A edição desta semana de Concertos UFRJ destaca o espetáculo que a Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) realizou no dia 05 de março, no Salão Leopoldo Miguez. Na apresentação, que comemorou Dia Nacional da Música Clássica, foram executadas as sinfonias 6, 7 e 8 de Joseph Haydn, compositor que personifica o chamado “classicismo vienense” ao lado de Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig van Beethoven. As duas primeiras peças o programa levou ao ar em gravação ao vivo.
Ouça aqui o programa: | |
Chamado por Mozart de “o pai de todos os compositores”, Haydn (1732-1809) é um dos expoentes da tradição musical. A ele se atribui o estabelecimento do quarteto de cordas e da sinfonia clássica. Ao todo escreveu 104 sinfonias e 68 quartetos. Também produziu concertos para oito instrumentos diferentes; várias missas; dois grandes oratórios, “A criação” e “As estações”; treze óperas em italiano e seis em alemão; inúmeras obras para trios e para piano. Sem mencionar centenas de canções inglesas, escocesas e galesas.
Compostas provavelmente no ano 1761, logo após o autor sido contratado pela corte da família Esterházy, na Hungria, as sinfonias nº 6 em Ré Maior (“Le Matin”, A Manhã), nº 7 em Dó Maior (“Le Midi”, O Meio-Dia) e a nº 8 em Sol Maior (“Le Soir”, A Tarde) formam uma espécie de unidade. Não por acaso, foram estreadas em um único concerto.
Um dos traços marcantes dessas sinfonias, a presença de instrumentos solistas, as aproximam bastante do antigo concerto grosso, forma de origem barroca. Um afinidade ressaltada pela adoção do baixo contínuo.
A sinfonia nº 6 (“Le Midi”) está dividida em quatro movimentos: I - Adagio/Allegro, II – Adagio, III – Menuet, e IV – Finale/Allegro. A introdução evoca o nascer do sol, ao que se segue o allegro em forma sonata com o tema principal sendo exposto pela flauta. O movimento lento reúne apenas os instrumentos de cordas e desenvolve um andante central com solos elaborados de violino e violoncelo, circundados por dois adágios. O terceiro movimento destaca o solo de flauta e um trio em que dialogam fagote e violoncelo, coadjuvados pelo contrabaixo. Encerra a obra, um alegro com várias passagens concertantes.
A gravação traz Andréia Carizzi, violino; Rúbia Siqueira, viola; Gretel Paganini, violoncelo; Tarcísio Silva, contrabaixo; e Paulo Andrade, fagote. Felipe Prazeres, rege a OSUFRJ.
A sinfonia seguinte da trilogia, a nº 7 (“Le Midi”), acentua elementos da linguagem barroco, ainda que integrados a um sinfonia clássica. No primeiro movimento, uma Adagio/Allegro, além dos instrumentos solistas, aparecem figuras rítmicas pontuadas e um trabalho contrapontista mais intenso. Um recitativo com violino solo lembra uma cena de ópera com modulações e mudanças de andamento. O movimento seguinte, em adagio, cria um contraste com o anterior pelo caráter sereno e a presença de duas flautas. Ao final do desta parte, Haydn introduz uma cadência em que dialogam violino e violoncelo. Já no trio do quarto movimento, um minueto, destacam-se as trompas e o contrabaixo solista. O quinto, incomum nas obras do período, é um allegro que conclui com curta fanfarra.
Os solistas foram Marco Catto e Her Agapito, violinos; Mateus Cecatto, violoncelo; e Rodrigo Favaro, contrabaixo. A regência, uma vez mais esteve a cargo de Felipe Prazeres.
Encerra o programa a sinfonia 27, em Sol Maior, de Haydn. Em três movimentos - Allegro molto, Andante: siciliano, e Finale: Presto – a gravação veiculada foi a do maestro Antal Doráti a frente da Orquestra Filarmonia Hungárica.
***
Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..