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Concertos UFRJ: 100 anos sem Glauco Velásquez

A edição da semana de Concertos UFRJ, programa radiofônico apresentado pelo maestro André Cardoso e produzido pela Roquette Pinto em parceria com a Escola de Música (EM), destaca a obra de Glauco Velásquez. Figura meteórica que impactou o cenário musical brasileiro no início do século passado, mas que faleceu precocemente há 100 anos.

 

 

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

 
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.
  

Velásquez nasceu em Nápoles, Itália, em 22 de março de 1884, filho do barítono português Eduardo Medina Ribas e de Adelina Alambary, jovem de importante família carioca. A gravidez inesperada obrigou o casal - que não era unido legalmente - a mudar-se para a Europa para dissimular o nascimento da criança e evitar escândalos.

A criança foi educada por uma família italiana e, desde cedo, mostrou talento para música, cantando no coro de várias igrejas napolitanas. Trazido para o Brasil com 11 anos, foi morar com sua mãe verdadeira, instalada então em seu refúgio na Ilha de Paquetá, embora apresentado como filho adotivo.

Tendo recebido suas primeiras lições de música na Europa, Glauco ingressou no Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da UFRJ, em 1902, tendo estudado harmonia com Frederico Nascimento, professor de tendência liberal e aberto a experiências progressistas.

Datam de 1911 suas primeiras composições. Elas chamam logo atenção pela linguagem pouco convencional: emprego de técnicas wagnerianas e recursos derivados da escola de francesa. No final de sua curta carreira, sua produção caminha para uma harmonia expandida e o uso da politonalidade e do contraponto.

Por essa época, também, começa a apresentar sinais de tuberculose, doença que o vitimaria três anos depois. Embora diversas personalidades musicais tenham assinado uma petição ao para que fosse enviado à Europa para aperfeiçoar-se musicalmente e para tratar na Suíça, a pretensão foi negada pelo Congresso.

O mérito de seu trabalho foi, entretanto, reconhecido ainda em vida por compositores do quilate de Luciano Gallet, Francisco Braga, Xavier Leroux, Darius Milhaud. Milhaud, que residia então no Rio como adido cultural da França, chegou a concluir o Trio no 4 para violino, violoncelo e piano que o compositor deixara inacabado.

A obra de Velásquez é essencialmente dedicada à música de câmara, ainda que tenha deixado uma ópera inacabada chamada Soeur Beatrice. Na música vocal escreveu uma série de canções de cunho fortemente lírico e romântico, explorando atmosferas variadas e, muitas vezes, em tons pessimistas e mórbidos – interessantes pela linguagem harmônica ousada e pela técnica declamatória altamente expressiva.

Logo após sua morte foi constituída, por iniciativa do amigo Luciano Gallet, a Sociedade Glauco Velásquez para promover a divulgação do seu legado. Com a dissolução da sociedade a obra do compositor caiu em relativo esquecimento. Nos últimos anos, porém, ela tem sido objeto de um renovado interesse por parte de pesquisadores e executantes contemporâneos. O resultado é que suas partituras têm sido resgatadas e editadas a partir dos manuscritos que se encontram na Biblioteca Alberto Nepomuceno da EM.

Glauco Velásquez, que faleceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1914 é patrono da cadeira no 37 da Academia Brasileira de Música.

 

Repertório da audição

 

A pianista Clara Sverner é a principal responsável pela divulgação da obra de Velásquez para o instrumento. Seu LP, lançado em 1977 e dedicado integralmente ao compositor, marcou época e foi posteriormente relançado em CD, agora em distribuição internacional. Desse importante trabalho, o programa pinçou a sua interpretação da Valsa Romântica, obra de 1910.

Já as duas sonatas para violino e piano ocupam um lugar importante na produção do compositor. Elas foram recentemente lançadas em CD da Academia Brasileira de Música tendo como intérpretes a violinista Mariana Isdebski Salles e o pianista francês François Pinel. Concertos UFRJ destacou dessa gravação a interpretação da sonata no 1, composta em 1909.

Encerrou programa a interpretação do Aulustrio do Trio nº 4 de Velásquez. Formado pelos irmãos Paulo Brucoli (piano), Fabio Brucoli (violino) e Mauro Brucoli (violoncelo), a gravação faz parte do no DVD "Glauco Velásquez - 4 Trios", filmado em maio de 2012 pela Berço Esplêndido no Teatro Municipal de São Paulo. Um projeto da Prefeitura de São Paulo e do Centro Cultural São Paulo, sob direção geral de Francisco Coelho e com pesquisa e consultoria musical de Lutero Rodrigues.

 

 

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As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

 

 

 

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