Obra de Pe. José Maurício ganha edição e volta a ser executada

Apaixonado pela obra sacra de José Maurício Nunes Garcia e um dos seus maiores divulgadores, Ernani Aguiar rege o concerto de abertura das comemorações do aniversário da Escola de Música (EM), que este ano adota o tema Raízes musicais e homenageia, entre outros, o maior compositor brasileiro do período colonial.

 

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- Falar sobre José Maurício como raiz é “chover no molhado”, brinca o maestro e professor. José Maurício era de origem pobre. Conviveu com a música verdadeiramente popular da época e foi um modinheiro. Sente-se a influência das modinhas até mesmo em sua criação religiosa. Ele, vivendo as raízes, tornou-se uma raiz! Inteiramente dedicado ao compositor, o destaque do programa é a estreia contemporânea das Matinas de Santa Cecília. A obra foi editada por Aguiar e pelo músico, musicólogo e pesquisador Aluízio Viegas, morto em 2015.  - Não houve restauração, esclarece. Houve montagem da partitura por Viegas, seu último trabalho. Depois, alguma revisão. É obra tipicamente mauriciana, sem novidades em relação às demais criações do Padre Mestre: melodias agradáveis, momentos vibrantes e o uso característico do clarinete. O ano da composição é desconhecido. Com certeza, porém, escrita para as solenidades do dia da padroeira da Irmandade de Santa Cecília, da qual Nunes Garcia foi, em 1784, um dos fundadores e para a qual produziu diversas peças. Os manuscritos dessa versão estão nos arquivos das orquestras Lira Sanjoanense e Ribeiro Bastos de São João del-Rei. Ernani lamenta a perda de originais que se encontravam na Biblioteca Alberto Nepomuceno (BAN). - Outra versão, maior e mais elaborada, supostamente a original, está no acervo da biblioteca. Teria chegado inteira, mas a incúria que campeou na nossa BAN, especialmente de 1930 a 1965, ocasionou muitas perdas. Dessa obra, da qual não havia partitura, desapareceram várias partes.