176 ANOS FORMANDO MÚSICOS DE EXCELÊNCIA

Concertos UFRJ comemoram aniversário da Escola de Música

A edição desta semana de Concertos UFRJ repercute as comemorações dos 164 anos da Escola de Música destacando um punhado de compositores que foram, em diversas épocas e circunstâncias, alunos ou docentes da instituição e que oferece ao mesmo tempo um panorama  de parte significativa da trajetória da música no Brasil. No programa, obras de Carlos Gomes, Joaquim Calhado, Patápio Silva, Anacleto de Medeiros, Leopoldo Miguez, Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno, Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone e Ronaldo Miranda.

 

Mais antiga instituição do gênero, Escola remonta ao Conservatório Imperial de Música do Rio de Janeiro, cuja aula inaugural data de 13 de agosto de 1848. Com a república passou a se chamar Instituto Nacional de Musica que, durante o Estado Novo, acabou incorporado a então Universidade do Brasil, com o nome de Escola Nacional de Música.  A atual designação remonta a 1965, quando a universidade passou a se chamar UFRJ. Em 1980, implantou o primeiro curso de pós-graduação em música do país.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.
Confira também na galeria de imagens a conbertura fotográfica do evento.

Carlos Gomes

 

Carlos Gomes (1836-1896) foi, sem dúvida, o mais famoso aluno do então Conservatório Imperial, onde se aperfeiçoou vindo de sua cidade natal Campinas, em São Paulo. No Rio, antes de se estabelecer na Itália e fazer sucesso no Teatro alla Scala de Milão com seu “Il Guarany, escreveu duas óperas durante seu período de estudos com o professor Gioachino Gianinni. A primeira, “Noite no Castelo”, em 1861, e a segunda “Joana de Flandres”, de 1863, ambas cantadas em português e que acabaram lhe valendo uma bolsa de estudos na Europa.

 

Dessa produção inicial, deste que foi o mais importante músico brasileiro do período romântico, a edição destacou a abertura de “Joana de Flandres”, com a Orquestra Sinfônica Brasileira sob a batuta de Yeruham Scharovsky.

 

Joaquim Calhado, Patápio Silva e Anacleto de Medeiros

 

Muitos vínculos ligam alunos e docentes do Conservatório à gênese do que hoje é conhecido como música popular brasileira. Em especial ao choro, gênero carioca formado na segunda metade do séc. XIX a partir da música instrumental de salão e com base em danças europeias. É o caso Joaquim Callado (1848-1888), professor de flauta e um dos melhores instrumentistas de seu tempo, de quem o programa pinçou a famosa “Flor Amorosa”. A versão escolkhida, a de Andrea Ernst Dias, que na gravação tocou flautim, flautas e flauta baixo, acompanhada pelo pandeiro de Beto Cazes.

 

Outro flautista de renome, Patápio Silva (1880-1907), segue trajetória semelhante. Considerado um dos maiores virtuoses do seu tempo, faleceu, como Callado, precocemente aos 27 anos. Dele, o programa apresentou “Zinha”, na interpretação de Andrea Ernst Dias na flauta e Maria Tereza Madeira ao piano.

 

Formando pelo Conservatório em 1886, Anacleto de Medeiros (1866-1907) jogou também papel relevante no desenvolvimento dos gêneros populares urbanos. Anacleto fundou, dirigiu e regeu inúmeras bandas, tendo contribuído de maneira significativa para a fixação dessa formação no Brasil. A do Corpo de Bombeiros se tornou particularmente famosa sob seu comando, chegando a gravar alguns discos pioneiros ainda no início do século XX. Não por acaso, ao Corpo de Bombeiros o compositor dedicou em homenagem aos 50 anos da corporação o conhecido dobrado “Jubileu”, que Concertos UFRJ apresentaram na interpretação da Banda Sinfônica Municipal de Nova Odessa sob a direção de Marcelo Jardim.

 

República musical: Miguez, Oswald e Nepomuceno

 

Com a república o conservatório acabou sendo reformulado. Reinaugurado em 1890 como Instituto Nacional de Musica (INM), para seu primeiro diretor foi nomeado o Leopoldo Miguez. Dele o programa mostrou a “Canção para uma menina”, op. 24, para orquestra de câmera com a Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) e a regência de André Cardoso.

 

Da mesma geração, o compositor carioca Henrique Oswald, um disputado professor de piano e, entre 1903 e 1906, também diretor do INM, é especialmente conhecido por suas obras de câmara. Entre elas, “Serrana”, trio para violino, violoncelo e piano escrito em 1925, veiculado na versão do Trio Aquarius formado por Ricardo Amado no violino, Ricardo Santoro no violoncelo e Flávio Augusto no piano.

 

Outro representante desta nascente república musical, o cearense Alberto Nepomuceno estudou na Alemanha e, ao retornar, foi nomeado professor de órgão do INM, do qual assumiu a direção em 1906, sucedendo Oswald. Da época de estudos em Berlim é a sua “Suíte Antiga”, composta para piano e, mais tarde, transcrita para orquestra de cordas, versão apresentada com a Camerata Fukuda de São Paulo e regência de Celso Antunes. São três movimentos: Minueto, Ária e Rigaudon.

 

Heitor Villa-Lobos

 

As primeiras décadas do século XX são já marcadas pela geração nacionalista e modernista. Seu mais importante representante, Heitor Villa-Lobos, embora de formação em grande parte autodidata, cursou aulas de harmonia com Frederico Nascimento no INM. O seu “Choros” no 7, conhecido como settimino, para grupo de câmera formado por flauta, oboé, clarineta, fagote, saxofone, violino e violoncelo, data de 1924 eestreou no Salão Leopoldo Miguez em 17 de setembro de 1925. A versão veiculada traz os músicos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).

 

Mignone e Miranda

 

Francisco Mignone, que foi professor de regência, é outro músico de relevo ligado à Escola de Música. Um dos mais importantes e prolíficos compositores brasileiros do século passado, o programa destacou sua “Modinha” para violoncelo e piano com o violoncelista Ricardo Santoro e a pianista Miriam Grosmam.

 

O último compositor lembrado, Ronaldo Miranda, foi aluno de composição, discípulo do maestro Henrique Morelenbaun e, posteriormente, professor da instituição, da qual recentemete se aposentou. A peça selecionada, suas “Variações sobre um tema de Anacleto de Medeiros”, une de certa forma dois pontos da trajetória dos 164 anos da instituição. Composta por Miranda para piano a quatro mãos a peça foi apresentada com duo formado por Patrícia Bretas e Josiane Kevorkian.

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Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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