Escola de Música: uma paixão |
![]() |
![]() |
![]() |
Veículo: Jornal do SINTUFRJ |
Dom, 04 de Setembro de 2011 |
Matéria publicada no suplemento especial da edição 968, 5 de setembro a 11 de setembro, do Jornal do SINTUFRJ, órgão do sindicato dos técnicos-administrativos da UFRJ.
Escola de Música: uma paixão
A unidade que forma talentos para os palcos e salas de aula esta em festa, comemorando 163 anos de história e glórias.
"A Escola de Música e a unidade mais legal da UFRJ; há espaço para tudo, do UFRJjazz à musica do sáculo XVIII, passando pela eletroacústica”. O autor da declaração apaixonada é o diretor Andre Cardoso. Ele conhece cada pedaço e história da Escola. Na direção desde 2007, reformulou o currículo, obteve patrocínios e conquistou a admiração de alunos e profissionais.
Ate meados do século XIX, o ensino de musica no Rio de Janeiro era ministrado em cursos particulares de alguns professores. Somente em 1848 a Escola nasceu como Conservatório Imperial. Tornou-se Instituto Nacional de Musica em 1890 e teve como primeiro diretor o compositor Leopoldo Miguez.
Em 1937, o Instituto Nacional de Música deu lugar a Escola Nacional de Musica, que foi incorporada a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dai em diante, passou a chamar-se Escola Nacional de Musica da Universidade do Brasil, e, em 1980, foi a primeira instituição de ensino superior de musica no país a implantar a pós-graduação.
Acervo Histórico
A Biblioteca Alberto Nepomuceno (BAN) praticamente nasceu com a Escola. Estima-se que tenha surgido em 1855 com a necessidade de se organizar partituras e livros trazidos par professores, alunos e musicos em geral, que começavam a se avolumar.
Dolores Brandao chefia a biblioteca desde 1994. Ela trabalha com uma equipe de cinco bibliotecários e sete auxiliares, que são responsáveis por um acervo estimado em cem mil obras, algumas raras, de 1560 a 1580. Lá também estão guardados manuscritos dos principais compositores brasileiros, em especial os de Padre José Mauricio Nunes Garcia, o que faz daquele espaço o mais importante entre os que detêm a obra do autor.
"Sao excelentes profissionais. Aqui, todos são incentivados a produzir e fazer pesquisas, inclusive os técnicos-administrativos", disse Dolores, para quem a base da eficiência do setor se sustenta em três pilares: no treinamento da equipe, no planejamento das atividades e nas reuniões de avaliação da prestação de serviço à comunidade universitária.
Sabre os projetos, ela cita o acordo de colaboração em vigor com a Universidade de Chicago, através da Mellon Foundation, para apoio as pesquisas desenvolvidas pelo musicó1ogo Phillip Gosset, que trabalha na elaboração de edições críticas de operas de Verdi e Rossini para as editoras Ricordi e Barenreiter. Mas a execução do projeto depende da dedicação de vários funcionários, como o auxiliar Renan Fontes, que, após capacitado, é o responsável pela digitalização do acervo.
Museu Delgado de Carvalho
O Museu também possui um acervo importante, composto par instrumentos musicais de diversas culturas de todo o mundo, além de peças raras que remontam ao século XVIII, como um basset-horn em fá, instrumento de sopro usado para música barroca e para o qual Mozart escreveu peças. E o meyura vina, instrumento indiana em forma de pavao, entre outros.
A Escola, pelo maestro André Cardoso
Na Escola de Música tudo e pensado com o intuito de promover o crescimento profissional de alunos, técnicos-administrativos e docentes, garante André Cardoso, que, além de diretor, e professor de Regência e Pratica de Orquestra da Escola e maestro assistente da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Andre entrou na UFRJ em 1985, como aluno.
Ele cita vários músicos famosos, como Pixinguinha, Wagner Tiso e Villa-Lobos, que passaram pela Escola. Na sua definição, “a formação musical deve ser voltada para o instrumento, composição, regência e canto, e não num determinado gênero musical. A Escola deve ser capaz de proporcionar aos alunos prática no mais alto nível técnico e interpretativo de qualquer instrumento. Um saxofonista tem que saber tocar numa orquestra ou num show de jazz”, exemplifica.
Projetos como os Concertos UFRJ, Óperas e o Programa Panorama da Música Brasileira são alguns exemplos de trabalhos incentivados pelo maestro e produzidos par professores, técnicos-administrativos e alunos que tornaram a Escola uma referenda internacional e orgulho para todos.
“Reformulamos o currículo do curso de bacharelado com novas habilitações, hoje são 25 ao todo, e a Escola e a que mais oferece habilitações musicais no país. Temos todos os instrumentos de orquestra, além de curso de regência de banda”, relacionou o professor.
A Escola fica na Lapa, lugar de todos os gêneros musicais.
Categoria integra orquestra
A partir de 1998, a mais antiga orquestra do estado é dirigida pelos maestros Ernani Aguiar e Andre Cardoso. Hoje possui aproximadamente 120 músicos, entre técnicos-administrativos e alunos. Desde 1980, a participação dos funcionários concursados vem aumentando; atualmente são 35. Alguns merecem destaque, como Jesse, que faz mestrado na Alemanha; Felipe Prazeres, que também atua como spalla (1º violinista) da Orquestra Petrobras Sinfônica desde 2001, além do Trio da UFRJ, formado pelos instrumentistas Marco Catto, Mateus Ceccato e Luciano Magalhaes. As quintas-feiras, por volta das 19h, a orquestra ensaia arduamente no salão Leopoldo Miguez. O som é harmônico e vibrante.
Talentos da UFRJ
Qualquer projeto somente vinga na Escola de Musica se contar como empenho e a dedicaçãao de tecnicos-administrativos: um contingente de homens e mulheres que esbanjam talento, mas trabalham nos bastidores. São pessoas que dedicam suas vidas a unidade, como Fatinha, que passou 30 anos cuidando da produção artística da Escola e agora se prepara para a aposentadoria; Ailton, da biblioteca; Joaozinho, da portaria; Chico, do setor de Comunicação e responsável pelo site; Leticia Lima, pianista da serie de Cantatas; professora Heliana Farah, idealizadora da serie de Cantatas; e Zé Mauro, da assessoria de imprensa, entre muitos outros. Os irmãos Paulo e Ricardo Santoro, hoje mestres em Musica, foram técnicosadministrativos concursados e ex-alunos da Escola.
Projeto social na Maré
A Escola de Música também arregaça as mangas quando o assunto é projeto social. Um dos trabalhos que desenvolveu nessa área foi “Música, memória e sociabilidade da Maré”, idealizado por Samuel Araújo e Eduardo Duque, que integram a equipe do Laboratório de Etnomusicologia. Em 2006, eles iniciaram o mapeamento dos gêneros musicais preferidos da comunidade e a investigação sobre o modo como a violência permeia estilos musicais como funk, rap, e heavy metal.
“Estamos criando um mapa musical da Maré através da realização de entrevistas simuladas, exibição e debates de vídeo. E o mais interessante nesse trabalho é que, além de nos ajudar com o projeto, os moradores são também a fonte da nossa pesquisa”, informou Samuel Araújo.
Números Técnicos-administrativos: 120 Docentes: 91 Alunos na graduação: 648 Alunos na pós-graduação: 104
CRÉDITOS DAS FOTOS: Emanuel Marinho
LEGENDAS A orquestra da UFRJ Detalhe do ensaio TÉCNICOS-ADMINISTRATIVOS Zé Mauro e Chico
|
Nacionais |
Internacionais |
Partituras e Instrumentos de Pesquisa |