Música Sacra em homenagem ao Papa Francisco

Com uma seleção de obras sacras a edição desta semana de Concertos UFRJ homenageia o Papa Francisco, líder da Igreja Católica que, em visita ao Brasil, participa da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O evento, em sua 28ª edição, promete reunir na capital carioca cerca de dois milhões de peregrinos vindos de 180 países. No programa, obras de Palestrina, José Maurício Nunes Garcia, Gregorio Allegri e Francis Poulenc.

 

  
 
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Ouça aqui o programa: 

 
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.

Primeiro pontífice latino-americano, Jorge Mario Bergoglio assumiu, com a designação de Francisco, o comando do catolicismo romano em março deste ano, após inesperada renúncia de seu predecessor, Bento XVI.

 

Em meio a graves crises e assolada por denúncias de corrupção financeira e sexual a Igreja Católica sofre com uma sangria sem precedentes de fiéis, em especial na Europa. Hoje apenas 24% dos católicos vivem no Velho Continente. Na América Latina são 62%, e o restante está na África e na Ásia.

 

Emblematicamente este “papa do fim do mundo”, como brincou em seu primeiro contato com os fiéis na Praça de São Pedro após a investidura, adotou o nome de Francisco em referência ao fundador da ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, apesar de sua origem jesuítica. “Foi por causa dos pobres que pensei em Francisco. Depois, enquanto o escrutínio prosseguia, pensei nas guerras, e assim surgiu o homem da paz, o homem que ama e protege a criação”, disse.

 

Uma das figuras mais radicais da tradição católica, o santo poverello d'Assisi, o pobrezinho de Assis, pregou, em um tempo também de enormes conturbações, o retorno às raízes cristãs e uma aproximação aos Evangelhos que, sem abrir mão da contemporaneidade, tome por base a imitação da vida de Jesus. Neste mesmo diapasão o atual papa fala de uma “Igreja pobre para os pobres” e dá mostras de condenar o fausto do Vaticano, ao mesmo tempo em que reafirma posições consolidadas da instituição em relação a temas como o celibato, a ordenação de mulheres, o aborto, as relações homoafetivas e os contraceptivos.

 

? Há ainda outra pobreza: é a pobreza espiritual dos nossos dias, que afeta gravemente também os países considerados mais ricos, afirmou em sua saudação ao Corpo Diplomático acreditado no Vaticano. É aquilo que o meu predecessor, o amado e venerado Bento XVI, chama de a "ditadura do relativismo", que faz que cada um seja medida de si mesmo, colocando em perigo a convivência entre os homens... Não pode haver verdadeira paz, se cada um é a medida de si mesmo, se cada um pode reivindicar sempre e somente os próprios direitos.

 

Proposta de um equilíbrio difícil entre renovação e tradição, entre oração e ação, no mundo laicizado de hoje — em que os pontos de vista da Igreja Católica parecem, cada vez mais, anacrônicos para grande parte da sociedade. Desafio enorme, portanto, para o pontificado de Francisco.

Repertório

 

A primeira peça do programa foi o moteto “Tu es Petrus”, do compositor italiano da Renascença Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525-1594), na interpretação do Coro da Catedral de Westminster, Londres, sob a direção de Stephen Cleobury. A seguir, e a partir do mesmo texto, o programa veiculou a “Novena do Apóstolo São Pedro”, de José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) - maior compositor brasileiro do período colonial e Mestre da Capela Real de João VI, no Rio de Janeiro. Composta em 1814, a versão reuniu o maestro e docente da Escola de Música, Ernani Aguiar, a Orquestra e Coral Porto Alegre e teve como solistas Ana Luisa Vargas (soprano), Márcia Borges da Fonseca (mezzo soprano), Marcos Liesemberg (tenor) e Pedro Sphor (baixo).

 

“Misere”, também conhecida como “Miserere mei, Deus” (em latim: "Tende misericórdia de mim, Deus"), do compositor italiano Gregorio Allegri (1582-1652) foi a teceira obra do progranma. Composta provavelmente em 1630, durante o papado de Urbano VIII, é uma versão do famoso Salmo 51 (50). Executada exclusivamente na Capela Sistina durante a Semana Santa, seu registro era vedado. O que não impediu, porém, que o jovem Mozart, após uma única audição, a transcrevesse de memória.  A interpretação, uma vez mais do Coro da Catedral de Westminster, sob a regência de Stephen Cleobury. O solista, Saul Quirke.

 

A seguir, a edição apresentou as “Quatro pequenas orações de São Francisco de Assis”, do compositor francês Francis Poulenc. Obra para vozes masculinas trouxe o Coro da Universidade de Cornell sob a regência de Scott Tucke (1899-1963).

 

Encerrou a audição, o “Te Deum para as Matinas de São Pedro” com o soprano Veruschka Mainhard, a mezzo soprano Carolina Faria, o tenor Geilson Santos e o baixo Maurício Luz, além do Coro Sinfônico e da Orquestra Sinfônica da UFRJ sob a regência de Ernani Aguiar.

 

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Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..