicas que tomaram a obra de Shakespeare, o maior dramaturgo e poeta inglês de todos os tempos, como ponto de partida. Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, o programa conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, pela emissora, na sintonia 94,1 FM.
![]() Ouça aqui o programa: |
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De todos os escritores, talvez sejam as obras William Shakespeare (1564-1616) as que mais alimentaram a criatividade de compositores e músicos, independente da nacionalidade e da personalidade estética. Ainda hoje, suas peças são revisitadas e adaptadas para a televisão e o cinema. Rossini (1792-1868) foi daqueles que se rendeu à magia do poeta. Seu Otelo, baseado na peça homônima, retoma a história do mouro de Veneza que, casado com a bela Desdêmona, se deixa levar pelos ardis de Iago e acaba consumido pelo ciúme.
Da tragédia à comédia. A trama inusitada, a mistura dos planos humano e maravilhoso, assim como um lirismo atravessado por uma comicidade divertida fizeram de Sonho de uma Noite de Verão fonte para óperas e peças sinfônicas, como o caso da música incidental composta em 1826 por Felix Mendelssohn (1809-1847). Outro exemplo, agora do compositor francês Claude Debussy (1862-1918) para o Rei Lear. Obra, infelizmente, inacabada, pois o autor escreveu apenas dois números: as Fanfarras de abertura e a música para o Sono do Rei Lear.
O programa termina com dois outros exemplos de aproveitamento musical da obra de Shakespeare. As indecisões e ambiguidades do amargurado príncipe da Dinamarca servirão de material para o compositor romântico Niels Gade (1817-1890) escrever a abertura de concerto Hamlet, op. 37, de 1861. Já os jovens apaixonados de Verona, cujo amor sucumbiu ao ódio ancestral, que devorava os Capuleto e os Montechio, encantaram uma infinidade de criadores. Entre eles, Tchaikovsky (1840-1893) que em 1869 escreveu sua Fantasia Abertura Romeu e Julieta. O tema principal, que representa o amor, é curiosamente dividido em duas partes que significam a paixão e a ternura. Elas aparecem nessa ordem em seguida são reapresentadas em forma invertida com a ternura antecedendo a paixão e levando a um clímax de grande intensidade e beleza. Por fim, o tema do ódio irrompe e anuncia a morte dos amantes.
As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: concertosufrj@musica.ufrj.br.
Peças do Programa
• Gioachino Rossini, abertura da ópera “Otelo” com a orquestra filarmônica Nacional e a regência de Ricardo Chailly. |