No último programa da série de três dedicado ao centenário de nascimento de Guerra-Peixe (1914-1993), um dos maiores representantes do nosso nacionalismo musical, a edição da semana de Concertos UFRJ destaca a sua produção vocal e para violão. No primeiro foi abordada a obra sinfônica do compositor e no segundo a sua música de câmara.
Concertos UFRJ é um parceria da UFRJ com a Rádio Roquette Pinto. Produzido e apresentado pelo maestro André Cardoso, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM.
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Violão
Na produção do compositor para violão se destacam três séries de pequenas obras – os "Prelúdios", escritos entre 1969 e 1970; as "Lúdicas" de 1980; e as "Breves" de 1981.
Para as dez peças que compõem as "Lúdicas" Guerra-Peixe criou também um acompanhamento para quarteto ou orquestra de cordas. Essa a versão que foi ao ar, na interpretação do violonista Marcos Llerena acompanhado da Orquestra Brasil Consort. As peças se intitulam: I. Fantasieta; II. Dança negra; III. Organum acompanhado; IV. Berimbau; V. Modinha; VI. Ponteado com ligaduras; VII. Diálogo; VIII. Diferencias brasileñas; IX. Notas repetidas; X. Urbana.
Vocal
Da obra vocal de Guerra-Peixe, o programa incialmente pinçou as canções "Prudência" e "Vivendo..." que integram a série Cânticos Serranos n. 4, escrita em 1991 a partir de textos do poeta Mário Fonseca. Dedicadas a Cirlei de Holanda, estreou no XIV Panorama da Música Brasileira Atual, na voz do barítono Inácio De Nonno. O próprio De Nonno e a pianista Laís Figueiró interpretam a versão veiculada.
Uma das mais executadas obras corais do compositor, a "Série Xavante" recria com base em sílabas e efeitos onomatopaicos desprovidos de sentido o clima da música indígena – sem qualquer compromisso ou preocupação com a fidelidade etnográfica das cantigas do índios Xavante que hoje habitam a região do Rio da Mortes, no estado do Mato Grosso.
A obra em quatro movimentos (I. Ritual da perfuração da orelha; II. Canto das moças; III. Canto dos rapazes; IV. Corrida do buriti) foi escrita para o IV Centenário da Cidade de Niterói. A estreia aconteceu, no mesmo ano, com um coro de alunos conduzido por Ernani Aguiar.
Foi ao ar a histórica versão do Renascentista de Belo Horizonte. Gravada ao vivo em 1979, na Série Música do Século XX, da Sala Funarte, tem a regência de Afrânio Lacerda.
Arranjador
Outra faceta de Guerra-Peixe são seus arranjos, O músico trabalhou durante décdas parafoi por décadas para emissoras de rádio, televisão e para gravadoras. Um dos mais emblemáticos trabalhos do gênero são os arranjos que escreveu em 1971 para os Afro-Sambas de Baden Powell e Vinícius de Moraes – o segundo LP da dupla, considerado por muitos críticos um divisor de águas na MPB por fundir elementos da sonoridade africana ao samba. Apenas com uma orquestra de cordas e o naipe de percussão Peixe criou um ambiente extraordinário para o coro que entoa "Lamento de Exu", "Canto de Xangô", "Tristeza e solidão", "Bocoché" e o "Canto de Iemanjá", entremeado por dois interlúdios instrumentais baseados no "Canto de Ossanha".
A gravação veiculada foi realizada em 1992 no Teatro Cultura Artística de São Paulo com Coral Paulistano e a Orquestra Experimental de Repertório, sob a regência do próprio autor.
"Mourão", sua obra mais executada, encerra a audição. A versão, a da Orquestra de Câmara Solistas de Londrina.
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As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..