Professor da EM lança livro sobre formação germânica de Nepomuceno

Resultado de tese de doutorado com o mesmo título defendida pelo autor na Universidade de São Paulo, em 2011, o livro Formação germânica de Alberto Nepomuceno, do professor João Vidal, discute o lugar da Alemanha na formação da personalidade artística e na obra musical do compositor cearense, cujo sesquicentenário do nascimento está sendo comemorado este ano. 

Agraciada com o Prêmio de Produção Crítica em Música da Fundação Nacional de Artes (Funarte), o que viabilizou sua publicação, a obra com 416 páginas será lançada amanhã (22/12), às 19h, no Foyer do Salão Leopoldo Miguez. A apresentação é de André Cardoso, diretor da Escola de Música e presidente da Academia Brasileira de Música. 

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 João Vidal. Formação germânica de Alberto Nepomuceno. Estudos sobre recepção e intertextualidade. Rio de Janeiro: Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2014. 416 p. ISBN 978-85-65537-08-7.
 

Como legítimo representante da chamada "geração de 1870", destaca Vidal, Nepomuceno compartilha com seus contemporâneos tanto preocupações sociais, centradas sobretudo nos temas do abolicionismo e do republicanismo, como um esforço de renovação intelectual que toma em larga medida à cultura alemã como referência. 

Não deixa de ser paradoxal, lembra o professor, que este "germanismo", ten­do como improvável berço uma província do Nordeste brasileiro, de onde o epíteto "Escola do Recife", almejasse renovar a identidade nacional brasileira: "a corrente francesa tem sufocado, pela imitação, a individualidade deste povo; o germanismo, que fornece ideias em vez de frases, vivificará a personalidade perdida por meio da crítica de nós mesmos", vaticinava Sílvio Romero ao prefaciar postumamente os incendiários Estudos alemães de Tobias Barreto – obra que marcou a difusão da cultura germânica entre nós. Para Nepomuceno, a fascinação pelas coisas germânicas desta "Escola teuto-sergipana" (como a chamavam detratores cariocas) serviu como ponto de partida para uma longa e complexa recepção da cultura e das tradições musicais daquele país. Uma recepção que se inicia portanto, mesmo antes estadia do compositor em Berlim entre 1890 e 1894, em lugares tão díspares quanto Recife, Rio de Janeiro e Roma, e que prossegue ainda depois de seu período de estudos na capital alemã, em Paris e novamente no Rio de Janeiro. Uma recepção, salienta Vidal, que perpassando cenários tão diversos assume também as mais variadas formas. "Formação germânica", neste sentido, destaca, refere-se não apenas ao período de estudos do compositor na Akademie der Künste e no Stern'sches Konservatorium de Berlim, mas antes à própria gênese de Nepomuceno como músico e criador. O autor. Após estudar piano e história da música na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na University of Michigan em Ann Arbor e na Humboldt-Universität de Berlim, João Vidal recebeu da Universidade de São Paulo o título de Doutor em Musicologia. Bolsista de agências como DAAD, Capes, CNPq e ainda da Fondazione Giorgio Cini de Veneza, recebeu distinções como o "1o Prêmio José Maria Neves" da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música em 2005 e o "Prêmio Funarte de Produção Crítica em Música" da Fundação Nacional de Artes em 2012. É Professor Adjunto e Diretor Artístico da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.