Concertos UFRJ: Carmela, de Araújo Vianna

Carmela, de Araújo Vianna, é o destaque desta semana de Concertos UFRJ. Personalidade musical mais importante de sua geração no Rio Grande do Sul, o compositor escreveu mais uma ópera e peças apreciáveis para piano, para canto e piano, para instrumentos de cordas e para orquestra.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.

Araújo Vianna

 

José de Araújo Vianna nasceu em Porto Alegre em 1871 e, seguindo tradição familiar, estudou música desde criança, tornando-se um pianista e camerista atuante na vida cultural da cidade. Co-fundador da Orquestra Filarmônica Portoalegrense (1887), devido ao interesse pela composição, viajou em 1893 para Milão, Itália, onde estudou no Real Conservatório com Amintore Galli (1845-1919) e Vincenzo Ferroni (1858-1934) e, posteriormente, em Paris, com o compositor francês Jules Massenet (1842-1912). Retornou ao Brasil  quatro anos depois e se estabeleceu na capital gaúcha. Fundou então o Clube Haydn — instituição que desempenhou um papel importante no desenvolvimento da musica gaúcha. Excelente pianista preferiu se dedicar mais ao magistério e, eventualmente, ao acompanhamento de cantores. Realizou diversas viagens a Buenos Aires, São Paulo, além do Rio.

 

Em 1902 estreou a ópera “Carmela” no Teatro São Pedro, Porto Alegre, que  foi novamente encenada, agora no Teatro Lírico, do Rio de Janeiro, em 1906. Bem acolhida pelo público da então capital da república, alcançou mais quatro récitas. O compositor mereceu ainda um concerto dedicado a suas obras de câmara no Instituto Nacional de Música (INM), precursor da atual Escola de Música da UFRJ.

 

Em 1908 foi nomeado diretor do Conservatório de Porto Alegre, cargo do qual se licenciou anos depois por motivos de saúde.  Em 1909 viajou em tratamento para a França, retornando já quase paralítico. Em 1913 apresentou uma nova ópera, em três atos, “O Rei Galaor”, em versão de concerto no salão do Jornal do Comércio, no Rio de Janeiro, sob a regência do maestro Provesi. A obra somente foi estreada em sua versão cênica em 1922, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, após a morte do compositor, ocorrida em 1916. Academia Brasileira de Música o escolheu como patrono da cadeira nº 34.

 

Carmela

 

A primeira ópera do compositor permaneceu muitos anos sem ser ouvida, já que a partitura,bem como as partes instrumentais, se perderam. Apenas o manuscrito da redução para piano foi encontrado. A partir dele o maestro Ion Bressan, revisor da edição completa das obra de Vianna, a orquestrou novamente — versão apresentada por Concertos UFRJ. Deve-se o libreto a Leopoldo Brígido (1876-1947), poeta, jornalista e dramaturgo, e a versão italiana a Ettore Malagutti (1871-1925), pintor, desenhista, poeta e pianista ítalo-brasileiro.

 

A ação, em um ato, transcorre em uma aldeia de pescadores perto de Nápoles. Ruffo avista um barco que atraca na Ilha de Capri. Dele descem o Padre e Carmela, que vem visitar a mãe. Após o desembarque ele zomba de Renzo e do amor que este sente pela jovem. O Padre o repreende, louva a bondade dela e afirma que Renzo é homem digno. Logo mais o Padre consola Carmela e pergunta as causas dos seus sofrimentos. Ela responde que são consequências de uma infância marcada por pai bêbado que maltratava a mãe. Renzo suplica que Carmela aceite seu amor, mas a ela insiste que em seu coração há lugar apenas para a dor.

 

Após a saída de Carmela e do Padre. os pescadores se reúnem na praia ao som de uma tarantella. Ruffo, bêbado, volta a implicar com Renzo e insinua conhecer segredos de Carmela. É, então, desafiado por Renzo que, na luta, acaba traiçoeiramente apunhalado pelas costas. Mortalmente ferido clama por Carmela, que é trazida ao local. Desesperada, ela implora por sua vida e revela que sempre o amou. Renzo, tomado de profunda alegria, morre nos braços da amada.

 

A gravação apresentada traz nos papéis principais Adriana de Almeida, soprano, como Carmela; Juremir Vieira, tenor, como Renzo; Carlos Carzoglio, barítono, como Ruffo; e Ariel Cazes, como Padre. O Coro e a Orquestra são da Sinfônica da Porto Alegre (Ospa) dirigidos pelo maestro Ion Bressan.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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