Pianolatria carioca em dose dupla

Rememorar a trajetória do piano na cena cultural do Rio é a proposta da “Pianolatria Carioca” ? evento que integra as comemorações dos 450 anos da cidade. Dois recitais, marcados para os dias 20 e 27 de maio, no Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música, percorrerão através de peças para piano solo e câmara quase 210 anos de história do instrumento: desde que aqui aportou em 1808, entre os instrumentos musicais trazidos pela corte de D. João VI, até a contemporaneidade.

 

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A expressão "pianolatria carioca" chama atenção para o prazer do povo da cidade em ouvir e tocar piano. Os pianos estavam em todos os cantos e recantos do Rio, o que mereceu do poeta e escritor Olavo Bilac, na virada do século XIX para o XX, uma crônica em que populariza o termo. Nela o poeta das estrelas chama o Rio de Janeiro de "cidade melômana", já que segundo ele "aqui tudo se faz por música ou com música".

A história do piano será contada, informa a professora Nadge Breide, idealizadora da iniciativa, através da música que difundiu o pianismo nos preceitos artístico-pedagógicos do Conservatório Imperial de Música, posteriormente denominado Instituto Nacional de Música, passando a Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, e atualmente Escola de Música da UFRJ (EM). Os recitais, que acontecem sempre as 18h30, com entrada franca, integram o projeto Piano Ad... Libitum, coordenado pela docente, e contarão com comentários estéticos de Paulo Peloso. No repertório, entre outras atrações, uma cuidada seleção de peças apresentados dos saraus do século XIX e nas primeiras décadas do XX. Ocasiões festivas em residências particulares e em academias, marcadas pela apresentação conjunta de vários artistas executando música vocal e instrumental, solo e câmara. O resgate do formato dos recitais coletivos, afirma Breide, possibilita o contato com obras do passado, tanto remoto quanto recente, além de permitir o diálogo entre a linguagem musical das obras e entre as diversas interpretações. Tal proposta só se tornou possível, sublinha a docente, com participação de intérpretes professores da EM e ex-alunos, atualmente militando em outras instituições de ensino. ? Anima-nos, conclui, a crença na importância da prática docente como parte do ensino do instrumento ? quer na manutenção e transmissão do repertório pianístico, quer como modo de formar e informar novas plateias.

 

estrela SERVIÇO
A Escola de Música da UFRJ fica na Rua do Passeio, 98 — Lapa.

 

Pianolatria carioca

 

Comentários – Prof. Dr. Paulo Peloso

 

Dia 20 de Maio às 18:30
Salão Leopoldo Miguez EM/ UFRJ Programa SIGISMUNG NEUKOMM (1778-1858)
Sonata para piano à 4 mãos (1819)
Piano -  Patrícia Bretas e Josiane Kevorkian  ANTONIO CARLOS GOMES (1836- 1896)
Conselhos (1884)
Texto: Dr. Velho Experiente*
Quem sabe (1859/60)
Texto: Bittencourt Sampaio

 

Piano - Luiz Senise
Canto –  Veruschka Mainhard  FRANCISCO MANUEL DA SILVA (1795- 1865)

Marrequinha de Iaiá (1853)
Texto: Francisco de Paula Brito ALBERTO NEPOMUCENO (1864-1920)
Trovas n. 1 (s/d )
Texto: Magalhães Azeredo

Piano – Luiz Senise
Canto - Ricardo Tuttmann ERNESTO NAZARETH (1863-1934)
Cruz, perigo!!! (polca 1879)
Primorosa (valsa 1885)
Remando (tango 1896)

Piano - Sara Cohen ALBERTO NEPOMUCENO (1864-1920)
Folhas D’ Álbum n. 1 (1891) HENRIQUE OSWALD (1852-1931)
Barcarole op. 14 n.4 (s/d)

 

Piano – Inês Rufino HENRIQUE OSWALD (1852-1931)
Elegia (1898)

Piano – Luiz Senise
Cello - Marcus Ribeiro  ALFREDO BEVILACQUA (1874-1942)
Transcrição sobre Otelo de Verdi (1900)

 

Piano – Raisa Richter  ALBERTO NEPOMUCENO (1864-1920)
Romance (1908)

 

Piano – Luiz Senise
Cello - Marcus Ribeiro VILLA LOBOS (1887-1959)
Choro n. 5- Alma Brasileira (1925) F. MIGNONE (1897-1986)
Prelúdios IV e VI (1932)

Piano – Nadge Breide FRUTUOSO VIANNA (1896-1976)
7 Miniaturas sobre temas brasileiros (1932)

Piano – Sara Cohen RADAMÉS GNATTALI(1906-1988)
Ponteio, Roda e Baile  (1931)

 

Piano –  Eduardo Henrique (*) Pseudônimo atribuído a Antônio Carlos Gomes

 Coordenação – Profa. Dra. Nadge Breide

 

DIA 27 DE MAIO ÀS 18:30
SALÃO LEOPOLDO MIGUEZ EM/ UFRJ

Programa

 

JOSÉ VIEIRA BRANDÃO (1922-2002)
Adivinhação (1938)
Texto: Martins D'Álvares Piano - Luiz Senise
Canto – Veruschka Mainhard VILLA-LOBOS (1887-1959)
Impressões Seresteiras (1936) Piano - Cecília Pessini LORENZO FERNANDEZ (1897-1948)
Seresta e Jongo (1942) Piano Ronal Silveira CLÁUDIO SANTORO (1919-1989)
Prelúdio n.1 (2ª série 1957)
Acalanto da Rosa (1957)
Texto: Vinícius de Moraes Piano – Luiz Senise
Canto- Veruschka Mainhard CLÁUDIO SANTORO (1919-1989)
Ouve o Silêncio (1958)
Texto: Vinícius de Moraes Piano – Luiz Senise
Canto- Ricardo Tuttmann CAMARGO GUARNIERI (1907- 1993)
Ponteio n.30, 45 e 49 (1955-1959) Piano – Cristiano Vogas OSVALDO LACERDA (1927-2011)
Ponteio n. 3 (1964) Piano - Cecília Pessini OSVALDO LACERDA (1927-2011)
Brasiliana n. 5 (1969)
I. Desafio;
II. Valsa;
III. Lundu;
IV. IV. Cana- Verde. RONALDO MIRANDA (1948)
Suite III (1973)
I. Allegro;
II. Allegretto;
III. Lento-Mais animado-Enérgico-Lento;
IV. Allegro gracioso. Piano - Inês Rufino MARLOS NOBRE (1939)
Homenagem a Arthur Rubinstein (1973) Piano - Ronal Silveira MARISA RESENDE (1944)
Contrastes (2001) Piano - Tatiana Dumas ALMEIDA PRADO (1943-2010)
Cartas Celestes XVIII - o céu de Macunaíma (2010)
I. Galáxia do redemoinho;
II. Constelação do índio;
III. Nebulosa da coruja;
IV. Interlúdio - o sol e a lua;
V. Constelação batucada - a festa no céu. Piano - Ingrid Barancoski CAIO SENNA (1959)
Cidades Indivisíveis (2011) Piano - Sara Cohen ALEXANDRE SCHUBERT (1970)
Retratos de Manhumirim (2014)
Piano - Tamara Ujakova MARLOS NOBRE (1939)
Dengues da Mulata desinteressada (1966)
Texto: Ribeiro Couto Piano – Luiz Senise
Canto - Ricardo Tuttmann