O Violão está de volta em Concertos UFRJ, programa que vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, numa parceria da Escola de Música (EM) da UFRJ com a Rádio Roquette Pinto (FM 94,1). E, por um bom motivo. É que de quatro a nove de outubro ocorre na EM o festival “Violão, 30 anos na UFRJ”, um grande evento que comemora as três décadas da implantação do curso, um dos primeiros em nível universitário e fundamental para a aceitação do instrumento nos meios acadêmicos brasileiros.
Ouça aqui o programa: | |
Com a apresentação de André Cardoso, docente e diretor da EM, o programa apresenta um pouco das atrações nacionais e internacionais que oferecerão concertos e masters-classes ao longo da semana do evento: o brasileiro, Fabio Zanon, o chileno Carlos Perez, o argentino Pablo Marquez, o francês Gerard Abiton e, por fim, Turíbio Santos, que inaugurou em 1980 o bacharelado de violão da UFRJ e desde então, paralelamente a carreia de concertista e de outras inúmeras atividades, vem se dedicando à formação de gerações de novos violonistas.
Até chegar a ser hoje o bacharelado de música mais demandado na UFRJ, o violão teve que enfrentar enormes desafios, pois como sublinha (ver matéria) Márcia Taborda, docente da EM, "a tentativa de levar o violão às salas de concerto esbarrou na visão de mundo de que o espaço para a grande tradição não comportaria a presença de um instrumento dito de malandros”.
Seja como for ele tem uma longa história para contar. A primeira hipótese é que deriva da “khetara grega”, que com o domínio do império romano passou a se chamar “citara romana”, ou “fidícula”, tendo sido introduzido na península ibérica, por volta do primeiro século D.C. Outra versão acredita que o violão descenda do antigo “alaúde árabe”, que foi levado a Portugal e a Espanha durante a ocupação árabe.
A viola de cinco cordas dupla e precursora do violão era bastante popular em Portugal. Quando se toma conhecimento da guitarra espanhola, bastante semelhante a aquela, mas maior, se passa a designar o instrumento pelo aumentativo: violão. Assim, forjou-se em português curiosamente um substantivo, cuja raiz diverge da designação usada nas demais línguas – Guitar (inglês), Guitare (francês), Gitarre (alemão), Chitarra (italiano) e Guitarra (espanhol).
No Brasil, a viola portuguesa chegou trazida pelos jesuítas e como instrumento de catequese. Com o tempo, ficou confinada aos ambientes rurais e se tornou a nossa viola-caipira, enquanto o violão, depois do estabelecimento de sua forma no final do séc. XIX, passou a ser adotado, sobretudo, nos meios urbanos. A enorme aceitação que alcançou, fez dele o nosso instrumento preferido para o acompanhamento de voz, como no caso das modinhas, das serestas e de toda nossa rica e diversificada música popular. Na música instrumental, juntamente com a flauta e o cavaquinho, formou a base do conjunto de choro. Como resultado, aqui ganhou sotaque próprio e um jeito brasileiro de ser tocado.
Entretanto, apesar de suas origens milenares, o violão só se constituiu como instrumento de concerto no século XX, através de desbravadores, como Segovia, Barrios, Llobet, Bream e outros, que moldaram sua técnica e seu repertório.
No Brasil sua aceitação acadêmica foi bastante tardia. Em 1973, há menos de quarenta anos, portanto, ainda era desprezado nesses meios como “instrumento de seresta”, apesar do enorme sucesso que obtinha nas salas de concerto do mundo.
Um preconceito, felizmente, que pertence ao passado.
As edições de Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou através do podcast (áudio sob demanda) daRoquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Programa 10 – Dia 4 de outubro – Violão na UFRJ: 30 anos Traremos o violão novamente como personagem principal de nosso programa em razão do aniversário de 30 anos do curso da UFRJ, que foi fundado em 1980 pelo professor Turíbio Santos. Para comemorar a data a Escola de Música organizou um grande evento que ocupará durante toda a semana as salas de concertos da Escola com inúmeros convidados brasileiros e estrangeiros e que são considerados alguns dos maiores violonistas da atualidade. • Fábio Zanon – Allegro da Sonata em Lá menor BWV 1003 de Bach. Programa 11 – Dia 11 de outubro – Choro em concerto. Será abordado o choro, mas não o tradicional, aquele que é reconhecido como uma das mais representativas manifestações musicais da cultura carioca. Serão apresentadas obras nas quais diferentes compositores brasileiros utilizaram os procedimentos característicos do choro em suas composições de câmara e sinfônicas. • Heitor Villa-Lobos – Choros no. 3 "Pica-Pau" com o Coro da OSESP, Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e a regência de John Neschling. Programa 12 – Dia 18 de outubro – Bicentenário de Robert Schumann Uma homenagem ao bicentenário de nascimento do compositor Robert Schumann, que assim como Chopin é comemorado em todo o mundo em 2010 com execuções de suas obras mais importantes, e considerado o compositor que melhor representa o romantismo alemão. • Canção Widmung (Dedicação) op. 25 no. 1 sobre texto do poeta Friedrich Rückert com o barítono Bryn Terfel e Malcolm Martineau ao piano. Programa 13 – Dia 25 de outubro – Homenagem a Ernani Aguiar Um dos mais importantes compositores brasileiros da atualidade, o maestro Ernani Aguiar completa 60 anos em plena atividade. Estudou composição com o maestro César Guerra-Peixe e violino com Paulina D'Ambrosio. Estudou também no Conservatório Cherubini, na cidade de Florença, na Itália. É atualmente professor de regência e prática de orquestra da Escola de Música da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Música. • Terceiro movimento da Sonatina para piano no. 1 com a pianista Ruth Serrão.• "Tempo de frevo" das Meloritmias no. 4 para violino solo com a violinista Ludmila Vinecka. • "Música a três" para duas clarinetas e fagote com o trio formado pelos clarinetistas José Botelho e José de Freitas e o fagotista Aloysio Fagerlande. • Quatro Momentos no. 2 para cordas com a Orquestra de Câmara do Sesi Minas. • "Instantes" no. 2 para cordas com a Orquestra de Câmara do Sesi Minas. • Primeiro movimento do Concertino para flautim e cordas com a Orquestra de Câmara de Moscou, Raffaele Trevisani na flauta e a regência de Roberto Duarte. • Salmo 150 para coro com o Madrigal de Brasília e a regência de Emílio de César. • Cantata de Natal – Coros "Tolite portas" e "Laetentur caeli" com o Coral dos Canarinhos de Petrópolis, a Orquestra Sinfônica da UFRJ e a regência de Marco Aurélio Lischt. • Sinfonietta Prima com a Orquestra Petrobras Pró-Música e a regência de Armando Prazeres. |