Um espaço para a música contemporânea

 

Pedro Bittencourt, professor de saxofone da Escola de Música da UFRJ, é recém-doutor pela Université Vincennes-Saint-Denis- Paris VIII-, na Linha de Pesquisa Estéticas e Tecnologias das Artes/Música, com uma tese sobre Músicas Mistas que conjugam instrumentos acústicos, meios eletrônicos e informáticos.

 Fotos: Divulgação
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 É também responsável pela Coordenação dos Cursos de Sopros / Madeiras (flauta, clarineta, oboé, fagote e saxofone) e, muito recentemente, assumiu a Coordenação da Série Tendências, o novo espaço criado pela direção da Escola para a música contemporânea.

Sobre a orientação dos discentes dos citados cursos, disse que ela possibilita uma compreensão mais ampla da vida acadêmica e dos problemas que os alunos precisam enfrentar durante o todo o percurso universitário, até que estejam diplomados.

A respeito do convite feito pelo Diretor Artístico, Marcelo Jardim, para que assumisse a coordenação da Série Tendências, supõe que tenha sido feito em reconhecimento ao trabalho por ele desenvolvido, desde o ano de 2005, no conjunto Abstrai Ensemble. Conjunto fundado por ele e formado por professores da Escola de Música da UFRJ e da UNIRIO que possuem uma natureza comum: são músicos que se dedicam ao estudo, pesquisa, composição e performance da música contemporânea.

Em seu ponto de vista, a criação desta série que contempla a música contemporânea junto à diversidade de estilos musicais que a Escola de Música da UFRJ abarca nas atividades de Ensino, de Pesquisa e de Extensão, estabelece a expectativa de tornar possível uma maior interação entre os instrumentistas e os professores que fazem parte do Departamento de Composição.

Para além disso, acrescentou algumas prerrogativas que a Série Tendências, traz consigo. Uma, diz respeito ao fato desta série ser realizada no Salão Leopoldo Miguez que, por possuir uma excelente acústica, permite a instalação de uma relação mais profunda do público com o material sonoro que está sendo apresentado. Outra, é a formação de um público e da criação de uma escuta deste mesmo público para a diversidade musical, que às vezes pode ocorrer no mesmo concerto.

De igual nível de importância, é a oportunidade que a Série Tendências oferece a grupos instrumentais que trabalham com estréias; e para mais destas prerrogativas, encontra-se também a parceria dos docentes do Departamento de Composição da UFRJ com os da UNIRIO.

Do trabalho desenvolvido como coordenador desta série, fez saber que já foram realizados dois concertos: um deles, no dia 10 e outro no dia 16 de maio. O primeiro deles que abriu a Série Tendências foi realizado com o conjunto Abstrai Ensemble. O outro, no qual ele participou como solista da Orquestra de Sopros da UFRJ, sob a regência de Marcelo Jardim, teve executada a peça Fantasia, de Villa Lobos, em arranjo de João Victor Bota, na tonalidade original de Fá.

Ao ser indagado do porque na ênfase do concerto ter sido executado em fá, trouxe à lembrança um fato da história da música: Villa Lobos compôs esta peça para o saxofonista francês Marcel Mule, e que este pediu ao compositor que abaixasse nela um tom, o que foi feito para mi bemol. Mas, por razões até os dias atuais desconhecidas, Marcel Mule nunca tocou a peça.

Entretanto, Fantasia se tornou um standart internacional do saxofone erudito e durante meio século foi executada no tom solicitado pelo saxofonista francês. E, segundo ele, ao que tudo indica, foi também executada em mi bemol em sua estréia mundial que aconteceu no Brasil com a Orquestra da Rádio MEC, sob a regência do próprio Villa Lobos.

E que só depois, na virada do milênio, quando descobriu-se que o tom original da peça era em fá ela passou a ser tocada neste tom e que, ele mesmo, em 2015, já havia tocado a peça no tom original com a Orquestra Sinfônica Nacional, sob a regência de Roberto Duarte que é um especialista em Villa Lobos.

Do trabalho de coordenação que realiza com os Cursos de Sopros / Madeiras informou que na Série Música no Palácio, no dia 31 de maio, o Conjunto de Sax da UFRJ, um conjunto estável da Escola de Música, formado exclusivamente por saxofones (estudantes e convidados) com repertório variado estará se apresentando, no Centro Cultural do Poder Judiciário- CCPJ-, no horário das 19h . E como coordenador da Série Tendências, além dos concertos já realizados e citados, noticiou quatro outros no decorrer deste ano de 2016.

Sempre às 19h, e sempre no Salão Leopoldo Miguez, no dia 12 de julho, com direção do professor do Departamento de Composição da UFRJ, Marcos Vinício Nogueira, o grupo musical Cron estará se apresentando. No dia 25 de outubro, será a vez do Gnu, da UNIRIO, com direção artística do docente Marcos Lucas, também da UNIRIO. E no dia 6 de dezembro, no encerramento da primeira temporada da Série Tendências e integrando a segunda edição do Projeto de Extensão Jornadas de Músicas Mistas da UFRJ, serão realizadas Oficinas de Sons Eletrônicos, com direção de Bryan Holmes e Paulo Dantas.