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Concertos UFRJ: Così fan tutte, de Wolfgang Amadeus Mozart

Concertos UFRJ reprisam esta semana o especial dedicado à Così fan tutte, divertidíssimo “dramma giocoso” em dois atos de W. A. Mozart – criação emblemática do compositor austríaco, uma das personalidades mais originais da música de todos os tempos.

 

A produção operística de Mozart (1756-1791) chegou ao ápice em parceria com o libretista Lorenzo Da Ponte. A dupla nos legou três títulos que representam o melhor da produção do século XVIII: Le nozze di Figaro, Così fan tutte e Don Giovanni.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.

O compositor possuía uma habilidade especial para caracterizar musicalmente cada personagem, sentimentos e situações dramáticas. O libreto de Così fan tutte, ossia La scuola degli amanti (“Assim fazem todas, ou A escola dos amantes”, em italiano), que em uma abordagem superficial pode parecer frívolo ou desprovido de interesse, é, na verdade um presente para a criatividade dos intérpretes. A alternância de situações dramáticas exige dos cantores nuances de interpretação e capacidade para contrastar os sentimentos reais, que mudam ao longo da trama, com momentos de paródia e disfarce, típicos da ópera buffa e cujas raízes mergulham na tradição do teatro popular e da Commedia dell'arte.

 

Há personagens riquíssimos. O cético e malicioso Don Alfonso, manipulador das demais e capaz de explorar como ninguém as fragilidades humanas; as irmãs Dorabella e Fiordiligi, que se deixam seduzir menos ou mais facilmente; Guglielmo e Ferrando, os amantes convictos da fidelidade de suas amadas e que acabam desiludidos; e, por fim, Despina, a empregada cúmplice de Don Alfonso sempre pronta a tirar proveito de qualquer situação. A trama, que envolve a troca dos casais, momentos de sedução, traição e reconciliação, de certa forma, deixa mais dúvidas que certezas, pois, apesar de reconciliados, paira sobre eles certa sombra de dúvida. Afinal, como faz questão de afirmar Don Alfonso: por hábito, vício ou necessidade do coração ASSIM FAZEM TODAS (ou todos!).

 

A gravação ao vivo no Teatro Comunale, de Ferrara, 1992, traz o maestro John Eliot Gardiner a frente do The English Baroque Soloists e do Coro Monteverdi. Os solistas são Amanda Roocroft, como Fiordiligi, Rodney Gilfry, como Guglielmo, Rosa Mannion, como Dorabella, Rainer Trost, como Ferrando, Eirian James, Despina, e Carlos Feller, como Don. Alfonso.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

 

Così fan tutte

 

Wolfgang Amadeus Mozart
Libreto de Lorenzo Da Ponte

CD

Personagens

 

 

Fiordiligi (dama de Ferrara e noiva de Guglielmo): soprano

Dorabella (irmã de Fiordiligi e noiva de Ferrando): mezzo-soprano

Guglielmo (jovem oficial militar): barítono

Ferrando (jovem oficial militar): tenor

Despina (criada das irmãs Fiordiligi e Dorabella): soprano

Don Alfonso (amigo solteirão): baixo

 

Ato I


Cena 1

A cena abre num café de Nápoles. Dois jovens oficiais, Ferrando e Guglielmo, louvam a fidelidade das suas noivas – as irmãs Dorabella e Fiordiligi – diante do ceticismo do seu amigo Don Alfonso, para quem a constância feminina é na verdade um mito: nunca ninguém viu, só se ouve falar. Os jovens reagem às provocações de Don Alfonso ofendidos, mas acabam por aceitar uma aposta do velho amigo, comprometendo-se a seguir rigorosamente seu plano durante um dia inteiro para comprovar ou não a fidelidade de suas amadas.

 

Cena 2

Num jardim à beira-mar em sua casa de campo, Fiordiligi e Dorabella contemplam os retratos dos seus bem-amados e se gabam da sua felicidade nutrida pelo amor aos jovens oficiais. Entra Don Alfonso, com dissimulada preocupação, para anunciar às duas irmãs uma grave notícia: Ferrando e Guglielmo foram convocados e partirão para a guerra. Nesse momento entram os dois jovens, vestidos para a suposta viagem; os casais despedem-se com promessas de eterna lealdade, enquanto Don Alfonso contém a custo o riso diante desta patética cena de despedida. Ao som de uma marcha com coro partem Ferrando e Guglielmo, deixando as jovens inconsoláveis.

 

Cena 3

No salão da casa, Despina, camareira das irmãs, queixa-se da dureza de seu trabalho enquanto prepara para suas amas um chocolate quente. Estas entram, aos prantos, querendo morrer de desgosto. Despina fica espantada com tamanha reação das patroas, e diz a elas que devem aproveitar e se divertir com outras companhias na ausência dos amados, pois os dois - na verdade todos os homens, ainda mais soldados - não se manterão fiéis a elas. Despina sai de cena seguida pelas duas patroas, furiosas com tais comentários. Don Alfonso entra e lamenta, cinicamente, a tristeza das duas irmãs e a ingenuidade dos crédulos rapazes que agora, disfarçados, devem conquistar a esposa um do outro sem que estas percebam suas verdadeiras identidades. O velhaco teme, no entanto, que, sem a ajuda da camareira, ela possa estragar sua farsa; nada que algumas moedas não possam comprar a aceitação de Despina em colaborar com seu plano. Sob disfarce de albaneses, Ferrando e Guglielmo cortejam de imediato cada um a noiva do outro. As irmãs e Despina não os reconhecem e as duas nobres ofendem-se e não cedem aos galanteios dos estranhos amigos de Don Alfonso, saindo energeticamente de cena. Guglielmo e Ferrando ficam mais do que nunca convencidos da lealdade das suas amadas, ao que Don Alfonso lembra que eles devem permanecer sob suas ordens até o fim do dia.

 

Cena 4

Fiordiligi e Dorabella estão no jardim, lamentando a ausência dos esposos, quando os albaneses e Don Alfonso surgem manifestando desespero diante a frieza das jovens perante suas declarações amorosas.  Os jovens simulam a ingestão de um veneno e, enquanto Fiordiligi e Dorabella exprimem a sua aflição por tal gesto, Despina, a pedido de Don Alfonso, sai em busca de um médico para curar os jovens apaixonados. Chega o doutor - é Despina sob um improvisado disfarce -, que encena uma cura, mais improvisada ainda, com um metal cujo magnetismo liberta os pacientes de todos os males. Aproveitando a simpatia que sentem ter despertado nas jovens com a sua suposta tentativa de suicídio, Ferrando e Guglielmo pedem-lhes um beijo, mas este pedido é recusado com altivez.

 

Ato II


Cena 1

Despina tenta convencer suas amas de que devem corresponder sem remorsos ao amor dos dois albaneses, explicando-lhes que uma mulher tem de saber, desde os quinze anos, a arte de manipular quem elas quiserem. Quando a criada sai, as duas irmãs confessam uma à outra que começam a sentir algum interesse pelos falsos albaneses e cada uma delas escolhe aquele que mais lhe agrada: Dorabella prefere o albanês moreno (Guglielmo), enquanto Fiordiligi simpatiza com o albanês louro (Ferrando).

 

Cena 2

Novamente no jardim, Ferrando e Guglielmo fazem uma serenata às duas irmãs. Às suas declarações de amor juntam-se os argumentos favoráveis de Don Alfonso e Despina, o que surte algum efeito. A sós com Guglielmo, Dorabella cede por fim às suas propostas amorosas, e aceita mesmo que este lhe ofereça um pingente em forma de coração e substitua o medalhão com o retrato de Ferrando que até agora trazia consigo. Ferrando, por sua vez, declara também o seu amor a Fiordiligi, mas esta ainda mantém sua recusa. Os dois amigos encontram-se e partilham o resultado das suas investidas. Face à traição de Dorabella, Ferrando quer se vingar, mas Guglielmo o detém. Don Alfonso intervém dizendo restar ainda mais um teste a ser feito com as moças.

 

Cena 3

A sós com Despina, Dorabella reconhece que ama o albanês/Guglielmo. Fiordiligi entra em seguida, revolta-se com a atitude da irmã, mas admite com desgosto que ela própria ama o albanês/Ferrando, assim como ama ainda Guglielmo. Dorabella consola-a, explicando-lhe que não há maneira de resistir ao amor e sai com a criada. Fiordiligi fica só e resolve resistir às suas próprias inclinações, vestir um uniforme de soldado e juntar-se a Guglielmo no campo de batalha. Estes preparativos são, contudo, surpreendidos por Ferrando, disfarçado, que decide tentar de novo conquistar a jovem. Neste novo encontro, Fiordiligi já não consegue mais resistir e cede às declarações de Ferrando. Guglielmo e Ferrando, a sós com Don Alfonso, percebem que foram traídos. O amigo procura consolá-los afirmando que Fiordiligi e Dorabella não são exceções e que é assim que fazem todas as mulheres. Chega Despina anunciando que as duas irmãs estão prontas a desposar os dois albaneses e se prontifica a ir buscar o notário para celebrar a cerimônia.

 

Cena 4

Despina acaba de preparar toda a cerimônia. Os dois casais de noivos entram, são saudados pelo coro de criados e sentam-se à mesa. Don Alfonso apresenta o notário, mais uma vez Despina disfarçada, que celebra o casamento com uma grandiloquência jurídica que ninguém entende. Uma vez assinado o contrato matrimonial, ouve-se o coro militar, o mesmo da partida dos oficiais. Desesperadas, as irmãs pedem para os albaneses se esconderem, e isso permite que Don Alfonso anuncie o regresso iminente dos dois noivos que haviam partido para a guerra. Ferrando e Guglielmo entram assumindo as suas verdadeiras identidades e são recebidos com grande embaraço por Fiordiligi e Dorabella. Percebem Despina ainda vestida de notário e, ao verem os contratos matrimoniais, acusam as duas irmãs de traição. Don Alfonso intervém então para explicar que agora que a verdade foi reposta e que a ingenuidade expressa pelos amantes no início de toda a aventura ficou bem evidente, não há razão para que não se dê uma reconciliação geral, com base na compreensão das fraquezas e limitações humanas.

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