Festival de Música Antiga

Evento inteiramente dedicado à prática e estudo da Música Antiga, ocorrido entre os anos de 2011 e 2015.

O termo “música antiga” é normalmente empregado para designar o repertório anterior ao do período Clássico, ou seja, o produzido até o terceiro quarto do século XVIII, dentro da tradição ocidental europeia. Sobretudo, refere-se à música dos períodos Medieval, Renascentista e Barroco. É também empregado para se referir ao “movimento” da música antiga, tendência desenvolvida na Europa a partir da década de 1950 que propôs nova leitura do repertório histórico, recuperando parâmetros interpretativos originais, adotando instrumentos autênticos ou cópias, o diapasão corrente, e estudando os tratados da época para entender como os compositores e intérpretes concebiam sua música. Trata-se de um conceito de interpretação que, grosso modo, se opõe àquele em que o músico aborda o repertório de épocas passadas tomando como base parâmetros estilísticos e sonoros de seu próprio tempo. Hoje totalmente difundido e reconhecido por músicos e apreciadores, o movimento da música antiga se estabeleceu também nas escolas e universidades, constituindo-se em uma relevante linha de pesquisa dentro das áreas de musicologia e performance.

A Escola de Música da UFRJ entende que tem papel importante tanto na divulgação do repertório da música antiga quanto na reflexão sobre suas características e possíveis interpretações. Como formadora de intérpretes, pesquisadores e apreciadores, procura promover ações que proporcionem a vivência do repertório histórico e a discussão dos aspectos relacionados à sua prática.

O I Festival de Música Antiga da UFRJ constou de três concertos com repertório barroco e clássico dos séculos XVII e XVIII. A grande atração foi a integral das Trio-Sonatas de Jan Dismas Zelenka (1679-1745), compositor boêmio do período barroco contemporâneo de Bach.

A segunda edição foi realizada em abril de 2012 e teve como temática geral “A interpretação da música antiga no século XXI”. A programação contou com dois masterclasses e duas mesas reunindo docentes ligados a universidades de quatro diferentes estados. Os concertos aconteceram durante toda a semana, sempre às 19h, no Salão Leopoldo Miguez, e contaram com grupos formados por alunos e professores. Além da ampla participação discente e docente, esta edição atraiu participantes dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará.

O terceiro festival colocou em foco o repertório vocal dos períodos medieval, renascentista e barroco, em concertos realizados nas dependências da Escola de Música e também na Igreja Nossa Senhora da Lapa do Desterro. O festival contou ainda com eventos acadêmicos que permearam a temática da música vocal.

A quarta edição girou em torno de efemérides ligadas aos compositores enfocados: 250 anos de falecimento de Jean Phillipe Rameau (1683-1764) e 300 anos de nascimento de Carl Phillip Emanuel Bach (1714-1788) e Christoph Willibald Gluck (1714-1787). Além de concertos realizados no Salão Leopoldo Miguez e no Palácio São Clemente (Consulado Geral de Portugal) com obras destes compositores e seus contemporâneos, o festival promoveu ainda cursos de dança barroca e regência de repertório coral, workshop de alaúde e mesa-redonda.

Finalmente, a quinta edição teve como temática a relação entre dança e música nos séculos XIV a XVIII. Nos cursos de dança e prática de orquestra barroca foram discutidos aspectos estilísticos e performáticos da música de dança, como a correspondência entre ornamentações musicais e passos agregados na coreografia, andamento e caráter relacionados a tempo e modo, acentuação e ritmo. A programação trouxe ainda um workshop e concerto de música tradicional árabe, realizados pelo alaudista Sami Bordokan, estabelecendo uma interessante discussão entre as práticas musicais do oriente e ocidente.

A realização dos festivais de música antiga está contribuindo para consolidar na Escola de Música da UFRJ o espaço regular dedicado a este repertório, e a projetar esta área como de maior interesse para artistas, pesquisadores e para o próprio público. A partir de 2019, o festival será retomado com novo formato e com propostas temáticas que permeiam as mais recentes discussões trazidas pelas pesquisas na área.